Voltei para casa desconsolada e um tanto confusa, e o pior, teria que aguentar minha madrasta estúpida escolhendo que roupa usaria para dar uma saída misteriosa enquanto meu pai não estava, e como se não bastasse ainda fingia ser uma mulher santa e ciumenta que brigava com o marido quando ele chegava tarde do trabalho.

Seu nome era Melly Stewart, vivia no Brooklin, quando conheceu meu pai ele ainda era casado e eu não tinha mais do que 3 anos. Era uma noite chuvosa, meus pais e eu estávamos indo visitar alguns parentes. Meu pai avistou algo e parou, sinalizou para que fossemos na frente; a principio minha mãe foi dura, a alegre e suave Rue foi dura, quis segui-lo; mas o tom amargo da fala de meu pai a fez parar. Essa foi a primeira vez que vi meu pai zangado, isso antes de ele se casar com Melly e se tornar sombrio e raivoso. Minha mãe ficou parada em pé, seus longos cabelos ruivos voando e batendo em sua pele clara e sua e grudando no batom de vermelho em sua boca pálida. Ela me olhava intensamente com aqueles olhos azuis e eu me perguntava confusa o que estava acontecendo.

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Não sabia para onde meu pai havia ido, mas Melly não era seu destino. Ele havia sumido de nossas vistas, minha mãe me pegou no colo e me levou até a casa de minha tia Emilly que estava a apenas alguns passos, antes de sair ela segurou minha mão e disse:

- Seja forte filha, aconteça o que acontecer... – Lágrimas caiam de seu rosto enquanto ela me olhava.

- Mamãe pra onde você vai? – Eu falei confusa enxugando as lágrimas de seu rosto.

Ela deu um sorriso meio que forçado e falou tentando recuperar fôlego:

- Seja durona, nunca deixe nada passar por cima de você. Você será uma vitoriosa, seja guerreira e lembre-se de mim.

Ela deu um beijo demorado em minha testa e um abraço apertado, muito pouco eu sabia que esse seria nosso ultimo contato.

Pesadelos e mais pesadelos na casa da tia Emilly. Isso era idiota, mas para uma criança de 3 anos não se podia dormir antes da historinha da mãe. Eu não conseguia pegar no sono sem ela ali do lado, eu queria ela aqui agora, “seja o que tiver acontecido”.

Em certa hora da noite o sono venceu a meu medo e apaguei. De manhã cedo acordo e vou para o outro quarto de hóspedes procurando minha mãe, a única coisa que vejo é meu pai deitado. Ele estava com olheiras e queria chorar, mas estava resistindo, sendo forte.

Ela também havia pedido isso pra ele.

Sentei na cama ao seu lado e perguntei:

- Pai, onde está mamãe?

- Filha ela não... – Ele começou a falar calmo, então percebeu que falando tranquilamente não poderia conter as lágrimas, fechou sua cara e disse dessa vez arrogantemente. – Garota não me amola, sua mãe foi embora e pronto!

Poucos dias depois o vi com uma mulher loura de jeito esnobe. A única coisa de bom que ela trouxe foi Beckendorf, provavelmente um menino órfão qualquer que ela pegou para meu pai sustentar e dar uma de santinha caridosa.

Nesses anos ele foi o único com quem pude conversar; meu pai e eu mantínhamos uma relação instável, nada além de um oi. Muitas vezes queria chorar, queria fugir, que fazer qualquer coisa que me livrasse daquele pesadelo. Agora eu entendia porque minha mãe havia me dito para ser forte. Eu estava me saindo até bem nessa tarefa de ser forte, nenhum olho captava a minha tristeza, mas ela estava por toda parte, e só Charles sabia disso. Só tinha uma coisa, minha mãe disse para não deixar ninguém passar por cima, mas eu estava quieta quando Melly brigava comigo e xingava meu pai e Beckendorf. Já fiquei muito tempo calada, era hora de agir...

Nesse dia ela chegou em casa e começou a fazer as coisas estúpidas de sempre, prometi a mim mesma que não sentiria medo. Assim como fiz em Bianca pulei em cima dela e arranquei tufos de cabelos seus, vi meu pai decepcionado olhando para mim. Teria uma grande probabilidade de ele ter visto o resto, mas se as probabilidades estivessem do meu lado nada teria sido assim...

No mesmo dia ouvi Melly dizendo para meu pai que eu sempre a machucava com meus insultos e que eu a agredia. Nisso tudo ela disse que ia me levar para um colégio interno e meu pai aceitou julgando ser o melhor para mim. Assim ela conseguiu enganá-lo e me levar para um colégio de crianças problemáticas, violentas e algumas meio psicopatas. Lá conheci um idiota que eu odeio: Percy Jackson. Ele estava lá porque foi expulso de muitos outros colégios por incidentes.

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Quando cheguei todos davam gargalhadas na minha presença. Não tinha amigos e era muito calma e bondosa. O pior de lá é que não haviam muitos órfãos como eu e ninguém sentia saudades dos pais.

- Volta pro colinho da mamãe volta Clarisse. – Dizia Percy e outra garota que não me lembro zombando da minha cara.

Eu me forçava a não me zangar, eles lutavam como ninguém, brigas ocorriam todos os dias...

Lá eu aprendi a ser durona, não ligava pra ninguém até aquele dia:

- Mamãe morreu bebê? – Percy e a garota diziam. – Papai fugiu de casa e mamãe também, te deixaram sozinha e sua mãe nunca mais vai voltar, agora pode chorar nenenzinha.

Eu me forcei a não chorar, eu era muito fraca, mas prometi a minha mãe que ia ser forte aconteça o que acontecer. Estava ficando mais forte a cada dia e dessa vez minha fraqueza não tomou de conta, mas sim a minha fúria.

- Calado idiota! – acertei um murro sem seu estômago logo depois lhe derrubei no chão, e com sessões de tapas e murros ele foi ficando roxo. A garota veio em cima de mim, sua força era incrível! Mas apesar disso consegui me erguer. Eu apenas recuei, ela era ágil. Ela quase me acerta um murro quando sinto uma mão me puxando e vejo seus braços envoltos sobre mim. Era ele! Ele era Chris, Chris Rodriguez. Como sempre me livrando das brigas. Foi lá que o conheci. Mas o que ele havia feito para estar ali, como sempre teria mais um mistério.

Fui expulsa do colégio e nunca mais tornei a vê-lo, até hoje. Lembro-me de seu abraço aconchegante interrompendo a briga, seu sorriso tranquilizador e sua voz calma.

Não sabia porque eu sentia isso por ele, mas quando estávamos perto tudo é feliz, ou muito confuso...