A Funcionária

Capítulo - VI - Talvez tenha ficado louco, mas não me importo


~*VI*~

Talvez tenha ficado louco, mas não me importo

Eu estava esperando por Tsunade há um bom tempo no bar que ela costumava frequentar. Meus dedos tamborilavam ansiosamente sobre o balcão de madeira, enquanto meus olhos permaneciam ansiosos na direção da porta do bar. Eu havia ligado para minha tia naquela mesma tarde depois que Sakura me abordou na saída do restaurante italiano. Havia muito que dizer para Tsunade e a ideia que tive estava quase explodindo na minha cabeça, eu tinha que saber se daria certo, se era uma loucura ou era a melhor decisão que já havia tomado na minha vida.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Quando ela finalmente entrou no bar, pedi sua bebida favorita ao barman.

—Sasuke, o que eu fiz foi... – começou Tsunade sentando-se na banqueta ao meu lado. Ela deveria ter lido a minha expressão no momento que me viu.

—Pelo meu bem, eu já sei. – interrompi revirando os olhos sem poder evitar. – Mas você não precisava envolver a minha mãe no assunto.

Eu até poderia entender que era para o meu bem, que ela se preocupava comigo, mas envolver minha mãe na história era golpe baixo. Tsunade a conhecia muito bem e deveria saber que minha mãe iria surtar e fazer suposições erradas.

—Em todo caso, não estou aqui para te dar uma bronca. – disse antes que ela começasse com suas explicações sobre o motivo de falar sobre a minha vida com a minha mãe. – Como você conseguiu contratá-la?

Tsunade me olhou por um momento parecendo surpresa, acho eu decidindo se deveria me contar o que queria saber ou me aconselhar do contrário.

—Quando pesquisei sobre ela soube do seu interesse na área da tecnologia, então pedi para que o pessoal do DP entrasse em contato. Eu queria que ela deixasse a central de cobranças, achei que seria melhor se ela se afastasse de você. – respondeu Tsunade com os olhos na bebida que o barman acabara de servir.

—Então fez com que a contratasse. – afirmei irritado. Ela queria afastar Sakura de mim, esse pensamento fazia meu sangue ferver.

—Claro que não. Eu consegui uma entrevista. Se ela fosse tão inteligente como parecia, ela conseguiria passar sem problemas. E foi o que aconteceu.

—Em que setor? – perguntei curioso e desconfiado. – Para qual cargo?

—Eu não faço milagres, Sasuke. Sabe que só contrato profissionais capazes de construírem suas próprias carreiras.

—Em que área, Tsunade? – insisti com irritação. Tinha a ligeira impressão de que não era o cargo dos sonhos.

—Ela é uma assistente geral.

—O que?! – Quase caí. Isso era um absurdo! Aquele era um cargo de nível estagiário. Sakura merecia algo muito melhor, mesmo não tendo formação. Era um desperdício de suas habilidades.

—Não me olhe assim, Sasuke. Se ela for tão inteligente e capaz quanto parece não ficará muito tempo nessa posição. – retrucou Tsunade achando que essa resposta me faria sentir melhor. Não fez porra nenhuma. – Como foi que soube, afinal?

Contei a ela tudo que tinha acontecido mais cedo naquele dia. Desde encontrar Sakura e Sasori praticamente almoçando juntos até sua abordagem do lado de fora do restaurante em que ela me deu sua explicação dos fatos.

Tsunade ouviu tudo atentamente e me olhou estreito, parecendo duvidar de Sakura.

—Ela ainda não sabe quem você é? – perguntou minha tia duvidosa.

—Acredito que não. Pelo menos não me parecia.

—Isso é fácil descobrir. – Ela deu de ombros e terminou sua bebida. – Mas ainda acho que você está tendo trabalho demais por uma mulher... Por mim, você já teria partido para outra.

—Eu não vou desistir. – afirmei com um olhar estreito. Tsunade me conhecia muito bem. Sabia que eu gostava de um bom desafio. Não entendia o motivo de ela estar me dizendo aquilo. – Pelo menos, não tão rápido.

Ela bateu na mesa e soltou um bufo irritado.

—Se você a quer, basta pegá-la de uma vez, droga! Isso nunca foi difícil para você. Você é Sasuke Uchiha, porra!

