A História De Sally Jackson
Capítulo 12 - Um beijo sob as estrelas
Aquela noite em especial estava mais estrelada do que o normal. A tranquilidade noturna era notada na água do mar, que parecia dormir, num descanso merecido.
Sally e Poseidon estavam deitados na areia da praia. Ele apontava o dedo para algumas estrelas no céu, contando histórias. Histórias essas que Sally nunca ouvira falar.
— Você deveria escrever um livro. Assim todo mundo saberia das incríveis histórias de Poseidon. — ela comentou, ilustrando no ar uma capa imaginaria para o livro.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Não é uma má ideia. Mas eu sou muito tímido para essas coisas.
Sally virou o rosto e encarou o moreno deitado ao seu lado.
— Tímido?!
Ele devolveu o olhar, e crispou os lábios, depois sorriu descontraído.
— Sim. Às vezes sou tímido.
— Por favor, me conte mais sobre isso.
— Está duvidando de mim? — Ele soou desapontado, mas era uma brincadeira.
— Não, imagina. — Sally entrou no clima da brincadeira. — Me diga, o que te deixa tímido?
Ele pensou rapidamente em uma resposta, ou duas...
— Não gosto muito de me gabar das coisas que eu sei.
— Isso não é um motivo aceitável.
— Ok! Então eu fico tímido quando uma mulher bonita me enfrenta — ele virou-se completamente para o lado em que Sally estava deitada, encarando-a com seus grandes e mágicos olho verdes, tirando todas a proteção que Sally possuía contra ele. Moveu os lábios em um sorriso, e quando aproximou-se dela, desejando poder experimentar seus lábios em um beijo, Sally virou o rosto. — Também fico tímido quando levo um fora.
— Me desculpe. — ela permaneceu com o olhar para o céu, assim evitava contato direto para não se sentir tão tola, ou mais, como já estava no momento. — Eu não sou muito boa nisso.
— Tenho certeza que podemos chegar a um acordo. Juntos. — Poseidon segurou a mão de Sally, entrelaçando os dedos.
— Eu acho que sou algum tipo de caso perdido. — Sally suspirou, gostando de sentir o calor da mão dele na sua, aquilo a tranquilizava. — Não tenho muita sorte com os homens.
— Acho que isso não está ligado a sorte ou azar. Mas sim nas escolhas corretas. Não é obrigatório fazer algo que não deseja. Mas, se por acaso, você desejar algo não tem porque sentir medo.
— Está falando isso para me persuadir? — Ela finalmente criou coragem para olhá-lo nos olhos. E não se arrependeu, porque Poseidon parecia ainda mais bonito naquele momento.
— Não vou mentir que meu conselho foi pensando nisso. — ele deu uma piscadinha. — Mas eu entendo se por acaso acha que não mereço a honra.
— Continue, está quase dando certo.
Poseidon se mexeu na areia, tentando uma posição mais confortável, ainda segurando a mão de Sally.
— Já deve ter ouvido falar de Apolo.
— Sim. Mas o que isso tem...
— Aquele garoto era um problema. — Poseidon apoiou o cotovelo na areia, deitado de lado para Sally. — Ele se deu mal algumas vezes, na verdade ele se deu mal muitas vezes. A mais famosa dor de cotovelo dele foi a Dafne. Ela fugia dele como o sol foge da lua. Cansada de fugir, ela acabou virando um loureiro.
— Certo, mas o que isso tem a ver comigo?
— Dafne não deu uma chance para Apolo mostrar o quanto ele a amava. Preferiu virar uma árvore do que dar uma chance para ele. Você quer virar uma árvore também?
— Olhando por esse lado, não. — Sally estreitou os olhos, assustada. — Esta dizendo que eu vou virar uma árvore se não te der uma chance?
— Pode ser que não crie raízes, mas é melhor não arriscar. — Ele gargalhou.
— Talvez. — Sally riu. — Essa foi uma história muito triste.
— Posso contar uma mais feliz. — Poseidon deu uma pausa. — A melhor história que eu conheço é uma que não tenho ideia de como vai acabar. Mas eu sei que o mocinho já está apaixonado, e cansado de ficar deitado na mesma posição por muito tempo.
Sally olhou para o braço dele enfiado na areia, suportando seu peso.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Talvez, se ele tentar novamente beijar a mocinha. Pode ter uma surpresa.
— Não me iluda, Sally Jackson. Não mais do que já fez até agora.
Poseidon acariciou os cabelos castanhos dela, que estavam soltos sobre a areia. Depois o rosto quente de Sally.
