Capitulo Oito

(Entre o sim ou não, prefira o sim. Não trará conseqüências.)

– Livro Da Rainha

Não consegui dormir mesmo. E antes que minha mãe me acordasse, já estava de pé. Estava de shorts e uma camiseta preta. Não sabia se a primeira prova seria de resistência ou de sei lá o que. Mas tinha que estar com roupas que me dessem flexibilidade.

Já ouvia o barulho de helicópteros e autos falantes. O mundo já estava vendo tudo. Ouvia também o barulho da platéia. Todos gritavam ansiosos. Desci com minha mãe. Tudo estava coberto a nossa frente com uma lona vermelha gigantesca. A platéia estava nas arquibancadas. Todos gritavam ansiosos e apenas eu parecia mortificada.

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As outras meninas estavam enfileiradas. Fui à décima acho. Todas estavam com roupas bem à vontade. Logo chegaram as outras meninas e a gritaria apenas aumentou. Os autos falantes fizeram barulho e nós nos concentramos.

– Minhas Caras Noivas – reconheci a voz de Victor – a competição está por começar daqui a alguns minutos. E debaixo desta lona vermelha está o futuro de muita de vocês. Vejo que todas vieram preparadas para autos riscos. E bem, eu não posso discordar.

Ouve uma gritaria da platéia. Nossas feições passavam em telões espalhados pelo mundo todo. Eu vi legendas em mandarim, alemão, português e espanhol. Percebi que dali sairia às favoritas para os próximos desafios.

– O desafio começa agora. As jovens que não conseguirem passar por esse teste estão eliminadas. Ah, mais uma coisa. As mães, por favor, acomodem-se nas arquibancadas. Elas estão sozinhas agora.

A grande lona vermelha subiu aos céus. E os meus olhos ficaram vidrados. A platéia gritava e o mundo todo aplaudia com certeza. Era um desafio grande. Em nossa frente havia um labirinto coberto por cima. Não havia luz. Nós teríamos que sair dali apenas usando a inteligência. Mas também a força. Teríamos que lutar pra sair dali.

– Jovens – disse Victor – O desafio da Noiva começou. Vão.

Corremos para um corredor central e entramos em um labirinto imerso nas trevas. Havia apenas pequenas tochas para iluminar os caminhos. Havia mais de cem corredores e cada uma entrou em um. Entrei em qualquer um. Percebi que as paredes eram irregulares. Estava tudo muito silencioso. Olhei para trás, mas apenas a escuridão seguia-me.

– SOCORRO NÂO QUERO PERDER – o grito veio tão agoniado e sumiu. O silencio reinou novamente.

Corri, ouvi murmúrios vindos de muitos lugares. Sai em disparada por corredores. As paredes agora se fechavam, e eu via as outras garotas. Vi Camila e Melina correndo por outros corredores, mas não tive tempo de chamá-las. As meninas que corriam ao meu lado empurravam uma as outras e elas simplesmente sumiam. Agora eu estava correndo em um corredor apertado com uma garota. Nós trocamos empurrões até chegarmos a um paredão sem saída.

– Se eu for eliminada aqui – disse ela – a culpa é sua. Ah, e você me paga.

– Isso não é hora para brigarmos. Que tal pensarmos em um plano?

– Não trabalho em equipe.

– Quer continuar nessa competição idiota ou quer ser eliminada?

Ela bufou. Voltamos por onde tínhamos vindo, e imperceptivelmente havia uma pequena abertura que se fechava quando corríamos rápido.

– Ilusão de ótica – disse eu.

– O que?

– Quando corremos rápido por causa do pânico, nossos olhos não são capazes de registrar essas pequenas portas nas laterais das paredes. Por isso, ficamos presas como estamos agora.

Passamos pela passagem e mais labirinto nos esperava. Ouvimos mais gritos. Percebi que poucas deveriam ter saído dali. Senti uma dor aguda na perna e percebi que minha perna estava com espinhos.

– Não posso continuar.

– Ah, que pena. Bem agora tenho que ser A Noiva.

