A Filha de Poseidon e o Filho de Hades
Nosso caminho até Washigton DC
Nosso caminho até Washington DC
– Podemos pelo menos trocar de roupa? – perguntou Lannah, antes de entrar na van.
– Para que, Lannah? – perguntou Edward.
– Ora, se vocês não sabem, Washington é bem quente nessa época do ano! – exclamou a menina.
– Mas que roupas?! – perguntei.
– Lindinha... – disse Lannah, pegando sua mochila e a exibindo. – Sempre venho preparada!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Tem certeza que é filha de Poseidon? – perguntou Evanlyn, tomando a mochila da mão dela e entrando na van.
Lannah riu e entrou na van também.
– Vem logo, Hailley. – disse Annabeth, puxando-a pela mão para dentro da van.
– Você não vai, não? – perguntou Nico ao meu lado.
– Não, obrigada. – respondi. – Gosto muito da boa e velha calça jeans.
– Sabe que em Washington você vai sentir falta de um short, não é?! – ironizou James, vindo para nosso lado.
Pude perceber que Nico não gostou muito de James passando o braço por cima de meus ombros.
– Está falando sério?! – perguntei.
– Ah Ronnie, vai logo trocar de roupas! – disse Guilherme. Por incrível que pareça, ele não parecia tão sonolento como antes.
Bufei e abri a porta da van o mínimo possível para passar, pois as meninas já trocavam de roupas.
– Não tenho nada para vestir. – eu disse para Lannah. – Só trouxe roupas de frio.
– E é por isso que eu trouxe uma muda extra! – disse Evanlyn.
– Até você, Evanlyn? – brinquei, indo até a menina que estava no fim da van.
A van era grande e larga, mas sem bancos. Apenas os três da frente. Quem ficasse atrás teria que se sentar no chão dela, coberto de carpete cinza.
– Não sou filha de Afrodite, mas Perséfone não gosta muito de coisas desarrumadas. – ela respondeu.
Entregou-me uma muda de roupas escuras. Um short azul claro e curto, meio rasgadinho e uma caveira na perna direita; um top cinza que tinha uma blusa preta soltinha por cima, escrito “I Believe in Love”. O look ficou perfeitinho com meu all star preto. Terminei de me arrumar e ajeitei meu cabelo, que estava totalmente indomável. As meninas já estavam prontas, então Annabeth abriu a porta da van e gritou para os meninos, que estavam um pouco afastados.
– Estamos prontos, meninos!
Saímos da van e eles já estavam ali novamente, olhando-nos de cima abaixo. Como não havia jeito de esconder minhas pernas, cruzei os tornozelos e abracei meus braços, tentando ao máximo parecer menor. Nico olhou para mim e sorriu, com olhos arregalados e pupilas dilatadas; e eu não sabia se isso era bom ou ruim. Senti meu rosto queimar e tentei esconder as bochechas coradas olhando para os lados.
– Ótimo, agora temos que decidir quem vai dirigir. – disse Percy, claramente tentando não olhar para as pernas de Annabeth, que ria timidamente.
– Está brincando, né Percy?! – disse Hailley.
– O que?! – ele perguntou.
– Você mesmo disse que tinha idade o suficiente para dirigir. – respondi.
– Mas eu não sei! – ele disse.
Annabeth levantou os braços para cima, como se tivesse pedindo ajuda aos céus.
– Mas você é o único que pode pegar num volante! – ela disse.
Nico veio para o meu lado e passou o braço por minha cintura. Senti minhas bochechas queimarem ainda mais.
– Só sei de uma coisa... – disse Edward. – Eu quero ir na frente!
Ele andou até a van e sentou-se ali na frente, à janela.
– E então, Percy? – perguntou Annabeth, cruzando os braços. – Vai ou não dirigir?
– Não! – ele disse teimoso. Eu revirei os olhos.
– Enquanto vocês se decidam... – disse Guilherme, indo até a parte de trás da van. – Vou tirar um cochilo. – e sumiu atrás das portas, provavelmente em um canto no final.
– Eu e Lannah estamos subindo enquanto se decidem! – disse Evanlyn, puxando Lannah pelo pulso.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Eu bufei e subi também, logo sendo seguido por Nico. Ele se sentou ao meu lado, mas não me tocou. Logo James e Hailley entraram rindo e se sentaram no chão. Annabeth entrou triunfante no banco da frente e sentou ao lado de Edward. Percy entrou bufando no volante e, segundo as instruções que Annabeth lhe dava, deu a partida.
Ouvi Nico rindo.
– Pelo visto Percy nunca consegue vencer uma discussão com Annabeth.
– Nunca? – perguntei, mas sem querer realmente saber a resposta.
Queria apenas puxar assunto com ele, pensando que isso podia tirar meus pensamentos dos braços e pernas arrepiados pelo frio de Nova York.
– Não que eu saiba. – ele disse, olhando para o teto da van, que se movimentava a partir do movimento da estrada.
Olhei para o outro lado de Nico, em direção aos três nos assentos. Percy me olhava com os olhos semicerrados pelo retrovisor. Revirei os olhos e senti a van dar um solavanco quando Percy passou direto por um quebra-molas. Tentei me segurar, mas acabei caindo em cima de Nico, que me amparou. Ele esfregou a mão em meu braço arrepiado e franziu o cenho.
– Ronnie, você está congelando! –ele exclamou, mas graças aos deuses não foi alto o suficiente para que os outros ouvissem.
– Não, eu estou bem. – disse, me afastando.