—Não quero pegá-la como uma propriedade. – Retruquei sem humor para sua afirmação. Tsunade deveria me conhecer melhor. Eu não era o tipo que conseguia as coisas apenas pelo meu nome. – Quero conquistá-la. Quero saber o que ela pensa sobre mim, como se sente a meu respeito... Quero ter certeza de que ela quer ser... minha.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu me arrependi do que disse quando vi o olhar surpreso que Tsunade lançou para mim. Eu normalmente não dizia tudo o que sentia, por isso fiquei envergonhado e furioso ao mesmo tempo. Pedi mais um drink e o tomei de uma vez só enquanto minha tia ainda me encarava com os olhos brilhantes e um leve sorriso.

Que ótimo.

—Pois bem, sobrinho. – Disse ela depois de um tempo frustrante. – Me desculpe pela minha interferência. Eu prometo que vou ajudá-lo e não tentar atrapalhar. Se é isso que quer, você terá o meu apoio. Mas para poder conhecê-la e conquistá-la, ela deve estar próxima, não acha? Trabalhando em outra empresa, mesmo que os prédios estejam na mesma rua, é como em outro país.

—Eu sei. Também pensei sobre isso. – Respondi com o olhar pensativo. O que eu tinha em mente poderia fazer Tsunade cair para trás, por isso me preparei antes de falar.

Eu a encarei sério e esperei ela pedir outra bebida ao barman.

—Ainda está de pé a proposta de venda das ações da Global SA? – Perguntei arqueando uma sobrancelha.

—O que?! Você está propondo comprar a Global SA para ficar mais perto dela? – Tsunade arregalou os olhos, mas eu não respondi nada, apenas a encarei. Ela olhou para todas as direções como se não acreditasse em mim. – Existe uma forma muito mais fácil de conseguir conquistá-la, sabia?

—E qual é?

—Dizer a ela quem você é, dizer o que sente e convidá-la para sair. – Tsunade deu de ombros como se fosse obvio. – Isso é o que os homens normais fazem, Sasuke.

—Quero fazer diferente dessa vez.

Tsunade entendeu o que eu queria dizer, por isso não precisei explicar. A primeira e última vez que banquei ser o cara romântico fui enganado. Não que isso fosse uma desculpa para o que estava fazendo, mas eu queria que tudo continuasse sendo diferente, porque desde o começo, desde o primeiro dia que conheci Sakura Haruno, minha vida estava diferente. As emoções eram novas, as experiências eram novas, os sentimentos eram novos. Tudo era imprevisível e o curioso era que isso, ao mesmo tempo que era frustrante, era maravilhoso.

Por um longo tempo Tsunade não disse nada, apenas me encarava pensativa. Seu silêncio estava me matando, embora eu soubesse que ela fosse aceitar minha oferta.

Depois do que pareceu um longo momento, ela me encarou com uma expressão séria e disse depois de dar um gole na sua bebida:

—Espero que ela valha tudo isso.

Lancei a ela um meio sorriso.

—Você não faz ideia do quanto ela vale.

~*~*~*~*~

Infelizmente para mim, o processo de compra de uma empresa multinacional como a Global SA levava muito tempo e por isso o meu plano demorou um pouco mais de duas semanas para ser executado.

Mas o lado bom, era que eu podia vê-la todas as tardes no restaurante italiano perto da empresa. Sempre no mesmo horário, sentada sempre no mesmo lugar com a mesma amiga. Eu queria poder cumprimentá-la como uma pessoa normal, convidá-la para almoçar comigo, mas tive que seguir o conselho de Tsunade para não chamar atenção do Akasuna para nós. Segundo ela, ele estava nos observando de perto e com muita curiosidade. Eu não dava a mínima para aquele filho da puta e para forma como ele se metia na minha vida, mas se Tsunade estava preocupada com o que ele pudesse fazer associando Sakura a mim, então eu precisava seguir o conselho dela e me manter distante. Ela sempre tinha razão quando se tratava em ter cuidado com alguém, principalmente com o Akasuna.

Todas as tardes no restaurante, ao longe, eu podia sentir Sakura me encarando. Me doía não poder retribuir seu olhar ou fazê-la entender a confusão que se passava em sua cabeça. Com certeza ela deveria me odiar por ignorá-la daquele jeito. Por isso eu esperava que essa artimanha de Tsunade desse certo ou ela iria se arrepender.

Para fechar a compra das ações da Global SA era necessário realizar uma reunião com todos os acionistas em Paris. Eu não achava uma boa ideia levar Sakura para outro país, isso não estava nos meus planos, pois algo poderia dar errado. Mas minha tia, novamente com aquela segurança que só ela tinha, disse que tudo daria certo e que eu não deveria me preocupar. Segundo ela, quanto mais tempo eu passasse mais perto de Sakura melhor seria. Disso eu não poderia discordar, mas eu podia ver nos olhos de Tsunade que ela mesma queria ter um tempo a sós com Sakura para conhecê-la melhor. Tsunade se achava uma pessoa muito boa em julgar o caráter dos outros.

