A Floresta Negra

Capítulo 14 -Parceiros improváveis


Rendel e Darten estavam escondidos em um beco, haviam despistado os três lobos que os havia perseguido na noite passada:

–Não fui feito para dormir no meio do lixo. –Rendel chuta uma garrafa longe –nojento!

–Você que disse que deveríamos ficar escondidos. –Darten ri –desculpe se não tinha uma cama chique no meio do lixo.

–Pare de fazer caso de mim! –Rendel fica emburrado –eu fui criado na corte do rei, por isso tenho... Gostos refinados...

–Você é bem engraçado –Darten ri –por trás da máscara de estrategista cruel, você é um lobo “refinado” –ele faz aspas com os dedos:

–Cale a boca! –Rendel lhe dá um peteleco na testa –vamos sair daqui antes que alguém apareça.

–Claro. –Darten ria enquanto se levantava.

Os dois lobos vão até as ruas e olham ao redor:

–Estranho, está vazia... Geralmente tem alguém por aqui a esta hora... –Rendel fala:

–Talvez por causa deles... –Darten aponta para o esquadrão que estava atrás deles, com lanças em punho:

–Sério? Eu realmente odeio minha vida... –os dois saem correndo, o esquadrão inteiro gritava e ia atrás dos dois:

–Afinal, porque eles estão nos perseguindo como se fossemos criminosos? –Darten pergunta –bem, tirando o fato que eu sou um criminoso...

–Não, é por minha causa que eles estão doidos. –Rendel fala –te falo quando estivermos seguros.

–E onde é seguro? Com certeza não é aqui, na Toca.

Mais a frente, eles ouvem uma comoção. Mais guardas aparecem, só que estavam perseguindo outra pessoa, que se choca contra os dois fugitivos:

–Mas que merda foi essa?! –Rendel fala, enquanto se levantava e olhava a pequena figura que também se levantava –VOCÊ?!?!

–Hei, não grite na minha cara... MAS QUE MERDA! –Kurayami grita ao ver quem estava na sua frente:

–Você deveria estar morta! –Rendel aponta o dedo para ela:

–Não aponte o dedo para mim, seu lobo asqueroso! –ela da um tapa na mão dele. Os dois se encaram com fogo nos olhos:

–Não querendo interromper o comovente reencontro, mas ainda temos um problema... –Darten aponta para os guardas que estavam chegando perto:

–Depois discutimos quem deveria estar morto ou não. –Kurayami fala –mas que tal nos ajudarmos agora a fugir?

–Certo. –Rendel estende a mão para ela:

–O-o que foi?

–Você está sangrando. –ele aponta para a roupa dela:

–Droga! –ela olha as roupas:

–Não vai conseguir nos acompanhar assim, então tenho que carrega-la –ele explica:

–Nem a pau!

–Pessoal... –Darten aponta para os guardas:

–Ah, que merda! –ela pula para cima das costas de Rendel, que dá um sorriso divertido e sai correndo com Darten do lado:

–Para onde? –Darten o olha.

Vão para aquele beco, há uma entrada secreta!

Althair fala para Kurayami:

–Para aquele beco! –ela aponta para eles:

–O que a faz pensar que sabe para onde temos que ir? Só esteve aqui uma vez! –Rendel reclama:

–Cala a boca! Eu sei o que eu tô fazendo! Agora, vai para ali! –ela bate na cabeça dele, arrancando algumas risadas de Darten:

–Tá, Senhorita Esperteza! –os três entram no beco –viu, sem saída! Agora estamos ferrados por sua culpa!

Na parede, atrás dos lixos, há um buraco. Coloque sua mão lá dentro e puxe a alavanca, rápido!

Kurayami salta das costas de Rendel, que protesta. Ela vai ate o local indicado por Althair e coloca sua mão. Ao sentir a alavanca da qual ele falava, a puxa. Escadas são reveladas na frente da parede, fazendo os dois lobos ficarem boquiabertos:

–M-ma-mas como...? –Rendel olhava para ela e para a escada:

–Feche a sua boca para não entrar moscas. –ela provoca –vamos logo, antes que os guardas apareçam!

Os três descem as escadas, que sobem e deixam o beco como antes. Os guardas chegam ao local e olham ao redor:

–Onde estão eles? Onde está o traidor? A garota? –o chefe do esquadrão olhava, mas não encontrava nada:

–Será que pularam? –um dos soldados opina:

–Imbecil, não tem como pularem! – chefe bate na cara do soldado –vamos, mexam-se! Temos que encontrar aqueles três, ou o Rei fara picadinho de nós!

–---

Uma sombria figura estava sentada em seu trono quando um soldado entra no salão, esbaforido:

–Senhor, senhor! –o soldado fala –tenho más notícias!

–“Más notícias”? –a figura o olha friamente:

–O traidor... E a garota... Desapareceram... –o soldado estava receoso:

–Está me falando... –a figura se levanta lentamente –que não conseguem capturar um simples humano e um simples servo? –o soldado engole em seco –tenho certeza que você não gostaria de me ver furioso, não é mesmo?

–N-não senhor... –a figura fica na frente dele e agarra suas bochechas, apertando-as:

–É Majestade, não se esqueça que eu sou o Rei, e em breve, de todos os lobos. –ele joga o lobo no chão, que gane de dor –não me faça ter de mostrar para os guardas como se rastreia alguém, me fazendo assumir minha forma lupina...

