Libertação

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O vento soprava carregando o cheiro do sangue e os sons da batalha até a garota.

- “Finalmente...”

Naruto avançou contra Orochimaru enraivecido, antes porém que atingisse seu alvo, Jiraya interveio e assumiu a frente contra o inimigo. Sasuke e Sai estavam prontos para defender a colega de time de qualquer um que se aproximasse. Kakashi já estava com o Sharingan exposto e se preparava para intervir e deter Naruto antes que a quarta cauda se libertasse. Os Times Gai e Kurenai lutavam contra todos os outros ninjas do som que acompanhavam o sannin das cobras. O perigoso inimigo, ao notar a intensa batalha que se desenvolveria ao seu redor e percebendo que a Haruno não se moveria tão cedo, avançou dois passos em direção a ela.

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- Se afasta dela!

Por mais que o avanço tenha sido pequeno, foi o bastante para fazer o Uzumaki perder a razão de vez e tentar ultrapassar o sannin dos sapos. Kakashi não teve tempo de terminar de despertar o mangekyou. Os acontecimentos se desenrolavam muito rapidamente. A quarta cauda se soltou facilmente. Kiuuby tomava o controle sobre o corpo de seu jinchuuriki. A raposa de nove caudas só pensava em destruir as ameaças que lhe rodeavam.

-“Estou...”

Sem perder tempo, a raposa demônio usou seu chakra para atacar Orochimaru. O sannin sabia que a batalha seria difícil. Ele invocou sua espada kusanagi, mas nem mesmo ela era capaz de ferir o corpo do shinobi loiro, no momento. Neji e Hinata usavam o taijutsu característico da família. Os punhos nobres derrubam um inimigo atrás do outro. Kiba e Akamaru se transformaram no lobo de duas cabeças para tentar dar fim ao maior número de inimigos possíveis. Os subordinados do perigoso sannin, no entanto, revidavam com jutsus proibidos, o que dificultava o alcance ao equilibro da luta. O duelo entre Naruto e Orochimaru destruía tudo ao redor e Jiraya procurava o melhor momento para intervir na batalha, entretanto, não podia se afastar de Kabuto e Manda.

O cenário, aos poucos, se modificava. As belas e antigas árvores eram derrubadas e destroçadas. Fogo começava a reinar por todos os lados e a vila corria perigo. A godaime estava no campo de batalhas, porém, esse fato era desconhecido pelo resto de Konoha. Vários ANBUs chegavam devido ao som de explosões e se assustavam ao perceber a Godaime no campo de batalha.

Tenten invocava várias bombas, o que contribuía para a destruição do cenário. Com medo de não ser capaz de controlar as novas armas, evitava invocar as senbons envenenadas que ganhara. A vontade que tinha para usar o novo pergaminho morreu quando analisou melhor o risco que corria. Tsunade, mais afastada, era protegida enquanto dava assistência médica a alguns de seus ninjas. Era óbvia a derrota, assim como o passo seguinte do ex-companheiro. Ele nunca desperdiçaria a chance de eliminar completamente a vila. A loira olhou para a antiga pupila. Sasuke e Sai suavam muito e possuiam vários mortos ao seu redor. Ninguém se aproximava da Haruno. Ela ainda estava sentada e, aparentemente, alheia a tudo.

- “Você prometeu. Disse que não trairia a vila. Por que, Sakura? Por quê?” - Tsunade se perguntava o que teria acontecido com a pupila.

Naruto avançou uma última vez contra o rival. Até mesmo Yamato teria trabalho para conseguir acalmá-lo no momento. Contudo, ele, infelizmente, estava hospitalizado e não poderia ajudar com a situação. Os rugidos animalescos soltos pelo jovem. A kusanagi mirando a boca do mesmo. Os shinobis de Konoha cansados. O fim estava próximo. Com um urro mais forte, Kiuuby se preparava para eliminar de vez quem ousou desafiá-la.

- SAKURA! - Tsunade gritava por sua pupila, com medo do que aconteceria a ela no final de tudo.

- “Livre!”

