Draco riu da ironia da situação, fora um riso sem emoção real, mas que ele não conseguiu conter.
Blás lhe contara o motivo dos olhares de desaprovação na plataforma e aquilo fez seu estômago embrulhar, trouxera a recordação do que ouvira Mark dizer para sua mãe há vários meses. Malfoy se obrigou a tirar o pensamento da mente e zombar de tudo.
–Então somos servos do Lord das Trevas? —E riu novamente.
–É o que tão dizendo por aí. —Blás deu de ombros com tranquilidade, saboreando uma barrinha de alcaçuz.
Crabbe e Goyle não estavam na cabine, haviam saído atrás de comida a vários minutos, mas Draco preferia assim, menos pessoas ao redor e menos gente para lhe ver fingir estar debochando dos boatos.
–São todos uns idiotas. —Pansy comentou e acariciou o braço do loiro, que não fez esforço pra se afastar, porém não sentia nada com o toque.
Pansy sempre seria um divertimento, fora uma das primeiras garotas com quem ele ficara de verdade, mas não passava disso. Distração.
–Belinda vai ficar furiosa. —Comentou de repente, percebendo a implicação dos comentários que surgiram durante as férias. —Merda, eu não tinha percebido isso.
–Ela já deve ter descoberto agora. —Blás informou, o encarando e o loiro assentiu. —Mas eu tenho pena do idiota que tentar provoca-la.
–Então somos dois. —Sorriu de canto.
–Não sei porque se preocupar com aquela garota idiota. —Pansy disse, bufando de irritação. —Ela não passa de uma bastarda maldita.
Malfoy se afastou imediatamente da menina, como se seu toque fosse venenoso e a encarou de cima.
–Belinda é uma idiota, mas é melhor começar a ter cuidado com o que fala, Pansy. —Alertou.
–Você tá brincando comigo, Draco? Porque se for isso, não tem graça. —Disse.
–Não é piada. —Draco sabia que ninguém jamais compreenderia o porquê de ele e Belinda começarem a se defender, contudo havia tantos motivos e parecia que era o certo, como na infância.
–Você a defendendo é tão absurdo.
–Que seja. —Deu de ombros, ignorando completamente a menina a seu lado, que ficou furiosa imediatamente e saiu da cabine batendo os pés.
–Ela parece que vai matar alguém. —Ironizou Zabine e Draco deu um sorriso cúmplice pro amigo.
–Tão sentimental. —Cantarolou e os dois riram.
–O que acha que a Lestrange vai fazer? —O moreno questionou, estava encarando o amigo seriamente.
–Não sei, mas nem uma das alternativas que passam na minha cabeça são muito boas. —Zabine assentiu.
–Eu realmente tenho pena de quem for tentar provoca-la.
–Você não tem ideia.

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Lestrange ainda tentava registrar o que lhe fora dito. Rodolphus seu pai, era tanta ironia que ela deu um riso nervoso, enquanto o rosto do homem surgiu em seus pensamentos, mas foi expulso com a mesma rapidez que viera.
–Como é que é? —A voz estava carregada de ironia e ela viu o desconforto passar no rosto de Flavinha e a menina morder o lábio. —Poderia explicar, por favor? Porque Rodolphus Lestrange... —E soltou um riso um tanto quanto obscuro.
–Nunca lhe contaram nada sobre seus pais? —Jonathan quis saber.
–Os Malfoy nunca foram muito comunicativos e informativos quanto ao meu passado. —Deu de ombros, tentando se acalmar.
–Dizem que o pai da criança era Rodoplhus, segundo mamãe —Flavinha comentou levemente. —porque ele não era um homem gentil e todos diziam que era óbvio que ele jamais adotaria uma criança ou cuidaria do filho de outro.
–Mas e... A mulher dele? —Duvidava muito da veracidade dos boatos, Bella a teria matado assim que ela descobrisse de sua existência. —Quer dizer, não creio que Bellatrix iria aceitar algo assim? A mulher foi parar em Azkaban por tortura, se fosse verdade, duvido que nós estaríamos conversando agora sobre isso. —Embora o externo demonstrasse calma, seu interior berrava e era difícil acompanhar o que sua mente dizia.
