A Missão Final

A Carta


Sakura abriu os olhos lentamente, sendo surpreendida pelo rosto do mesmo homem que a deixou incosciente.

– Eu adoro as armas que a Akatsuki inventa. – ele falou deliciando-se com as palavras. Depois, ergueu um dispositivo que ela reconheceu ser o mesmo que a fez desmaiar anteriormente. – Vamos, você tem que ir.

O homem estendeu a mão para ela, sugerindo que a pegasse.

– O que? – ela perguntou incrédula. Ainda estava tentando entender porque não estava morta, o que aquele homem queria com ela afinal? – Quem é você?

- Não temos tempo para isso, você tem que ir embora antes que alguém perceba que está comigo.

Sakura piscou várias vezes e ergueu as sombrancelhas, então ele queria ajudá-la?

- Quem é você? – perguntou novamente com outro tom de voz.

- Hozuki Suigetsu. – ele informou impaciente. – Agora levante-se, precisamos ir.

A rosada levantou-se e o olhou com extrema gratidão, ela finalmente sairia dali depois de todo aquele tempo, de todas as confusões que entrara. Só podia ser um sonho.

– Por que… Por que você está me ajudando? – não se conteve em perguntar, precisava checar se aquilo não era uma armadilha, estava bom demais para ser verdade.

- Vamos, eu te explico no caminho. – Suigetsu murmurou abrindo a porta cuidadosamente.

- Não. Espera. Eu não vou até você me explicar o que está acontecendo. -Sakura falou decidida. Já havia se envolvido com muitos assassinos, por isso sabia que deveria desconfiar da oferta.

Enquanto ele fechava a porta, Sakura pegou o dispositivo que ele usara contra ela e guardou no bolso caso precisasse usá-lo contra Suigetsu se ele não colaborasse.

- Escuta Sakura, nós precisamos sair daqui, eu não tenho tempo para te explicar. Se alguma coisa der errada, Sasuke vai me matar. – Suigetsu disse aflito, fazendo-a entender que aquele “matar” não era só figurativo.

- Sasuke? Ele está bem, não é? – ela perguntou lembrando-se da situação na qual o deixou. – E Naruto? Kami, preciso ir até lá!

Estava prestes a sair pela porta quando sentiu seu braço ser puxado e ouviu Suigetsu perguntar, nervoso:

- Você está louca?

- Eu preciso ver se eles estão bem! – ela justificou tensa. – Eles só se meteram nisso por minha causa, se algo acontecer com algum dos dois eu nunca vou me perdoar.

O outro a fitou sem entender. Ela deveria estar preocupada com a sua própria segurança, não com a de seus amigos naquele momento.

– Eles estão bem. – Suigetsu afirmou sério. – Sasuke nunca falha em uma missão.

Sakura deu um sorriso, ele com certeza havia falhado em uma.

- Presta atenção. – ele continuou. – Eu vou te tirar daqui e você nunca mais vai ter que se preocupar com ninguém tentando te matar. Você vai voltar com a sua vida como se nada tivesse acontecido.

Sakura saboreou essa idéia, deliciou-se com a cena de estar em casa, relaxada, sem nada com que se preocupar. Mas quando tudo parecia perfeito em sua mente, a cena teimava em mostrar Sasuke, com seu rosto perfeitamente simétrico, com sua expressão de perfeita indiferença e seus diálogos perfeitamente vorazes. E, de repente, estar em casa relaxada não bastava mais, era mais do que óbvio que ela precisava de Sasuke.

– Não. – Sakura disse. – Eu vou ver se Sasuke e Naruto estão bem.

Suigetsu bufou e a segurou pelos ombros. Se ela não fosse por bem, iria por mal. Não poderia se dar ao luxo de falhar em uma ordem que Sasuke dera.

- Você vem. Querendo ou não.

Sakura notou o olhar dele mudando, como acontecia com Sasuke quando ele se tornava um assassino sem piedade. Imediatamente, começou a pensar em um modo de escapar ilesa. A única alternativa que lhe veio a cabeça seria usar o dispositivo que roubara.

- Tá bom, eu vou. Pode me soltar. – mentiu com um sorriso.

Suigetsu, apesar de estar desconfiado, não podia perder tempo tentando levá-la a força, então a soltou. Assim que fez, Sakura pegou o pequeno dispositivo e apertou o botão de cima, torcendo para que funcionasse. Antes de apertar fechou os olhos e só abriu quando ouviu um baque alto.

Abriu os olhos e o viu caido no chão, inconsciente. Colocou-o em uma posição que julgou ser confortável, murmurou um “desculpa” sincero e abriu a porta, do mesmo modo cuidadoso que ele havia aberto anteriormente.

Colocou a cabeça para fora e olhou os dois lados, como acharia o caminho certo? Com um suspiro, percebeu a grande falha que havia cometido, ela nunca conseguiria achar o escritório novamente naquela mansão gigante, ainda mais sendo a mais procurada da organização.

Fechou novamente a porta e encarou Suigetsu, ele estava com uma capa preta com capuz que era coberta por estampas vermelhas, as quais Sakura julgou serem nuvens. De algum modo a capa era familiar.