–N-não Vossa Majestade, nós cuidamos disso! –o soldado se levanta:

–Então vá, antes que eu decida ter um soldado a menos. –a figura olha para o trono, e ao ouvir a porta do salão se fechar, ri –esta guerra... está bem próxima de se iniciar...

E senta em seu trono.

–---

–Como sabia dessa passagem secreta? –Darten pergunta, olhando Kurayami:

–Tenho meus segredos -ela se vangloria.

Que seria o seu eu, seu "amuleto da sorte"

Althair fala, rindo:

–Não vá se achando querida, os guardas não vão desistir até nos encontrar. -Rendel estava obviamente irritado com ela:

–Que venham, eu não vou me acovardar só porque uns lobinhos querem me pegar. -ela bufa:

–Eu gostei dela, podemos ficar com ela? -Darten olha Rendel:

–Não fale como se eu fosse um cão! -ela grita:

–Você vai ter que lhe ensinar a fazer as necessidades no lugar certo. -Rendel dá um sorriso debochado para Kurayami, que se remoía de raiva:

–Vão se catar! -ela sai caminhando à frente no corredor:

–Nem aguenta uma brincadeira -Rendel se divertia cada vez mais com aquilo:

–Não acha que exagerou um pouquinho? -Darten o olha:

–Meh, se ela conseguiu aguentar o Selen, não vai se importar com "brincadeirinhas inocentes".

–De inocente você não tem nada -Darten ri:

–Blablabá, vamos logo antes que percamos aquela criatura de vista. -os dois apertam o passo, Kurayami estava um pouco mais a frente, sussurrando sozinha:

–Não me venha com suas ironias -ela fala.

Você tem que me ouvir, só teremos chance de pegar o colar junto com aqueles dois...

–Mas o Rendel... Eu tenho ódio daquele ser, ele tentou me matar!

Aposto que foi por causa desse tal "Selen".

–Tá, ele estava na minha frente quando o cabelos grisalhos ali resolveu me "castigar" -ela reclama -mas ele me deixou para morrer na floresta!

Já imaginou que ele estivesse seguindo ordens do Rei?

–E o que o Rei tem a ver comigo?

"Eu devo exterminar tudo o que você gosta para você retornar, mesmo que eu tenha que destruir algo que eu goste."

–Hein? -ela para:

Foi o que o "cabelos grisalhos” falou no dia em que lhe deu este corte.

–E-ele não falou nada disso, eu não lembro!

Porque você já havia desmaiado, mas como eu estava lá, ouvi tudo.

–Tu tava lá?

O colar sua idiota!

–Tá, não precisa gritar!

–Você está bem? -Rendel fica ao lado dela, com Darten chegando pelo outro:

–P-porque pergunta?

–Porque está tagarelando como se fosse uma doida. -Rendel explica:

–Não é da sua conta, seu idiota! -ela tenta apertar o passo, mas para ao sentir uma dor lhe percorrer todo o corpo:

–O que houve? -Darten vai até ela, olhando:

–N-nada! -ela volta a caminhar.

Kurayami... Não force demais seu corpo...

–CALE A BOCA! -ela grita, assustando os dois lobos:

–Nem falamos nada... -Rendel a olha, a preocupação era visível:

–Esqueça! -ela tropeça. Iria dar de cara no chão, mas mãos fortes a agarram antes de tocar o chão:

–Você não está bem. -Rendel a olha:

–M-me larga! -ela se solta dele e levanta. Darten suspira e vai até ela:

–Você não me deixa outra escolha... -ele a pega no colo:

–M-mas... O QUE É ISSO?!?!?! -ela grita e esperneia, sem sucesso, o ex-prisioneiro obviamente era muito mais forte que ela, e não iria solta-la tão facilmente.

As vezes é melhor ceder do que lutar.

Kurayami bufa em resposta ao que Althair falou:

–Parece que estamos chegando no final. -Rendel fala ao ver uma porta a alguns metros de distância:

–Só me pergunto o que nos espera do outro lado... -Darten olha, receoso.

Há uma campina onde vocês podem descansar, os antigos guerreiros usavam essa passagem para se esconder dos perseguidores e recuperar as forças.

–Tem uma campina que podemos ficar para descansar. -Kurayami resume tudo em oito palavras.

Quanta consideração...

Althair ironiza:

–Como sabe? -Darten a olha:

–Tenho meus segredos. -ela bufa a mesma resposta de antes:

–Nem adianta perguntar, essa aí é dura na queda. -Rendel abre a porta, revelando um local aberto, desabitado e com pouca vegetação, apenas uma grama rasteira e árvores espalhadas, castigadas pelo tempo:

–Bem... Você estava certa, vamos acampar aqui e amanhã veremos como iremos prosseguir. -Rendel fala, olhando o local.

Sinto que até lá, o Rei já irá ter feito seu movimento, Rendel pensa, mas estou disposto a vencer esse jogo. Será nós que iremos vencer, a qualquer custo...

Mal sabia ele que o preço a ser pago não estava em suas mãos, e sim da garota que só queria que aquele pesadelo acabasse para tudo voltar a ser como antes.