A Marota

Capítulo 62


Jane Potter

As vozes ao redor me fizeram despertar e eu tentei abrir os olhos, acabando por fecha-los novamente pela claridade que os machucou. As vozes pararam e eu gemi baixinho, levando uma das mãos ao lado do corpo. Meus dedos sentiram algo que tapava minha pele e que me fez sentir dor ao apertar forte demais.

Eu forcei meus olhos a abrirem e enxerguei tudo embaçado ao olhar em volta. Minhas mão coçaram meus olhos e eu tentei me sentar, ignorando as mãos que tentaram me impedir. Minha cabeça girou e eu fiz uma careta pela dor nas costas e ao lado do corpo, levando uma das mãos a testa. Obriguei meus olhos a focarem a minha frente, vendo umas seis pessoas ainda meio tremulas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu não 'to enxergando nada.. Alguém viu meu óculos? - eu disse baixo, ouvindo algumas risadas antes de sentir alguém pegar a minha mão e colocar meu óculos nela.

Eu o coloquei o rosto, piscando várias vezes até conseguir enxergar corretamente. Meus amigos me olhavam atentos, sorrindo para mim. Eu olhei pra cada um deles, reconhecendo todos.. Menos Remo, ele não estava ali. Minha cabeça latejou um pouco mas eu tentei ignorar, sorrindo fraco pra eles.

— Você nem devia estar sentada, Srta. Potter. - Jessy me disse, se fingindo de brava e eu ri.

— Que dia é hoje? - questionei, massageando minhas pálpepras que doíam um pouco.

— Domingo. - Sirius respondeu e eu pensei.

As lembranças vieram a minha mente. Lilian e nossa pequena discussão, o lobisomem, o salgueiro lutador nos jogando para longe e a dor das garras do lobisomem rasgando a minha pele. James e Sirius levando ele para o salgueiro e Lily implorando para que eu não dormisse.. Depois disso, eu não me lembro de mais nada.

— Lilian.. Você está bem? - eu olhei para a ruiva, olhando para Sirius, James e Pedro em seguida. - E vocês? Onde está o Remo?

Meus olhos procuraram pela enfermaria e eu encontrei o garoto deitado sobre a cama do lado, virado para o outro lado. Parecia dormir mas eu sabia que ele não dormia exatamente... Também sabia que se culpava.

— Ele 'tá fingindo, né? - eu murmurei e os outros assentiram.

— Ele disse que precisa pensar e não quer falar agora.. Sirius quase bateu nele. - Marlene disse e eu olhei para o Black, vendo ele dar de ombros.

— Depois eu falo com ele.. - sorri, lançando um olhar carinhoso ao Lupin antes de voltar para os outros. - Eae.. Quantas garotas Sirius beijou enquanto eu estava desacordada?

Todos riram, menos o maroto citado que revirou os olhos mas eu pude ver a sombra de um sorrisinho em seus lábios.

— Ele ficou tão preocupado que parecia nem ver as garotas que quase o agarravam no corredor. - Pedro comentou, recebendo um tapa na cabeça desferido pelo Black.

— Eu não fico com qualquer garota... - se defendeu e eu gargalhei.

— Claro que não. - fui irônica, piscando pra ele que revirou os olhos novamente.

Meus amigos ficaram comigo até a hora do almoço e eu pedi para que eles fossem para almoçar, já que nenhum deles parecia querer sair dali. O que os fez sair mesmo foi Madame Pomfrey que disse que eu devia descansar. Eu almocei, tirando um cochilo durante a tarde e acordando durante o jantar.

Remo estava sentado em sua cama, comendo o seu jantar e nem me notou olhando pra ele. Me sentei na cama o mais silenciosa possível, vendo a bandeja com meu jantar encima do criado mudo mas eu não estava com fome. Quando coloquei meu óculos, Remo olhou na minha direção e eu sorri fraco, recebendo um igual seu. Ele pareceu não querer falar e eu não tentei força-lo.

Peguei o copo de suco e bebi um pouco, logo o deixando de lado. Meu estômago não queria aceitar nada aquela hora e minha garganta parecia fechada para qualquer tipo de alimento. Eu apenas me deitei novamente, observando o nada enquanto ouvia o silêncio que me parecia muito bom naquele momento. Estava tudo tão calmo que eu me peguei pensando na última vez em que a paz reinou ao meu redor.

— Pensativa? - ouvi Remo perguntar e sorri, virando meu rosto pra ele.

— Pensando sobre nada e tudo ao mesmo tempo. - lhe respondi, observando ele por a bandeja encima do criado mudo e tomar o seu suco.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Assim que terminou, ele colocou suas pernas pra fora da cama e se levantou, vindo até mim. Eu me sentei e o convidei a se sentar ao meu lado de frente pra mim. Eu não pude ver seus olhos por alguns momentos, mas sabia que ele pensava em algo para dizer relacionado a noite de sexta feira.

— Eu sinto muito.. Eu falei com Sirius e James e eles disseram que você nunca me culparia, mas mesmo assim. - ele disse, olhando pra mim meio triste e eu suspirei.

