P. D. V. Carol

Finalmente já era quarta-feira, hoje era o dia de fazer a lição de História da Magia com a Bianca e o Remo, estava animada para isso, um dos poucos momentos que não estava surtando sem motivo. Estávamos na aula de DCAT, mas eu não estava prestando atenção em uma palavra do que o professor falava, estava viajando, sonhando acordada, mas não estava pensando em nada, acho que era o sono, como todas as noite não dormi direito, e essa noite foi bem estranha.

Acordei era um pouco antes das 5 horas da manhã num sobressalto com um pesadelo, nele eu escutava várias vozes me chamando, de vários nomes, era Carol, Caldin, Caroline, e vários outros que não conhecia e não consegui identificar, até que ao fundo eu escutei uma voz conhecida me chamando, a voz do Six, eu o chamei e as vozes ficaram mais alta quase não me deixando pensar, então tampei os ouvidos e gritei o nome do Six, acordei logo depois com dor de cabeça e respirando pesado.

Tirando isso o dia foi bem tranquilo, tudo normal, até de mais, nem parece que estou no último ano em Hogwarts, deve ser por isso que está calmo, eu sou a mais velha, não tem ninguém enchendo o meu saco, nenhum Malfoy, nenhum Zabine, nenhum Dolohov, nada, é até chato ás vezes, se não tivesse os meninos, que são loucos.

— Carol, vamos? O que está fazendo sentada ainda? - Perguntou Jay me olhando.

—Vamos. - Respondi guardando as minhas coisas rapidamente e segui os meninos para fora da sala de aula.

— Está tudo bem, Carol? - Falou Lily me olhando.

— E reparei que você estava viajando durante a aula, estava pensando em que? - Perguntou Six com o braço no meu ombro.

— Nada de especial, só estava meio que dormindo acordada, mas estou bem. - Respondi sorrindo para os dois.

— Você não tem dormido direito ainda né? Já faz um tempo. - Falou Remo me olhando.

— Sim, nem sei quanto tempo faz que estou assim, já perdi a noção do tempo. – Falei cansada de tudo isso, já estava ficando irritada com isso, por não saber o que estava acontecendo comigo.

— O que está te preocupando Carolzinha? - Perguntou Jay fazendo graça na minha frente andando de costas.

— Nada, não sei. - Falei rindo.

— Quer me contar o que está acontecendo? - Perguntou Six baixinho para mim enquanto os outros se afastavam conversando.

— Não está sei ainda o que está acontecendo, só não consigo descansar quando durmo, e às vezes acordo em um sobressalto, mas não me pergunte por quê, eu não sei por que isso está acontecendo. - Respondi para ele.

— Está bem, mas você sabe que pode me contar qualquer coisa , né? - Falou preocupado.

— Eu sei. - Falei sorrindo agradecida e ele me deu um beijo na testa.

Seguimos nosso caminho para a última aula do dia, história da magia, e claro que eu acabei dormindo no ombro do Six durante a aula, ele para me ajudar ficou me fazendo cafune. Assim que a aula acabou todos saímos e logo eu e o Remo seguimos para a biblioteca para encontrar a Bianca para fazer a lição para a próxima aula.

Assim que chegamos na biblioteca encontramos a Bianca na porta, lendo um livro de ficção, e logo entramos para começar nossa lição, escolhendo uma mesa num lugar calmo, e pegando os livros necessários logo começamos. Bianca e Remo logo começaram á conversar sobre a lição, já eu, voltei a sonhar acordada tentando me focar no livro para fazer a lição, mas estava difícil.

30 minutos se passou, eu já tinha quase dormido umas 3 vezes, e não tinha saído da página 8 do livro que estava tentando ler, e não me lembrava do que li até agora.

— Carol. – Senti o Remo encostar em mim e eu abri os olhos, o olhando surpresa. – Vai pro dormitório, você precisa descansar, depois eu te ajudo na lição. – Falou.

— Não, não precisa, eu estou bem. – Falei sorrindo.

— Você estava dormindo sentada Carol. – Falou Remo sorrindo de lado.

— Você parece bem cansada Carol, não vai te fazer bem estudar nesse estado, melhor ir descansar. – Falou Bianca sorrindo amigável.

— Está certo, só vou atrapalhar vocês desse jeito. – Falei sorrindo. – Vou pedir pra cuidar dele pra você Bianca, as vezes ele vai muito longe nas lições. – Falei e a Bianca riu ficando corada. – E você não a espanta senhor Remo Lupin.

— Quem a espantaria seria você. – Respondeu e acabamos rindo.

— Bom trabalho gente, até mais. – Falei me despedindo e sai da biblioteca indo em direção á Sala Comunal.