Ele se afastou da parede da van e tirou o casaco que vestia, colocando-o sobre meus ombros. Fiz menção em retirá-lo, mas Nico apenas me abraçou contra seu peito, impedindo-me.
– Eu disse que prefiro muito mais uma calça jeans. – eu disse, fechando os olhos.
– É, eu me lembro bem disso. – ele disse. – Faz... Quanto tempo mesmo?! Dez minutos?!
Rimos. Ficamos calados, enquanto os outros discutiam o que quer que fosse. Fiquei pensando na profecia e no que Poseidon sussurrou para mim sobre ela. A primeira parte eu entendia. Teríamos que nos tornar muitos nesse grupo e ir para as portas da vida eterna para recuperar os instrumentos. Mas algo sobre o que meu pai dissera não fazia muito sentido, mas eu queria acreditar que estávamos indo na direção certa. Sabia que não tínhamos muito tempo de errar e voltar para concertar os erros. Não deram um tempo limite para o término da missão, mas eu sabia que quanto mais demorássemos, mais as coisas complicariam no Olimpo.
Percy me dissera que quando o raio-mestre foi roubado a primeira vez, anos atrás, Zeus culpou Poseidon, dizendo que este usara Percy para roubá-lo. Mas desta vez ninguém foi culpado realmente, pois foram roubados instrumentos de Poseidon e Hades. E isso não fazia sentido, pois não tinham alguém para culpar. Nem um motivo para os roubos. E isso apenas complicava minha situação e a de Nico, pois dava mais tempo para os deuses pensarem em nós dois. Pensarem sobre o suposto amor e o suposto plano de juntarmos nossas forças e derrubar Zeus do poder.
Senti o peitoral de Nico ir para cima e para baixo uniformemente. Sua respiração regular balançando levemente meus cabelos. Levantei-me e vi que ele dormia. Franzi o cenho, perguntando-me por que ele dormia sendo que não tinha muitas horas que acordamos. Olhei ao redor e vi que a maioria dos semideuses ali estava cochilando. Hailley estava deitado sobre o ombro de James, que também dormia com a cabeça apoiada na parede da van. Guilherme dormia pesadamente, encolhido em um canto. Isso já seria meio óbvio. Lannah e Evanlyn ainda conversavam, mas percebia-se que estavam cansadas. Annabeth estava com a cabeça apoiada no encosto.
Olhei pelo para brisas e vi o sol se ponto à nossa frente. Descia preguiçosamente pelo horizonte, próximo de alguns picos. Vi Percy bocejando do volante e esforçando-se para se manter acordado. Levantei-me cuidadosamente para não acordar Nico e, por mais que eu queria ficar ali, observando-o dormir, eu sabia que nossa segurança era mais importante. Eu não sabia o que mais dava medo: monstros tentando de tudo para me matar, ou Percy dirigindo uma van cheia de semideuses que atraiam os monstros. O que era quase a mesma coisa, já que esta van carregava seis filhos dos Três Grandes. E pior: de todos os Três Grandes.
– Percy, não é melhor você parar para descansar? – perguntei, apoiando-me no encosto do assento único.
Ele bocejou outra vez.
– Não, eu estou bem.
– Não, não está! – eu disse, balançando Annie levemente para que acordasse.
– Sim, Ronnie. – ela disse, já totalmente desperta.
– Percy está quase dormindo ao volante. – eu respondi.
– Não, não estou! – ele insistiu.
Annabeth levou dois segundos para analisar o namorado e ver que ele estava prestes a cair dormindo em cima do volante.
– Deixa de ser teimoso, Cabeça de Alga! – ela disse. – Encoste que eu passo para o volante.
– Não, estou bem, Sabidinha. Eu aguento.
– Percy... – eu disse.
– Troca logo com a Annie, Percy! – disse Edward, que eu nem tinha percebido que estava acordado.
Ele olhou-nos pelo canto dos olhos. Eu e Annabeth olhávamos friamente para ele e de braços cruzados, teimando em tirá-lo dali. Ele suspirou e parou a van no acostamento. Ele rapidamente trocou com Annabeth, que logo deu partida na van, acelerando a duzentos quilômetros por hora. Segurei firme no encosto para não cair e olhei para trás. Os outros não tinham se movido nem um centímetro e isso me fez arregalar os olhos.
Segurei-me no encosto de Edward.
– Ronnie, me responde uma coisa?
Olhei-o desconfiada, tentando descobrir se a expressão dele me daria alguma informação.
– Anh... Pode.
– Gosta do Nico, não é?!
Sobressaltei-me um pouco, mas desviei o olhar rapidamente para Nico, que dormia profundamente como um anjo, e para Percy, que graças aos deuses também dormia.
– Sim, eu acho que gosto. – eu respondi.
– Então não deixe que os deuses impeçam isso.
Arregalei os olhos, pensando em como ele sabia disso. Pensei em perguntar, mas ele rapidamente desviou o olhar para janela.
– Sente falta de Angeline? – perguntei, ao ver que ele estava um pouco melancólico.
– Sim, muita. – ele respondeu, olhando pela janela.
– Não fique assim. – tentei consolá-lo, mas eu sempre fui péssima nisso.
– Como não se eu sinto que não vou vê-la novamente?!
Hesitei um pouco após isso, mas eu tentaria fazê-lo se animar de um jeito ou de outro.
– Não fique assim. – repeti. – Tenho certeza de que se encontrarão outra vez. Pode acreditar nisso.
Como sempre, eu não tinha ideia de como estava errada.
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