A Melodia das Águas

O deus das nascentes


“Uma mulher-peixe. Tão distante de seu ninho”. O som, incorpóreo, vinha de todos e nenhum lugar.

“Sou Naríia, filha dos mares calmos. Vim a procura do deus Faen”...

“Filha do mar, dizes". As palavras que a interromperam, seguiram-se de uma gargalhada melodiosa. “Interessantes os filhos do mar. Antes eruditos, hoje presos a tolos credos. A chama que não é acesa apagar-se-á”.

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“É o que acontece. Já não mais nascemos, que será de nós”?

“Desaparecer deste mundo”. Ouviu como mortal sussurro atrás de si.

“Diga-me que posso fazer”.

“Que pode fazer uma sereia, sozinha em sua jornada? Suportarás o fardo da chama"?

“Já suporto-o”. Levantou a pérola entre os dedos. “Vim trazer-lhe como símbolo de honradez”.

“Se o carregas, por que não a usas”? Apertou a corrente entre dedos. Não podia colocá-la no pescoço. Não ainda. A risada retornou zombeteira. “Pequena criança, sabes o que fazes. Livra-te do desespero, pois ele enviesa o olhar. Encontre o caminho para a chama e chegarás ao cerne”.

“Onde”? Sentiu a língua dormente, e então todo o corpo. Sob o som de murmúrios e risotas, desfaleceu.

Acordou no fundo do Lago Kohee com a esfera em mãos. O céu, antes plúmbeo, agora sem nenhuma nuvem.