Os lábios de Legolas pressionavam gentilmente os de Tauriel, e ela retribuía com a mesma doçura. O beijo não foi tão ardente quanto ele sempre imaginou que seria. E também não havia a mesma intensidade que sempre estava presente quando ele beijava Madlyn. Mas também não era amargo, como havia sido no sonho dele. Os lábios de Tauriel eram macios nos seus, e quando ele quis aprofundar o beijo, ela aceitou, entreabrindo os lábios para lhe dar permissão e retribuindo com carinho.

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— Ah, Legolas... — Ela sussurrou quando ele rompeu o beijo, encostando a testa à dele e acariciando o rosto dele levemente. — Nós somos dois corações partidos.

Ele não respondeu, tentando regularizar o ritmo da respiração.

— Mas o seu... — Ela continuou, afastando-se para olhá-lo nos olhos. — Ainda tem conserto. — Ela deslizou a mão e a pousou gentilmente sobre o peito dele.

Legolas arregalou os olhos levemente, sentindo o coração pulsando contra a mão dela. Tauriel sorriu e assentiu para ele.

Naquele momento, ele finalmente compreendeu.

Legolas se levantou de uma vez, determinado, e segurou a mão de Tauriel, levando-a aos lábios.

— Obrigado.

O sorriso dela se ampliou. Ele olhou nos olhos dela por mais um momento, e depois saiu correndo em direção à cidade. Tauriel deixou-se ficar ali, perdida em pensamentos, enquanto tentava acalmar o coração.

~~ ♣ ~~

Legolas estranhou que não houvesse nenhum guarda para impedi-lo quando ele invadiu o pavilhão de Menegroth, mas não parou de correr até estar em Nan Elmoth. Estreitando os olhos, tentando ver na escuridão, chamou:

— Madlyn!

Não houve resposta. Ele tentou correr mais um pouco, adentrar mais no pavilhão sombrio, mas logo deu de cara com uma pilastra, e por pouco não caiu no chão. Parecia não haver ninguém ali.

— Madlyn! Você está aí?!

— Ela caiu em escuridão.

A voz que respondeu era pouco mais que um sussurro. Mas era tão fria que provocou um arrepio na espinha de Legolas. Ele se virou na direção do som. Forçando as vistas, ele pôde ver. Eöl estava parado ali, sentado de costas para uma pilastra, no chão.

— O que você quer dizer com isso? — Legolas se adiantou para lá, com um mau pressentimento.

— Exatamente isso o que você ouviu. — Eöl respondeu, e Legolas se surpreendeu ao perceber que ele parecia fragilizado, abatido. — Ela finalmente sucumbiu às trevas.

— O quê?!

— Seu espírito não está mais entre nós.

Qualquer sinal de compaixão que Legolas pudesse ter sentido pelo elfo se dissipou naquele instante. Ele se abaixou e agarrou Eöl pelas vestes, erguendo-o do chão.

O que você fez com ela?!

— Eu? — O elfo o fitou com uma expressão vazia.

Legolas o atirou de volta ao chão, vendo que seria inútil discutir com ele. Dando as costas para a escuridão, ele saiu correndo novamente, sem saber ao certo para onde estava indo. Sua mente trabalhava acelerada, tentando criar uma estratégia. Ele precisava fazer algo. Não ia permitir que tudo acabasse dessa forma.

— Legolas! — Aurial chamou, quando ele passou direto por ela, indo em direção ao quarto, mas ele não parou. Uma parte de sua mente percebeu, apenas vagamente, que devia ser tarde da noite agora, e por isso todos os lugares por que passava estavam tão vazios. Deviam estar todos dormindo.

No quarto, ele agarrou uma aljava e seu velho arco de batalha. Já estava quase saindo, quando se lembrou da batalha contra os orcs. Por precaução, voltou e pegou uma espada, que prendeu ao cinto com destreza.

Ele já estava no corredor que dava acesso ao pavilhão central quando ouviu a voz de Thranduil chamando:

— Legolas!

Ele o ignorou e acelerou o passo.

Legolas! — Thranduil praticamente sibilou.

Bufando, Legolas se virou para olhar para ele:

— Eu vou trazer a Madlyn de volta! Não tente me impedir!

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Thranduil cerrou os dentes. Apesar de suas palavras, Legolas não ousou se mover. Uma palavra do pai, e dezenas de guardas estariam ali em um instante. Para piorar, ele não conhecia bem o lugar. Não havia para onde correr. Thranduil se aproximou lentamente, com o rosto muito sério. Ele olhou Legolas de alto a baixo.

— Vejo que pelo menos tem uma espada, desta vez.

Legolas franziu as sobrancelhas.

