A Garota do Futuro

Capítulo 14


Thea

Thea Quenn nunca pensou que chegaria o dia em que dirigiria uma empresa, em sua infância ela era tão ingênua e desconhecedora da realidade para imaginar-se um dia responsável por uma grande empresa. A medida que crescia ela percebeu que dinheiro não aparece do nada e que para bancar todos os luxos que ela gostava de ter, seu pai precisava trabalhar e o trabalho não era nada fácil. Por trás de portas fechadas as vezes ela podia ouvir ele levantar a voz enquanto falava ao telefone, por diversas vezes ela o assistiu afastar-se da família em prol dos negócios. Ela sabia que ele tentava ser um pai mais presente e que tudo o que fazia era por ela e o irmão, ela não tinha tanta certeza se pela mãe também se levasse em consideração a quantidade de vezes em que eles dormiam em quartos separados.
Sua mãe uma mulher implacável que por muito tempo ela sentiu grande admiração, principalmente quando ela descobriu as escapadas do pai e que sua mãe aguentava cada insulto de cabeça erguida. Forte e destemida ela assumiu os negócios da família após a morte do pai, foi quando tudo mudou, ela passou a ser exigente, controladora, exigindo de Thea algo que ela não poderia ser e cada vez mais a menina alegre se afundava em tristeza e autopiedade, a perda do pai e do querido irmão e consequentemente o afastamento da mãe sendo a alavanca que a levou para os becos escuros da cidade atrás de aliviar a dor.
No início era apenas uma distração, algo leve apenas para suportar a solidão. Em seu íntimo ela sabia que era apenas mais um problema, mas quanto mais o tempo passava, mais ela se afundava. Houveram momentos que ela bem tentou se livrar dessa distração tóxica, principalmente quando Tommy, o cara por que ela era apaixonada desde os dez anos e melhor amigo de seu irmão, demonstrava preocupação, mas o repentino interesse dele em ajudar seguido pelos repentinos sumiços a faziam recair. Até que apareceu Megan, ou como ela veio a descobrir depois Felicity, e as coisas mudaram, ela finalmente teve uma amiga, alguém que se importava genuinamente, alguém com quem ela se sentia livre para conversar e voltou a sorrir e brincar, ser ela mesma por um tempo, mas como sempre ela teve uma recaída e foi a gota d'água, sem que ela soubesse ela expusera Tommy em perigo e quase o perdeu por um momento de fraqueza sua, ela sabia que depois dessa ela precisava ser firme, ajeitar sua vida e mesmo quando o maior baque de sua vida a alcançou ela permaneceu firme em sua resolução.
Descobrir sua verdadeira paternidade foi um choque, mas também o estímulo para acabar com a paixão platônica que tinha por quem agora ela sabe ser seu meio-irmão. Ela passou meses sem trocar palavras com a mãe, não que ela a culpasse pela traição a seu pai, não era mais uma menina inocente para não saber o que ele fazia com outras mulheres, no entanto esconder algo tão importante dela criou um abismo ainda maior entre as duas. Ela ainda tem arrepios de constrangimento toda vez que lembra a forma dura como descobriu sua ligação de sangue.
Ela tinha acabado de subir para seu quarto, e enquanto tentava ler uma revista qualquer sua mente não parava de voltar às últimas quarenta e oito horas, o medo real de perder Tommy não a deixara descansar como planejara após quase ser expulsa por Megan em decorrência de sua falta de controle.
Bufando de frustração ela joga a revista para o canto do quarto, ela pega novamente o celular, relendo a mensagem que recebera na noite anterior. Megan se fora, ela estava sozinha novamente. Tommy jamais a perdoaria por ter sido tão imatura e colocado suas vidas em risco.
— Oh! Merda. – murmura de frente para a grande janela com vistas para o jardim.
— Olha a língua. – uma voz rouca repreende, assustando-a.
— Cristo! Quer me matar de susto? – esbraveja colocando as duas mãos no peito.
