A Maga dos olhos de estrelas

Capítulo 4 - São as estrelas


Quando havia visitas, Sophie tinha mania de fazer alguma coisa mais incrementada, decidiu com Howl que estava na hora de descer o castelo, depois de tantos anos. Então fizeram com que ele aterrissasse ao lado do lago das estrelas, isto levou algum tempo, afinal Calcifer não estava em casa naquela hora e precisavam dele para isso. Quando ele chegou se preparam e Howl chamou Tony para ajudá-lo com a mágica que fazia o castelo descer.

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– Preparada? – Ele perguntou.

– Sim! – Tony disse animada, era a primeira vez que faria uma mágica como aquela.

Howl ofereceu as duas mãos a filha de modo que ficassem lado a lado com as palmas viradas para cima, a garota segurou seus braços deixando os pulsos grudados aos de seu pai.

– Pense no feitiço – Ele falou.

Tony fechou os olhos e começou a imaginar as palavras que lhe foram ensinadas da primeira vez que viu o castelo descer, “Gadewch i ni fynd i lawr, yr awyr, ddaear gadewch i ni chwarae, ond ni fyddwn byth yn rhoi'r gorau iddi O'r hyn wedi bod yn ein cartref” sentiu um estremecer e sabia que o castelo estava descendo, abriu os olhos e viu o cabelo do pai indo para cima e Calcifer de uma cor azulada, foram alguns instantes até que tudo parou e ela sabia que tudo tinha dado certo. Pensou que teria que se soltar do pai, mas este lhe puxou para um grande e apertado abraço e começou a pular, sua reação nada mais foi do que rir. Ouviu sua mãe fazer o mesmo e depois a voz do pai.

– MINHA FILHA! UMA GRANDE MAGA! – Ele dizia muito mais animado do que o normal – A PRIMEIRA VEZ QUE EXERCE ESSE FEITIÇO E JÁ FOI PERFEITO! O que acha Marko? – Ele perguntou finalmente soltando Tony que se sentia tonta.

– Muito bom! – o rapaz riu – muito melhor do que eu que fiz com que caíssemos do outro lado do mundo.

– Se fosse meu filho não teria acontecido – Howl disse orgulhoso.

Sophie revirou os olhos e chamou Tony para ajuda-la, a garota foi animada atrás da mãe, a avó dela não havia nem saído do sofá naquele dia, agora ela tinha decidido se sentar do lado de fora do castelo e observar o lago, havia uma janelinha ao lado da parte do castelo que ficava a cozinha em que se podia observar tudo o que acontecia ali, Howl e Marko conversavam alegremente enquanto a vovó e Ren estavam apenas dormindo em uma cadeira dali. Não era aquilo que prendia o olhar de Tony e sim o jovem de cabelos ruivos.

– Se ficar olhando tanto assim vai acabar se cortando – Sophie falou fazendo a garota se assustar e dar um pequeno pulinho. O que era muito arriscado constando que ela estava com facas na mão.

– Quer me matar de susto mãe?! – Ela falou e retornou a sua tarefa de arrumar a mesa.

– Ele é muito bonito – ela disse.

– Do que está falando? – ela perguntou fingindo não saber.

– De Marko e você sabe – Sophie disse – ele não é tão mais velho que você assim – Ela se esticou e olhou pela janela – E se não me engano, você gosta de garotos mais velhos, não?

Tony revirou os olhos e riu, Sophie apenas sorriu com o comportamento da filha, ela nunca fora de conversar sobre garotos com a mãe, nunca se apaixonara e lembrava muito Sophie quando estava nessa idade, não queria ficar em casa e sim buscar uma aventura, mas um pouco de tudo a prendia. A família, o aconchego e até mesmo o medo. Tony então saiu dali e pediu ajuda ao pai para colocar a mesa do lado de fora, junto com Marko eles puxaram uma tábua de madeira para perto do lago e ali montaram uma mesa. Juntos a puseram para que pudessem comer, alguns instantes depois a comida fora servida e fora a mais simpática refeição que tiveram, mesmo para Tony que em quase toda ela ficou olhando para a paisagem além das montanhas que ali existiam.

