Alice estava feliz, afinal. Tinha tudo o que precisava para ter uma vida confortável: morava com o rapaz que amava, tinha dinheiro para sobreviver, estava mais feliz do que nunca. Um dia, quando estava abraçada com Isaac assistindo televisão, se pegou pensando em ter filhos. Ficou imaginando como eles seriam, se teriam os olhos de Isaac, se teriam o cabelo da garota (castanho-escuro, essa era a verdadeira com de seus cabelos).

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Isaac tinha saído naquela noite, ele precisava resolver alguns assuntos da corrida que teriam em menos de algumas horas, e ela estava se arrumando. Decidiu que faria um penteado diferente, usaria as roupas novas que comprara naquele dia, além de um par de saltos-altos novinhos. Estava terminando sua maquiagem quando ouviu a porta bater. Sorriu, terminando de passar o batom vermelho nos lábios, saindo do banheiro correndo e colocando os saltos. Queria fazer uma surpresa para Isaac.

Respirou fundo e saiu do quarto, indo direto para a sala. As luzes estavam apagadas, apenas a lua iluminando a sala de estar do apartamento de luxo que Isaac comprara junto com Alice. Viu o rapaz perto da porta, a lua cheia iluminando sua silhueta. Ele tinha as mãos nos bolsos do jeans e olhava para baixo. Ainda sem acender a luz, andou até ele com passos leves, abraçando-o na cintura. Pode vê-lo sorrindo, e sorriu também.

– Senti sua falta. Achei que você nunca chegaria. – ela disse, sorrindo e ficando na ponta dos pés para beijá-lo.

Ele se aproximou e juntou os lábios nos dela, de um jeito quase selvagem. Era um beijo diferente dos habituais, como se o garoto estivesse há muito tempo sem vê-la, choques secundários e constantes percorriam todo o corpo da garota, deixando-a entorpecida. Fechou os olhos, aproveitando aquela sensação nova.

Ele a virou e prensou-a contra a parede, fazendo com que as costas dela batessem nos interruptores de luz. As luzes da sala acenderam, e quando a garota abriu os olhos novamente, não viu os olhos verdes e expressivos de Isaac. Ao contrário, viu dois olhos azuis gélidos e insanos. Um grito ficou preso na garganta de Alice.

– Guilherme... O que você está fazendo aqui?!

– Eu sempre soube que você me amava, Alice. – Ele abriu os lábios em um sorriso característico do Gato de Cheshire. Um sorriso completamente psicopata, que fez todo o corpo da garota tremer. – Esse beijo foi só mais uma prova.

– Eu... Eu pensei que fosse Isaac! Como você entrou aqui?

– Não tente negar, meu amor. – Guilherme praticamente sibilou aquelas últimas palavras, tirando a franja azul do rosto de Alice. Ela não conseguia se soltar, pois ele segurava seus braços de maneira obsessiva, podia sentir os hematomas se formando na sua pele. – Eu ouvi o que você disse quando eu cheguei. Você disse que sentia minha falta e que achou que eu nunca mais chegaria. Você precisa de mim.

– Por favor, me solte. – sua voz saiu quase sussurrada, sentindo que logo iria chorar. – Por favor.

– Não chore, meu amor. Eu vou te proteger de tudo, tudo mesmo. Até de Isaac. – Ele tirou o revólver do jeans, sem desviar o olhar dos olhos escuros dela. – Ele nunca mais irá te machucar.

– Guilherme... Por favor, vá embora. Me deixe em paz, me deixe viver. – As lágrimas já rolavam pelo seu rosto. – Só me deixe ser feliz.

– Venha comigo. Você vai ser mais feliz do que nunca.

– Não. – sua voz saiu muito mais firme. – Eu não amo você, Guilherme. Eu amo Isaac. Ele é o homem da minha vida.

Ele tentou beijá-la mais uma vez, mas a garota virou o rosto, com raiva. Deu um forte pisão no pé do rapaz, fazendo-o soltá-la. Ela correu até o outro lado da sala, ficando atrás do sofá. Sentou-se ali, de costas para ele, sentindo as lágrimas e os soluços possuindo seu corpo. Estava com medo, medo de que Guilherme pudesse fazer qualquer coisa com ela, que ele a matasse.

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Encostou as costas no sofá, encolhendo as pernas, o rosto entre os joelhos. Não soube quanto tempo ficou ali, Guilherme observando-a naquele mesmo lugar, o revólver nas mãos. O único som no apartamento foram os soluços desesperados da garota.

Ouviu a porta abrir, mas, antes do rapaz ir embora, o ouviu sussurrar:

– Eu te amo, Alice.

A porta fechou levemente, e Alice deixou-se chorar. Deixou que aqueles soluços invadissem o apartamento, as lágrimas tomassem conta de seu rosto. Ficou ali até ouvir a porta abrir novamente e sentir um toque quente no ombro. Só uma pessoa no mundo tinha um toque daqueles, e caiu no colo de Isaac.

Ele não disse nada, só a abraçou apertado, deixando que as lágrimas manchassem a jaqueta de couro de Isaac. Separou-se dela e levantou o queixo dela com os dedos, fazendo-a olhar fundo em seus olhos verdes.

– O que aconteceu? – ele murmurou, percebendo o desespero na garota.

– Guilherme... Ele me achou. Ele nos achou e disse que iria te matar.

– Ele nunca irá me matar, Alice. Fique tranquila, eu vou te proteger.

– Ele é louco. – sussurrou, abraçando-o novamente.