—Aqui é Eldamar, século 47. -O Doutor disse, caminhando lentamente entre a multidão. -Onde todas as nações se encontram.

—Isso é incrível. -Jo comentou, desviando de algumas mulheres vestidas com sáris e de homens usando saias escocesas. -É uma cidade de todos os países.

—Na verdade é um continente. -O Doutor disse. -Um continente novo, criado no século passado. Mas ele não é dividido como os outros. É apenas Eldamar. Jack, não. -O capitão revirou os olhos e se afastou de um grupo de garotas japonesas que pareciam completamente encantadas. -Você não consegue ficar cinco minutos sem dar em cima de qualquer ser vivo?

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—É um pouco difícil. -Retrucou.

—Percebe-se.

—Eu posso ler seu futuro?-Uma mulher perguntou, surgindo na frente do Doutor.

—Não gosto de spoilers. -Tentou passar por ela, que agarrou sua mão.

—Vejo aqui que enfrentará aquilo o que você mais teme. E será em breve. Não vai demorar.

—Acho que isso é o suficiente. -Tentou puxar o braço, mas ela o segurava com força. -Pode parar por aí.

—Eu vejo... Oh... Pobre Estrela Azul! Ela vai se apagar para sempre!-Soltou o Doutor como se ele a tivesse queimado e correu para longe.

—O que isso significa?-Jo perguntou.

O Senhor do Tempo apenas virou e começou a correr atrás da vidente, como se sua vida dependesse disso. Jack e Joanne suspiraram e foram atrás dele, quase o perdendo de vista algumas vezes. No fim, ele sumiu na multidão.

—Doutor!-Jo gritou, girando para olhar em volta. -Doutor! Não vejo nada.

—Com essa altura, eu não me espanto. -Jack provocou. -Vamos esperá-lo na TARDIS... Espera, estou vendo ele, bem ali perto do... Ah, droga.

—O que foi? O que está vendo?-Tentou se erguer na ponta dos pés, mas não via nada. Jack agarrou seu pulso, obrigando-a a correr. -O que você viu?

—Estão sequestrando o Doutor.

***

—Acho que vocês estão me confundindo com alguém. -O Senhor do Tempo argumentou, enquanto era arrastado para dentro de um complexo no lado norte de Eldamar.

Ele não conseguia ver o rosto de seus raptores. Todos usavam trajes escuros que lembravam uma armadura e capacetes da mesma cor.

—É sério, eu não faço ideia de quem são vocês. Acabei de chegar aqui. Eldamar não é um lugar pacífico? Não devia ter um exército aqui. Nem armas. É um continente da paz. A bandeira é totalmente branca!-Sem respostas. -Tudo bem, então não vão falar comigo.

Uma porta foi aberta e o Doutor empurrado para dentro. Assim que o trancaram, pode perceber que não era uma sala comum, e sim uma grande cápsula.

—O que isso faz?-Se aproximou da porta, pegando a chave de fenda sônica.

De repente, uma vibração passou pelas paredes. A máquina estava ligada. Um raio brilhou na parte de cima e atingiu o Doutor em cheio, fazendo-o gritar.

***

—Por que iriam sequestrá-lo?-Joanne perguntou.

—Porque ele é o Doutor, o último Senhor do Tempo? Sabe quão poderosos eram antes de morrerem?

—Como eles sabem quem ele é?

—Eu não faço a mínima ideia.

Jo e Jack estavam do lado de fora do complexo, observando-o de trás de alguns contêineres. Eles precisavam de um plano. Eram apenas dois para invadir um local fortemente guardado.

—O que a gente faz?-Joanne perguntou. -Como vamos invadir?

—Só pra começar, você vai ficar aqui fora.

—Não começa com isso de novo.

—Os guardas estão armados. Eu sou imortal. Você, não. Vou ficar muito mais tranquilo sabendo que você está aqui, em segurança.

—Você pode precisar de ajuda.

—Olha só, a não ser que você se torne o Lobo Mau, capaz de destruir o Universo todo em segundos, eu prefiro que fique aqui fora.

—Eu só quero ajudar.

—Isso é uma ordem. Sem o Doutor presente, eu sou o segundo no comando. -Jo revirou os olhos.

—Como quiser, capitão.

—Ótimo. Volte para a TARDIS... Não, não. Fique exatamente aqui. Quando o Doutor e eu sairmos, nos encontramos aqui.

—Tudo bem.

***

Joanne sabia que devia ouvir Jack e ficar de fora, mas não conseguiu obedecer.

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Encontrou uma entrada nos fundos do complexo e entrou, tomando todo cuidado do mundo. Ela não sabia com quem estavam lidando, nem o que aquelas pessoas estavam fazendo com o Doutor, nem o que poderiam fazer com ela se a pegassem.