Os olhos antes verdes brilharam, agora, vermelhos como o sangue que desejavam. Ninguém foi rápido o bastante para identificar o movimento de cabeça, a mudança no chackra, o sorriso malicioso, ou qualquer outra ação da kunoichi que até o momento estava imóvel. Também seria impossível determinar o que a levou a se mexer. Porém, isso não importava. Quando todos tomaram conhecimento do ocorrido, pararam suas batalhas particulares e a miraram. Em um segundo, ou talvez menos, Sakura se afastou do local protegido e apareceu na frente de Naruto antes que ele pudesse exterminar o sannin.

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A raposa, ainda sem reconhecer quem estava a sua frente, rosnou com fúria e em alto tom. Os cabelos rosados voaram com o chakra liberado nesse simples ato para, logo depois, cobrirem as costas desnudas da jovem. Ela tinha os olhos ainda cobertos, a expressão séria, a roupa segurada folgadamente sobre o busto e as costas completamente expostas, assim como os ombros e metade dos braços. Quando as madeixas rosadas tocaram a alva pele, as quatro caudas de Kiuuby se ergueram prontas para atacar a menina, para o desespero dos outros shinobis que gritavam para que o Uzumaki parasse o ataque, enquanto corriam na direção dos mesmos. No entanto, antes que eles chegassem perto da dupla, as caudas pararam no ar. Um sorriso cruel brotou na face angelical. Sem medo, Sakura esticou a mão e acariciou o rosto do perigoso bijuu.

- Minha doce e bela Kiuuby... - A voz doce da Haruno pode ser ouvida por todos que estavam totalmente concentrados nos shinobis.

Ninguém entendia mais nada. A perigosa raposa ronronava, ou algo do gênero, sob o singelo afago. As quatro caudas libertas caídas contornando a jovem. O manto da raposa que queimava o próprio Naruto, nada fazia contra a kunoichi. A garota acariciava o rosto do jinchuuriki como quem brinca com um filhotinho abandonado.

- Condenada a viver selada em um corpo humano...

As frases sem sentido e ditas em tom macio e carinhoso, confundiam a todos que já tinham parado com seus duelos e observavam as ações de cada um dos dois.

- Pobrezinha... - Sakura falava em falso lamento.

A Haruno agora olhava ao redor, analisando o cenário dominado pela destruição. A decepção em seus olhos era palpável ao mirar cada árvore derrubada. Orochimaru, que acreditava ter influência sobre a garota, não hesitou em se aproximar. Porém, no momento em que avançou o primeiro passo, Kiuuby, que estava atrás da garota, rosnou furioso e ameaçando atacá-lo, enquanto uma de suas caudas rodeava a jovem em um gesto protetor. Jiraya tentava enxergar a relação entre o que estava selado em Sakura e a raposa demônio, sem muito sucesso. O sannin das cobras, após identificar a ameaça, parou e resolveu por falar com a garota daquela distância mesmo.

- Minha filha, devo dizer que esta sua habilidade de controlar a Kiuuby é realmente impressionante. Se necessário, lutarei contra a raposa novamente para levá-la comigo, mas a última batalha me cansou um pouco. Vamos embora. Temos muito que conversar. - Comentou tranquilamente.

- Foi você que fez tudo isso, Kiuuby?

A ingênua raposa estufou o peito como se estivesse orgulhosa da demonstração de seu poder. A cabeça erguida e a atitude, muito parecida com a de seu jinchuuriki após uma missão completa, fez todos franzirem suas sobrancelhas.

- Então, foi você. Sua idiota!

A ofensa surpreendeu a todos, sem exceção. Ninguém nunca fora capaz de imaginar uma situação dessas.

- Sabe o quanto aprecio árvores, sua incompetente. Não é capaz de encerrar uma única batalha sem destruir tudo ao seu redor. Uma grande decepção.

A cada frase proferida com raiva pela garota, tanto ela, quanto a raposa, se movimentavam um passo de cada vez, lentamente.

- Meu filho mais forte... Que vergonha! Volte para o lugar a que foi destinado: preso em um corpo de um simples humano.

Após a ordem, o manto da raposa simplesmente desapareceu. Naruto, pela primeira vez, não estava coberto de ferimentos. O medo da raposa transmitido antes do sumiço completo não foi percebido por ninguém, com execeção de Sasuke.

- Sa-ku-ra? - O Uchiha se impressionava e buscava, desesperadamente, entender o significado das frases por ela proferidas.