— Desculpa. – pede nem um pouco arrependido.
— Que faz aqui... Quero dizer, deveria estar descansando. – fala olhando-o de cima a baixo, parando o olhar nos hematomas visíveis no rosto dele.
— Vim ver como está. – sussurra gentilmente.
— Oh, Tommy! – fala aproximando-se, um sorriso aparecendo nos lábios. Admiração e alegria estampadas em sua face.
— Eu sei que se culpa pelo que aconteceu. – franze o cenho com as lembranças ruins – Mas não deve.
— Eu arruinei tudo novamente. – olha para os pés envergonhada – Agi com imaturidade e reconheço isso.
— Não tô aqui para passar a mão na sua cabeça, mas também não vim para jogar nada na cara, apenas pedir que, por favor, Thea – segura as mãos dela nas suas – me ouve só dessa vez, fica limpa. – suplica.
Seus lábios tremem, lágrimas ameaçando vir tona e antes de abrir a boca para uma resposta ela ouve ele continuar. – Nós podemos fazer isso juntos, você não está sozinha.
— E... Eu sei. – gagueja – E eu quero, eu prometo, tenho consciência que não sou a única afetada.
— Não, não é, mas é por você que tem que tentar, vai tentar? – ela assente com um meneio de cabeça – Ah gatinha! – puxa-a para seus braços, ela se enroscando em seu pescoço como a um bote salva-vidas.
— Obrigada! – sussurra em seu pescoço – Não sei o que seria sem...
— Não pense nisso. – acaricia as costas dela em conforto.
Instantaneamente ela amolece em seus braços. Dando-se conta da proximidade, do cheiro másculo que exala dele ela levanta o rosto e o beija pegando-o de surpresa. E antes que ela possa aprofundar o beijo ou ele reagir, um chiado alto os assusta. Moira a sua frente, o rosto vermelho e o olhar mais furioso que ela já vira.
— Como você se atreve. – grita desferindo um tapa em Tommy, foi tão rápido que ela nem havia percebido a proximidade da mãe – Seu... Seu... Nojento. – a mãe sibila horrorizando-o.
— Mãe?
— Quieta Thea.
Os acontecimentos seguintes passam como um borrão, a mãe gritando loucamente, ela gritando de volta e Tommy que de surpreso passou a furioso e ela tinha certeza que sua fúria não era dirigida apenas à mãe. Ela tinha certeza que os gritos poderiam ser ouvidos por toda a mansão, mas não se importava, sua mãe não tinha direito de se intrometer, de julgar ela ou Tommy, ele nem tinha realmente feito nada errado. Quem era ela para dizer alguma coisa? Mas a maior surpresa de todas veio quando Walter apareceu e sua mãe indignada deixa sair sua verdadeira ligação a Tommy.
Ela nunca pensara que aquele dia seria o que daria uma guinada de trezentos e sessenta graus em suas vidas. Em algumas semanas Tommy sumira e passara sem dar notícias por meses, ela com o passar dos anos aproximara-se do pai e até passou a ter interesse em seus negócios, o que foi fundamental para que com a ajuda de Oliver e até de Tommy ela fundisse Global Merlyn a Queen Industries e se reerguesse ajudando a parte afetada da cidade no processo, após a destruição causanda por ambos os pais.
E aqui está ela com seus irmãos e amigos finalmente reunidos e presidente de uma das indústrias de maior ascensão no país Dearden Corporation, não foi fácil no início, com as duas empresas indo a falência e o ceticismo dos investidores ela precisou trabalhar dobrado para conseguir seguir em frente. Com um suspiro de alívio ela pensa em como as coisas teriam sido diferentes se Megan Cutler não tivesse aparecido em sua vida.
— Entediada maninha? – ela se vira para vê-lo com um sorrisinho atrevido.
— Vai vendo irmão. – sorri de volta, mas logo fica séria – E aí como está? – seu olhar direciona a Felicity presa entre Cisco, Sara e Rory – Já falou com ela?