Assim que chegue no andar da sala comunal, parei pra pensar, não estava afim de ir pra sala comunal encontrar os meninos, eu queria mesmo era descobrir o que estava acontecendo comigo, já estava cansada disso tudo, estava quase desistindo de dormir, porque eu dormia muito mal, muitas vezes acordava com um mal estar horrível, com um nó na garganta, não fazei nada pros meninos para não preocupar ainda mais eles, eu quero descobrir o porquê de tudo isso.

Mudei meu caminho e me distanciei da sala comunal, andando pelos corredores vazios do 7°andar, me concentrando em lembrar de todos os dias que dormi mal, quando que isso começou, porque isso começou, mas não conseguia lembrar de nada. Parei em um corredor e sentei no banco que tinha nele, joguei minha mochila no chão e apoiei meu rosto nas minhas mãos, cansada.

Por que não consigo me lembrar de nada? Por que fico mal? Por quê não consigo descobrir? Por quê?

Passei a mão no meu cabelo sentindo meus olhos lacrimejarem, olhei pra cima apoiando minha cabeça na parede, respirando fundo, tinha que me acalmar para pensar direito. Fechei os olhos, ainda respirando fundo, tentando acalmar minha mente.

P. D. V. Remo

Olhei a Carol sair da biblioteca muito preocupado, enquanto ela andava parecia que ela estava com um peso nas costas, eu tenho que falar com os meninos sobre isso, a gente tem que descobrir o que está acontecendo com a Carol.

— Parece que ela está sem energia. – Falou Bianca chamando minha atenção e eu a olhei. – Você sabe o que está acontecendo? Ela sempre foi tão animada, parece que tem algo sugando sua energia. – Fiquei com o que ela falou na cabeça, algo sugando a energia?

— Eu não sei o que está acontecendo, ela só fica assim quando está preocupada, mas já perguntamos pra ela o que estava acontecendo e ela falou que não sabe. – Respondi.

— Entendi. – Falou Bianca ficando meio corada. – Não queria me intrometer.

— Imagina, você só demonstrou preocupação pela Carol como todos nós, não tem problema nenhum. – Falei sorrindo para ele e ela sorriu aliviada. – Vamos fazer a lição, porque a Carol é chata em relação a isso. – Falei e acabamos rindo.

— Vamos. – Falou sorrindo, ela fica tão bonita sorrindo, como alguém, pode fazer mal pra ela?

P. D. V. Six

Estava no quarto junto com o Pontas, estava andando de um lado para o outro pensando na Carol, eu estava muito preocupado com ela, já faz dias que ela está mal e nada melhora, nada evolui, parece cada vez pior, é horrível não conseguir ajuda-la, eu odeio vê-la mal e não poder ajudar, ela sempre nos ajuda em tudo, e agora não conseguimos ajudá-la.

No reflexo peguei o Mapa do Maroto e o abri, parei pensando se deveria fazer isso mesmo, a Carol não gosta que eu fique a vigiando, mas estou preocupado e com um mal pressentimento, eu sei que ela está com o Aluado, mas eu preciso conferir, então fui virando as páginas, abrindo mais o Mapa até achar a biblioteca.

— O que está fazendo Almofadinhas? – Perguntou Pontas vindo ao meu lado.

— Procurando a Carol. – Respondi.

— Ela está na biblioteca com o Aluado e a Bianca. - Falou-me.

— Eu sei, mas estou com uma sensação ruim, só quero conferir. – Falei e logo achei o Aluado e a Bianca, mas a Carol não estava lá. – Ela não está lá. – Falei preocupado.

— Será que ela está no banheiro? – Perguntou Pontas procurando também.

— Não sei, estou procurando. – Falei olhando o mapa todo com o coração batendo rápido.

— Aqui. – Falou e apontou para o mapa, e eu logo achei a Carol, ela estava num corredor aqui no 7° andar.

— Vamos lá. – Falei fechando o Mapa.

— Acho melhor ir só você, talvez ela se sinta melhor. - Falou-me Pontas me olhando colocando a mão no meu ombro me passando força. – A gente não sabe o que aconteceu, e ir nós dois pode deixar ela sem jeito.

— Está certo, eu vou sozinho então. – Falei e sai correndo do quarto, logo saindo da Sala Comunal, correndo igual a um louco pelos corredores.

P. D. V. Carol

Eu estava no corredor, sentada ainda, olhando o teto, até que resolvi voltar a andar. Levantei do banco e sai andando pelos corredores sem ter uma direção a seguir, só fui seguindo meus instintos. Enquanto andava escutei uma risada muito macabra, eu pulei de susto e olhei pra trás, mas não tinha nada nem ninguém, escutei de novo a risada me dando um calafrio e virei de novo, mas ainda não tinha nada.

