A Maldição Silenciosa
Relações Distantes
A menina derramava-se em prantos. Era como se visse a morte em pessoa e tido um encontro brutal com ela. Maria nunca viu tanto pânico contido nos olhos de uma criança.
Uma criança. Pobre e inocente.
Maria imediatamente a abraçou com força e afeto. Ninguém merecia presenciar tal terror, muito menos uma garotinha.
— Tudo bem, minha querida. – ela terminou dizendo baixo – Vai ficar tudo bem...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— O que está acontecendo? – Adrian aproximou-se das duas.
— Tenho de ir até o vilarejo, Adrian. – Maria respondeu virando o rosto de lado para vê-lo, enquanto ainda abraçava June.
— Volte à casa junto dela, eu irei até lá. – o meio-vampiro disse.
A caçadora levantou-se, ficando frente a frente do noivo. Seu rosto estava preocupado e apreensivo.
— Não posso deixar minhas crianças sozinhas. As irmãs também precisam de ajuda. Mas... – ela olhou para June – não sei... – Maria agachou-se novamente e apoiou sua mão no ombro dela – June, você já se sente melhor, minha querida?
A criança enxugou os olhos com suas mãos e tentou buscar as palavras sem choro.
— S-sim... eu acho.
— Pode contar-me o que houve?
— E-eu não sei direto. Meus amigos haviam saído para comprar algumas coisas e quando voltaram... – ela fechou os olhos – começaram a passar mal e... – mal conseguiu terminar.
— Tudo bem, minha querida. – Maria lhe deu outro abraço. – Não se preocupe. Eu irei até o orfanato.
— Mas... Maria... – Adrian disse preocupado – Não sabemos o que está acontecendo. Pode ser perigoso para você. Deixe que eu vá em seu lugar.
A caçadora saiu do abraço e levantou-se e virando para o noivo.
— Eu entendo. Mas eles nem ao menos o conhecem, Adrian.
O meio-vampiro deu alguns passos para encará-la diretamente, seus olhos estavam preocupados e sérios:
— Não posso deixar que se arrisque, Maria. Por favor... – ele aproximou seu rosto ao dela – deixe-me ir ao seu lado, pelo menos.
Era notável a apreensão contida em Adrian. Mesmo antes de começarem uma relação amorosa, ele já mostrava sentimentos em relação à sua vida. E saber que Maria estava seguindo sozinha até o vilarejo o inquietava.
Ele pegou a mão esquerda dela e a levantou.
— Está bem... vamos juntos. – A caçadora respondeu, vendo o carinhoso gesto.
— Obrigado. – ele assentiu agradecido – Mas antes, Richter e Annette precisam saber o que está acontecendo.
Maria visou à casa ao longe. Logo se lembrou da conversa que tivera minutos atrás; seu rosto ficou sério, não tinha a menor vontade de retornar a sua casa tão cedo para falar com eles. Não guardava mágoa, mas achou melhor esperar mais um pouco.
— Eu digo a eles. – O meio-vampiro envolveu a mão dela com a sua. – Siga o caminho e logo alcançarei você depois.
— Não precisa fazer isso, meu amor. – Maria tocou em seu braço com a mão livre. A última coisa que gostaria era que Adrian tomasse os problemas dela.
— Não se preocupe, agora vá. – assentiu.
— Espere. – Antes de partir, Maria, mais uma vez abaixou-se para conversar com a menina. – June, para a sua segurança, o melhor é que você fique aqui com minha família.
— M-as... tia Maria... – June disse um pouco incomodada – deixe-me ir também. Preciso... ver meus amigos.
Nenhuma outra palavra era tão sincera quanto de uma criança. June estava desesperadamente preocupada com os outros. Ao ver a cena dos colegas passando mal, imediatamente fugiu do orfanato ao encontro da caçadora, pois sabia que Maria era sua única esperança, e a única a quem confiava.
A mulher queria argumentar. Não gostaria que ela viesse, pois não sabia o que veria a seguir, do mesmo jeito que Adrian pensava em relação à sua ida até o orfanato. Mas só de olhar para os olhos vermelhos da criança era possível notar o que sentia, mesmo sem demonstrar em palavras. Maria não tinha outra escolha a não ser levá-la junto, afinal, o orfanato era a casa da de June.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Está bem. – ela assentiu – Mas, prometa-me que ficará perto de mim o tempo todo.
