Capítulo 6

-Vocês não deveriam ser primos?! – Hermione perguntou para Nico e Gabriella que viraram suas cabeças lentamente para olhar a bruxa que, eu vi, estremeceu.

-Isso é mitologia, não uma família mortal – Gabriella respondeu desafiadora.

Hermione engoliu em seco, junto com Rony e Grover.

Uma coruja piou e quando olhei para a janela mais próxima, lá estava Blanca.

-Adorável coruja – Nico disse sorrindo para Blanca que soltou um pio feliz.

Harry sorriu para Nico e caminhou até a janela para pegar Blanca que pousou suave no braço de Harry.

-Chegaram primeiro que ela? – Harry perguntou surpreso.

-Viagem pelas sombras – Gabriella respondeu. – Eu e meu Nico adoramos viajar assim.

-Viagem pelas sombras? – Perguntei surpreso. Ao ponto que eu sabia Nico não tinha forças pra transportar nem a si mesmo, imagine duas pessoas. – Como?

-Depois que Hades foi reconhecido pelos deuses do Olimpo, ele ficou feliz por eu tê-lo convencido e me deu poderes a mais – Nico me respondeu sorrindo.

Gabriella deu um beijo em Nico.

-Ahn, ótimo, nos vemos mais tarde – Edward (acho que acertei enfim) disse seguindo para a porta. Ele virou-se para mim e assentiu; um sinal de que eu havia acertado sim seu nome.

Silêncio mortal, até a coruja calou-se.

-Mandaremos uma mensagem de Íris para o Acampamento – Annabeth declarou por fim pegando uma bacia para encher de água.

-Uma coruja a Hogwarts – Hermione disse pegando um pergaminho, tinta e pena.

Eu apenas me joguei no chão e tirei os tênis.

-Ah, enquanto vamos para uma guerra você tira esses chulés para fora? – Harry perguntou com a cara torcida de medo.

Ri.

-Me deixe aliviar, isso é cansativo demais – eu disse me deitando. Harry sentou ao meu lado. – Além disso, Annabeth e Grover resolvem tudo antes de botar no papel, eu apenas executo.

-Annabeth me disse – Harry também tirava os sapatos.

-Disse? – perguntei erguendo a sobrancelha.

-Sim, quando ela sentou-se ao meu lado, ela estava comentando de você, dizendo que era ela e o garoto-bode que planejavam tudo, ela terminou dizendo que você executava tudo muito bem.

-Ah é? – perguntei demonstrando pouco interesse, mas se eu tivesse coragem, eu perguntaria mais sobre o que ela disse.

Fiquei com raiva de mim mesmo por eu ter ficado com raiva de Harry e Annabeth abraçados.

-Ela passou o tempo inteiro falando de você – Harry disse como se tivesse lido minha mente. – Na verdade fui eu quem tinha perguntado – Harry deu um leve sorriso. – Me arrependi, ela não parou de falar. Annabeth demonstra que sente algo forte por você. – Ele baixou a cabeça.

-Eu não vivo sem ela – saiu sem querer.

Então percebi que Harry havia levantado o olhar e olhava para a porta da varanda. Quando olhei para lá, Annabeth estava parada no batente com o olhar um pouco confuso.

-Falando de quem? – ela perguntou com a voz curiosa.

Eu e Harry nos jogamos no chão rindo.

-Percy, corre aqui! – Grover gritou entrando na sala correndo e saiu correndo também.

Levantei em um pulo, e comecei a correr atrás de Grover que ia para a varanda. O bode corria bem rápido.

-Íris, deusa do arco-íris, mostre-me Quíron, Acampamento Meio-Sangue – Annabeth repetia isso sem parar, e sempre que jogava a moeda ela ultrapassava. Annabeth estava quase arrancando os cabelos.

-O que está acontecendo? – Perguntei por fim.

-Íris não quer aceitar a mensagem – Grover me respondeu.

Annabeth derrubou a bacia com água.