–Pelo que eu entendi, Bellatrix e Rodolphus eram um casal, que embora bem vistos pela sociedade bruxa, antes de irem parar em Azkaban, eram pouco convencionais. —John falou e Bell assentiu. —A titia disse que Bellatrix teria aceitado, provavelmente odiado a criança, mas aceitado, ninguém sabe porque e como, caso ela realmente não seja a mãe. —Ele mexeu distraidamente no cabelo. —Ela falou que Rodolphus dava constantes escapadas e que mesmo quando Bellatrix descobria, não terminavam.
–E algum tempo antes de irem para Azkaban, apareceram como uma criança, que suporam ser fruto de um dos casos dele, mas isso foi durante um período que os Lestrange estavam reclusos. —Ty informou, era o único que a encarava fixamente enquanto lhe contava a história que descobriram nas férias. —A brechas na história, Bell, veja bem, por muito tempo os Lestrange desapareceram, todos dizem que é porque estavam trabalhando pra Voce-Sabe-Quem, então ninguém a viu grávida e é por isso que ninguém pode afirmar se Bellatrix engravidou de fato ou não.
Belinda se sentiu afundar em uma água gélida e escura, era sufocante. De todas as coisas do mundo, ter Bellatrix, mesmo que minimamente e hipoteticamente, como sua suposta mãe, era a pior coisa que poderia lhe acontecer. Conseguia suportar a hipótese de Rodolphus como pai, apesar do nojo que sentia, contudo não Bellatrix.
–Entendi. —A voz estava baixa e ela encarou a janela, vendo a paisagem passar com uma rapidez inacreditável.
–Infelizmente não conseguimos descobrir mais nada. —Flavinha comentou e sua voz parecia distante. —Meu pai chegou e disse pra mamãe que ela não deveria ficar nos falando do passado, que era bobagem isso de Você-Sabe-Quem ter retornado, que se isso fosse real o Ministro já teria tomado uma atitude e que não faria diferença nas nossas vidas porque... —Ela pigarreou. —Como somos da Corvinal, não devíamos andar com você ou Malfoy.
–É compreensível a preocupação do seu pai. —Tranquilizou Belinda, embora estivesse agindo no modo automático, sua mente estava a mil por segundo. —Afinal algumas pessoas acham que eu e Draco podemos ser uma ameaça.
Ty acariciou a costa de sua mão, que ainda estava na dele, com o polegar, traçando círculos. A mão de Belinda estava fria e embora ela estivesse controlada, ele sabia que era só uma máscara.
–Se eles soubessem que você não é uma ameaça nem para as aranhas, talvez não pensassem sobre isso. —Zombou Ty, de leve, tentando distrai-la, ela se virou para encara-lo e lhe deu um sorriso de canto.
–Não tenho medo de aranhas.
–Você tem pavor delas. —Sorriu. —Eu lembro quando uma caiu no seu ombro, quando estávamos estudando aquele livro de Feitiços, você berrou loucamente.
–Ela entrou na minha blusa. —Se defendeu e deu um sorriso pequeno.
–Pombinhos, acho que vamos dar uma volta agora. —Flavinha chamou, já se colocando de pé. —Vamos atrás de...
–Você não sabe ser muito sútil, Flavinha. —Jonathan provocou de leve. —Vamos deixar vocês sozinhos, então até depois.
Belinda sorriu para o rapaz.
–Obrigada por me contarem.
–Queríamos poder ajudar mais. —Flavinha disse.
–Pra quem não sabia nada do passado, tô sabendo muito.
–Precisando. —John lhe sorriu e se foi.
Belinda logo estava sozinha com Taylor e Rúnda, que dormia no banco a sua frente.
–Isso foi educacional. —Disse ela, o fazendo dar um pequeno sorriso.
–Sinto por você ter descoberto isso de forma tão brusca.
Belinda soltou uma lufada de ar e deitou a cabeça no ombro do rapaz, que apoiou o queixo em sua cabeça.
–Não sei se conseguiria de outra forma, Ty —Falou baixinho, quase em um sussurro. —Os Malfoy jamais me contariam, principalmente se meu pai realmente for... —Ela mordeu o lábio inferior e tentou se aconchegar mais nele, que passou o braço por seus ombros e a puxou para o peito, onde ela pousou a cabeça, ouvindo o som do coração dele batendo. —Rodolphus Lestrange. Isso é tão absurdo. —Suspirou. —Não estou querendo pensar nisso agora, na verdade não tô conseguindo, minha mente parece que criou um bloqueio próprio e decidiu que toda vez que chego perto do pensamento, desvia instintivamente.
–Entendo. —Ela gostava da calma de estar com Ty e talvez isso fosse um problema, mas naquele momento não queria pensar muito em nada. —Sabia que fui muito cobrado no dia que você roubou meu terno?