— Você nunca vai conseguir, indo pelo pavilhão central. Armado desse jeito, vai atrair atenção demais. Venha! Por aqui! — Thranduil começou a andar de volta ao pavilhão de Greenwood.

— O quê?

Thranduil se voltou para ele, impaciente.

— Quem você acha que eu sou, Legolas? Oropher? Ande logo! Está perdendo tempo!

Legolas o seguiu, aturdido, praticamente correndo para acompanhar seu ritmo.

— Você... Vai me ajudar? Por quê?

Thranduil sorriu levemente. Seu conhecido sorriso sarcástico.

— Porque eu já estive no seu lugar antes.

Legolas não soube o que responder e continuou apenas seguindo-o, tentando entender aonde eles estavam indo. Thranduil o guiou até a sala do trono. Legolas ficou confuso, até que Thranduil se aproximou de uma parede e enfiou os dedos em uma fissura da pedra. Puxando com força, ele fez com que parte da pedra deslizasse, abrindo uma pequena passagem, muito estreita e alta o suficiente apenas para que eles passassem de cabeça baixa. Legolas ficou olhando, perplexo. Thranduil o empurrou em direção à abertura, com impaciência.

— Não, sua mãe não sabe disso. Ninguém sabe disso. Nem Oropher. E não, essa não é a única passagem secreta. Sim, fui eu que a fiz. — Thranduil passou atrás de Legolas, e a porta se fechou automaticamente. — Continue andando em frente. Onde ficam as outras passagens, não te interessa. Não vou responder mais nenhuma pergunta.

— Onde essa passagem vai dar?

— Tudo bem, essa pergunta eu respondo. Vamos sair atrás da cidade. Além dos muros.

— Certo...

— Eu conheço um atalho de lá até o palácio de Mandos. Vai te manter longe de olhos curiosos.

Legolas sentiu o sangue lhe fugindo do rosto.

— Como você sabe que eu...?

— Acho que Syndel tem razão. Nós somos mais parecidos do que pensamos, Legolas.

O filho continuou andando, sem fazer mais perguntas. Conforme Thranduil havia dito, alguns minutos depois, Legolas sentiu o vento fresco da noite batendo no rosto, e eles logo se viram fora da cidade. Thranduil começou imediatamente a correr de novo.

— Por aqui! — Ele entrou na floresta. Legolas o seguiu.

Thranduil guiou o filho tão tranquilamente quanto o faria na Floresta Verde. Em nenhum momento, ele hesitou com relação a que caminho seguir. Legolas ficou admirado. Poucas vezes antes tinha estado com Thranduil na floresta, sem trilhas. Não muito depois, Thranduil estendeu o braço para impedir Legolas de prosseguir. Ele parou imediatamente.

— Shh... Abaixe-se, agora. Venha, deste lado.

Os dois andaram bem lentamente, sem fazer barulho, até uma fileira de grandes arbustos. Legolas notou que eles estavam na margem da floresta. Olhando através das folhas, ele viu o palácio de Mandos, bem diante deles.

— Não acredito que há apenas dois guardas. — Thranduil sussurrou, num tom animado. Legolas olhou para ele desconfiado. Não o estava reconhecendo.

— Não havia nenhum, hoje cedo.

— Porque Luindos estava aqui. Mandos não precisaria de guardas élficos, com seu arauto presente.

— Luindos não fica sempre no palácio?

— Sim, mas à noite, ele dorme. E às vezes sai em missões. Nessas ocasiões, os senhores élficos enviam guardas para vigiar o palácio para Mandos.

— Greenwood também?

— Evidentemente.

— Quem está no turno de hoje?

Thranduil estreitou os olhos.

— Lothlórien. — concluiu. — Pena. — Ele puxou a espada da bainha, e a estendeu diante dos olhos, contemplando-a com paixão.

— O que você vai fazer? — Legolas olhava para ele, perplexo.

— Alguém precisa dar um jeito naquelas guardas enquanto você entra, não é?

Legolas arregalou os olhos. Thranduil abriu um de seus sorrisos sarcásticos.

— É melhor você chutar aquela porta com muita força. Me deixe orgulhoso.

Legolas quis responder, mas não sabia como. Thranduil ficou em pé, girando a espada no ar.

— Conte até cinco, e então corra.

Dizendo isso, ele segurou a espada com firmeza diante de si e, saltando sobre o arbusto, correu em direção ao pálacio. Legolas esperou, nervoso, enquanto ouvia os sons metálicos da contenda. Logo depois, ele imitou o pai e pulou por cima das folhagens. Ele viu apenas vagamente que Thranduil lutava com as duas guardas de Lothlórien ao mesmo tempo. Ele as tinha afastado da porta e as mantinha bastante ocupadas, de modo que Legolas não encontrou nenhuma resistência ao passar pela porta, que se fechou com estrondo atrás dele.

