Meu último pensamento foi: minha irmã amaria essa blusa. E instantes depois eu estava correndo – seriamente como uma louca fugindo do sanatório.

Em qualquer outro dia o shopping da cidade não estaria tão Cheio. Mas hoje há pessoas em todo lugar, passeando pelas vitrines, estudantes conversando com os amigos, outros protagonizando cenas de beijos em um nível de alta censura, bebês em carrinhos (como o que quase me atropelou) _ porém um dia normal para mim é ficar lendo um romance (quanto mais meloso melhor!) _esparramada no sofá – ou então na minha cama. Parte de mim só queria ater um “gostinho” de como é ser uma adolescente rebelde. Deixar de ser o tipo que faz o que todos esperam. Como passar o sábado inteiro estudando, mesmo sabendo que nada irá desfazer as terríveis notas dos últimos anos.

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Você já pode imaginar o motivo de uma garota de 17 anos estar fugindo de um shopping em um sábado de liquidação....Seu pai.

Duas opções: confronto ou banheiro.

Nem preciso dizer que escolhi a alternativa mais sensata... Banheiro.

Andei de costas tentando ao mesmo tempo fugir e manter um olho em meu pai, e colidi com a porta do banheiro. Tropecei em meus pés, e com a maior classe do mundo cai de bunda no chão. Mãos nos meus cotovelos me ajudaram a levantar. Uma risadinha ecoando no banheiro, me fez virar pronta para dizer: Quem nunca? Mas tudo que eu consegui dizer é:

— Oh Deus você é um menino? - Antes que você pergunte, eu não bati com a cabeça.

Ou talvez eu tenha batido porque eu juro que na minha frente, a centímetros de mim, estava um garoto com o sorriso mais arrogante visto pela humanidade.

— Nenhuma garota disse o contrário antes – disse o dono do sorriso arrogante.

Franzi a testa.

— O que você está fazendo aqui? – retorqui.

— Você não acha que eu deveria perguntar isso? – ele devolveu fitando um ponto fixo atrás de mim. Virei à cabeça para ler WC MASCULINO escrito em letras vermelhas e garrafais.

Senti meu rosto aquecer de vergonha.

— Eu... Uh banheiro masculino? – falei. Talvez pelo seu tamanho, mas tão logo as palavras saíram da minha boca eu me senti ainda mais infantil do que antes perto dele.

Certo, eu sei que não estava tendo a minha melhor conversa, mas eu ainda estava tentando entender à parte dele ser um garoto, e tudo mais.

— Tenho certeza que sim. De forma nem um pouco discreta ele arrastou seu olhar por todo meu corpo, fazendo pausas igualmente nem um pouco sutis em algumas partes.

— Será que você perdeu alguma coisa em mim seu babaca? – sibilei.

— Não – respondeu, e ele tinha um sorriso aprovador na voz – mas eu poderia.

Revirei os olhos, e fui em direção à porta do banheiro, só para parar relutantemente. Virei novamente para ele. - Preciso da sua ajuda – falei erguendo o queixo. _Você pode sair e ver se tem um homem de calça preta, camisa branca e...

— Por que eu faria isso? – ele interrompeu.

— Por favor? – apelei ignorando minha dignidade olhando feio para mim.

Eu não precisava de mais um motivo para brigar com meus pais. De uns dias para cá, é como se eles estivessem vivendo em uma bolha de pressão. Cada pequeno motivo era o suficiente para uma explosão. Isso quando eles estavam em casa e não no trabalho. Que eram poucas vezes na semana.

Tristemente o babaca era a minha única chance de sair sem ser vista.

— Eu vou querer algo em troca – disse com um sorriso travesso. Seu sorriso arrogante revelou covinhas em suas bochechas.

— Não – resmunguei.

Ele começou a se aproximar de mim, ficando perto o suficiente para me fazer sentir seu hálito no meu rosto ao sussurrar:

— Então nada feito – soltei um suspiro longo.

Pense na discussão que vai ter mais tarde se pegarem você aqui.

— ok – cedi- mas... –e ele simplesmente saiu.