A risada foi ficando mais alta, a luz foi diminuindo, o ar ficou pesado, eu ficando sem ar, não estava entendendo o que estava acontecendo, olhava para todos os lados, mas não via nada, até que ficou tudo escuto, tudo ficou frio, a risada estava entrando dentro da minha cabeça, parecia que o ambiente estava diminuindo, até que senti uma mão encostando no meu ombro e uma voz gritou no meu lado meu nome, levei um susto e dei um pulo, e no outro segundo estava tudo claro.

— Carol, você está bem? – Escutei uma voz e um aperto no meu ombro, assustada segurei a mão no meu ombro. – Carol. – Chamou de novo e quando olhei pra frente encontrei o Six me olhando assustado, e preocupado.

— Six, é você. – Falei suspirando e soltei sua mão, olhei em volta, eu estava sentada ainda no banco naquele corredor, não tinha saído do lugar. – Deve ter sido um sonho. – Falei colocando minha mão na cabeça, ela estava latejando.

— Carol. – Chamou-me Six e eu o olhei. – O que aconteceu? Por que está aqui? Não devia estar com o Aluado?

— Sim, mas, eu estava quase dormindo na biblioteca, aí o Remo me aconselhou a subir pra descansar, mas resolvi dar uma volta pra pensar. – Falei cansada, meus olhos aderam, mas segurei.

— Você dormiu, sonhou com o que? – Falou me olhando atentamente.

— Eu estava andando por aí, escutei uma risada, tudo ficou preto, eu não lembro direito. – Falei com a embargada segurando o choro.

— Ei, está tudo bem agora. – Falou Six sentando no meu lado e me abraçando, eu estava tremendo, sem perceber. – Eu estou aqui com você, vai ficar tudo bem.

— Eu só queria entender o que está conhecendo comigo, mas eu não consigo, não tenho ideia nenhuma. – Falei cansada e o Six me abraçou mais forte, senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Calma, a gente vai descobrir, vamos dar um jeito. - Falou-me Six e eu abracei ele, tentando me acalmar. – Vamos pra Sala Comunal, você precisa descansar um pouco. – Falou depois que eu me acalmei e eu concordei.

Levantamos e seguimos para a Sala Comunal, ele me abraçou o caminho todo pelo ombro, me protegendo e passando carinho, o que foi muito bom. Assim que chegamos na Sala Comunal o Six me guiou até o quarto dos meninos e me deitou na cama ficando do meu lado mexendo no meu cabelo, a gente não falou nada um para o outro, não precisava, e com todo o carinho dele eu acabei dormindo abraçada à ele.

P. D. V. Remo

— Bom, acho que acabamos né? Colocamos tudo o que precisava, até mais, e conseguimos entender a matéria. – Falei para a Bianca, que concordou.

— Você me salvou Remo, de verdade, eu não estava entendendo nada. – Falou Bianca e sorriu para mim. – Obrigada por ter me ajudado, de novo.

— Sem problema, sempre que precisar pode me chamar, ou chamar a Carol, que a gente te ajuda. – Falei sorrindo também.

— Será que a Carol está melhor? – Perguntou preocupada.

— Deve estar, ela deve estar com o Sirius, então ela está bem. – Falei torcendo para ser verdade.

— É o poder de um namorado, eles conseguem deixar tudo melhor. – Falou corando.

— Deve ser isso mesmo? – Falei rindo. – Você já namorou?

— Não, você sabe, não tenho muitos amigos, e ninguém gosta de mim. – Falou Bianca sem jeito, e eu fiquei desconfortável por perguntar, me senti um idiota. – Mas e você?

— Nunca namorei também, nunca tive interesse. – Respondi.

— E agora você tem? Sabe, com seus amigos namorando, nunca passou na sua cabeça? – Perguntou corada.

— Ninguém nunca me interessou a esse ponto. – Falei, e era verdade.

Depois disso ficamos em silêncio, o assunto nos deixou sem jeito, e eu não sabia agora como puxar outro assunto.

— Melhor voltamos para nossas Salas Comunais, está ficando tarde. – Falou Bianca sem jeito.

— Sim, sim, claro. – Concordei e comecei a arrumar minhas coisas, assim como Bianca.

Logo guardamos tudo e arrumamos os livros, seguimos em silencio até as escadas, e lá nos despedimos, cada um indo para o seu lado. Subi as escadas pensando na conversa que a gente tinha tido, o que a Carol diria se estivesse junto, mas pensando bem, se ela estivesse com a gente, o assunto não tinha acontecido, ou será que tinha?