—Está me ouvindo, Sasuke-kun?

Senti uma mão pequena e fria tocar o meu rosto, afastando meu cabelo para trás. Encarei a Srta. Yumi com uma careta. Ela era a chefe da contabilidade da CGCG, com quem tive um caso há um tempo. Um de muitos erros que já cometi. Tinha acabado de assumir a empresa quando fomos apresentados e depois de uma reunião que acabou tarde da noite, terminamos indo para sua casa.

Na época tinha deixado bem claro que aquilo era caso de uma noite que não iria se repetir, mas para meu azar ela só fingiu que entendeu. Estávamos almoçando juntos no Sapori di Italia naquela tarde (uma ordem de Tsunade da qual estava extremamente arrependido de ter acatado era ser visto com outras mulheres para desviar a atenção de Sasori na Sakura). Não tinha feito uma boa escolha ao convidar Yumi, porque em qualquer oportunidade ela tocava em mim.

Eu estava sentado em um lugar com uma vista privilegiada de Sakura, que em vários momentos trazia seus belos olhos verdes até mim. Eu podia sentir quando ela me olhava e tinha sido no exato momento em que Yumi tocara em mim.

Arrisquei um olhar rápido em Sakura e sua expressão irritada fez meu coração saltar do peito. Será que ela poderia estar com ciúmes?

—Você parece muito distraído, Sasuke-kun. – Disse Yumi com um sorriso e inclinando-se na minha direção depois de jogar o cabelo loiro para trás do ombro. Ela parecia muito persistente em me mostrar seu decote, mas a minha atenção estava totalmente voltada para Sakura sentada há metros de nós.

Ignorei a observação de Yumi sobre eu estar distraído e votei a falar sobre o tema da última reunião com a contabilidade, deixando nossa conversa explicitamente profissional, enquanto Sakura Haruno se levantava e ia embora, depois de me lançar mais um rápido olhar.

~*~*~*~*~

Deixe tudo comigo, dissera Tsunade. Eu confiava nela, porém não podia evitar sentir aquele nervosismo. Minha tia não quis me dar os detalhes, apenas me mandou ir para Paris sem fazer perguntas. E isso estava quase me matando!

Eu tinha acabado de chegar ao edifício da Global SA com meu assistente Konohamaru. Fomos levados até a sala de reuniões principal, onde não havia ninguém. Eu estava tão ansioso que sentia minhas mãos suarem.

—O senhor está bem, Sasuke-sama? – Perguntou meu assistente com uma cara estranha. – O senhor está inquieto desde que saímos do hotel.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu sabia que não estava agindo normalmente. Eu não me sentia eu mesmo nos últimos dias. Claro que outras pessoas iriam notar.

Escondi minhas mãos nos bolsos ignorando Konohamaru que ainda me encarava com aquela cara estranha. Meu celular tocou me deixando ainda mais ansioso por acreditar que era Tsunade, mas na verdade era meu assessor financeiro. Entreguei o telefone ao Konohamaru, não estava com paciência para falar com ninguém naquele momento.

Enquanto Konohamaru falava ao telefone, recomecei a andar de um lado para o outro começando a me sentir ridículo. Nunca fui um homem ansioso, sempre soube controlar bem minhas emoções. Mas naquele dia eu simplesmente não conseguia.

—Teremos que adiar a reunião, Sasuke-sama. – Disse meu assistente me devolvendo o celular.

—Merda. – Praguejei cerrando os punhos e Konohamaru me olhou com olhos estreitos de novo. Era agora que os planos começariam a dar errado? – O que aconteceu?

—O assessor perdeu o voo, ele só vai chegar aqui amanhã de manhã.

Confiei em Konohamaru para reagendar a reunião e notificar todos os acionistas a tempo. Saí da sala de reuniões discando o número de Tsunade para saber onde ela estava e foi quando a vi.

No meio do corredor, vindo na minha direção lentamente com a cabeça baixa segurando um iPad. Uma das paredes do corredor era totalmente de vidro do chão ao teto. A luz do sol que entrava caía sobre Sakura como se estivesse ali unicamente para iluminá-la.

Ela não me viu parado no meio do seu caminho, paralisado como uma estátua, impactado por sua beleza. Por um momento não acreditei que era ela realmente ali, eu só poderia estar alucinando. Como ela apareceu assim para mim de repente? Mas, quando ela esbarrou no meu corpo, eu acreditei. Uma corrente elétrica percorreu todo o meu corpo e porra! O que era aquilo? Meu coração deu um salto e acelerou como se fosse explodir.

