Logo depois da aula de inglês veio a de matemática (odeio matemática), mas felizmente nossa professora é legal e não passou nenhum exercício – ainda bem porque ainda não to preparado psicologicamente para fazer qualquer coisa que tenha a ver com matemática. Logo depois veio o terceiro tempo: Português.

Eu amo português. O melhor é que o professor que vai dar aula esse ano para nós é o mesmo do ano passado; e ele é super legal.

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–Como eu sei que ninguém aqui quer fazer nenhum exercício sério na primeira semana de aula – ele começa a falar – vou passar uma atividade de interação pra vocês. Se juntem em duplas ou trios e façam textos narrativos. Não importa o tema, pode ser de ficção ou não; vocês decidem. Podem juntar as mesas!

Todos na sala começaram a arrastar suas carteiras e ficar do lado de seus amigos. Pit empurra sua mesa e sua cadeira e fica ao meu lado. Olho para o meio da sala e percebo que um garoto parrudo de cabelo preto está sozinho. Ele é um aluno novo, sei disso porque nunca o vi antes na escola.

Ninguém o chamou para fazer dupla ou trio. De repente me passou pela cabeça que ninguém o chamou porque todos já fizeram trios, e apenas eu e Pit estamos em dupla. Uma pessoa normal o chamaria se ainda tivesse vaga em sua equipe.

–Ei, garoto – eu chamo e ele se vira para mim – quer fazer trio com a gente?

Ele sorri e assente. Logo depois arrasta sua cadeira a coloca em frente a mim e a Pit.

–Oi, meu nome é Leonardo. – Ele diz e eu simplesmente não acredito.

–Mentira. Mentira, mentira. – Eu fico rindo igual a um retardado.

–O que foi? – Ele diz de forma assustada.

–É porque seu nome é Leonardo e... – Pit começa a falar e eu o interrompo.

–E o meu livro favorito é Perdão, Leonard Peacock. – Eu ainda to sorrindo. – Tanto faz; meu nome é João.

–É, descobri isso quando o professor de inglês quase te engoliu com o sarcasmo dele.

Então alguém havia reparado naquilo.

–Eu sou o Pit.

–Seu nome é mesmo Pit? – O garoto pergunta.

–Não, é só um apelido... E uma longa história. – Pit fala e percebo que ele está um pouco constrangido.

–Qualquer dia eu te conto – falo sorrindo. – Eu simplesmente amo essa história.

Pit da um leve murro em meu ombro e nós rimos.

*

O sinal do final do último tempo toca e todos saem indo em direção a saída da escola.

–Seu pai vai vir te buscar? – Pergunto a Pit quando ele, Leonardo e eu saímos da sala.

–Vai, acho que ele já ta lá fora.

–E você, Leo? (posso te chamar de Leo?) – Ele assente dizendo que sim. – Onde é a sua casa?

–Na entrada da cidade. – Ele diz com a cara fechada porque a escola é muito longe da entrada da cidade. – Vou de ônibus.

O telefone de Pit toca e ele atende rapidamente.

–Era o meu pai, ele ta me esperando. – E corre indo para a saída.

–Pit! – Eu chamo e ele se vira. – Vai lá em casa hoje de tarde pra minha mãe ver que eu tenho um amigo.

–O.K! – Ele continua correndo.

–Também to indo; até amanhã, João. – Leonardo segui na minha frente.

Paro na saída e tiro o telefone do bolso junto com os fones e os coloco no ouvido logo depois de conectá-los ao celular. Todos já foram e quando me viro para ir embora tomo um susto ao ver a Karen Franco sentada na calçada e escorada na grade da escola chorando.

Uma pessoa norma perguntaria o que aconteceu, penso olhando para ela.

–Karen? O que aconteceu? – Digo enquanto chego para perto dela e me ajoelho em sua frente.

–O Asher terminou comigo – ela diz e levanta o rosto me olhando, sua maquiagem escorreu pelos olhos e seu rosto está preto. – Ele me disse coisas horríveis.

Eu devo dizer algo para confortá-la, mas o quê?

–Se ele não quer ficar com você, Karen é ele quem está perdendo – to indo bem – qualquer garoto nessa escola gostaria de namorar você.

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–Você namoraria comigo? – Ela pergunta e isso me assusta.

–Sim – minto. – Só não sei se você namoraria comigo.

Graças a Deus, consegui fazer ela sorri.

–Você fez os exercícios de inglês? – Ela pergunta e eu fico confuso porque não havia percebido que ela era minha colega.

–Fiz. – Respondo finalmente.

–Me empresta seu caderno?

Eu reviro os olhos, pego minha bolsa e logo em seguida tiro o caderno.

–Aqui! – Digo de forma ríspida e ela pega o caderno.

Karen se levanta, limpa o rosto com a manga de seu casaco e segui o caminho contrário ao meu sem nem mesmo falar nada comigo.

De todo modo, não me sinto mal por ela não ter me agradecido. Eu tive atitude e fui um garoto normal.

Minha mãe deve estar certa, esse ano realmente vai ser diferente.