Quase foi vista por dois guardas. Foi por muito pouco. Nesse momento, mesmo que detestasse armas, como o Doutor detestava, ela queria ter uma. Como ia se defender daqueles homens armados? A única coisa que ela tinha, eram palavras. Teria que usá-las se fosse capturada.

De repente, alguém virou no corredor à sua frente. Era ele. O Doutor.

—Você está bem?-Perguntou, se aproximando dele. -O que fizeram com você?

—Nada de importante. Consegui escapar. Precisamos sair daqui, agora.

—Mas Jack está aqui em algum lugar, temos que encontrá-lo.

—Ele já foi. Fiquei para trás para pegar você. -A garota franziu a testa.

—Como sabia que eu tinha entrado?

—Jack me disse.

—Ah. Certo...

—Agora me leve até a TARDIS.

—O que?-O Doutor parecia impaciente.

—Me leve até a TARDIS. Você sabe onde ela está, não sabe?

—Sei. Está... Hum... Na colina perto daqui, lembra?

—É claro que sim. Mas isso é um teste. Quero que me leve até lá.

—Tudo bem. -Começou a andar. -Por aqui. Eu achei uma porta destrancada por onde podemos passar. Pode ir na frente.

—Certo.

Passou por ela. Jo olhou em volta, agarrou uma coisa que devia ser um extintor de incêndio do futuro, e bateu na cabeça do homem à sua frente.

***

—Aí está você. -Jack disse, se aproximando do Doutor. -O que está fazendo?

—Tentando descobrir o que essa coisa fez comigo. -Respondeu, usando a chave de fenda sônica no painel perto da porta.

—Pode se apressar? Derrubei quatro guardas no caminho pra cá. Algum alarme pode soar em qualquer momento.

—Não me apresse. -Colocou os óculos. -E a Jo?

—Lá fora, esperando. -O Doutor o encarou. -Que foi?

—E você acreditou nisso? Ela deve ter entrado assim que saiu das suas vistas.

—Eu devia ter imaginado. -Sorriu. -A garota é durona. Bem como você gosta.

—Eu só queria que meus acompanhantes me escutassem às vezes. -Voltou sua atenção para o painel. -Ah, isso não é bom.

—O que foi?

—É uma máquina de clones. -Tirou os óculos e olhou para Jack. -Eles me clonaram.

—Então tem um clone seu aqui... E Joanne está no complexo.

—Precisamos encontrá-los. Agora.

***

Foi um golpe forte. Não que Joanne tivesse muita força. Mas devia ser o suficiente para derrubar o falso Doutor.

Não era.

Ele se virou, arrancando o extintor e o jogando de lado. Jo virou pra correr, mas o impostor foi mais rápido, agarrando-a pelo pescoço.

—Você não é o Doutor.

—Quando eu matá-lo, vou ser.

—Não. Você não vai... -Tentou empurrá-lo. -Doutor!

—Me leve até a TARDIS!

—Não. -Aumentou o aperto no pescoço dela.

—Posso parecer com seu Doutor, mas sou muito mais forte que ele. Pode escolher ficar ao meu lado e viver, ou escolher ficar ao lado dele e morrer.

—Tudo bem. Eu vou levá-lo até a TARDIS. -O impostor a soltou. Jo respirou fundo, esfregando o pescoço. -Por que quer a nave?

—Preciso olhar no coração dela, tomar toda aquela energia. Então serei o ser mais poderoso do Universo. Agora vamos.

—Tudo bem, tudo bem. É por aqui...

***

—Já mandei você guardar essa arma. -O Doutor lembrou, enquanto mexia num computador. Ele precisava acessar as imagens das câmeras de segurança para encontrar Joanne e o falso Doutor.

—Você pode não gostar dela, mas é muito útil.

—Você sabe o que eu penso sobre isso.

—Seu desprezo por violência não vai impedir que nos matem. Já atiraram contra a gente umas vinte vezes só nesses dez minutos.

—Isso não... Aqui! Achei! Não, não, não... Ela está com ele!

—Aonde eles vão?

—Eu não sei. Ah, droga!

—O que foi?

—Eles estão indo para a TARDIS. Nós temos que chegar neles antes. -Então começaram a correr.

***

—Como isso é possível?-Joanne perguntou. -Como você pode ser igual ao Doutor?

—Eu sou um clone dele. E quando destruí-lo, serei único.

Sem saber mais o que dizer, Jo apenas continuou subindo a colina, um pouco à frente do falso Doutor.

Ela não tinha um plano, não tinha uma arma e nem como se comunicar com Jack e com o verdadeiro Doutor. Tinha que torcer por um milagre.
Diminuiu o passo, fazendo o impostor ficar mais impaciente. Ele podia parecer com o Doutor, mas seu temperamento era totalmente diferente. Ele tinha gritado com ela quando a garota tropeçou e caiu sobre as pedras da colina e demorou a levantar. Tinha agarrado seu pescoço no complexo e falava em matar sem hesitação. Definitivamente não era um clone perfeito.