-Íris pode não aceitar um dracma? – perguntei surpreso.

Annabeth e Grover reviraram os olhos como se tivessem ensaiado.

-Claro que sim, não é, Percy! – Annabeth deu um tapa mais que considerável forte em meu ombro.

-Ah!, ok. – eu disse alisando meu ombro.

-Não tem nada o que fazer? – Grover perguntou.

-Podemos voltar ao Acampamento... – sugeri.

-Quer morrer? – Annabeth perguntou com cara de interrogação.

-Estou muito bem assim, vivo – respondi.

-Então pronto – Annabeth sentou-se no gramado.

Nico e Gabriella apareceram na porta da varanda, eles não faziam idéia do que estava acontecendo, pois estavam sorrindo. Quando olharam nossa expressão, pararam de sorrir.

-Mas o que...? – Nico tentou.

-Íris não quer aceitar a mensagem – Annabeth o cortou.

Gabriella suspirou como se soubesse de algo que não queria e nem iria contar. Ela não contou mesmo.

Nico observava a namorada.

-ES-TU-po-re – os três bruxos gritaram ao aparecer na varanda, mas acertaram três árvores que murcharam na hora.

Annabeth havia soltado um grito fino, foi isso o que me fez encolher.

Uma das árvores caiu e pude escutar um ganido.

Os lobos haviam invadido nosso espaço.

-Calma aê! – Pediu o garoto que quase nunca se separava da monstrinha bebedora de sangue de pessoas inocentes. – Viemos aqui saber se vão treinar com a gente, os vampiros já estão lá e Jasper não vai esperar muito para dar sua palestra para boi dormir.

Hermione não havia abaixado a varinha, ao contrário de Harry e Rony que assentiram.

Um lobo negro surgiu atrás do garoto que falou, o lobo estava mancando, mas segundos depois isso já não acontecia mais.

-Avise antes de aparecer assim, desse jeito – eu pedi. – Não quero morrer de surdes com os gritos de Annabeth.

Quase que me arrependi profundamente de ter dito isso. Annabeth arrancou sua espada e veio com ela para cortar o meu pescoço, só que a espada apenas amassou um pouco.

-Tá louca? – gritei me afastando.

-Se você não tivesse a maldição de Aquiles, seu idiota, você seria um Cabeça de Alga morto! – Annabeth gritava correndo atrás de mim.

-Maldição de Aquiles? – mesmo correndo, pude escutar a pergunta de Hermione e a resposta de Grover.

-Longa história...

-Annabeth, eu estava apenas brincando! – eu disse tentando me livrar dela, já que ela sabia onde ficava meu calcanhar de Aquiles.

-Você é um idiota, Cabeça de Alga! – Annabeth gritou.

-Ô, pessoal, vamos logo? Isso serve pra você Cabeça de Alga – o garoto lobo disse e alquilo me deu nos nervos.

Não sei da onde surgiu, mas eu sei que lancei uma faca em direção ao garoto que deu sorte e desviou.

-Não me chame de Cabeça de Alga, Vira-Lata – eu disse ameaçador.

Todos me olhavam confusos, mas apenas dei de ombros.

Os lobos deram as costas e todos os seguiram enquanto eu tentava arrancar minha faca da árvore murcha que ela fincou.

-... e queimar no fogo – aquilo era, verdadeiramente, história para boi dormir. – Bom, vamos ver como vocês lutam... – jurei que vi um sorriso no rosto do vampiro. - Quem se candidata?

Infelizmente, eu levantei a mão juntamente com Hermione.

-Ok, para a arena vocês dois – o Gaspar apontou para onde Hermione e eu teríamos de seguir. A minha sorte, era que ali havia um lago.

Posicionei-me em um lado e Hermione no outro. Tirei Contracorrente do bolso e ouvi risadas de um dos vampiros.

-Ele vai se defender da bruxinha com uma caneta? – Um dos vampiros deboxou.