Ela saiu correndo. Percebi que o espinho não me causava dor, mas sim dormência. Tentei me levantar e percebi que aquele recinto lançava odores fortes. Fui caminhando devagar e achei uma das portas escondidas.

Havia apenas três portas em um recinto aberto. Uma delas levaria para fora. Arrastei-me até a última porta. Seja lá o que Deus quiser.

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Todos estavam aplaudindo. E muitas garotas estavam pulando ou dentro de ambulâncias. Eu fui uma delas. Percebi que a platéia aplaudiu quando nós saímos. Uma enfermeira alta levou-me a uma maca. Sentei-me e ela tirou o espinho da minha perna. O efeito dormente mesmo assim não passou.

– Enfermeira – disse eu – minha perna ainda está dormente.

– Providenciarei a injeção. Isso é um efeito dormente, esses espinhos são de uma planta de uso medicinal da Índia.

Ela saiu e eu olhei para a multidão que agora se tornava aos poucos meninas escassas. Meu corpo agora tremia, eu estava com febre, mas logo senti uma picada na perna e logo os efeitos sumiram. Tentei me levantar, mas logo minha cabeça girou.

– Está tonta porque foi obrigada a fazer a primeira prova em jejum não foi?

A voz era de Felipe. Arrepiei-me.

– Como soube disso?

– Em todas as provas eles vão passar lições de etiqueta. Uma mulher para ser magra e bonita não deve comer muito.

– Isso é ridículo. Isso é infantil.

– Achou que fosse prova de vestidos, etiqueta e blá?

– Sim eu achei. Sou uma garota e penso em coisas de garota.

– Então garota, pensou errada. A Ordem educa as Jovens de outros modos.

– Porque não podem ser normais.

– Achou que fosse igual aos livros da Kiera Cass?

– Achei sim. Pelo menos lá, o mundo princesa, é sinônimo de normalidade.

Levantei e sai dali irritada. Minha cabeça ainda doía, mas mesmo assim. Enquanto todos ali aplaudiam e choravam por suas filhas perderem eu saia do recinto.

O castelo estava vazio quando cheguei. Dias antes fiquei sabendo que ali tinha uma biblioteca, pois tratei de acalmar meus ânimos ali. Cruzei alguns corredores e escadas e entrei na grande biblioteca.

Os setores eram diversos. De contos a histórias reais. Gosto de historias reais. Escolhi um livro chamado A Princesa Ordem. O livro veio catalogado como proibido. Mas não me importei. Já tinha me ferrado em uma porcaria de uma prova, podia muito bem ler um livro proibido.

Voltei para o quarto troquei de roupa e percebi que estava cheia de pequenos arranhões, mas deixei-me levar. Deitei-me na cama e abri o livro.

Capitulo Um

Castelo

Meu nome é Lucinda. Sou do ano de 2022. Sou esposa oficial de Victor Salazar. Tinha que escrever o que se retrata nesse castelo, pois acho que não estarei mais viva, muito menos para ver meu filho. Meu marido é uma pessoa boa. Mas é cercado de gente invejosa e manipuladora. A ordem é do mal. O país precisa acordar.

Certa vez...

– O que está fazendo Elisabeth? – disse minha mãe – fiquei preocupada com você.

– Estou lendo mãe. É só que... Não gosto de comemorações.

– Ah querida. Você está de parabéns. Sobreviveu a primeira etapa. Com certeza já é uma das favoritas. Fiquei orgulhosa de você.

– Obrigada Mãe.

Antes que ela saísse, resolvi perguntar.

– Mãe? Sabe do que a mulher de Victor Salazar Morreu?

– Ah querida, é um mistério. Depois do nascimento de Thomas ela foi encontrada enforcada. Dizem que foi assassinato. Mas a Ordem até hoje não encontrou ninguém. Mas porque a pergunta?

– Nada. É só que queria saber mais da história. Vai que temos uma prova sobre isso?

– Bem pensado Liz. Fico contente que esteja preocupada com isso.

Enquanto ela saia. Tratei de esconder o livro. O castelo já não era mais seguro.