Quando chegaram no topo da colina, Jo parou de andar. Fim da linha.

—Onde está a TARDIS?-Sentiu a arma que ele segurava cutucar suas costas. Se virou, afastando-se da beirada. -Cadê a nave?

—Eu menti. Não está aqui. E se depender de mim, você não vai achá-la.

—Eu posso matá-la e encontrar a nave sozinho.

—Então boa sorte.

Jack e o Doutor se aproximaram rapidamente, mas pararam quando o clone apontou a arma pra eles.

—Jo?-O Doutor perguntou.

—Estou bem. -Olhou de um para o outro. -Vocês dois realmente são idênticos... Na aparência.

—Essa situação é bem familiar, eu te conto depois. Agora você. -Encarou o impostor. -Isso não precisa acabar com ninguém ferido, eu posso te levar para algum lugar bom, se você prometer que nunca vai machucar alguém.

—Não é assim que funciona. -Retrucou. -Eu tenho planos. Planos que não devem ser parados. Eu já teria conseguido realizar parte deles se ela não tivesse mentido.

—Essa é a boa e velha Joanne. Você tem uma parte das minhas memórias, então devia saber como ela é. Pode não parecer, mas Joanne não se deixa paralisar pelo medo. Ela sempre pensa em alguma coisa. Se agarra a qualquer pedacinho de esperança e usa isso pra achar uma saída. Não é, Joanne?

A garota estava confusa. O Doutor parecia estar querendo dizer algo a ela, algo que poderia ajudar, mas ela não sabia o que era. Se ele fosse um pouco mais claro...

—Isso devia me comover?-O impostor perguntou. Ele mirava o Doutor agora. -Por que só está conseguindo me entediar.

—Ninguém precisa se machucar. -Repetiu, lentamente. -Você só precisa se acalmar, então nós vamos encontrar um novo lar pra você. Já pensou em...

De novo, como se visse tudo em câmera lenta, Joanne viu o impostor colocar o dedo no gatilho e disparar. Sua única reação foi se jogar na direção dele e empurrá-lo, fazendo-o cambalear para a borda e cair.

O Doutor gritou e correu para frente, olhando lá pra baixo. Jack se aproximou devagar.

—Ele está morto. -Declarou. O Doutor virou para Joanne.

—Você o matou. Entende o que você fez? Você o matou!

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—Desculpe. -Pediu. -Ele... Ele ia matar todos nós... Eu apenas... Eu não queria... Mas não havia outro jeito...

—Sempre tem outro jeito!-A garota se encolheu. -Mas vocês humanos sempre tem que deixar seu pior lado vir à tona, não é? Vocês sempre tem que matar qualquer um que fique no caminho!

—Pare de gritar com ela!-Jack mandou, ficando entre os dois.

O Doutor apenas se virou, encarando o nada. Joanne começou a recuar.

—Vou voltar para a TARDIS. -Murmurou, limpando as lágrimas que estavam quase caindo.

—Jo... -Jack começou.

—Tudo bem. Nos encontramos lá.

Assim que ela estava fora do alcance de som, o capitão se virou para o Doutor.

—Qual é o seu problema? Você viu como falou com ela?

—A vidente.

—O que tem a vidente?

—Estava certa. Ela disse que eu ia enfrentar aquilo que mais temo. -Encarou o corpo caído metros abaixo. -Ele era igual a mim, mas cheio de escuridão. Corrompido pelo ódio. Desejando o poder.

—E você tem medo de se tornar aquilo.

—Tenho. -Se virou pra ele. -Eu tenho, sim.

***

Quando o Doutor entrou, Joanne tentou se preparar para ouvi-lo dizer que ela tinha que voltar para casa, que depois do que fez, não podia continuar como tripulante da TARDIS. Estava até com a chave da nave na mão, pronta para entregá-la.

—Me desculpe. -O Doutor disse. -Eu não devia ter falado aquelas coisas.

—Eu entendo. Já percebi o quão importante você acha salvar todo mundo. Sinto muito por decepcionar você.

—Você não fez isso.

—Eu fiz. Vi nos seus olhos. Eu te decepcionei. E lamento por isso. -Estendeu a chave. -Estou pronta pra ir pra casa. -Ele fechou a mão dela, segurando-a.

—Eu não estou expulsando você.

—Não está?

—Não. -Puxou a garota para um abraço. -Eu não posso expulsar uma das melhores acompanhantes que já tive, posso?

—É verdade?-Afastou o rosto para encará-lo. -Eu não sou uma decepção?

—Não, você não é. -Sorriram um para o outro. Jack se aproximou, abraçando os dois.

—Abraço em grupo!-Exclamou.

—Você realmente não consegue se conter, não é?-O capitão riu.

—Você sabe que não.