Peguei a sua mão enfaixada e a segurei entre as minhas, sorrindo pra ele.

— Nunca vou te culpar por algo que você não tem culpa. - lhe lembrei, levando uma das mãos ao seu rosto e o acariciando. - É meu amigo.. E sei que não teve a intenção de nos atacar.

Remo sorriu e eu o abracei, fazendo uma leve careta pela pontada que senti ao lado do corpo. Quando nos separamos, eu vi sua expressão mudar para preocupação e neguei com a cabeça, como se dissesse que não foi nada demais.

— Vai ficar uma cicatriz horrível.. - ele disse e eu neguei novamente.

— Eu não me importo.. Quando eu tiver filhos, mostrarei minhas cicatrizes e lhes contarei sobre as aventuras que vivi. - lhe disse em tom sonhador e ele riu.

— Você pensa em ser mãe? - Remo questionou e eu pensei.

— Bem, se eu conseguir um marido.. É provável que eu tenha alguns filhos. Pode não parecer, mas eu gosto de crianças. - sorri pra ele que me olhou fingindo surpresa. - E você?

— Não.. Não está nos meus planos. - me respondeu, olhando para o chão.

— Por que não?

— Ah, Jane, não quero que meu filho sofra como eu. - deu de ombros, parecendo meio mal com aquele assunto.

— E.. Isso pode acontecer? Passar a licantropia pra ele? - tentei ser sensível mas, falando sobre aquilo, não parecia existir uma forma doce de falar.

— Eu não sei.. Mas é provável. Está no meu sangue. - ele suspirou e eu acariciei seu braço.

Nós conversamos um pouco e eu lhe contei sobre aquela noite, evitando a última parte que eu lembrava. Mais tarde, Madame Pomfrey disse que já estava na hora de dormir e levou nossas bandejas, saindo da enfermaria. Nos deitamos e Remo logo pegou no sono, mas minha mente ainda voava longe. Talvez na torre da grifinória ou nas masmorras, eu não sabia exatamente.

Quando eu fechei os olhos, um barulho me fez os abrir novamente. Eu me sentei de uma vez e reclamei por causa da dor no meu ferimento. Meus olhos passaram pela enfermaria até a porta e, bem ao lado dela, eu vi um vulto a recolher algumas coisas que haviam caído no chão. Quando a, aparentemente, pessoa se levantou, eu tentei enxerga-la mas só pude o fazer quando essa entrou na luz.

Eu respirei fundo, voltando meus olhos para o travesseiro fingindo arruma-lo. Quando olhei novamente, a pessoa estava parada ao lado da minha cama.

— O horário de visitas acabou. - eu comentei, me encostando no travesseiro e olhando para Brendan tentando ser indiferente.

— Eu sei.. Mas eu não tive coragem de vir mais cedo. - ele disse, apertando as próprias mãos de forma nervosa.

— E por que veio? - eu ergui uma das sombrancelhas, tentando não fazer uma careta ao cruzar os braços.

Ele se calou por um momento, antes de se aproximar mais um pouco e tentar tocar minha mão. Eu a afastei quase na mesma hora, pondo as duas atrás de meu corpo.

— Jane.. Eu não queria machucar você. O que eu disse naquele fim de tarde era verdade, eu queria ter me arrependido antes. - ele se abaixou ao meu lado e eu mordi meu lábio, tentando não me deixar levar.

— Você nem faz ideia de como eu sofri naquele lugar. Eu cheguei a preferir estar morta. - eu lhe contei, engolindo a vontade de chorar ao lembrar daquilo. - Eu me preocupei com você todos os dias.. Pra depois saber que você que havia me jogado ali dentro.

— Eu fui um tolo.. Em ter te usado, em ter planejado tudo aquilo e... Acho que mais ainda por ter me apaixonado pela minha vitima. - Brendan disse e eu vi uma lágrima escorrer por seu rosto.

Meus olhos também arderam e eu olhei para o outro lado, deixando minhas mãos em meu colo novamente. Eu sempre fui muito fácil em perdoar as pessoas.. Mas era difícil com aquilo. Meu coração sabia que ele estava arrependido, mas a minha cabeça dizia que ele não merecia.. Não depois de me jogar dentro daquele covil de comensais. Eu estava dividida.

Eu senti ele segurar a minha mão e olhei pra ele, vendo ele beija-la e a aproximar de sua bochecha. Eu gostava dele, o que eu podia fazer? O que eu devia fazer? Quando uma pessoa se torna importante demais que.. Eu não queria perde-lo e nem perder a sua amizade, mas aquela guerra dentro de mim continuava sendo travada. Meu coração tentava vencer mas minha cabeça parecia mais inteligente.

— Eu não estou te pedindo pra esquecer, só não quero perder você. - ele disse, se levantando e sentando a beira da minha cama.