- Muito bem, Sakura. Agora, vamos. - Orochimaru repetia a ordem, dessa vez deixando mais claro o tom dela e aguardava ser obedecido.

A Haruno somente o olhou e começou a se aproximar lentamente como que consentindo com seu senhor.

- Sakura! Não faça isso! - AO contrário do que todos imaginaram, Sasuke fora o primeiro a gritar desesperado, chamando pela companheira e logo sendo acompanhado pelo amigo loiro.

- Sakura-chan, você não pode ir com ele. - Naruto alegava tentando se erguer, porém, a batalha e o longo período com o manto da raposa o desgastou de tal forma que ele não era capaz nem mesmo avançar um único passo sem cair novamente ao chão.

- Você jurou lealdade a Konoha. Como pode fazer isso? - Tsunade detia as lágrimas e tentava se concentrar no corpo de Neji, que somente a olhava sem acreditar na possibilidade dela os vir a trair.

Sem se importar com os gritos que a rodeavam, Sakura continuou a avançar. O olhar fatal fixo na figura de pele branca e o sorriso malicioso. Ela mais parecia uma amante em direção ao amado. O andar felino e sensual hipnotizando o sannin das cobras e deixando todos os outros desconcertados ou desacreditados. Ao chegar a uma distância na qual já poderia tocá-lo, ela começou a falar.

- Diga-me uma coisa, Orochimaru-sama.

O nome pronunciado com tanta ironia, aparentemente, não teve efeito no sannin, ao contrário de Kabuto. O último murmurou o quanto ela era insolente em se dirigir assim ao sannin e como ela se assemelhava ao Uchiha nesse quesito. Os dois protagonistas da trama que se desenrolava, nem mesmo tomaram conhecimento da reação do nukennin.

- O que quer saber? - Ele perguntou carinhoso.

- Quatro quintos de seu poder me pertencem. Correto? - Ela começou calmamente e delicadamente, conseguindo despertar a curiosidade e preocupação do sannin, que só pode soltar um múrmurio intrigado. - Não importa o quanto você treinou, essa proporção se manteve ao longo dos anos, segundo o terceiro Hokage. Certo?

- O que, exatamente, você quer saber? - O sannin perguntou preocupado e exigindo que ela fosse mais sucinta em sua dúvida.

- O meu chakra não entra nessa divisão. Acertei? - Entretanto, ela continuava calma e imutável.

- Seja um pouco mais direta, ok? - Ele pediu mais incerto sobre seu controle perante a garota.

- Você deseja a vida eterna, não é? - As perguntas retóricas dela pareciam não ter fim.

- Vá direto ao ponto!

Apesar de continuar dando ordens, a cada avanço da jovem, o sannin recuava um passo. O medo em seu rosto era perceptível. Nem mesmo tinha conhecimento do por que a temia. Tudo o que desejava era que ela sucumbisse ao jutsu lançado há tantos anos sem questionar.

- Diga-me, então, se sou eu a mais jovem, mais bela e mais poderosa entre nós dois, por que deveria ser eu a sucumbir perante uma criatura dispensável como você? Você é o inútil aqui, o descartável. E, se ousar invadir minha mente uma única vez mais, será o seu fim. - Ela sentenciou sem elevar a voz e sem deixar dúvidas do poder dessas palavras.

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- Fui eu que lancei o jutsu que a aprisionou. Você me deve obediência.

- Já lhe ofereci minha paciência e tolerância ao permitir que continue vivo. Sinta-se satisfeito.

- Esse chakra é meu. Você é minha. - Orochimaru continuava a desafiá-la.

- Está redondamente enganado seu tolo. Seu chakra só serve para me manter nessa forma humana. Meu poder está muito longe de ser detido por algo tão insignificante. E se pensas que permitirei que continue falando assim, saibas que só estará antecipando o seu fim.

- Precisará de mim para livrar-se de todos os selos. E, além do mais, se me matares, estará matando também seu filho, o oito caudas, Hachibi. - O sannin afirmou, acreditando que tais informações lhe garantiriam o poder, mesmo que temporário, sobre a garota.

A Haruno virou-se calmamente após soltar um suspiro de impaciência. Parecia que a menção do bijuu selado em Orochimaru a fez repensar na decisão de eliminar o sannin das cobras. Grande engano. Em um rápido momento, a kunoichi virou-se e, com o chakra concentrado na mão formando uma afiada lâmina, cortou-lhe a cabeça fora. Ninguém acreditava na facilidade que ela teve para derrotar o nukennin. A frieza demonstrada também aturdia a todos.

