Nos portões da escola

– Vamos, Alison. Me conte! - Martina me deu um leve empurrão com a mão - Onde você e o Gabriel foram?

Marti sempre me perguntava isso. Como o namoro era proibido pois meu pai e minha mãe disseram que eu não podia namorar ou florecer um amor sem antes descobrir "o segredo da minha vida", e não me contariam. Eu teria que descobrir sozinha. Segredo? bem, no começo também não levei a sério mas depois que meu pai faleceu, meus valores mudaram.

Eu não pedi para me apaixonar, simplesmente aconteceu e antes que eu pudesse imaginar, eu já estava sendo beijada a luz da lua. Não contei a minha mãe e nem pretendo tão cedo. Quando o "segredo" for revelado eu contarei e se ele não for, bem, minha família terá que aceitar o fato de eu amar Gabriel, assim como aceitaram o fato do casamento dos meus pais.

– Gabriel me levou para a praia ontem a noite - começei a me lembrar, dos abraços, dos beijos da noite passada e automaticamente sorri.

– Ah, você tem tanta sorte por ter um garoto que te ama e faz de tudo por você! - Marti encostou a cabeça da janela. Lamentava-se por não estar em um relacionamento.

– Não. Eu tenho sorte de ter uma amiga como você, que deixa eu dizer a minha mãe que eu estou na sua casa, quando na verdade estou me encontrando com o meu namorado. E calma, Marti. Você é linda e uma pessoa maravilhosa, o garoto certo vai aparecer.

– Que apareça longo. Eu tenho 17 anos, já cansei de esperar. - Ela riu. Até o som da sua risada eu invejava.

A pirúa escolar chegou a seu destino. Já podia ver os grandes portões que demarcavam a entrada da escola. Assim como todos os dias, havia uma "multidão" na entrada.

Saí daquele lugar já lamentando o momento que entraria na sala e teria que ficar mais de uma hora ouvindo os professores falarem e na maior parte do tempo gritando por silêncio.

De quando saí de casa até agora, já havia esquentado muito, o casaco era inútil agora.

Depois de passarmos pelos portões e subirmos as escadas, chegamos a sala e lá, no fundo, sentado com cabeça baixa, mesmo um pouco escuro, mesmo sem ver seu rosto direito, reconheceria o cabelo castanho escuro que costumo passar a mão, sempre. Gabriel. Ele olhou para frente ao me ouvir falando com Marti. Sua reação ao ouvir minha voz sempre me surpreendia. Seus olhos verdes se arregalaram ao me ver e ele sorriu. E seu sorriso poderia iluminar uma cidade inteira.

Ele se levantou de sua carteira e andou em minha direção, sem tirar o sorriso do rosto. Quando estava perto de mim, pegou minha mão, puxando-me para dentro de seus braços.

Naquele abraço apertado e quente eu me sentia tão segura. Com ele, eu sempre me sentia segura.