Sakura tentou abrir os olhos, mas a imensa dor na sua cabeça a impedia de fazer qualquer movimento. Conseguiu gemer baixinho e no mesmo instante sentiu dores em outros lugares de seu corpo, parecia que todo ele estava latejando e ardendo.

Após alguns minutos de sofrimento silencioso, ela finalmente conseguiu abrir os olhos. A imagem demorou alguns instantes para fazer sentido, mas logo ela percebeu que estava deitada no sofá de sua sala.

Sentou-se com muita dificuldade e notou que o seu ferimento na perna havia sido devidamente tratado. Tateou seu rosto e percebou que as suas bochechas também estavam cobertas por curativos. Ainda assim, ambos estavam doendo, assim como a sua cabeça, que latejava sem parar.

Olhou em volta e pensou estar delirando quando viu Uchiha Sasuke em sua cozinha, afiando uma faca. Piscou várias vezes e esfregou freneticamente os olhos esperando que aquela imagem sumisse. Não sumiu.

Assustada, tentou não fazer nenhum barulho ao se levantar e se dirigir a porta. Já estava quase chegando quando ouviu um murmúrio vindo de trás:

- Você não vai a lugar nenhum.

Sakura suspirou e se virou, tremendo.

– Antes de me matar… - ela engoliu um seco. – Me diga o motivo.

Sasuke a olhou confuso. Depois de lutar tanto por sua sobrevivência, ela tinha se rendido?

- Eu não vou te matar. – ele afirmou sério.

Sakura ergueu as sombrancelhas e o fitou com raiva.

- Engraçado, porque ontem você afirmou que eu era uma pessoa morta.

Ela se surpreendeu ao ouvir as próprias palavras, simplesmente não acreditava que havia o conhecido apenas à dois dias.

– As coisas mudaram. – ele murmurou olhando para baixo.

Sasuke também se exaltou ao adquirir a noção do tempo, tanta coisa havia mudado em tão pouco tempo.

Sakura não respondeu, apenas deu alguns passos para trás e tropeçou na porta que estava caída no chão. Não fez esforço para se equilibrar, apenas caiu e parou sentada, desistindo de resistir.

- Vá em frente, faça ser indolor. – ela pediu pressionando os olhos e tensionando os ombros.

Sasuke bufou, ela era irritante.

- Já disse que não vou te matar. – ele repetiu impaciente.

Sakura abriu seus olhos e o encarou, tentando acreditar em suas palavras. Como alguém que a queria morta mudou de idéia em apenas um dia?

- Então vá embora… - foi a primeira coisa que lhe veio a mente.

O Uchiha grunhiu furioso.

- Temos que sair daqui, Itachi provavelmente já mandou reforços e…

- O-o que?! – ela perguntou assustada. – Reforços? Espera… Itachi não é o seu irmão?!

Sasuke não respondeu. Apenas pegou uma mala vazia que estava perto do corredor e jogou na frente da rosada.

- Ligue para os seus conhecidos e diga que foi viajar. – ele falou simplesmente.

- Eu não vou sair daqui! – ela exclamou incrédula. – E eu não acredito em você, até ontem queria me matar!

Sakura estava vermelha e dizia as palavras como se estivesse as expulsando de seus pensamentos. Uma parte dela queria que aquilo tudo fosse mentira, mas no fundo, ela sabia que Sasuke estava certo.

– Ótimo, fique e morra. – Sasuke respondeu furioso. Ele havia engolido seu orgulho para ajudá-la e era assim que ela retribuia? Decidiu que descobriria a verdade sobre a morte de seu pai de outro modo e deixaria Sakura morrer pelos seus companheiros.

Ele deu alguns passos em direção a saída e estava pronto para sair quando se deparou com dois olhos esmeraldas fitando-o. Por algum motivo, ele parou, e pelo mesmo, Sakura se moveu e começou a colocar seus pertences próximos na mala a sua frente.

Nenhum dos dois sabia o que havia os feito mudarem de idéia, mas decidiram não lutar contra isso.

Sasuke andou marcando os passos e se sentou no sofá, fixando o olhar no chão. Já Sakura, estava febrilmente andando de um lado para o outro, arrumando sua mala como se fosse a coisa mais importante de toda a sua vida.

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Após um tempo, ela terminou e finalmente teve coragem de o encarar de novo.

- Terminei. – ela falou em um fio de voz.