Eu neguei quando ele segurou meu rosto mas não consegui me afastar. Minha mente traiu a si mesma e eu lembrei de tudo.. Dos nossos passeios pelos jardins, as noites em que ficamos até tarde em uma sala de aula fazendo nada exatamente. A floresta tinha o que contar sobre nós e Hogsmeade nem se fala. Talvez eu não tivesse nascido pra dar certo com alguém..

O rosto de Brendan se aproximou do meu e eu suspirei, fechando os olhos e virando meu rosto para o lado. Eu não podia beija-lo. Tudo aquilo era demais.. Ele, eu e Sirius.. Sim, eu bem no meio. Ele gostava de mim mas eu gostava de Sirius... E esse gostava de todas.

— É melhor você ir.. - eu pedi, soltando minha mão das suas e abaixando a cabeça.

Brendan não disse mais nada e eu segurei, respirando fundo e piscando várias vezes. Eu ouvi seus passos e olhei ele se afastar, esbarrando em Madame Pomfrey na porta.

— Já estou de saída. - ele disse antes que ela dissesse algo, saindo para o corredor e sumindo da minha vista.

Eu passei as mãos pelo rosto e as lágrimas presas molharam meus dedos. Madame Pomfrey veio até mim e pegou algo no criado mudo, entregando pra mim. Eu a olhei confusa, olhando para o copo em seguida.

— Vai te ajudar a dormir. - ela disse, sorrindo levemente e indicando a porta com a cabeça.

— Obrigada.. - sorri pra ela, tomando o líquido esquisito.

Não tinha gosto de nada, ou tinha e eu nem ao menos reparei. Deixando o copo onde estava antes, eu me deitei e observei o leito vazio a minha frente. Minha visão ficou turva, ainda mais do que antes já que eu estava sem óculos. A mesma começou a pesar e eu soube que era o efeito da poção.. Pegar no sono foi inevitável, já que meus sentidos pareciam adormecidos e eu não consegui ver mais nada.

*****

— Potter, seu ferimento ainda não cicatrizou. - Madame Pomfrey insistiu mas eu não liguei.

— Eu estou bem, nem sinto mais dor. - lhe garanti, levantando da cama com a sua ajuda.

— Menina teimosa.. Igualzinho a seu irmão. - ela tentou esconder mas eu pude ver um sorriso em seu rosto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Então, Sr. Lupin.. A superior também não te deixou ir as aulas? - eu fingi uma voz mais grossa, caminhando em direção a cama de Remo.

— Segundo ela, eu preciso passar mais uma noite aqui. - o garoto riu e eu me sentei ao seu lado.

Eu olhei para os lados, como se conferisse que não tinha ninguém, falando baixinho para Remo.

— Espero que a gente saia junto daqui ou eu vou morrer de tédio.

O Lupin riu quando coloquei minha cabeça em seu ombro e suspirei, fingindo uma cena de drama.

— Remo, por acaso você saberia o que a Marlene esconde pelos corredores? - eu perguntei de repente, me lembrando da vez que peguei a garota quase no flagra.

— Eu não.. - o garoto pareceu tão confuso quanto eu.

— Huh.. Será que ela tem um animal de estimação proibido? - eu pensei nas possibilidades, levando um dedo ao queixo.

— Acho que não, ela tem uma coruja. - Remo me disse e eu suspirei frustrada.

— Será que se eu perguntar pra ela.. Ela me diz? - continuei a raciocinar, ouvindo mais uma vez Remo rir.

— Vocês são amigas, acho que sim.

Eu olhei pra ele sorrindo antes de deixar um selar em sua bochecha. No mesmo momento, alguém entrou na enfermaria e eu olhei, sorrindo irônica pro garoto. Me levantei e cruzei os braços, indo de encontro a ele que manteve sua expressão serena.

— Olha só quem apareceu na enfermaria.. - zombei, recebendo o famoso sorriso de Régulo Black.. Carregado de sarcasmo.

— Olha só quem veio parar na enfermaria e ninguém sabe o motivo.. - ele revidou e eu bufei, me sentando na minha cama.

— Madame Pomfrey está na sala dela. - informei, apontando a sala da mulher mais velha.

— Eu vim ver você, na verdade. - o Black informou e eu o olhei com ternura.

— Ele veio me ver, Remo. - o apontei para o meu amigo e esse balançou a cabeça, sorrindo. - A que devo a honra da sua magnífica presença?

— Você está ficando engraçadinha.. - ele comentou e eu o puxei pra se sentar a minha frente. - Sirius comentou que você estava aqui e eu, como a melhor pessoa já vista nessa terra, vim ver como está.

— Que fofo.. E narcisista. - fiz uma careta e ele riu. - Eu estou bem, fizeram tempestade em copo dágua.

— Estou vendo. - Régulo sorriu e eu encolhi os ombros.

Nós ficamos em silêncio e eu pensei sobre algo que não pensava a um tempo... Theodore Nott. Régulo era o melhor amigo dele, devia saber do garoto loiro sumido.

— Por que está com essa cara de retardada? - ele perguntou e eu o olhei, lhe indicando meu dedo do meio. - Olha a rebeldia.

— Eu estava pensando.. Theodore anda sumido, sabe como ele está? - perguntei, o olhando com interesse.

