Dianne Green

Uma semana inteira. Uma semana exata que minha irmã sumiu. Eu não falava com ninguém, ao não ser Leo, Annabeth e Jason, que tinha mais intimidade. Estava em transe ainda. Ela não tinha sumido.

Eu ouvia sussurros do tipo: “O que a Dianne quer? A irmã dela já não está mais aqui.” Eu tinha vontade de dizer: “Queria saber a reação de vocês se fosse a sua irmã que estivesse desaparecida.” Eu apenas pensei. Apenas pensei.

Eu fiquei todos os dias sentada na colina, esperando algum sinal dos semideuses que estavam no final, olhando o perímetro. Nada. Nadinha. Até eu resolver sair do meu posto.

Desde que Sue sumiu, eu não sonhava quando dormia, e passei a amar café. Depois do almoço, algo me dizia, me atraía até os campos de morangos. Eu adorava aquele lugar. O cheiro natural daquela frutinha tão doce...

Me sentei e cruzei as pernas. Tirei uns três morangos e comi um por um. Ao longe, vi alguém deitado no chão. Primeiramente pensei: “Por quê?” Depois: “Como?” E então: “Okay, eu vou olhar.” Me levantei, e caminhei até a pessoa em questão. E foi nesse momento em que eu quase vomitei os morangos. Era uma garota. Mais especificamente, Ellie.

Leo Valdez

Eu estava no Bunker 9, arrumando algumas peças para construir um telescópio, que Dianne havia pedido. Na verdade ela disse: “ Eu queria um telescópio. Sabe, as estrelas, planetas... Tudo isso chama minha tenção.” Então, como sou uma ótima pessoa, resolvi fazer uma surpresa.

Ás vezes eu fico me perguntando: “será que estamos mesmo juntos?” Eu não havia feito nenhum pedido. Queria esclarecer isso.

" Se você não fez nenhum pedido, faça, Valdez. Dãn. "

Eu sorri e continuei meu trabalho.

Ouço batidas fortes na porta do Bunker, a abro, tendo a visão de Dianne carregando... uma outra campista.

– O que você fez com ela? – disse.

– O que?

– Brincadeira, a traga para dentro, Dianne.

Ela arrastou a garota e a colocou no meu sofá. Se eu fosse ela, não teria feito isso, já que nunca sento naquele troço, então não sei qual seria o estado daquilo. Mas é melhor no sofá imundo do meu Bunker do que no chão, certo?

Dianne se sentou no chão, ao lado do sofá, apoiando a cabeça na sua mão. Ela transpirava e parecia nervosa. Me sento ao lado dela.

– Quer conversar?

– Muito.

– Okay, vamos conversar.

– Leo – ela me olha – Vê alguma coisa nessa garota? De... Familiar?

Levantei-me e me aproximei da garota desacordada. Pele branca, cabelos ruivos e lisos bem longos e algumas sardas em cima do nariz. Eu quase pisei em Dianne.

– Ela é... Como vou dizer...

– Eu?

– Então. É.

– Leo, eu vou me jogar da ponte.

– Ei, nem pense nisso.

Ela sorri.

–Obrigada, mas isso é mais complicado. – Dianne respira fundo – Eu a conheço. E isso é o mais bizarro de tudo. Ela é minha irmã, Ellie.

– O fato dela ser sua irmã não me assusta. Está bem na cara isso.

– Leo, você não entende. Eu não morava com ela. Minha mãe nos separou quando tínhamos dez anos. Eu fiquei com raiva, porque Ellie era, além de irmã, minha amiga. E Sue só tinha dois anos. – falar em Sue a deixou magoada, mas ela logo prosseguiu a história – Agora eu entendo porque não morávamos juntas. Era muito fácil um monstro nos achar. Duas filhas de Zeus juntas... E ainda havia Sue! Era um beco sem saída. Então Ellie foi morar com nossa avó, Rose. E desde então, não nos vimos mais, só por ligações. E desde que vim para cá, nem ao menos soube como ela estava. E do nada, ela aparece desmaiada nos campos de morangos. Sozinha.