Cheguei na Sala Comunal e encontrei o Pontas sentado no sofá, ele me contou que a Carol tinha ido parar num corredor, que o Almofadinhas tinha ido atrás dela, que eles já tinham voltado e estavam no quarto, mas que ele não sabia o que tinha acontecido, porque não queria atrapalhar eles se estivessem conversando, mas decidimos subir pra ver o que estava rolando.

Assim que entramos no quarto vimos a Carol dormindo na cama e o Almofadinhas sentado no chão em baixo da janela, então nos aproximamos dele.

— E ai? O que aconteceu? – Perguntou Pontas sentando na frente do Almofadinhas, e eu o segui.

— Ela queria pensar, estava tentando entender o que está acontecendo com ela. Quando cheguei ela estava dormindo sentada, acordou num sobressalto muito assustada, e me falou que sonhou com uma risada e que estava tudo preto, não lembrava direito. – Falou olhando pro chão e mexeu no cabelo. – Ela estava muito assustada, estava tremendo, querendo chorar. – Falou nos olhando preocupado.

— Ela está chegando ao seu limite, daqui a pouco ela surta. – Falei pensando.

— A gente tem que descobrir o que está passando com ela. – Falou Pontas bravo.

— Como vamos fazer isso? Faz meia hora que estou pensando em algo. – Falou Almofadinhas e eu olhei para a Carol dormindo.

— Ela precisa relaxar. – Falei e voltei a olhar os meninos. – Lembram que semana passada ela deu a ideia de passarmos o final de semana na casa dos gritos? – Perguntei e eles concordaram. – Acho que essa é a hora, vamos tirar ela daqui, tirar a cabeça dela da escola, dar um pouco de diversão, fazer ela relaxar, e quem sabe acontece alguma coisa.

— É uma boa, não podemos ficar parados. – Falou Pontas.

— Eu apoio. – Falou Almofadinhas.

— Então está combinado, sábado vamos pra casa dos gritos depois do almoço. – Falou Pontas e nós concordamos, os Marotos vão entrar em ação.

Sexta-feira depois das aula...

P. D. V. Carol

Mais uma semana se passou, graças a Merlin, e nada muito novo aconteceu, foram aulas e noites mal dormidas, risadas, nada fora do comum. Eu e os meninos estávamos sentados no jardim, aproveitando o bom tempo, estava um dia muito gostoso, pena que já estava acabando, o sol estava se pondo e logo mais teríamos que entrar.

— Aposto um chocolate da dedos de mel que o Aluado não consegue colocar o pé na cabeça. – Falou Jay na minha frente, estávamos em uma roda, Jay estava na minha frente, junto com Remo um pouco mais pro lado e Pedro, eu estava sentada com o Six, estava meio deitada encostada nele e me abraçando por trás.

— Não me coloca no meio disso não. – Falou Remo.

— Eu aposto 5 chocolates que você não consegue colocar o pé na cabeça, Veado. – Falou Six desafiando o Jay.

— Você vai perder Poodle. – Falou Jay e logo puxou o pé em direção a sua cabeça, mas ele não alcançou, ficou lutando pra conseguir, mas tudo o que conseguiu foi cair de costas, e com isso nós rimos.

— Me deve 5 chocolates. – Falou Six.

— Tá, e eu aposto esses 5 que você não consegue acordar a Carol. – Falou Jay.

— Eu não estou dormindo. – Falei e logo em seguida o Six assoprou minha bochecha fazendo cócegas, e com isso eu ri.

— Perdeu. – Falou Six feliz e o Jay bufou, fazendo todos rirem.

— Que tal irmos pra Casa dos Gritos depois do jantar? – Perguntou e logo os meninos aprovaram, e eu não fiquei de fora.

Ficamos lá até o sol de por e então entramos e ficamos conversando na Sala Comunal, logo Lily, Dorcas e Lene se juntaram a nós e começamos a fofocar sobre os últimos acontecimentos em Hogwarts, e os meninos não ficaram de fora, ouviam, opinavam, faziam brincadeiras, estava muito engraçado.

Uns minutos antes de descermos para o jantar, os meninos e eu subimos para guardar nossas mochilas e separar umas mudas de roupa para passarmos o final de semana na Casa dos Gritos. Peguei uma outra mochila que eu guardo para emergências e coloquei tudo o que precisava nela, logo a encolhendo e a guardando no bolso da calça, eu estava com uma calça jeans, meu tênis preto e uma camisa lisa cinza escuro.