— Vocês já namoraram, né? Pensei que você estava com Sirius agora. - ele pareceu confuso por um momento e eu neguei.

— Nunca namoramos.. E eu e Sirius não temos nada exatamente... A questão aqui é; como você sabe dessas coisas! - eu o olhei meio assustada, me afastando um pouquinho.

— Eu sei de tudo, meu amor. - ele concluiu, me lançando uma piscadela. - Mas respondendo a sua pergunta.. Creio que Theodore esteja melhor agora.. Ou pior, depende do ponto de vista.

— Como assim? - questionei, tentando entender o raciocínio do sonserino.

— Simples.. Eu levei Theodore para o caminho das trevas. Me arrependo um pouco agora? Sim, mas não tem como voltar atrás. - ele me disse e eu deixei meus braços caírem.

— Você não era muito legal.. - lhe disse e ele deu de ombros.

— Theodore era um garoto muito sozinho, Jane.. Além de mim, ele não tinha ninguém aqui dentro. Era como Ephram.. A ovelha desgarrada da sonserina. Mas Ephram tem amigos como os Jordan, você e Sirius. - Régulo contou e eu fiz uma careta. - Depois que começou a se interessar pelas artes das trevas, todos os meus "amigos" que desprezavam ele, passaram a gostar dele. Não é justo, mas é assim que funciona.

— Isso é realmente terrível.. - desviei meus olhos dele por um momento, deixando que minha mente voasse até Theodore.

Aquele garoto sorridente e gentil.. Aquilo não era pra ele, eu sabia disso. Theodore era diferente, era exatamente como Ephram e Sirius. Assim que conheci Brendan, eu podia dizer que ele seguiria aquele caminho.. Mas depois de conhece-lo melhor, eu pude ver que ele era um garoto legal. Com Régulo eu sempre tive razão, mas no final ele acabou mudando de lado.

— Eu, praticamente, perdi meu melhor amigo pras trevas.. Ele não quer sair e eu não posso fazer nada. - era a primeira vez que eu via Régulo, aparentemente, triste.

Eu segurei sua mão e ele me olhou de novo. Com um sorriso, eu tentei reconforta-lo mas não pareceu fazer muito efeito, mesmo que alguns segundos depois ele tivesse trago de volta seu ar de sempre. Nós nos olhamos por um momento, eu ainda segurava sua mão e ele parecia não querer que eu soltasse. Eu apenas soltei quando alguém pigarreou perto de nós e eu olhei, vendo Marlene.

— Boa tarde! - ela sorriu, pondo as mãos na cintura e olhando de mim para Régulo.

— Oi, Lene.. - eu sorri meio sem graça ao notar seu típico olhar.

— McKinnon.. - Régulo se levantou e olhou pra nós. - Bom, eu já vou.. Fico feliz que esteja bem.

— Obrigada, Régulo.. - eu sorri pra ele que retribuiu, acenando com a cabeça para Lene antes de se afastar.

Nós observamos ele caminhar até a porta e sair por ela, nos deixando ali. Apenas Marlene, eu e Remo que escrevia algo em um pergaminho. Quando a garota morena se sentou no lugar antes de Régulo, eu fechei os olhos e esperei o que vinha a seguir.

— Sonserinos te atraem mesmo, hein? - ela disse e eu ri, a olhando.

— Deixe de pensar besteira. - eu dei um peteleco leve em sua testa e ela revirou os olhos.

— Só vim te dar um recado. - Lene disse e eu cerrei os olhos.

— Recado, é..? De quem? - eu perguntei meio receosa de repente.

— De alguém.. E eu trouxe isso aqui. - ela me entregou a bolsa em suas mãos depois de olhar para os lados.

Eu abri e peguei um vestido. Não era meu.. Mas era bonito. Feito de pano leve, bege com flores a enfeitar. Era de alças mas também encontrei um casaco preto ao mexer na bolsa novamente, junto de sapatilhas da mesma cor.

— Pra quê isso..? Eu não posso sair daqui. - lembrei, olhando meio desconfiada pra ela quando a mesma sorriu abertamente.

— Me encontre do lado de fora da enfermaria as 09:00pm.. E use essa roupa. - ela me disse, beijando minha bochecha e se levantando. - Ah, deixe o cabelo solto.. Eu gosto dele assim.

Com uma piscadela, a McKinnon caminhou para longe e saiu da enfermaria. Eu observei a porta paralisada, estranhando a atitude da garota. Balançando a cabeça, eu olhei para a cama ao lado e encontrei Remo a rir.

— Acha que eu devo ir? - perguntei pra ele, lhe mostrando o vestido.

— Acho.. Eu não conto nada pra Madame Pomfrey se você não contar. Desde que volte antes do amanhecer. - me disse e eu sorri, voltando a olhar o vestido.

O que Marlene estava planejando? Qual era o recado? Ela apenas queria que eu me encontrasse com ela fora da enfermaria, usando uma roupa que não era minha. Eu iria... Talvez pra matar minha curiosidade e não levar uns tapas dela depois. Delicada e paciente como só ela é, eu sabia que odiaria ser deixada esperando.