Meus nervos ficaram a flor da pele.

Do meu lado, o lago se ergueu, mas Hermione nem pareceu perceber.

Ela fez um movimento com a varinha e então eu destampei minha caneta que virou uma espada de bronze celestial. Com um reflexo que eu não sei da onde surgiu, eu defendi o feitiço que voou para longe. Enquanto o feitiço voava, a água do lago foi despejada em cima de Hermione que caiu e ficou toda molhada.

Os vampiros riram.

Hermione levantou-se furiosa e apontou para mim, sua varinha não estava a vista.

-Percy! Seu estúpido do caramba! – Hermione gritava. – Eu vou te matar, seu moleque idiota!

Hermione roubou a varinha de Rony e apontou para o lugar que ela caiu.

-AHk-ci-oh Váh-ri-nhah – então uma varinha surgiu de perto de onde Hermione havia caído. Hermione segurou a varinha assombrada e devolveu a de Rony.

Hermione sacudiu a varinha de novo e lançou seu feitiço que eu lá sei qual foi, então Annabeth entrou na minha frente com seu escudo que repeliu o feitiço.

-Nem vem, bruxinha – Annabeth disse após fechar seu escudo. – Estaremos do mesmo lado na guerra, então não será bom brigarmos.

Hermione guardou a varinha na roupa molhada, mas não parava de me fuzilar com os olhos.

-Ahn... mais alguém a se candidatar? – Gaspar perguntou.

O vampiro bombadão levantou o braço e Nico di Angelo também.

Fiquei com medo por Nico, mas ele não parecia ter medo, ele tinha um sorriso no canto dos lábios.

Nico posicionou-se junto com o bombadão e então começou.

Nico bateu os pés no chão e ergueu as mãos. Quem não sabia o que ele iria fazer cochichava em meio ao silêncio.

Então um batalhão de esqueletos armados surgiu de uma fenda na terra e os bruxos tremeram.

Os esqueletos fizeram um circulo em volta do vampiro que saltou para uma árvore. Atrás dele foram vinte esqueletos e um o derrubou.

O vampiro ficou cercado com mais de trinta esqueletos em terra firme, vinte divididos em cima de árvores e um ameaçando cortar seu pescoço com bronze celestial.

Nico bateu de novo os pés e voltou a posição normal das mãos, então os esqueletos foram puxados para dentro da fenda que se fechou deixando apenas uma cicatriz no terreno.

Todos estavam perplexos.

-Legal – eu comentei e todos olharam para mim. Dei de ombros.

Nico voltou e beijou Gabriella, fiquei incomodado... cara! Ela é minha irmã!
O bombadão voltou para o lugar de onde saiu e abraçou a Rose (é, eu acertei) por trás.

-Seth, siga – Gaspar ordenou e um lobo caminhou a frente e se posicionou. – Alguém...?

-Eu – Annabeth ergueu sua espada.

Meu coração gelou.

-Jasper, acho que é melhor você escolher uma pessoa – Edward sugeriu ao Gaspar.

-Ela quer, Edward, ela irá – Gaspar disse e eu fiquei com muita raiva.

Hermione posicionou-se ao meu lado.

Annabeth caminhou e ficou frente a frente com o lobo.

O primeiro movimento foi do lobo que pulou para cima de Annabeth. Controlei o impulso de ir até lá e matá-lo.

Annabeth foi esperta, e virou a espada cortando a pata do lobo que sangrou por um instante e então se fechou. Não foi só eu quem viu isso, Annabeth arregalou os olhos após a cena.

O lobo riu e foi pra cima de novo. Só que com o escudo, Annabeth lançou o lobo para longe e correu até ele apontando a faca diretamente para seu coração. Assim o lobo relaxou e se deu por vencido.

Annabeth deu as costas e girou a espadas umas duas ou três vezes e a guardou.

Eu queria correr e abraçá-la, dizer que ela foi muito bem, mas eu não tinha coragem para isso.