Minha Reputação

Hagrid nos levou até o castelo, menos Rosemary, a mesma acusava de estar se sentindo mal e optou por ficar na enfermaria. Não reclamei nem protestei essa atitude, ela parecia mesmo estar passando mal.

– Isso está cada vez ficando mais estranho. – falo para Harry.

– Vou falar para McGonagall o que eu sei.

– Sobre Draco? Ficou louco? - minha pergunta acaba saindo meio desesperada, e me arrependo disso logo em que olho para Harry.

– O que há de mais Susie? - ele pergunta me olhando um pouco com raiva. - Se ele for mesmo o que pensamos temos que avisar os outros.

– Será que não está se precipitando demais?

– Quer saber de uma coisa? – Harry vira-se furioso para mim. – Minhas “deduções”, como vocês dizem, ficaram guardadas para mim, não preciso da sua opinião.

– Não precisa ser grosso, eu só quis dizer que talvez você esteja errado, por acaso você tem alguma prova?

Harry não respondeu, apenas andou mais apressadamente. Decidi que aquilo já estava virando uma palhaçada. Rosemary podia inventar uma droga de mal estar, mas eu podia muito bem sair sem perceberem, e foi exatamente o que eu fiz.

Nem Harry, Hermione ou Rony notaram que eu simplesmente tinha virado as costas e ido à direção oposta a eles, eu precisava encontrar Silene e os outros e contar o que tinha acontecido. Aquela situação não era que se via todo dia, havia alguma coisa errada e eu tinha que descobrir o que era.

Encontro Silene, Andrew, Simas, Ian e Scott, ele acabam tomando um susto com a minha pressa. Ian quase cai pra trás.

– Susie do céu, o que aconteceu? – Silene pergunta preocupada.- Se for o que eu estou pensando...

– É sobre a Katie Bell não é? – Simas pergunta.

– Como ficaram sabendo tão rápido?

– As noticias voam por aí gata. – Ian responde e eu apenas ignoro voltando o assunto.

– Não posso voltar Hagrid ia me levar para Minerva e eu não estou nem um pouco a fim de ficar escutando baboseiras, ainda mais com Harry no mesmo ambiente.

Silene entendeu meu olhar e apenas assenti, Andrew, meio cambaleante nos leva para dentro da floresta, também não tão dentro e ficamos sentados em um circulo.

Scott, Ian, Simas e Andrew conversavam sobre os times de quadribol que jogariam no próximo mundial e por mais que eu estivesse ansiosa para entrar na conversa eu precisava conversar com minha amiga. Silene e eu nos sentamos um pouco afastadas para falar sobre o ocorrido e minhas suspeitas.

– Não tenho tanta certeza se foi o Draco, ele não tem cara de quem faria isso Susie.

“Você não sabe nem metade” – pensei comigo mesma.

– Silene não disse que foi ele... – suspiro e olho para minha amiga. – Às vezes, eu fico pensando que a qualquer momento eu vou sumir.

– Por que diz isso?

– Porque nada será como antes, eu queria muitas pessoas comigo aqui agora, muitas... pessoas... – Silene apoia sua cabeça em meu ombro e segura minha mão.

– Vai ficar tudo bem Susie, olha você tem a nós – Silene olha para trás e aponta para onde os meninos estavam. – Aquele dois lufanos malucos também contam certo?

Silene e eu acabamos rindo muito com que os meninos estavam fazendo, disputando quem ficava mais tempo sem respirar.

– Viu só? Você não está sozinha Su, vamos estar com você até o fim – Silene sorri ajeitando seus óculos com alguns flocos de neve. – A propósito, Katie vai ficar bem.

– Ela caiu de muito alto Silene, mas espero que você esteja certa.

Meu dia terminou daquele jeito, prendendo respirações, um frio congelante e muitas, mas muita duvida a respeito de um certo sonserino.

(...)

– Gina, não xingue o Rony de retardado, você não é o capitão da equipe..

— Bem, pelo visto você estava ocupado demais para xingá-lo de retardado, então achei que alguém devia...

Harry fez força para não rir, mas eu não, acabei rindo o que fez Rony me olhar feio e Gina sorrir.

— Voando, todo o mundo, vamos... – Harry deu a ordem e nos subimos em nossas vassouras para começar o treino.

Primeiramente gostaria de dizer que nosso treino foi um desastre e segundo Harry não estava nem aí para isso, acho que falar para o time que estávamos um desastre não iria cair bem.

— Bom treino, pessoal, vamos arrasar a Sonserina. — Harry disse entusiasmado o time, eu apenas ri comigo mesma achando graça de nossa situação.

— Joguei como uma saca de bosta de dragão — exclamou Rony com a voz sumida.

Harry falou uma frase para incentivar Rony, peguei minhas coisas e sai, mas antes um ruivo suado e com suas mãos molhadas segura meu ombro.

– Susie, você é uma das nossas melhores artilheiras, jogou muito bem hoje.

– Obrigada Weasley. – respondi sorridente, mas virando para Harry.

O mesmo não falava comigo desde o incidente de Katie, acho que acabei me acostumando com nossas briguinhas porque eu não me importava mais com isso. Ao invés de ir direto para o salão comunal fui encontrar Chester que estava com novidades sobre nosso caso familiar problemático.

– Olá Black.

– E aí Chester, conte as novidades sobre nossa bela família.

Meu amigo olha para os lados para ter certeza de quem ninguém estava nos ouvindo, eu apenas olhei para seu rosto me divertindo muito.