*****

Depois de jantar, eu peguei a bolsa e a deixei no banheiro, tomando banho e me deitando novamente para que Madame Pomfrey trocasse o curativo do meu machucado. Já não doía, eu apenas senti arder um pouco quando ela despejou um pouco da mesma poção de hoje cedo. Ela dizia que ajudaria a fechar mais rápido. Permaneci deitada, observando ela sair da enfermaria com as bandejas.

O silêncio ficou e eu olhei para Remo, sorrindo pra ele. Minutos depois a enfermeira voltou e foi direto para a sua sala depois de fechar a porta. A vantagem era que ela nunca trancava. Assim que ela fechou a porta da sala dela, eu ergui meu pescoço e me levantei, fazendo um sinal para Remo antes de ir para o banheiro.

Tentando não fazer barulho, eu coloquei o vestido. Ele batia mais ou menos no meio das minhas coxas, o busto mais apertado e um decote sutil. Calcei as sapatilhas e arrumei os cabelos, deixando eles soltos. Eu sabia que a noite estava mais fria, por isso vesti o casaco e abri a porta devagar, olhando em volta antes de sair. Caminhei rápido até Remo e me sentei ao seu lado, olhando novamente para a porta da sala de Madame Pomfrey.

— Está linda. - Remo me disse e eu sorri pra ele, agradecendo.

— Eu fico te devendo essa. - lhe disse, beijando sua bochecha e me levantando.

Ele apenas sorriu e eu fui até minha cama, arrumando de forma que, quem olhasse de longe, pensaria que tinha alguém ali, pegando minha varinha em seguida. Acenando para Remo, eu fui silenciosamente até a porta da enfermaria e a abri, olhando uma última vez lá dentro antes de sair. Estava tudo silencioso e o corredor estava vazio, todos já estavam nas suas devidas salas comunais e eu me perguntei novamente o que Marlene aprontava.

Eu caminhei um pouco para longe da porta, olhando para os lados no corredor iluminado apenas pelas tochas nas paredes. Realmente estava mais frio ali fora e eu esfreguei meu braço, soltando um longo suspiro enquanto esperava a doida da minha amiga. Um barulho atrás de mim me deixou alerta e eu me virei no mesmo momento que alguém segurou meu braço e me puxou pra junto da parede.

Minhas costas tocaram a mesma sem muita brutalidade e eu olhei pra cima, encontrando o sorrisinho ladino de Sirius. Ele segurou meu rosto e me beijou sem nem mesmo me deixar raciocinar. Eu retribui, sentindo meus sentidos adormecerem de imediato enquanto sua boca explorava a minha de forma intensa. Seus dentes mordiscaram meus lábios e ele os selou algumas vezes antes de se afastar.

Eu sorri ainda de olhos fechados, sentindo ele deixar beijos pelo meu queixo em direção a meu pescoço. Um suspiro me escapou e eu apertei sua cintura, relutando antes de a empurrar levemente na tentativa de chamar sua atenção. Seus lábios acharam o caminho de volta para os meus e ele me ignorou completamente, roubando meu ar com mais um beijo afoito.

— Sirius.. Eu preciso.. Preciso respirar! - eu reclamei ofegante, tentando afastar seu rosto de mim com uma das mãos nos lábios ansiosos do Black.

— Eu senti a sua falta.. - ele segurou minha mão, deixando um beijo nela antes de beijar meus lábios novamente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— E-eu também.. - confessei, me obrigando a conter a mim mesma quando suas mãos apertaram minha cintura contra ele. - M-mas c-calma..

Eu me forcei a sair dali, ficando uns bons passos longe dele. Sirius passou uma das mãos pelos cabelos e eu coloquei os meus atrás de minhas orelhas, passando a lingua pelos lábios enquanto tentava respirar normalmente. Meus olhos aproveitaram para observar ele.. Usava uma calça preta, uma camisa de mangas branca e os cabelos estavam como sempre. Não tão arrumados, mas também não tão bagunçados. Seus lábios estavam vermelhos e carregava sobre o ombro uma bolsa, a qual ele ajeitou depois de todo aquele agarramento no meio do corredor.

Ele estava lindo... Como sempre.

— E.. E Marlene? - eu questionei, olhando para os lados a procura da garota citada.

— Ela não vem. - Sirius sorriu, enfiando as mãos inquietas nos bolsos da calça.

— Mas.. Ela pediu pra que eu a encontrasse aqui. - eu o olhei confusa e ele riu.

Era engraçado..? Não era..

— Meu anjo, esse era o recado.. Pra você me encontrar aqui. - ele explicou e eu sorri meio sem graça.

— Sabe que agora faz mais sentido..? - ele riu, vindo até mim e beijando minha bochecha antes de segurar minha mão, me puxando pelo corredor. - Onde vamos?

— Rumo a um momento a sós, finalmente. - ele disse quando começamos a descer as escadas.