— Ainda não sei e não. – responde as perguntas e arqueia a sobrancelha demonstrando confusão – Por que nunca me disse?
— Nem mesmo Felicity sabia, então...
— Entendo. Nossa! – balança a cabeça – É tudo tão confuso, como vocês lidam com toda essa – estala a língua procurando a palavra certa – dinâmica.
— Eu apenas finjo que entendo. – ela pisca, um sorriso de deboche antes de sair e deixá-lo de boca aberta.

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Tommy


Perplexo seria o termo correto para descrever Tommy. Ainda sem ter tido a oportunidade de falar com Megan, ou Felicity como ele a poucas horas acabara de descobrir, a cada minuto ele se pergunta que porra está acontecendo.
Oliver falara com ele mais cedo e explicara toda situação, ele imagina que para evitar que ele passasse por idiota ou tivesse um colapso, ele só pode agradecer ao amigo agora, não acreditara na história até a ver a sua frente.
Ainda continua a mesma, o mesmo cabelo loiro e aquele sorriso cativante que ele chegou a adorar. O momento que ele se apaixonou? Pode ter sido quando a ouviu e viu dançar escandalosamente sem sentido em seu apartamento, ou quando ela o confortou no quarto de Oliver ou talvez até quando eles dançaram juntos e ela chamou Malcolm de idiota. Mas o momento que ele sabia que a admirava foi quando ele viu lealdade aos amigos em seus atos, e adoração e respeito ao namorado que agora ele sabe ser seu amigo.
— Tá tudo bem? – sua doce namorada para ao seu lado.
— Hummm... – ele vira para ela, enlaçando-a pela cintura – Digamos que vai demorar um pouco para que eu aprenda todos os nomes Cidadão Gladio? Sério? Homem Elástico, uau que original.
— Bobo! – ela rola os olhos rindo – Sério, eles se apresentaram com seus codinomes. – ele dá de ombros.
— Acho que eles queriam mandar um recado. Mal sabem eles. – sorrir lembrando como se conheceram.
Era uma tarde de terça, ele estava participando de uma mesa redonda no maior evento dirigido a Bioengenharia do país sediado em New York. Ele como membro da banca estava discorrendo sobre as vantagens do uso de células tronco embrionárias sobre as células tronco adultas, por terem uma maior capacidade de diferenciação, ou seja, abranger maior aspecto terapêutico. Sua colocação logo foi rebatida por um voz doce, porém incisiva vindo da plateia, ao questionar a ética por trás do uso de células tronco embrionárias.
Logo iniciou-se um pequeno debate de dois onde um rebatia o outro, ele gostando cada vez mais de ver o tom rubro tomar conta do rosto dela que estava ficando cada vez mais irritada com ele. Ele ficou decepcionado quando o presidente da banca encerrou a discussão.
Ao final ele seguiu para mesa disposta para o coffee break, louco por uma xícara de café quente a fim de aquecer o corpo contra o inverno rigoroso da cidade.
Ele tinha acabado de levar a xícara aos lábios quando a sentiu se aproximar, antes de ouvir.
— Mesmo que você não vê problemas em mortes de bebês?
— Tecnicamente não são bebês. – larga a xícara no balcão.
— Mas ainda são vidas.
— Que com a nossa ajuda podem salvar vidas daqueles que já estão a meio caminho, com famílias, laços afetivos construídos...
— Além do mais ainda não é possível ter cem por cento de certeza no emprego de células tronco embrionárias como efetivo. – ela sustenta.
— E quem nos garante que não é, você seria uma tola em não ao menos cogitar essa ideia. – arqueia a sobrancelha presunçoso.
Lembrando-se do café ele pega a xícara levando-a a boca com ganância e por pouco não cospe o líquido na mulher a sua frente que claramente tenta controlar o riso.
— Que porra é essa. – indigna-se com o líquido gelado que faz seus dentes trincarem.
— Serve-lhe bem por ser tão presunçoso. – ela atira.