– Bem, acho que o que aconteceu com a Katie não foi por acaso e pelo que escutei por aí, o que ela estava levando era uma espécie de colar enfeitiçado, e esse colar era para Dumbledore.

– Para Dumbledore? Mas o que queriam com Dumbledore.

– Ele só é o bruxo mais famoso do mundo Susie, e também um grande rival de Você-Sabe-Quem.

– Pensei que não tivesse medo de falar o nome.

– Acredite em mim, você vai preferir não falar.

– Chester você esta me assustando. – Chester novamente olha para os lados do corredor, ele parecia aflito a cada medida que ajeitava seu corpo na pilastra.

– Susie, Você-Sabe-Quem está tentando se livrar de Dumbledore – olho para Chester assustada. - Não me olhe com essa cara, raciocinar faz bem.

– Você deduziu tudo isso sozinho então?

– Não sozinho.

Chester deixa a intriga no ar e eu reviro os olhos, mas se o que ele estava dizendo for verdade eu deveria avisar alguém próximo de Dumbledore, e talvez esse alguém fosse Harry.

– Chester, eu preciso ir, olha muito obrigada por tudo.

– Não tem de que Susie, e a propósito peça para Rosemary vir falar comigo, mas um tempo em que eu não vejo minha irmã. – sorrio em resposta, mas eu sabia que seria impossível, Rosemary por mais que não falasse mais como antigamente comigo ela jamais iria falar com o próprio irmão.

Subo as escadas e fico pensando em minha conversa com Chester. Estavam tentando machucar Dumbledore ou pior, eu tinha fazer alguma coisa.

Na escada, me deparo com um certa movimentação, Harry, Rony e Gina estava na porta do salão comunal, com vozes bastante elevadas.

– Uma o quê? — gritou Gina, puxando a varinha e me assustando. — Uma o quê, exatamente?

– Ele não quis dizer nada, Gina — interpôs Harry automaticamente.

– Ah, quis, sim! — explodiu ela com Harry. — Só porque ele ainda não se agarrou com ninguém na vida, só porque o melhor beijo que ele já ganhou foi da tia Muriel.

Controlei-me para não rir, afinal a situação era séria e Rony era meu amigo.

– Cala essa boca! — berrou Rony.

– Não calo, não! — gritou Gina, fora de si. — Vejo você com a Fleuma, esperando que ela lhe dê um beijo na bochecha toda vez que a vê, é patético! Se você saísse por aí dando uns amassos, não iria se importar tanto que os outros fizessem isso!

Rony tenta puxar a varinha, eu dou um passo na escada, eles não me viam, mas eu estava disposta a ajudar se alguma coisa acontecesse. Eu sabia que Rony estava se controlando para não xingar a irmã de todas as coisas possíveis.

– Você não sabe o que está dizendo! — rugiu Rony. — Só porque não faço isso em público!

Gina gargalhou debochadamente, aquela garota estava e assustando.

– Andou beijando o Pichitinho foi? Ou tem uma foto da tia Muriel guardada embaixo do travesseiro?

– Sua... - Rony lançou um feitiço contra Gina, o que fez meu coração acelerar rápido, subi mais alguns degraus e cheguei mais perto, o feitiço não havia acertado Gina e Harry estava quase estrangulando Rony na parede, mas era apenas para impedir o ruivo de fazer alguma besteira séria.

– Harry deu uns amassos na Cho Chang! — berrou Gina, que parecia à beira das lágrimas agora. - Hermione, no Vítor Krum e Susie no Simas e no Draco, só você se comporta como se isso fosse feio, Rony, porque você tem a experiência de um garotinho de doze anos!

– Espera um instante Weasley – cheguei mais perto da porta fazendo com que os dois garotos olhassem na minha direção. - O que te faz pensar que eu ficaria com o Malfoy?

– Fala sério Black, vai embora daqui. - Gina grita e eu a encaro seriamente.

– Vamos resolver isso aqui, porque se colocou meu nome no meio terá problemas sérios.

– Como se eu tivesse medo de você, a única coisa que consegue fazer é se lamentar da morte do seu pai.

– Gina, agora chega! – dessa vez foi Harry quem quase gritou, ele controlou bem a voz, mas não conseguiu fazer para que saísse sem raiva.

Olhei para Gina que começara a chorar, a mesma saiu correndo e por incrível que pareça eu fiz o mesmo. Subi junto com ela para o dormitório, mas ao contrario de me jogar na cama como antes e se lamentar em um travesseiro eu me tranquei no banheiro e deixei com que as lágrimas saíssem junto com meus soluços. Fazia um tempo em que eu não chorava daquele jeito.

Gina talvez tivesse razão, aquela era minha reputação, de puta, Susie Black a que pega todos. Eu era assim, só que eu não via e nem conseguia enxergar. Gritar era a melhor opção, mas dentro de mim era mais fácil afinal ninguém quer escutar o grito de uma garota idiota chorando no banheiro, eu iria acabar parecendo a Murta que Geme. Eu estava cansada de fazer besteiras e estava na hora de parar.

Parar de ser a garotinha que lamenta pela morte dos pais, parar com os sentimentos ardilosos e começar um novo eu. Mas primeiro eu deveria pensar no que fazer. Mas Harry e Draco estavam na minha cabeça e eu não conseguia parar de pensar nisso.

Droga, como é ruim querer proteger alguém quem você gosta!