“Claro!”, pensou quando lembrou-se dos homens que recepcionaram Sasuke e ela.

– Todos estavam usando a mesma capa! – ela exclamou para si mesma. Sem pensar duas vezes, tirou a capa de Suigetsu e colocou-a em si erguendo o capuz a fim de esconder seus cabelos rosas.

Saiu da sala hesitante e vagou pela mansão, torcendo para não se encontrar com ninguém. Se os homens obedeceram Itachi, deveriam estar embaixo de janelas e guardando a porta. Então Sakura evitou ao máximo ficar perto de aposentos.

A mansão era extremamente grande e todos os corredores pareciam iguais, por um instante ela se sentiu presa naquele labirinto novamente. Condenou-se pelo pensamento e continuou a andar, estranhando o silêncio. De fato parecia que todos aqueles homens estavam realmente obedecendo Itachi e ela agradeceu profundamente pela lealdade de cada um.

Quando estava prestes a descer um lance de escadas, notou uma porta semi aberta e, mesmo certa de que não deveria entrar, o aposento a chamava, a seduzia para que entrasse e descobrisse seus mistérios. Ela lembrou-se do quarto que entrara na casa de Kakashi na mesma situação e deu um passo para trás, receosa.

Mesmo assim, a curiosidade era maior. Andou devagar e abriu a porta hesitante. Ainda desconfiada, pegou a arma no seu bolso e segurou-a firme em sua mão, esperando encontrar alguém.

Para a sua surpresa, não havia ninguém, era apenas um quarto comum. Ela entrou curiosa, analisou ao redor e logo percebeu que era o quarto de Sasuke. Sakura deu um meio sorriso contido e pensou em sair, não queria se intrometer no que não lhe cabia.

Mas o retrato no criado-mudo ao lado da cama foi motivo suficiente para ela que olhasse mais um pouco. Se aproximou e observou a foto, depois deu um longo suspiro, supôs ser a família Uchiha. Desceu o olhar e viu uma gaveta no criado-mudo, a abriu e surpreendeu-se com uma foto sua.

Pegou o papel e encontrou uma ficha sua, com todos os detalhes, desde o seu nome até seu tipo sanguíneo. Suspirou e, estava quase colocando o papel de volta quando viu um envelope que reconheceu na mesma hora. Horrorizada, o pegou para ver se estava aberto.

Passou os dedos pelas pontas do envelope e torceu para que estivesse intacto. Soltou um murmúrio infeliz quando notou que ele estava aberto, culpando-se ao extremo. Por que ela havia escrito aquela carta afinal? Com a mão no rosto, pegou a carta que estava dentro e a leu, desejando que não estivesse tão ruim quanto lembrava.

“Caro Uchiha Sasuke,

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Você é um perfeito idiota. Eu realmente pensava que você era diferente até você TENTAR ME MATAR. Quer dizer, eu estava achando você legal quando você foi no hospital e deu aquelas desculpas esfarrapadas que não sabia que eu era cardiologista etc. É sério, poucos homens fazem isso, normalmente eles ficam intimidados.

Mas você não, você me pareceu tão seguro, tão… Ah, tanto faz, porque depois você mostrou o que é de verdade. Um assassino nojento que só pensa em você e no quanto vai ganhar com seu maldito trabalho. E eu nem sei o que eu fiz pra você querer me matar.

De qualquer jeito, eu só estou escrevendo essa maldita carta porque eu realmente estou brava com você, você estragou o aniversário da minha mãe e a minha noite, seu babaca. Saiba que eu contarei para todo mundo que você é um psicopata,

Passar bem, Sakura.”

A cada linha que Sakura lia, o desgosto por si mesma aumentava, estava pior do que imaginara. Ela havia escrito logo depois do incidente do aniversário de Tsunade, estava apenas desabafando, nunca deveria ter mandado.

Cega pelo ódio por si mesma, esqueceu por um momento de que nunca havia mandado a carta, ela não teve coragem. Então como estava ali naquela gaveta?

“Como que ele arranjou essa maldita carta?”, perguntou-se intrigada. Furiosa consigo mesma e agora com Sasuke por ter lido, colocou o papel no bolso, sem se preocupar em dobrá-lo e saiu do quarto bufando.

Desceu o lance de escadas, ainda sem a menor idéia de onde estava, e se deparou com uma sala enorme, maior que o quarto de Sasuke, que para ela já era grande o suficiente. Olhou para frente e viu a grande porta de entrada e, rapidamente, subiu as escadas novamente. Sakura sabia que era ali onde os outros membros da organização estavam.

Ao subir, virou para o lado oposto do quarto de Sasuke e se deparou com a porta que estava procurando. Finalmente achara o escritório de Itachi. Naquela hora era mais provável que eles não estivessem mais ali, mas tinha que arriscar.

Pensou em um plano qualquer e, sem saber que estragaria toda a tática de Sasuke, o colocou em prática.

Entrou bruscamente no escritório, e mais rápido do que nunca, colocou a mão nos olhos de Sasuke, fechou os seus e apertou o botão do dispositivo com vontade, pensando ingenuamente que daria certo e os três sairiam bem dali.