Eu o acompanhei até o saguão de entrada por onde passamos direto em direção as portas do castelo. Pra onde ele estava me levando a aquela hora? Fora do castelo, nós passamos pela ponte e eu parei acabando por faze-lo parar também. Sirius me olhou confuso e eu olhei em volta, apenas a luz da lua iluminava nosso caminho.

— Não vai me levar pra floresta, vai? - eu perguntei, fazendo uma careta quando ele sorriu.

— Alguém anda indo muito nas aulas de adivinhação. - ele brincou e eu neguei.

— Não, Sirius.. Vamos voltar, por favor.. - eu pedi, tentando puxa-lo de volta em direção ao castelo mas ele nem se mexeu.

— Ah, não.. Eu te sequestrei pra te dar a melhor noite dessa semana, não podemos voltar assim.. - Sirius me disse, fazendo um biquinho. - Eu prometo que nada vai acontecer..

Eu mordi meu próprio lábio com força, olhando para o outro lado na tentativa de não cair no seu truque. Aquela carinha de cachorro já tinha me convencido de muitas coisas..

— Por favor.. - ele segurou meu queixo e me fez olha-lo novamente.

— Tudo bem! - eu suspirei e ele sorriu, me puxando novamente.

Nós descemos o gramado e logo nossas varinhas estavam acesas enquanto adentravamos a floresta. Caminhamos por um curto tempo, estava bem escuro a nossa volta e eu apertei a mão de Sirius, ficando bem perto dele o tempo inteiro.

O que? Ele se transformava em um cachorro gigante, eu não!

Nós paramos perto de uma árvore de tronco grosso e ele sorriu, me indicando.

— Uma árvore.. Bem legal. - eu observei a mesma, achando graça daquilo.

— Ninguém e nem nada vai nos ver aqui.. - Sirius revirou os olhos, indo até perto da árvore e segurando algo.

Quando ele ergueu, eu pude ver uma toalha forrada no chão junto de uma lamparina e a mesma cesta que ele havia trago guloseimas da outra vez.

— Eu usei a capa e alguns feitiços.. É nosso encontro as escondidas, literalmente. - ele me disse e eu sorri.

— Soa bem romântico.. - eu comentei e ele riu.

— Eu sou romântico as vezes. - piscou pra mim e eu assenti. - Primeiro as damas.

Eu revirei os olhos mesmo sorrindo, me abaixando e entrando na pequena cabana, me sentando e encostando no tronco da árvore. Sirius entrou também e se sentou ao meu lado, pegando minha varinha e a deixando junto da sua perto da lamparina, ainda acesas. Era agradável... Silencioso... Podia dizer que era uma ocasião perfeita pra quem queria ficar a sós.

— Você gostou? - Sirius perguntou, tirando uma mecha do meu cabelo de meu rosto.

— Sim.. Muito inteligente e inovador. - eu balancei a cabeça confirmando minhas palavras.

— Marlene me ajudou.. Ela que escolheu o vestido, disse que você gostaria. - me contou e eu assenti.

Um sorrisinho bobo tentava me escapar e eu olhei para nossas varinhas por um momento. Ele estava tentando ter um momento sozinho comigo.. Embora eu soubesse que em sua cabeça passassem muitos beijos e amassos, continuava sendo fofo. Porque ele podia estar ali com qualquer uma garota daquele castelo, mas estava comigo.

Ele pegou a cesta e a abriu, me mostrando alguns bolos e doces. Tinha sapos de chocolate, torta, muffins de abóbora e algumas mais guloseimas.

— Eu não sei se quero comer.. - eu lhe disse, olhando pra ele ao sentir seus dedos em minhas costas.

— Por que? - ele questionou, mesmo que parecesse não prestar muita atenção.

— Eu engordei bastante desde que vim pra Hogwarts.. - expliquei, me contraindo um pouco com seus dedos subindo pela minha coluna até a minha nuca.

Seu joguinho havia começado..

— É mesmo? Eu nem reparei.. - ele me disse e eu o olhei mais atentamente, reparando seus olhos em meus lábios.

A mão que não me provocava subindo e descendo pela minha coluna segurou meu rosto, ajudando seus lábios a tocarem os meus. Ele me beijou lentamente, provocando meus lábios como apenas ele sabia fazer. Nossas línguas pareciam tão atraídas uma pela outra quanto nós dois, era tão quente... Ele sugou meu lábio inferior e eu me afastei respirando fundo.

De repente parecia ter esquentado.. Apenas onde estávamos. Eu me abanei com a minha própria mão antes de tirar o casaco e o deixar a meu lado, colocando meus cabelos pra trás. Sirius era insistente e não desistia quando queria algo.. Por isso puxou meu rosto novamente e me beijou, dessa vez um pouco menos delicado. Eu gemi involuntariamente contra seus lábios, deixando que meus olhos se abrissem quando ele beijou meu pescoço. Queriam se fechar, mas eu tentei os manter abertos.

— Você se tornou um vício, Jane.. - eu ouvi ele sussurrar e a minha pele arrepiou.