Eu fiquei em silêncio por um tempo, tentando assimilar tudo.

– Quer dizer que... Ela é sua irmã?

– Sim.

– Gêmea?

– Aham.

– E... Vocês foram separadas por proteção?

– Pois é.

– Dianne...

– Sim?

– Melhor ir falar com Quíron – disse.

– Eu... Deveria pedir desculpas. Eu fui uma criança. E uma criança mal educada. – ela me olha e se levanta – Você pode ficar de olho na Ellie enquanto chamo Quíron?

– Claro... Espera, o que?!

– Ficar de olho. Na Ellie. Eu não vou sair arrastando minha irmã por ai, Valdez.

– Ah, claro. Tá legal, eu fico.

Ela vem até mim, me dá um beijo rápido e sai correndo.

– Okay – digo – Agora é só esperar.

Dianne Green

Encontrar Quíron não é uma tarefa difícil. É só você ir a algum chalé com problemas, que você encontra um centauro resolvendo a confusão.

Chalé de Deméter.

Eu fiquei me perguntando: Como seria uma briga entre pessoas geralmente pacíficas?

Tinha um semideus de cabeça para baixo pendurado pelo pé de uma altura, bem... Razoavelmente alta.

Depois de resolver tudo, fui até Quíron e contei, devagar e baixo, o que havia acontecido.

–Outra filha de Zeus?

– Quíron!

– Desculpe – disse Quíron. – Ellie, não é?

– É. Ninguém pode saber ainda. Devemos esperar ela acordar e se recuperar. Vai saber como ela apareceu aqui.

– Concordo. – ele para por um tempo.

– Quíron – eu me aproximo do centauro – Eu queria te pedir desculpas. E também...

– Dianne, pare. Isso foi compreensível. Não peça desculpas.

– Mas de qualquer jeito, eu vou pedir.

Ele ri.

– Tudo bem. Se é assim.

Eu lhe dou um abraço e o arrasto até o bunker, para ver como tudo estava indo.

Dianne Green

Ellie estava acordada. Eu fui correndo até ela e dei o maior abraço de urso que já haviam visto.

– Assim você vai me matar, garota! – Ellie ri e seca uma lágrima. – Que ótimo jeito da gente se rever.

– Eu sei – digo – Como você veio para aqui?

– Eu me lembro de estar em um avião para Chicago. Então teve uma turbulência e eu apaguei. Acho que só.

– Ellie, o que você ia fazer em Chicago?

– Longa história. – diz ela. Ela olha em volta. Quíron acena para ela, que por sua vez não esboça uma só reação.

–Eu sabia que não era coisa da minha cabeça! – ela começa a gargalhar, e para assim que vê que ninguém está entendendo. – Eu sonhei com esse momento. Com... Quíron não é mesmo?

Quíron assente.

– Eu tentei contar para a avó Rose, mas ela não entendeu, e achou que eu estava doida. Até marcou uma psicóloga, acredita?

– Acredito. – digo – Você é louca. Não duvido de nada que você faça.

Ela sorri de forma maligna.

Ellie é inconsequente. Ela não liga para a opinião dos outros, ou para o que vão pensar dela. Ela apenas... Faz. Eu sempre acreditei na hipótese de que ela roubou uma parte desse lado rebelde de mim. Ou talvez todo, porque eu nem de longe já entrei na casa da visinha á noite para deixá-la trancada do lado de fora do quarto. Sim, elas eram inimigas. E no caso, Ellie era muito mais inteligente que a garota.

Sendo assim, já tivemos muitas "aventuras", pelo o que parece. Na fazendo da nossa prima, já cavalgamos á noite. Ou na nossa casa, onde já passamos trotes para a vizinhança. Claro, antes de isso tudo ter acontecido. De Ellie ter ido morar com nossa avó.

– Então... Qual é a desse acampamento? – ela aponta para a minha blusa escrita : “ Acampamento meio-sangue.” - E onde está Sue?

Ouvi meu coração quebrar. Ela não sabia de nada ainda.

Ainda.