Sally não disse nada, nem se esquivou quando Poseidon aproximou-se mais uma vez. Seus rostos estavam a menos de um palmo de distância, ele roçou o nariz no dela, propositalmente para vê-la sorrir novamente, antes de tomar de ma vez a boca da mulher, em um beijo.
Sim, era tudo o que Sally sonhou um dia. Ser abraçada e beijada por alguém que realmente a desejasse por amor. O medo que sentia passou como se nunca tivesse um dia existido. Poseidon a completava de uma forma que não poderia explicar. Ele a transformava em uma mulher que jamais imaginou que poderia ser.
Ele a trouxe para o mundo, da mesma forma que ela o trouxe para este mundo real.
***
Quando Sally acordou, era dia. Ela esfregou os olhos para habituar-se com a claridade do sol que entrava pela janela sem cortinas. Ela permaneceu na cama enquanto um filme passava diante de seus olhos. Um filme de toda aquela noite. Sally encolheu-se na cama se cobrindo com o lençol, quando ouviu a porta do quarto se abrir. Ela não estava preparada para aquilo.
Sentia o rosto ferver, envergonhada. E de forma alguma iria deixar que Poseidon a visse daquela forma.
— Bom dia. — a voz dele penetrou o lençol, até seus ouvidos. Devagar, Sally sentou-se na cama, sem largar o lençol de suas mãos. — Fiz o café da manhã, não sabia o que você gosta de comer, por isso tem um pouco de cada coisa. Se quiser tomar um banho antes, pode ficar a vontade.
Ele colocou a bandeja sobre a mesa de vidro, olhou para Sally por alguns segundos e saiu novamente do quarto, dizendo que havia esquecido do mel, que ia cair muito bem com a torrada.
Poseidon não foi muito convincente com a encenação. Sally percebeu que ele só fez aquilo porque sabia que ela estava completamente deslocada no quarto. Ainda mais porque, na noite anterior, ela foi completamente sincera e revelou que tudo aquilo era novidade para ela.
Mas ficou feliz pela gentileza dele em deixá-la sozinha naquele momento. Ela se enrolou no lençol e foi para o banheiro. Tentou não ficar muito impressionada com o que via, mas aquela banheira enorme parecia ter voz própria, porque a chamava para um banho. Bem, talvez uns cinco minutos não iria fazer mal.
Enquanto a banheira enchia de água, Sally aproveitou para dar uma olhada mais detalhada naquela suíte, já que a noite ela não prestou muita atenção. E novamente, sentiu seu rosto queimar de vergonha com as recordações.
O quarto possuía uma maravilhosa vista para o mar. A varanda repleta de plantas e flores coloridas. O quarto super espaçoso com poucos móveis. Dentro daquela mansão ela sentia-se como nas revistas de decoração que costumava ver na banca de jornal. O barulhinho da água cessou, e Sally voltou ao banheiro comendo uma maçã que roubou da bandeja a qual Poseidon trouxe.
Ela desamarrou o lençol e o dobrou, deixando-o sobre a pia. Entrou na banheira, um pouco receosa, mas logo que seu corpo foi coberto pela água morna, cheia de espuma, relaxou. Era tão bom, que acabou perdendo a noção do tempo. Quando abriu os olhos, Poseidon estava sentado sobre a escada de mármore branco, ao lado dela, admirando-a.
Sally encheu-se de vergonha e o tom avermelhado de seu rosto a denunciou de imediato.
— Eu não resisti e acabei cochilando na banheira. Culpa da água morna.
— Tudo bem, eu costumo dormir quando uso a banheira também. Mas geralmente acordo com Calyce gritando para eu sair logo do banheiro e ir trabalhar. — ele fez bico.
— Deve ser decepcionante, deixar essa banheira para ir trabalhar.
Ela foi sarcástica, mas Poseidon não captou a mensagem.
— Não muito, eu já estou acostumado.
— De qualquer forma, eu tenho que sair da água agora, ou vou virar um peixe.
— Um peixe, não. Uma sereia talvez.
— Essa foi a cantada mais clichê que já disse até agora. — Sally estendeu a mão para alcançar uma toalha pendurada em um gancho dourado ao lado da banheira. — A história da mulher árvore foi bem mais interessante.
Poseidon capturou a toalha antes dela e a estendeu na frente de seu corpo, para cobrir Sally quando ela se levantou da banheira. Rapidamente ela se enrolou na toalha, tentando evitar mais constrangimento. Mas Poseidon a abraçou, não permitindo que ela fugisse, sussurrando em seu ouvido que não havia motivos para envergonhar-se, pois ela era a mulher mais linda que já vira em toda sua vida.
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