Quando seus lábios retornaram aos meus, sua mão subiu pela minha perna e adentrou o meu vestido, deixando minha pele ainda mais arrepiada com aquele toque. Mais um gemido me escapou quando ele apertou ali, deixando tudo aquilo ainda mais intenso por culpa de um simples toque. Seus lábios pareciam sugar toda a sanidade que ainda me restava, fazendo meu corpo vibrar e a minha cabeça girar enquanto ele me tocava tão intensamente.. Ali.. Dentro da floresta..

Me peguei pensando no que minha tia diria caso me visse bem aqui.. Ela era um tanto religiosa.. Achava que esse tipo de coisa só podia acontecer depois de um compromisso sério, como o casamento. Eu nunca segui muito o que ela dizia, nunca fui de ficar com garotos na minha antiga escola. Ela nem fazia ideia de que eu tinha beijado alguém no meu último ano no Brasil. Imagina se soubesse que eu vivia de amassos com um cara que nem era meu namorado..

— Sirius.. - eu tentei puxar o ar que faltava em meus pulmões, posicionando minhas mãos em seus ombros.

Ele nem pareceu ouvir, as mãos subindo ainda mais meu vestido e deixando mordidas e chupões pelo meu pescoço. Eu sentia vontade de seguir, mas não queria ali.. Não no meio da floresta. Seria a minha primeira vez e, mesmo não acreditando nisso de ser especial ou ótimo, eu queria que fosse em um lugar que não fosse a floresta proibida.

— Sirius.. Espera.. - eu pedi, empurrando seus ombros na tentativa de faze-lo se afastar.

Ele relutou mas olhou pra mim, os cabelos mais bagunçados e os lábios vermelhos como sempre ficavam depois de um beijo ardente. Eu ajeitei as minhas roupas e me sentei direito, sentindo meus lábios formigarem e sentirem falta dos seus. Droga..

— Eu.. Eu não sei se quero fazer isso aqui.. Entende? - eu disse, abaixando os olhos para as minhas mãos. - Desculpa..

— Jane, para com isso.. - sua mão segurou meu queixo e eu o olhei. - Eu entendo.. Acho que.. Estou indo rápido demais. Não quero que faça algo que não queira.

Eu sorri levemente pra ele, me encostando em seu peito e escondendo meu rosto. Aquilo cortou todo o clima.. Mesmo que o calor ainda envolvesse meu corpo e cada parte onde Sirius havia tocado ainda queimava mas eu tentei ignorar isso. Ele se mexeu um pouco e eu olhei de relance, vendo ele pegar algo na bolsa que ele havia trago. Era uma coberta, a qual ele jogou sobre as minhas pernas dobradas e tapou um pouco a sua calça. Eu sabia o que ele estava escondendo...

Ele mexeu na cesta e tirou de lá um sapo de chocolate. Abriu e pegou antes que ele fugisse, me mostrando a figurinha escrita: Newt Scamander. Era o autor de animais fantásticos, não era..?

— Um grande bruxo, sabia? Ele é apaixonado por animais fantásticos, cuidou de muitos deles e escreveu o livro sobre. - Sirius me disse e eu assenti, observando ele deixar a figurinha na cesta.

Ele trouxe o sapo de chocolate pra perto de meus lábios e eu neguei, escondendo meu rosto novamente.

— Só um pedaço. - ele disse e eu o olhei.

Eu mordi um pedaço do sapo e fechei os olhos, fazia um tempo que eu não comia sapos de chocolate e era muito bom. Sirius segurou meu queixo novamente e beijou meus lábios, saboreando o gosto do chocolate que ainda vagava por eles. Ele mordeu meu lábio inferior e se afastou, levando o sapo de chocolate aos próprios lábios.

Suspirando, eu voltei a encostar a cabeça em seu peito e fechei os olhos, ouvindo apenas seu coração bater calmo. Depois de um curto tempo, eu desdobrei minhas pernas já que começava a sentir uma pequena dor nos joelhos, as esticando um pouco. Eu apenas senti Sirius as pegar e colocar sobre suas próprias coxas, cobrindo direito nós dois. Eu sorri ao sentir ele beijar minha cabeça e abri os olhos, olhando para ele que me observava.

— Você é linda, sabia? - ele me disse e eu sorri bobamente.

— Você já me disse... - lembrei, abraçando a sua cintura enquanto sentia meu coração bater mais rápido.

Nós ficamos em silêncio novamente e eu observei a lamparina. Meus olhos pesavam e eu os deixei fechar novamente, me sentindo muito confortável ali nos braços de Sirius. Talvez eu tivesse pegado no sono por um momento pois eu jurei ter ouvido sua voz sussurrando bem baixinho aquelas mesmas palavras... Eu te amo. Eu quis responder, mas tudo pareceu perder o foco depois daquilo.

*****

— Jane..? - eu ouvi alguém me chamar e acariciar meu rosto.

Eu ainda estava sonhando? Meu corpo doeu um pouco quando eu me mexi e eu reclamei, abrindo meus olhos. Estava escuro, talvez a lamparina tivesse se apagado durante o meu cochilo.