Dentro do palácio estava muito escuro, a não ser pelas velas penduradas a espaços regulares nas paredes. A luminosidade produzida por elas era apenas o suficiente para os olhos de Legolas. Ele avançou devagar, hesitando agora que estava ali.

A porta da sala em frente, onde o veredito de Gimli havia sido proclamado, estava fechada. Quando chegou a ela, Legolas a empurrou, mas ela não cedeu. Ele olhou em volta, frustrado, procurando por algum tipo de alavanca ou qualquer outro mecanismo que pudesse abri-la, mas não havia nenhum. Então, ele se lembrou das palavras de Thranduil.

— Tudo bem. Certo.

Ele se afastou da porta e olhou, se perguntando em que ponto deveria chutar. Geralmente, ele chutaria próximo à fechadura. Mas não havia uma fechadura. Nem uma maçaneta. Legolas inclinou levemente a cabeça, se perguntando como aquela porta era aberta, então.

— Magia? — Ele se aproximou para tocar a superfície da porta. — Algum tipo de feitiço? — Ele passou os dedos suavemente pelo padrão intricado que formava os desenhos dourados que cobriam a porta. Ele não sabia o que eram.

De repente, algo lhe ocorreu.

— Ou será que...?

Ele se afastou para olhar melhor a porta. De perto, os desenhos não faziam o menor sentido, pareciam uma composição abstrata. Mas de longe, eles pareciam formar outra figura maior. Legolas tentou andar de um lado para o outro da sala, mantendo os olhos fixos na porta. De repente, ele viu. Aquilo era um olho...? Ele deu mais dois passos para a direita. E então, com um arquejo, ele percebeu.

— Mandos...!

Agora que tinha visto, estava claro para ele que aquelas linhas formavam o traçado do rosto de Mandos. Ele não sabia como o havia reconhecido, já que o Vala era o único de quem os eldar não possuíam estátuas ou imagens de nenhum tipo. Mas ele tinha certeza de que aquele era o juiz dos Valar.

Reparando melhor, Legolas percebeu que a figura na porta tinha as duas mãos erguidas na frente do rosto, uma mais alta que a outra, como se estivesse pesando dois objetos invisíveis. Engolindo em seco, o elfo avançou e pôs as duas mãos sobre as mãos da figura. Então, empurrou a porta com toda a força que possuía.

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Para sua grande decepção, nada aconteceu.

— Então como...?

Ele olhou para a porta de novo.

Respirando fundo, posicionou as mãos novamente sobre as mãos de Mandos. Então, empurrou com mais força sobre a mão que estava mais baixa, e, portanto, mais pesada, e com mais leveza sobre a mão que estava mais no alto. Finalmente, a parte de baixo pareceu ceder um pouco, até que Legolas ouviu um “clique”, e a pedra deslizou sobre suas mãos.

Ele se afastou bem a tempo de ver a porta se escancarar diante de si.

Mas Legolas não teve tempo de ficar admirado com a própria esperteza, porque a luz do ambiente interno atraiu sua atenção. Era uma luz prateada e tremeluzente, que parecia preencher toda a sala de julgamentos. Estranhamente, porém, ela não fazia os olhos do elfo doerem, embora impedisse que ele visse a sala com clareza. Enquanto ele estreitava os olhos, tentando ver, a luz diminuiu subitamente, concentrando-se em um ponto lá na frente, próximo à mesa sobre a qual Luindos havia colocado Gimli, mais cedo.

E então, Legolas viu, admirado, que a luz adquiriu os contornos de uma figura alta e imponente, que estava de costas para ele. Ela tinha cabelos longos e sem tranças, como os de Thranduil, e trajava o que parecia uma longa capa que lhe caía até os pés e era segurada por um par de ombreiras prateadas e pontiagudas. Enquanto o elfo olhava, sem fala, a figura se virou. Sem que Legolas decidisse fazê-lo, ele caiu de joelhos.

Mandos possuía um par de olhos dourados e penetrantes e um rosto bonito, porém severo. Trajava uma armadura prateada que cintilava com uma aura divina. Lentamente, com um ar majestoso e extrema elegância, ele deu três passos em direção a Legolas, afastando-se da mesa de madeira.

— Legolas Verdefolha. — A voz dele era grave e poderosa e ecoou nas paredes de uma forma que impressionou o coração do elfo, assustando-o. — Levante-se.

Legolas obedeceu, erguendo os olhos humildemente para contemplar o Vala.

— Eu sabia que você viria. — Mandos anunciou, num tom neutro, sem emoção. Legolas sentiu-se ansioso, porque não conseguia identificar se aquela declaração era boa ou má. — Você vem para me fazer uma acusação. Faça-a.