Assim que desci encontrei os meninos arrumados também, discretos, e assim que me virão o Six veio me dar um beijo e logo descemos para o Salão Principal. Jantamos junto com nossos amigos, brincando e conversando até todos comerem o as meninas e o Frank subiram para a Sala Comunal, eu e os meninos ficamos um tempo andando por corredores para passar o tempo e tudo ficar tranquilo.

Quando deu 9 horas a gente seguiu nosso caminho para o Salgueiro Lutador, Pedro se transformou no rato e parou o Salgueiro nos deixando entrar. Chegando na Casa dos Gritos fomos para a sala e colocamos nossas coisas num canto, cada um tomou um lugar nos sofás e ficamos conversando. Quando era por volta das 11 horas todos começaram a ficar com sono, então resolvemos nos ajeitar. Conjuramos colchões e cada um se acomodou em um, eu fiquei na ponta, no lado da lareira, Six ficou no meu lado, seguido por Jay, Remo e Pedro ficou no sofá.

Ficamos conversando por um tempo ainda, eu mais ouvia do que falava, estava com muito sono, e logo dormi, sei disso pq num momento estava ouvindo os meninos e no outro tudo ficou silencioso, e eu estava em Hogwarts, e não mais na Casa dos Gritos.

Fiquei um tempo tentando entender e vendo o que fazer, até que escutei alguém me chamar de forma macabra, olhei para trás, mas não tinha ninguém, e logo escutei uma risada e uma sombra apareceu. Sai correndo pelos corredores, a sombra me seguia junto com a risada, até que cheguei nas escadas, comecei a subir correndo tentando me distanciar daquilo, mas eu subia e subia e nada mudava, a sombra estava cada vez mais perto.

Comecei a ficar desesperada e assim que vi uma porta, passei por ela, e no outro segundo estava numa floresta. Respirava rápido, meu coração batia descompassadamente, eu não sabia onde estava, olhei para trás procurando a porta, mas não achei nada. Escutei uma voz chamar meu nome, outra meu sobrenome e risadas, procurei de onde estavam vindo, mas pareciam vir de todos os lugares, até que apareceu umas cinco sombras e as vozes ficaram mais alta.

Sai correndo de novo, e às sombras e vozes me seguiam, não sabia por onde estava indo, só corria querendo fugir daquilo, cada minuto que passava as sombras e vozes se aproximavam mais, e quanto mais rápido eu tentava correr, mais devagar parecia que ficava, até que tropecei num ganho de árvore e cai.

Levantei dolorida, estava com uns arranhões na mão e joelho, nada muito grave, assim que olhei para frente, estava num labirinto olhei ao redor e não tinha mais floresta, nem saída, só uma parede atrás de mim e de lá saiu uma mão que tentou me agarrar, mas consegui me esquivar e sair correndo.

A cada beco sem saída que entrava estava uma pessoa toda preta me chamando, ou pelo nome, sobrenome, ou apelidinhos medonhos, florzinha, princesa, e eu logo saia correndo de novo, eu não sabia por onde estava indo, só queria fugir daquelas vozes me chamando, corria com todas as minhas forças, até que apareceu outra porta em minha frente.

Passei por ela sem pensar, queria silenciar as vozes, queria acordar, sai daquele lugar e tudo o que conseguiu for uma sala escura que não via nada.

— Carol. – Uma voz me chamou.

— Caldin. – Chamou outra, e então várias e várias vozes falavam ao mesmo tempo, me chamando, eu não conseguia nem pensar direito.

Então senti mãos me tocarem, de todos os lados em todos os lugares, queria fugir, mas não tinha como, queria gritar, mas minha voz não saia, eu estava ficando com falta de ar e só conseguia pensar em sair dali.

Do nada, as mãos me agarraram e me derrubaram no chão, me prendendo, eu pedia pra me soltar, mas minha voz não saia, e aquelas mãos começaram a passear pelo meu corpo, e vi que estava sem roupa. Tentava me soltar, já estava chorando, mas não conseguia até que senti me tocarem na minha região intima e perdi o ar. As vozes riram eu falava não, mas nada adiantava, me mexia tentando me afastar, mas não conseguia, e então senti uma coisa entrando em mim, eu gritei de dor e acordei sentando no colchão ainda gritando e chorando, abracei minhas pernas e continuei chorando, e tremendo, meu corpo doia.

— Carol, o que foi? – Escutei uma voz e senti uma mão encostando no meu braço.

— Não. – Falei distanciando a mão ainda chorando muito.

— Carol, sou eu, está tudo bem, é o Sirius. – Escutei e dei uma relaxada, não estava mais sonhando, mas ainda estava desesperada, chorando, tremendo e com dor. – Está tudo bem, já passou. – Falou e me abraçou, reconheci o perfume do Six e me encolhi ainda mais me aproximando dele, sentindo seu calor.