Um sorriso aliviado surgiu. Um sorriso de alguém que admirava a caçadora e que cria com toda a certeza que tudo daria certo no final.
Os olhos de Maria voltou-se para o noivo, que as observava pacientemente. Como não queria demonstrar qualquer gesto muito afetivo a ele perto da criança, apenas assentiu a Adrian, lançando-lhe um olhar carinhoso; o meio-vampiro fez o mesmo, um gesto que apenas os dois entendiam.
Então, cada um tomou seu caminho.
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Alucard estava a poucos passos de distância de sua casa. Antes de terminar o percurso, ele olhou para trás e já não via mais as duas. O desafio agora era explicar aos dois o que acontecera minutos atrás; pelo menos teria a oportunidade de não continuar mais a conversa com Richter.
— Adrian! – Richter disse, vendo-o aparecer à porta da cozinha – Maria está bem?
Annette também surgiu para saber de notícias. Seu semblante estava preocupado e ansioso.
O meio-vampiro assentiu para responder a pergunta do caçador: – Ela precisou seguir até o orfanato para resolver alguns problemas.
— Problemas? – a mulher perguntou receosa.
— É algo muito grave? – Richter pronunciou-se.
Por poucos segundos, Adrian tentou imaginar se seria bom ou não envolver Richter em questões de cunho pessoal da caçadora. Se a mesma optou por não voltar a casa e falar com os dois, é certo que não gostaria de vê-lo tão cedo.
— Vamos dar conta disto.
Após alguns segundos de troca de olhares, Adrian, forçadamente, disse:
— Não sabemos quando será o nosso retorno... – o meio-vampiro tentou não ser grosso, mas a presença deles já não fazia mais sentido.
— Entendo. – Richter ergueu uma mão, entendo a mensagem dele. – terminou assentindo, olhando para sua esposa em seguida: – Annette, melhor voltarmos à pensão. Maria tem seus próprios problemas para resolver. – disse sério.
Annette lançou um olhar decepcionado para o marido, observando Adrian logo depois. O meio-vampiro mostrava o mesmo olhar neutro, quase frio. Então caminharam para sair da casa.
— Querido, você pode ir em frente? Esqueci-me de algo.
— Tem certeza? – o caçador tocou em suas costas, num gesto protetor.
— Sim. – assentiu, beijando sua testa.
Antes de partir Richter visou rapidamente o rosto do meio-vampiro, que o olhou também, depois saiu.
— Adrian. – Annette virou-se a ele.
Alucard ergueu uma sobrancelha, sem responder.
— Quero pedir desculpas pela atitude de Richter.
Ele persistiu no silêncio, como se esperasse algo mais.
— Meu marido é um homem bastante protetor. Quando recebemos a carta de Maria ele encheu-se de ciúmes ao saber que você e ela pretendiam se casar.
— Hum.
— Por favor, não guarde mágoa... ele apenas quer o melhor para minha irmã, e sei que você é o melhor. Richter, no fundo, também sabe... ele a vê como uma filha e quer protegê-la de tudo e todos.
Alguns segundos se passaram e Adrian respondeu com um suspiro.
— Entendo.
— Desejo tudo de melhor para vocês dois. Por mim já estaríamos realizando a cerimônia... – Annette terminou com uma breve risada.
Sem perceber o meio-vampiro deixou escapar um sorriso tímido.
— Eu vi o jeito que se olham. Estão realmente apaixonados.
— Agradeço seu apoio, senhora Belmont.
— Por favor, me chame apenas de Annette.
— Como desejar.
Adrian acompanhou a mulher até a porta. Vendo que Richter a esperava próximo a casa, despediu-se do meio-vampiro.
— Cuide-se, Annette. – ele disse baixo.
Sorridente, a futura mãe assentiu para Adrian, depois foi ao encontro do marido para ir embora.
Alucard fechou a porta de sua casa. Olhou para o alto e fechou seus olhos. Transformou-se em lobo e tomou seu caminho rumo ao orfanato.
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