***

– Por quanto tempo ele vai ficar aqui? – Tony perguntou, mesmo que não muito interessada.

– Até que ele e seu pai resolvam um assunto importante do qual estão tratando – respondeu a vovó.

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Já fazia uma semana desde que Marko tinha chegado ao castelo, e eles haviam ficado em terra desde então, seu pai andava saindo muito com o garoto e algo dizia a Tony de que eles estavam sempre indo para as terras abandonadas. Ela, por sua vez, estava praticamente proibida de sair de casa ou mesmo de perto dela. Estava ficando irritada com aquilo, nunca tinha ficado de castigo por suas fugas e de repente os pais tinham aparecido com aquela desculpa, mesmo assim ela já sabia que eles tinham medo de alguma coisa naquela região, senão não teriam descido com o castelo, eles não faziam isso há anos, não estariam aceitando visitas e principalmente, não a estariam a deixando trancada ali. A garota ficava olhando pela janela por horas, as vezes saia para tomar ar ou molhar os pés no lago. Hoje ela não saiu, apenas ficou observando e pensando o que faria seus pais tomarem aquela decisão e resposta podia estar bem ao seu lado.

– Vovó! – Tony falou.

– Sim querida – respondeu a velha bruxa que fumava algum tipo de charuto mau-cheiroso ao seu lado.

– Você sabe o que tem nas terras abandonadas? – perguntou fingindo dar de ombros.

– Antes eu morava lá, mas agora eu não sei, deve ter algo perigoso...

Isso lhe chamou atenção.

– Perigoso? – Ela perguntou sem olhar para a vovó.

– É, além de abandonada, a terra era chamada de terra desolada, mas não no sentido de que era abandonada e sim de que aqueles que precisavam ser isolados eram mandados para lá – Ela explicou – talvez ainda haja algo lá.

– Entendi – Tony respondeu observando a conversa entre Marko e o pai.

Passado algum tempo todos decidiram sair e ela decidiu ficar, o pai tinha algo a tratar em Kingsbury e a mãe tinha ido ao mercado com a vovó, deduziu que Marko fosse com Howl e decidiu ir para o quarto, já era noite e o seu teto mostrava milhares de pontos brilhantes e uma lua cheia gigantesca. Não resistindo ao céu ela correu para a porta mágica e novamente adentrou no campo de flores, se jogou no meio da grama e ficou ali observando o céu, algumas estrelas caiam um pouco afastadas dali. Sabia que elas sofriam um pouco para morrer quando caiam, mas não deixavam de ser uma linda visão. Por muito tempo apenas ficou vendo as estrelas, formando suas constelações, ouvindo o som do vento, agora mais forte fazendo que até a água dos lagos se movimenta-se. Tudo estava em paz até que ouviu uma voz.

– Nossa, este lugar é lindo – Era Marko.

Tony se sentou apressada e ficou olhando para ele.

– Posso te acompanhar? – Ele perguntou sincero, não vi razão para não deixar e apontei para que ele se deitasse ao meu lado – Nunca tinha vindo aqui.

A garota virou o rosto para ele, ele estava olhando atentamente para todos os lugares, não apenas o céu. Seu cabelo era comprido e se misturava com a grama, mesmo soando um pouco estranho, era algo relativamente curioso.

– Nunca? – Ela perguntou arqueando uma sobrancelha e virando de lado, ficou com uma mão próxima ao rosto e começou a brincar com uma flor que tinha ali.

Marko seguiu a garota e se virou, ficaram cara a cara, e um não conseguia para de olhar para os olhos do outro. Mesmo assim, estavam bem confortáveis.

– Não – Ele respondeu – Era o recanto de Howl e Sophie, não podia.

– Eu sei – Disse Tony, rindo – Eles ainda vem muito aqui, mas eu sei quando.

Viu o garoto arquear a sobrancelha, a questionando.

– Eles mudam o céu do meu quarto – Tony esclareceu – Então sei que eles estão aqui e não incomodo, quase nunca.

Marko riu, mas assentiu, como se dizendo que era uma boa ideia.

Eles ficaram um longo tempo apenas olhando para o céu ou para eles mesmo, conversaram sobre como tinha sido a vida dele depois que foi embora e como tinha sido a vida dela no castelo, até que um longo silêncio tomou conta do espaço ali. Tony finalmente decidiu quebrá-lo.