— Carol, o que aconteceu? – Reconheci a voz do Jay, mas não conseguia falar, minha garganta estava fechada, eu só conseguia chorar.

— Quer um copo de água, Carol? – Falou a voz do Remo, mas não consegui responder.

— Por favor, Carol, fala com a gente, qualquer coisa. – Falou Jay, eu reparei na voz que ele estava preocupado, e isso me deu um aperto no coração, não queria deixar os meninos preocupados.

— Acho melhor você levá-la ao banheiro, tentar dar um banho pra ver se ela se acalma. – Falou Remo.

— Está bem. – Falou Six e no outro segundo ele estava me segurando no colo, coloquei meu rosto no seu peito numa tentativa de escondê-lo, não queria que os meninos me vissem assim, e senti o Six andando, uma porta abrir e fechar e o Six me colocar sentada na privada. – Carol, me fala o que aconteceu, por favor. – Falou na minha frente e eu só balancei a cabeça falando não ainda chorando. – Me deixa te ajudar. – Falou encostando nossas cabeças e passando a mão nas minhas costas.

— Six. – Foi a única coisa que consegui dizer ainda chorando e me joguei em cima dele.

Sentamos no chão, ele me abraçava passando a mão nas minhas costas me acalmando e eu chorava encolhida encostada nele tentando me acalmar, mas falhando porque toda hora voltava as lembranças do sonho e o medo voltava.

— Com o que você sonhou Carol? Me conta. – Falou Six calmo ainda me fazendo carinho.

— Eu... – Comecei a falar sem perceber, com a voz embargada de choro. – Eu estava em Hogwarts, aí alguma coisa começou a perseguir... – Solucei pelo choro. – Tentei fugir, mas parecia que não saia do lugar, passei por uma porta e entrei numa floresta. – Falei tremendo. – Mais vozes e sombras apareceram e eu saí correndo de novo, tropecei, cai e entrei num labirinto. – Parei para respirar ainda chorando muito. – A cada beco sem saída do labirinto tinha uma pessoa sombras me chamando, foram vários, corri uma eternidade tentando fugir até entrar numa sala escura. – Falei e me encolhi mais ainda, chorando mais, e não consegui continuar.

— E o que aconteceu? Pode me falar. – Falou Six me passando coragem.

— Eu não conseguia ver nada, só sentia mãos me tocando e vozes me chamando. – Falei e solucei. – Eles me derrubaram me prendendo no chão, passando as mãos por todo o meu corpo. – Falei chorando ainda mais. – Eu estava pelada, não conseguia me mexer até que... – Parei de falar, não conseguia continuar, só chorar e o Six me abraçou forte. – Doeu muito Six. – Falei aos prantos tremendo e me agarrei nele.

— Carol, já abusaram de você, já te machucaram assim? – Perguntou serio, mas não respondi. – Me fala Carol. – Falou e levantou meu rosto. – Me fala quem fez isso com você que eu mato a pessoa. – Falou bravo. – Já encostaram em você?

— Não. – Falei chorando. – Mas já tentaram. – Continuei.

— Me fala quem foi que eu vou arrebentar a cara dele. – Falou bravo, mas eu só consegui discordar com a cabeça chorando ainda mais. – Está bem, não precisa me dizer. – Falou me abraçando de novo bem apertado. – Eu não vou deixar nada te acontecer, nem eu nem os meninos, vamos cuidar de você, eu vou te proteger, eu prometo. – Falou me dando um beijo na cabeça e eu concordei ainda chorando, mas tentando me acalmar.

P. D. V. Six

Fiquei uns bons minutos abraçado a Carol, tentando acalmá-la, tentando passar carinho e segurança, ela ainda chorava e soluçava bastante, até que os soluços de choro diminuíram e a respiração dela ficou calma. Fiquei ainda um tempo fazendo carinho da sua cabeça até que resolvi ver como ela estava, e ela estava dormindo.

Respirei fundo aliviado, finalmente ela está descansando, mas ainda estava preocupado, bravo e triste, vendo o rosto da Carol inchado de tanto chorar, dava para ver o caminho das lágrimas, então fiz carinho na sua bochecha.

— Queria ter te privado de tudo isso. – Falei para ela e lhe dei um beijo na testa.

Levantei segurando ela e sai do banheiro com cuidado, e com o barulho da porta os meninos apareceram.

— E ai? O que aconteceu? – Perguntou Pontas preocupado.

— Ela está bem? – Perguntou Rabicho.

— Ela dormiu. – Respondi sério.

— Coloca ela no quarto, pra ela ficar mais confortável. – Falou Aluado e eu concordei.