Sasuke não a encarou, apenas pegou o telefone que estava na mesa a sua frente e estendeu.

- Eu… - ela sussurrou chorosa. – O que devo dizer? Eles não vão acreditar em mim…

A realidade parecia cair sob ela. Sakura finalmente havia percebido que estava em perigo e que precisava fugir sem preocupar ninguém. Ela discou o primeiro número que lhe veio a mente e torceu para que ninguém atendesse.

- Alô? - Tsunade atendeu.


Sakura gemeu baixinho e tentou engolir o choro.

- Oi mãe, só liguei para avisar que vou sumir por uns dias, plantão. – ela mentiu forçando a voz.

- De novo Sakura? Já te disse que você tem parar de se preocupar tanto com o seu trabalho…

- Sim. Já sei… A senhora poderia avisar Naruto e Ino por mim? – ela disse tremendo a voz.

Ouviu um “sim” insatisfeito do outro lado e desligou. Apertou os olhos e largou o telefone na mesa.

– Pronto. – ela murmurou com a voz falha.

Sasuke levantou-se sem encará-la nos olhos e pegou a mala de suas mãos. Esperou ela sair do apartamento para levantar a porta caída e a encaixar no buraco deixado, passando a impressão de que nunca fora arrombada.

O caminho até a casa de Naruto foi feito em silêncio, ambos estavam totalmente absortos em seus pensamentos. Ao chegarem, Sakura não pôde deixar de soltar um suspiro triste. Sentiria falta do amigo. Ela não saiu do carro, apenas observou Sasuke se retirar e andar rapidamente para buscar seus pertences.

Na ausência do Uchiha, Sakura ficou pensando em como ele era misterioso. Ela se perguntava qual dos três Sasukes que conhecera era o real e não conseguiu evitar um meio sorriso.

Apesar daquilo tudo ser muita coisa para ela aguentar em apenas três dias, parecia que desde que Sasuke entrou na sua vida, esta se tornou, de certo modo, mais excitante.

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Sasuke subiu as escadas pulando degraus e chegou rapidamente no apartamento de Naruto. Abriu a porta e encontrou o loiro rindo alto no telefone, sem dar atenção, foi direto para o seu quarto, onde juntou todas as suas coisas.

Passou pelo colega e movimentou os lábios formando a frase “vou viajar” sem emitir nenhum som. Saiu e deixou Naruto com o telefone em mãos. Ele não entendeu porque Sasuke ficaria apenas um dia no apartamento para depois ir viajar, mas estava tão feliz que não se importou em perguntar.

Sasuke saiu do prédio e mirou o carro. Ficou um tempo observando Sakura, ela estava suja de sangue, com os olhos inchados e claramente exausta. Essa visão fez com que ele bufasse insatisfeito, como alguém teve a coragem de deixá-la naquele estado?

- Deite-se no banco de trás. – ele ordenou pela janela quando se aproximou.

A rosada corou, mas não contrariou. Abriu a porta e ficou de frente para ele, corando ainda mais, desviou o olhar e murmurou um “obrigada”. Se acomodou no banco traseiro e adormeceu em segundos.

Ele voltou a dirigir e pensou em um lugar onde ficariam seguros. Ficou por alguns minutos vasculhando a sua mente e finalmente lembrou-se de um lugar adequado. Sasuke hesitou, mas não conseguiu pensar em uma opção melhor, então pegou a estrada e rezou para que o anfitrião não se incomodasse.

Depois de algumas horas de viagem, as quais Sakura passou dormindo, eles finalmente chegaram. Sasuke imediatamente reconheceu o lugar e lembrou-se de coisas que preferia não lembrar. Com desgosto, soltou um gemido e fechou a cara, pensando em como seria reencontrar o dono da casa.

- Acorde. – ele falou virando-se para Sakura.

Ela sequer se mexeu.

- Acorde! – Sasuke exclamou mais alto.

Sakura abriu os olhos lentamente. Levantou-se e olhou para fora, se deparando com uma casa escura, totalmente danificada pelo tempo. Conseguiu ver a poeira acumulada na varanda e várias falhas e sujeiras na pintura. Analisando a visão, ergueu as sombrancelhas e voltou seu olhar para Sasuke, chocada.

- Onde estamos?! – ela perguntou assustada.

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O Uchiha bufou.

– Na casa de Hatake Kakashi. – ele respondeu simplesmente.