Ele olha dela para a xícara com olhos estreitos.
— Olha – ela chama a sério – que tal levarmos essa discussão para um café que tem próximo daqui? – convida e ele mesmo desconfiado aceita, afinal não é todo dia que tem a chance de ter uma conversa inteligente com uma mulher linda.
Sim, ele não pode negar que a beleza dela o encantou, tanto quanto a sua teimosia ela é um encanto com suas mechas platinadas conferindo-lhe um ar quase angelical.
Eles nem veem as hora passarem, transitando de um assunto a outro ele só percebe o cair da noite quando sente a temperatura cair ainda mais e ele começa a sentir os lábios tremerem de forma involuntária, incrivelmente ela não parece afetada.
Eles passaram o resto da semana quase inseparáveis, discutindo as mais inovadoras das tecnologias na medicina, em alguns momentos tornaram-se tão acalorados em suas discussões com ela o chamando de idiota arrogante e ele rebatendo a chamando de princesinha teimosa logo depois seu café ou chocolate quente se tornava quase uma pedra congelada. Foi apenas no último dia deles na cidade que ele finalmente tomou coragem de beijá-la, aconteceu após ela confessar que ela era quem estava congelando as bebidas dele, ele se sentiu sortudo por ela confiar seu segredo a ele e não resistiu mais. Beijar Caitlin Snow era o paraíso na terra. O dia seguinte foi o primeiro de muitos passando um longo tempo ao telefone ou em chamada de vídeo até que dois meses depois ela o surpreendeu com uma visita a Seatle, foram duas semanas de um sonho que ele não queria que acabasse e por isso não teve dúvidas que estava na hora de voltar para casa, ou pelo menos o mais próximo possível. Sem esforço ele conseguiu uma vaga no centro de pesquisa e medicina da universidade local.
Ele sempre se gabou por sua inteligência e rapidez de processamento, mas acompanhar toda essa onda de informações está sendo um pouquinho demais pra ele. Ele já sabia sobre Oliver e seu time, não foi difícil entender que com muito treinamento e disciplina se é capaz de se tornar um exímio arqueiro e lutador, mas toda essa história de metahumanos que ele só tinha ouvido falar na TV e tudo não passando de histórias fantasiosas para ele junto a saber da existência de viagem no tempo é quase demais, tanto que demora um tempo pra ele perceber a pequena loira a sua frente.
— Hey! – seu sorriso é quase tímido.
— Megan, ou deveria dizer, Felicity.
— É tão bom te ver de novo. – diz com um brilho nos olho, sorriso genuíno e as mãos mexendo inquietas.
— Vem cá pequena. – a puxa para um abraço que ela retribui rapidamente.
— Nem acredito que está aqui. – murmura aconchegando-se em seus braços – Não pensei que fosse vê-lo novamente. – profere afastando-se para encará-lo
— Eu sei, me desculpa – sussurra envergonhado e ela não entende porque – Sei que prometi que não me afastaria de Thea, mas não deu Megan, digo Felicity. – afirma triste – Era muita coisa pra assimilar, meu pai e Moira, Thea minha irmã, eu só pude ficar por um tempo até que ela estivesse encaminhanda.
— Ei, eu sei, não foi fácil, mas deu certo não foi, ela conseguiu.
— Sim, e hoje é CEO da própria empresa, quem diria hem.
— Oh, estou tão orgulhosa dela – diz alegremente –, e você hem, Caitlin Snow.
— Oh não, não venha com isso, Oliver Queen, quem pensaria. – declara com malícia deixando-a vermelha – Ei! – exclama finalmente se dando conta – Era ele? Todos aqueles anos atrás. – ela apenas rola os olhos como quem diz “óbvio” antes de lembrar que pra ele não se passaram apenas alguns dias.
— Nós estamos ferrados não estamos? – questiona em tom de brincadeira, seu olhar se voltando para Oliver que a observa de volta e sorrir.
— Totalmente. – assente olhando para Caitlin.

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