A levei pro quarto e a deitei na cama, arrumando-a para deixá-la bem para descansar e voltei para a sala junto com os meninos, me joguei no sofá suspirando apoiando minha cabeça nas mãos.

— Ela te contou o que aconteceu? – Perguntou Pontas e eu concordei tirando minhas mãos do meu rosto.

— E o que aconteceu? – Perguntou Rabicho roendo um chocolate.

— Com o que ela sonhou? – Perguntou Aluado e eu senti um arrepio ao lembrar o que ela me falou.

— Ela... – Falei e respirei fundo, olhei fixamente o chão criando coragem, e finalmente falei. – Ela sonhou que estava sendo abusada.

— O que? – Perguntaram todos surpresos, e eu concordei apertando meus dedos, a raiva tinha voltado.

— Mas... Mas ela... – Começou Rabicho sem conseguir terminar.

— Fala que ela não sofreu isso. – Falou Pontas bravo. – Eu vou quebrar a pessoa que fez isso com ela.

— Ela falou que não. – Falei e olhei os meninos. – Mas falou que já tentaram.

— Filhos da puta. – Falou Aluado irritado.

— Quem foi? Me fala agora. Eu vou atrás desses desgraçados. – Falou Pontas levantando com o punho serrado.

— Ela não me contou. – Falei voltando a ficar irritado.

— Sirius, você nunca... – Falou Pontas preocupado, mas parou a frase e eu o olhei, sei o que ele estava pensando.

— Claro que não, nunca faria isso. – Falei bravo, não com o James, mas por estar preocupado com a possibilidade.

— Eu sei, foi uma ideia idiota. – Falou Pontas suspirando.

— Pelo menos espero que não. – Falei preocupado. – E se eu já fiz sem perceber?

— Se tivesse feito, a Carol tinha te falado. – Falou Aluado e o Pontas concordou. – Relaxa Almofadinhas, a gente te conhece, você nunca faria algo assim.

— Não tenho tanta certeza. – Falei com pesar.

— A gente sabe Almofadinhas. – Falou Pontas colocando a mão no meu ombro e eu concordei.

— Eu estou muito puto por ela ter passado por isso e eu nem reparei. – Falei bravo.

— Não se culpe, isso não é fácil de identificar, principalmente quando a pessoa não quer que saibam, e a Carol é muito boa nisso. – Falou Aluado.

— Não importa, eu tinha que ter reparado, sou no namorado dela, tenho certeza que eu fiz algo que deu o gatilho nela. – Falei.

— O que importa é que agora você sabe, ela te contou e descobriu o que estava a incomodando, e agora a gente vai fazer de tudo para ela voltar a se sentir melhor. – Falou Pontas e todos concordaram, era isso que importava, vamos ajudar a Carol.

No outro dia de manhã...

P. D. V. Carol

Acordei com muita dor de cabeça, meu olho ardia, levei um tempo para conseguir abrir os olhos e quando finalmente abri os olhos, vi que estava no quarto, deitada na cama, sentei e a dor de cabeça piorou, mas respirei fundo e a dor foi melhorando. Olhei em volta, o sol entrava pelas frestas da janela, parecia ser umas 10h já, mas está tudo silencioso.

Levantei da cama e sai do quarto seguindo para sala procurando os meninos, mas acabei os encontrando na cozinha, todos sentados na mesa conversando.

— Acordou, bela adormecida. – Falou Jay assim que me viu na porta, Pedro estava ao seu lado, e Six e Remo na sua frente, e ambos viraram para me olhar.

— Bom dia. – Falei sorrindo meio sem jeito, não sabia como agir depois dessa noite.

— Como você está? – Perguntou Remo.

— Senta, vou fazer um chocolate quente para você. – Falou Six levantando.

— Bem, com uma dorzinha na cabeça, mas bem. – Falei me aproximando.

— Dormiu bem? – Perguntou Jay.

— Igual uma pedra. – Falei sorrindo e os meninos riram.

— Vou fazer uma poção pra dor para você. – Falou Remo e levantou, quando passou por mim me deu um beijo na cabeça.

Olhei o Jay sorrindo de lado, e ele me estendeu a mão, sorrindo, ele sabia o que estava sentindo, e eu segurei sua mão agradecendo. Olhei o Six como se estivesse perguntando como ele está, e ele me respondeu com um aceno de cabeça e mexendo os lábios que ele está bem, e eu fiquei um pouco mais aliviada.

— Aqui está. – Falou Remo voltando com a poção.

— Obrigada. – Agradeci e logo tomei tudo num gole, para não sentir o gosto.

— Você gosta mais quente ou mais frio? – Perguntou Six me olhando.

