A Marota

Capítulo 26


O dia seguinte começou péssimo. Eu me atrasei para a aula de transfigurações e levei uma boa bronca da professora Mcgonagall, não conseguindo inventar desculpa alguma. Meus olhos quase não abriam, afinal, eu não havia dormido direito noite passada. Tirando que o tempo que fiquei acordada, foi o tempo que eu chorei.. Até enjoar. Minha aparência devia estar assustadora, já que meus cabelos decidiram que queriam fazer uma homenagem a James.

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Falar nele..

— Jane? Preciso falar com você. - ele sussurrou, cutucando minha cintura por baixo da mesa.

Ele estava sentado atrás de mim e eu o ignorei, brincando com a minha varinha encima da mesa.

— Jane.. Não me ignora... - ele insistiu e eu me virei, com a maior carranca possível.

— Conversamos quando tivermos tempo. Se não percebeu, estamos em aula. - lhe disse, um tanto agressiva.

Sem esperar resposta, eu me virei para a frente novamente. Primeiro que Sirius estava ao seu lado e eu não queria nem olhar pra ele. O mesmo com James, mas eu sabia que ele me encheria o saco.

Algumas meninas me disseram "Você está exagerando", mas eu não estava. Se não tivesse interrompido, James faria Snape passar ainda mais constrangimento sem poder se defender. O que ele havia feito? E apenas ele existir não era uma desculpa. Brincadeiras tinham limites. Eu pensei, por um curto segundo, que Sirius daria um fim naquilo. Ele era o único que eu conhecia capaz de fazer James ter um pouco de noção, mas o Black e ele eram iguais.

Os restos das aulas da manhã foram normais. Os profressores não sabiam muito de tudo o que acontecia, não é? Na hora do almoço, eu comi muito pouco e em silêncio. Lilian também não disse nada, nem mesmo quando eu disse que sairia um pouco, pegando minha bolsa e caminhando para os gramados fora do castelo. Minha bolsa foi de encontro ao chão e logo eu estava ao seu lado, aproveitando o leve sol que batia na grama.

Eu fechei os olhos, não querendo olhar quando senti alguém se sentar ao meu lado. Que não seja James.. Que não seja James.. Por favor..

— Potter. - eu ouvi me chamar e abri os olhos, encontrando Snape ao olhar para o lado.

— Ah.. Você. - suspirei, voltando o olhar para minhas mãos.

— Sabe, eu perdi uma aula muito importante de feitiços por estar sem a minha varinha.. Você pode me devolver? - ele perguntou, não expressando nada.

Certo, eu concordava que ele era estranho.. E meio difícil de se comunicar. Mas ainda assim não eram motivos pra fazer o que os idiotas fizeram..

— Eu ia te devolver mais cedo.. Mas as aulas acabaram me deixando perdida. - comentei, pegando minha bolsa e tirando a varinha de lá.

Entreguei a ele que a pegou meio desconfiado. Eu me virei para a frente novamente, soltando um suspiro meio alto. O silêncio se instalou e era meio esquisito.. Eu nunca havia falado realmente com Snape, ou ficado por muito tempo no mesmo lugar que ele. Apenas encontrava ele com Lilian quando a procurava, o que não aconteceu hoje. Talvez ela estivesse meio distante pelo que ele disse..

— Lily não quer falar comigo. - sua voz preencheu o silêncio e eu ri sem humor algum.

— Depois de ser chamada de sangue ruim por alguém que ela gostava... Acho que ela tem razão. - dei de ombros, ouvindo ele respirar fundo.

— Eu não queria dizer realmente aquilo, eu só.. Esquece. Adeus, Potter. - Snape se levantou rapidamente e se afastou antes que eu pudesse dizer algo.

O clima ficou bizarramente insuportável quando ele passou por James, que saia do castelo em direção a onde eu estava. Eu revirei os olhos e me levantei, pegando minha bolsa e caminhando rapidamente para o lado oposto. Antes que alcançasse a entrada que me levaria para um corredor qualquer, a mão de James segurou meu braço e ele me puxou, me fazendo ter que colocar as mãos a frente do óculos para não bater em seu peito.

— Não vai poder fugir de mim pra sempre, Jane. - ele disse quando eu tentei me soltar.

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— É mesmo? Pois eu prefiro fugir o quanto puder. - reclamei, sentindo ele apertar meu braço para que eu parasse de puxar.

— Somos irmãos.. Saímos do mesmo útero e a dona dele ficaria super brava se soubesse que você não quer nem olhar pra mim. - ele concluiu, me fazendo rir um tanto alto.

— É? E como acha que ela ficaria se soubesse o que você faz em Hogwarts? - joguei, puxando meu braço e dessa vez conseguindo solta-lo.

James me olhou por um momento, sem expressar o que sentia. De novo. Eu odiava quando ele fazia isso.

— James.. Droga, você era o melhor irmão do mundo pra mim... A pessoa que me inspirava, determinação exalava de você. Não tinha medo de nada. Mas... Ontem você me mostrou um lado que eu realmente não conhecia. - disse, balançando a cabeça negativamente.

Ele não disse nada, desviando seus olhos dos meus para o chão.

— Azarar pessoas..? Isso não deveria ser o tipo de brincadeira no seu dia a dia ou uma forma de resolver as coisas. - foi a última coisa que disse antes de me afastar.

É.. Eramos irmãos. Mas eu não tinha que aceitar tudo o que ele fazia.

*****

O resto da tarde foi insuportável. Eu tive poções e foi estranho ter que preparar uma poção com alguém que eu não queria falar. Sirius não tentou se aproximar ou puxar algum assunto, ele simplesmente seguia o que estava no livro.. Sem piadas, sem idéias malucas, sem lógicas sem sentido, ele simplesmente fez a poção. O silêncio não era bom, era.. Perturbador.

Em história da magia, Lilian ainda parecia perdida. Pela primeira vez, ela não prestou tanta atenção na aula como costumava prestar. Lene e Jessy não falaram sobre o assunto e eu agradeci por isso. Remo também não se pronunciou, Pedro muito menos. A minha rotina no resto daquele dia foi ir as aulas, jantar e ir para o dormitório. Um banho foi relaxante e eu achei que seria suficiente para que eu me sentisse mais leve.

Errado. Ao me sentar na cama, minhas pernas automaticamente se dobraram e se juntaram a meu corpo. A vontade de chorar invadiu e as lágrimas desceram... Estava tudo tão bem, por que tinha que acontecer aquilo? Pensei que daria certo, que era, finalmente, o nosso momento. Até mesmo Roxanne havia nos deixado em paz.. Mas o problema não são as pessoas de fora, somos nós.