- Como se eu me importasse com aquele bijuu desastrado ou precisasse de ajuda para me livrar destes pequenos selos. - Ela comentou displicentemente, ao mesmo tempo em que limpava a mão na capa que a cobria.

Os subordinados do ex-criminoso Rank S, fugiram assustados. Kabuto não foi exceção. Sem Orochimaru, ele nada tinha a fazer lá.

- Gobi.

O chamado alertou todos. Ninguém sabia quem deveria responder, além de estarem apavorados.

- Gobi!

Ela estava ficando impaciente. Kakashi sentiu uma dor estranha que não sabia dizer onde começava. O chakra que percorria seu corpo não aparentava ser seu. De repente, a descoberta que ele mesmo desconhecia: era um jinchuuriki. O medo ao descobrir o que era e que perderia o controle em poucos segundos o dominou. Porém, esse logo foi substituído pela possibilidade da ex-aluna perder a paciência consigo e matá-lo como fez com Orochimaru, temor adquirido da criatura em seu interior. Em poucos segundos, o copynin era dominado pelo bijuu que possuía e desconhecia. Totalmente sob o controle do monstro, agora estava transformado em um grande cão branco com cinco caudas. Este rapidamente se afastou dos outros shinobis e parou de frente para Sakura.

- Sim, Chiharu-sama. - O animal a cumprimentava, reverenciando-se perante a figura frágil da garota.

- Por que me fez esperar? Sabe o quanto detesto isso. - Ela perguntou desgostosa.

- Perdoe-me, por favor. É a primeira vez que me solto e romper o selo não foi fácil.

- Chega de desculpas. - A jovem ordenou.

- Sim. Em que posso servi-la? - O bijuu perguntou prestativo e submisso.

- Mate-os. Todos os que acompanhavam Hachibi. Não quero nenhum deles vivo. - Ela ordenou.

- Como desejas.

O grande cão uivou alto e ergueu a segunda cauda que ficou marrom como terra. Pequenos feixes escuros passaram rapidamente por seu corpo e seguiram através do solo, rastreando quem deveria ser morto. Após alguns segundos, os mesmos feixes retornaram, entregando a Gobi um mapa completo sobre a região e a localização de cada alvo. A quarta cauda, que adquiriu uma coloração vibrante, foi erguida. O céu escuro da noite, que antes era iluminado por diversas estrelas, foi repentinamente tomado por pesadas nuvens. Um raio atingiu o bijuu e voltou ao céu, sempre usando a cauda erguida como meio de comunicação. Sem se mexer, ele uivou mais uma vez, agora, diversos raios caíram, cada um atingindo um lugar diferente e matando um inimigo diferente. No entanto, as árvores tão apreciadas pela kunoichi estavam intactas. Ninguém dizia nada. Sem sair do local e sob as ordens de Sakura, o bijuu de cinco caudas eliminou todos àqueles que os atacavam minutos antes.

- Devo matar o Uchiha também? - Gobi perguntou mirando Sasuke que a observava firmemente.

A garota lançou os olhos sobre o moreno que, antes de assustado, estava incrédulo. Por um momento, ela não soube o que responder. Ele era insignificante para representar algo a ela, por que então hesitava em autorizar sua morte?

- Não é necessário. Aparentemente, durante meu sono, jurei lealdade a esta vila. Em respeito às minhas palavras nada faremos, por hoje. - Completou virando-se de costas para os shinobis restantes.

- Sim, Chiharu-sama.

- Muito bem, volte para sua cela.

- Sim. - Gobi fez uma última reverência perante a garota e lançou um olhar debochado ao bijuu que Naruto possuía antes de desaparecer e entregar o controle do corpo ao Hatake.

Kakashi logo voltou ao normal, contudo estava cansado. Ao olhar para frente, percebeu sua antiga pupila. Os olhos vermelhos indicavam que quem estava ali, não era mais Sakura. Como o primeiro a se aproximar dela e olhá-la diretamente, notou o que realmente estava acontecendo.

- Chiharu?! - Perguntou antes de colidir, exausto, contra o solo.