— Meio termo. – Respondi e ele concordou pensativo, eu ri internamente e fui até onde ele estava. – Deixa que eu te ajudo.

— Não precisa, eu dou um jeito. – Falou enrolado.

— Six. – Falei sorrindo para ele.

— Está bem. – Falou depois de suspirar sorrindo.

Ficamos lado a lado, eu olhando e ele preparando meu chocolate quente, até que no instinto segurei sua mão, ele olhou nossas mãos e me olhou, e eu olhei para ele.

— Obrigada por ter cuidado de mim ontem. – Falei meio sem jeito, não queria que tudo aquilo tivesse acontecido.

— Não precisa agradecer, eu sempre vou cuidar de você. – Falou e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha, eu sorri e logo o abracei, sentindo seu cheiro e seu calor, e ele correspondeu. – Desculpa. – Falou com pesar na voz, fazendo carinho no meu cabelo.

— Pelo que? – Perguntei o olhando sem entender.

— Por ter deixado isso acontecer. – Falou triste.

— Não é culpa sua Six. – Falei triste por ele estar triste.

— Eu sei que tem uma porcentagem minha nisso tudo. – Falou me olhando nos olhos.

— Foi coisa da minha cabeça, Six. – Falei e suspirei. – Eu fiquei ansiosa, por que pra mim também é novo tudo isso, mas eu não queria admitir, e com isso voltou uns assuntos que ficava guardando, aí se tornou um bola de neve. Eu nem reparei que estava guardando tudo disso, só reparei depois que a gente conversou. – Falei sem conseguir olhar pro Six, eu estava com vergonha disso tudo. – Desculpa ter causado tudo isso, sei que deixei você e os meninos preocupados, não era a minha intenção, de verdade.

— A gente sabe, não se preocupa com isso. – Falou levantando meu rosto e me dando um beijo na testa. – Tem mais alguma coisa que você está guardando?

— Não. -Falei rindo. – Pelo menos espero que não. – E ele riu com minha resposta.

Eu fui e dei um beijo na sua bochecha, o fazendo me olhar sorrindo e eu correspondi, logo fomos nos aproximando até que nossos lábios se encontraram e trocamos um beijo calmo, mas tivemos que parar por que escutamos algo caindo, e quando olhamos, o leite estava transbordando na leiteira fervendo, desligamos o fogo rápido rindo.

— Cadê os meninos? – Perguntou Six olhando a mesa e quando olhei não tinha ninguém.

— Não vi eles saindo. – Falei e olhei o Six. – Devem terem ido fazer alguma coisa.

— Com certeza resolveram nos deixar um pouco sozinhos.

— Mexeu muito contigo né? – Falei sorrindo amarelo de lado.

— Não é fácil ouvir da sua namorada, amiga, toda aquela história. – Falou e respirou fundo, eu apoiei minha cabeça no seu peito. – Eu nunca imaginei que você poderia passar com isso, nunca pensei que você passou por tudo isso, sozinha, sem contar para ninguém.

— Não é um assunto fácil de se falar. – Falei.

— Eu imagino, e sinto muito que você tenha passado por isso.

— Obrigada, mas, sabe, não é um medo incomum, todas as mulheres sentem esse medo, a gente tem medo em tudo, podemos virar a rua e dar de cara com um homem assim, assim como ficamos com muito medo quando nos olham como objeto por isso acontecer. – Falei e respirei fundo. – Você sabe tudo que já fizeram comigo, todas as vezes que tentaram me agarram a força, e todas as vezes eu tinha medo de algo de pior acontecesse, algumas vezes mais que outras, e poucas vezes quase aconteceu, mas felizmente consegui fugir, só que a sensação não sai, e a gente camufla, esconde, para ninguém perceber.

— Você não pode ser forte todas as vezes, Carol. – Falou Six.

— Eu sei, e quando não consigo, bom, acontece o que aconteceu. – Finalizei.

— Você não precisa ser forte o tempo todo comigo. – Falou segurando minha nuca. – Me usa como escudo, ou como saco de pancada. – Falou e eu ri. – Mas por favor... – Falou e encostou nossas testas. – Não esconda mais nada de mim. – Ele se afastou um pouco. – Está bem?

— Ok. – Concordei sorrindo e ele logo me deu um beijo.

Era um beijo calmo, cheio de carinho, só para mostrar que estávamos juntos nessa, e foi muito bom. Quando o beijo estava acabando ele abraçou minha cintura e me levantou me fazendo rir, logo me colocando no chão de volta e acabando o beijo.

— Vamos acabar logo esse chocolate quente que você precisa comer alguma coisa. – Falou Six e com isso eu ri, e logo voltamos nossa atenção para o fogão.