— Você tem um sono pesado.. - eu identifiquei a risada de Sirius e sorri, procurando seu rosto com a minha mão.

Eu senti seus lábios beijarem meus dedos e sua mão segurar a minha.

— Já vai amanhecer. - ele disse e eu despertei na mesma hora.

— Madame Pomfrey! - eu disse, me sentando de uma vez e olhando em volta tentando acostumar meus olhos ao escuro.

— Sim, ela vai enlouquecer se não encontrar você na enfermaria. - Sirius disse e eu tive que concordar.

Tateando pelo chão, eu busquei minha varinha e acendi sua ponta quando a encontrei, fechando os olhos por um momento pela claridade repentina.

— Precisamos voltar. - comentei, segurando a varinha entre os lábios e vestindo o casaco. - Você ainda tem que ir pra aula daqui algumas horas.

Minha fala saiu estranha mas entendível.

— Aula.. - eu sabia que ele estava revirando os olhos acinzentados e sorri.

— Aula. - repeti, amarrando meus cabelos em um coque.

— Tudo bem.. Lá vamos nós. - ele suspirou, pegando a varinha e guardando a lamparina apagada na bolsa.

Pegou essa e a cesta, levantando a ponta da capa e saindo. Eu me estiquei um pouco e também sai, pegando a toalha do chão, o cobertor e Sirius fez a capa cair com um movimento de varinha. Eu a peguei também e nós seguimos para fora da floresta. O sol já subia do outro lado enquanto caminhavamos em direção ao castelo, a chaminé da cabana de Hagrid indicava que ele já estava acordado.

Subimos o gramado e atravessamos a ponte, em silêncio. Nossas mãos estavam juntas enquanto com a outra eu segurava os panos que tinhamos usados e a capa, ele levava a bolsa sobre o ombro e a cesta na mão livre. Nossas varinhas agora estavam guardadas. Nos portões do castelo, o sol já estava no topo e eu sorri, imaginando a bronca que levaria de Madame Pomfrey. A verdade era que.. Nada do que acontecesse naquele dia ofuscaria a noite ao lado de Sirius.

No corredor da enfermaria, Sirius pegou o que eu carregava e nós paramos a porta, olhando um para o outro sem querer realmente uma despedida.

— Já que vamos nos despedir, que seja com um beijo. Mas eu não posso ou vai cair tudo. - ele me disse e eu ri.

Me aproximei dele e fiquei na ponta dos pés, tocando seus lábios com os meus suavemente. Quando me afastei, deixei um beijo em sua bochecha e sorri.

— Obrigada.. Eu adorei. - sussurrei apenas pra ele e o mesmo sorriu de volta.

— Agora vai.. Nos vemos depois. - Sirius disse e eu assenti, beijando seus lábios uma última vez antes de pegar a minha varinha em seu bolso.

Fui até a porta da enfermaria e acenei para ele antes de entrar, fechando a porta atrás de mim. Eu não conseguia parar de sorrir quando fui até a cama de Remo, me sentando e cutucando ele. O mesmo demorou um pouco para abrir os olhos, coçando eles e me olhando.

— Bom dia.. - ele disse, sorrindo levemente pra mim.

— Bom dia. - respondi, tentando conter a minha felicidade.

— Como foi? - meu amigo pareceu curioso e eu sabia que ele sabia sobre essa noite.

— Foi.. Maravilhoso. Eu adorei essa noite. - lhe contei e ele riu com a minha empolgação.

— Fico feliz que tenham se divertido.. Mas agora precisa trocar de roupa antes que a Madame Pomfrey venha aqui de novo. - meu amigo me disse e eu concordei.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Deixei a minha varinha encima do criado mudo e fui correndo pro banheiro, tomando um banho e escondendo a roupa que eu havia usado. Vesti meu pijama novamente e sai do banheiro, fingindo cara de sono ao ver Madame Pomfrey sair de sua sala. Ela me olhou e sorriu levemente, aparentemente não desconfiando de nada.

— Bom dia, Srta. Potter. - me disse e eu acenei meio preguiçosa.

— Bom dia, Madame Pomfrey.. - fingi um bocejo e caminhei até minha cama, lançando uma piscadela a Remo que fingia dormir antes de me deitar.

Me virei para o outro lado e sorri, fechando meus olhos e me lembrando de horas atrás. Uma sensação estranhamente comum em meu peito me disse que eu já estava com saudades dos braços de Sirius. Era tão bom estar com ele.. Minha mente voou longe por um longo tempo, enquanto eu sorria pro nada e ouvia os passos de Madame Pomfrey pela enfermaria. Ela não parava quieta um só segundo..

Talvez eu estivesse me deixando levar muito rápido em relação a mim, Sirius e coisas além de beijos.. Mas se me deixar levar fosse sempre bom assim, eu acabaria fazendo mais vezes. Eu não notei quando peguei no sono, mas sabia que a última coisa que pensei estava bem clara em minha mente todos os dias.. Sirius Black.