– Sinto muito, mesmo, por não me lembrar de você...

– Já disse que tudo bem – Marko disse rindo – É só não esquecer mais.

A garota olhou atentamente para ele e finalmente percebeu a proximidade dos dois.

– Não vou – Por um momento ela pensou que estava ficando escarlate e por isso levantou rapidamente – Vamos comer alguma coisa? Eles estão demorando para chegar...Por que você não foi com meu pai?

O garoto levantou em seguida e ambos foram andando em direção ao quarto de Tony, conversando pelo caminho.

– Realmente estão demorando, eu aceito comer alguma coisa e era assunto do Howl, não meu – Marko respondeu, dizendo uma coisa de cada vez.

Atravessaram toda a casa até o andar de baixo, onde era a cozinha e onde Calcifer estava.

– Calcifer! – Tony falou – O que tem de jantar?

– Ah – Disse o fogo ficando um pouco rosado – Tem bacon e pão em casa, sua mãe ainda não chegou...

– Eles estão demorando, não? – Nessa hora alguém bateu na porta.

– PORTA DE KINGSBURY! – Calcifer anunciou.

Tony foi andando até a porta e reclamando com Calcifer ao mesmo tempo.

– Não precisava gritar, estamos todos aqui – Ela dizia – Deve ser papai.

Quando abriu a porta se surpreendeu a ver alguns guardas do palácio, acompanhados do príncipe daquele reino. O rapaz tinha cabelos loiros e olhos bem azuis.

– É o espantalho – Falou Marko, para a surpresa de Tony que virou para ele e em intervalos olhava entre ele e o príncipe - Como está?

O príncipe observou Marko por um tempo e pareceu se lembrar dele.

– O garoto! – Ele falou – Marko, certo?

– Isso – Marko respondeu.

Tony que estava no meio dos dois, achou que o príncipe tinha vindo para falar com Marko, afinal seu pai em teoria estava no palácio, e o convidou para entrar.

– Sinto muito moça, mas não posso – Ele disse – Vim para encontrar com Howl Pendragon e levá-lo ao palácio, ele não compareceu na hora marcada.

Tony tentou respondeu, no entanto, o príncipe a parou.

– Mas, no caminho, vi que havia uma pequena bagunça na praça principal e resolvi perguntar o que havia acontecido – Nessa hora todos que estavam ali mantinham toda a atenção no príncipe – E tenho a infelicidade de dizer que – Ele pegou um grande pergaminho e o leu – Howl Pendragon se deu por desaparecido,ao simplesmente, sumir, em praça pública. Todos estão em busca dele, afinal ele é o Mago do Rei e precisamos dele agora. Mas, até lá pedimos que outro mago qualificado se apresente, aqui está o documento de apresentação.

Ele ofereceu outro pergaminho a Tony, mas esta não conseguiu o segurar, fazendo com que Marko corresse para seu lado e o segura-se, mesmo que o garoto estivesse quase tão chocado quanto ela.

– Agradeço a gentileza – Disse o príncipe – E informo que faremos de tudo para encontrá-lo, Adeus.

Ele foi andando e na mesma hora que a porta de Kingsbury se fechou, ela já estava batendo de novo.

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– Porta de Porto Guirda – Era o lugar aonde haviam decido morar ao sair de Market Chipping, o pai havia comprado um celeiro ali e transformado em uma das saídas.

Marko abriu a porta, deixando a garota ali, mas segurando sua cintura para que não caísse, ao abrir a porta havia alguns guardas ali e isso os surpreendeu, apesar de não quererem, achavam que já sabiam o porquê.

– Olá – Disse um deles – Sentimos informar que duas moradoras dessa casa, simplesmente sumiram hoje a tarde no mercado, avisamos a capital e guarda está fazendo de tudo para encontrá-los, Boa noite.

Eles não se demoraram nada e no mesmo momento que Marko fechou a porta, Tony caiu de joelhos no chão.

– Cadê minha família – Ela sussurrou e ficou ali, olhando para o nada, sem querer acreditar no que lhe tinha acontecido.