Sakura se desequilibrou por um segundo e sem me reconhecer começou a se desculpar em francês. Quando seus olhos se chocaram com os meus ela ficou muda. Tenho certeza de que pensou estar alucinando também, como eu pensava um segundo atrás.

Ela estava exatamente como me lembrava. Linda como sempre, usando cores vívidas que realçavam ainda mais sua beleza exótica. Enquanto, que eu estava vestido todo de preto como se voltasse de um funeral, ela usava vermelho e branco. Vi seus olhos me analisarem rapidamente dos pés à cabeça como eu mesmo tinha feito, quando avistei Tsunade se aproximando de nós pelas costas dela.

Respirei aliviado por minha tia nos interromper, pois não fazia ideia de como enfrentar Sakura naquele momento. Mais uma vez culpei Tsunade por me deixar totalmente no escuro sobre seus planos. O quanto ela tinha revelado à Sakura? Ela já sabia quem eu era?

—Sasuke-kun, meu querido! – Tsunade me cumprimentou com um abraço.

—Como foi a viagem?

Enquanto Tsunade representava seu papel de tia amorosa, percebi que Sakura aproveitou nossa distração para soltar o ar dos pulmões que, aparentemente, segurava desde que tinha me visto. Tsunade nos apresentou e Sakura parecia tão confusa que por um momento me senti extremamente culpado.

—Como vai, Sr. Uchiha? – Perguntou ela tentando deixar a voz firme e falhando consideravelmente. Ela forçou um sorriso e eu quis me bater por deixá-la assim tão desconfortável.

—Bem, obrigado. – Respondi com um aceno de cabeça e Sakura parecia ainda mais confusa. Não tenho dúvida de que ela esperava que eu revelasse a Tsunade que a gente já se conhecia, mas eu estava tão nervoso que simplesmente esqueci desse detalhe. Tsunade sacudiu levemente a cabeça enquanto me encarava. – A reunião foi adiada.

—O que? Eu não acredito! – Tsunade parecia bem irritada e eu suspeitava que era por ter sido pega de surpresa.

—Um dos meus assessores perdeu o voo e só chegará amanhã.

—Era só o que me faltava! Pelo menos terei mais tempo para descansar da viagem.

Tsunade caminhou de volta para o elevador depois de se despedir de mim e Sakura a seguiu. Nossos olhos se cruzaram uma última vez antes das portas do elevador se fecharem entre nós.

Pela expressão confusa em seu rosto, agora eu tinha certeza de que ela ainda não sabia quem eu era. Tsunade iria lhe revelar o que ela precisava saber sobre mim e só de imaginar isso, meu estômago se embrulhava.

Merda. Eu odiava me sentir assim.

~*~*~*~*~

—Pronto. Ela já sabe de tudo, Sasuke.

Naquela mesma noite, encontrei com minha tia no bar do hotel em que nos hospedamos. Ela me contou sobre a longa conversa que teve com Sakura naquela tarde. Eu confesso que estava muito nervoso, mas pelo que Tsunade descrevera, a reação de Sakura não foi negativa ao descobrir a verdade sobre mim.

—Agora é com você. – Disse ela antes de dar um gole em seu drink. – Ela está muito curiosa pelos detalhes. Quem sabe vocês não conversam durante a festa de amanhã?

—Talvez... – Suspirei pensativo. Não queria fazer muitos planos agora que Sakura sabia de tudo. Dessa vez era melhor deixar as coisas fluírem naturalmente, se assim fosse a vontade dela.

—O Akasuna está vindo para cá. Achei que precisava saber antes de ser surpreendido. – Revelou Tsunade como se aquilo fosse nada demais. Eu não precisei dizer nada para ela saber que eu estava puto. – Você sabe que ele tem uma porcentagem nas ações da CGCG, embora seja muito baixa.

—Mas na cabeça dele, ele acha que tem direito ao voto do conselho por isso? – Perguntei entredentes.

Tsunade deu de ombros.

—Vamos apenas ficar atentos amanhã, Sasuke. Durante a reunião e durante a festa. Você sabe que ele poderá tentar causar algum escândalo.

Embora estivesse preocupado pelo que a presença de Sasori Akasuna pudesse causar amanhã, eu não conseguia ignorar o fato de que Sakura sabia quem eu era e que naquele momento possivelmente estava pensando em mim. O pensamento me acalmou e me fez sorrir. O Akasuna não era páreo para esse sentimento.