Belinda sorriu de canto, e ergueu os olhos para encara-lo, Ty devolveu o olhar e ela notou como a boca dele estava perto.
–Os Malfoy fizeram um interrogatório graças a isso. —Devolveu, não podia se deixar envolver por aqueles lindos olhos verdes, o qual de repente ela sentiu muita vontade de desenhar.
Belinda estudava os contornos do rosto do rapaz, enquanto mantinham uma conversa leve e confortável, longe de qualquer coisa que lembrasse paternidade, mas ainda assim o pensamento lhe rondava a mente, trabalhando rápido demais com novas hipóteses.
Lestrange notou, depois de muito tempo, que estavam a no máximo uma hora de Hogwarts e se surpreendeu.
–Acho que devemos nos trocar. —Ty comentou, olhando de cenho franzido para a janela e ela sorriu.
–Chegamos mais rápido do que eu previa. —Disse ela, saindo do aconchego dos braços dele e se espreguiçando, o que o fez rir. —Depois eu vou dar um alô pros meninos, não os vejo desde o início das férias.
–Então se troca, estarei do lado de fora te esperando, aí vamos juntos.
–Obrigada. —Ela sorriu, enquanto ele saia da cabine.
Belinda demorou mais que o normal para se trocar, pois precisava esconder qualquer marca que denunciasse como foram suas férias, poderia se curar, mas levaria tempo e Taylor suspeitaria.
–Tá aí algo que não se vê todo dia. —Ty brincou ao vê-la, ela sabia que ele falava da meia calça.
Belinda usava uma meia calça preta por baixo da saia, a blusa branca da escola estava com as magas enroladas e a faixa negra exposta despreocupadamente. Ty tocou levemente na faixa e sorriu, sempre achara intrigante, não parecia uma típica faixa para esconder um ferimento, sim uma luva de festa, sempre achou combinar com Belinda, principalmente agora, quando ela estava tão altiva e mais bonita que ele conseguia lembrar, mesmo em toda a simplicidade do uniforme escolar. Ele sorriu, recordando quando a viu na casa do Ministro, elegante e feroz.
Bell sentiu o toque leve do rapaz em sua faixa e a pele por baixo formigou, o olhar convidativo e sorriso sedutor fizeram um calafrio percorrer seu corpo e seu estômago revirar, assim como os cabelos da nuca se arrepiarem.
–Vamos? —Ele convidou e Bell umideceu os lábios com a ponta da língua.
–Claro.
Belinda puxou a mochila pro ombro e Rúnda para o colo. A conversa com Ty durante a caminhada curta pelos corredores, por onde se ouviam conversas leves e muitas risadas, a fizeram relaxar aos poucos e quando chegaram em frente à cabine que Belinda soube imediatamente ser dos amigos, um sorriso largo nasceu em sua boca. Era possível ouvir os xingamentos e risadas do lado de fora da cabine. Murilo chamou um palavrão e xingou alguém, era quase como estar em uma das Torres de Hogwarts novamente.
–Nos falamos em Hogwarts. —Anunciou Taylor, vendo o sorriso dela e já se preparando para ir.
Belinda o encarou e sorriu, segurou a mão do rapaz com a mão desocupada, com a outra mantinha Rúnda aconchegado no braço.
–Obrigada pelas informações e por... Tudo. —Disse sorrindo.
Taylor assentiu e se aproximou, fazendo o estômago da menina revirar novamente, ele beijou sua testa e sorriu.
–Sem problema.
Belinda o viu ir embora, com um calmo sorriso e mãos nos bolsos, ela gostava dessa tranquilidade felina do rapaz.
Bell virou para a porta da cabine e respirou fundo, logo a abria e encarava os amigos.
–Lestrange! —Daniel comemorou e ela sorriu.
Belinda pensou que era exatamente como estar em uma das Torres de Hogwarts novamente. Os risos, as piadas idiotas e brincadeiras descabidas que logo iniciariam e ela mal havia entrado na cabine.
–E então, como foram as férias? —Marcos questionou, assim que ela sentou e colocou Rúnda no colo.
Em uma fração de segundos, Belinda recordou de tudo que viveu com Mark, Rabastan, Bellatrix e Rodolphus e precisou de muita força de vontade para não bufar ou estremecer ao pensar no último homem. Bell sorriu, não concetraria sua mente naquele assunto, não ainda.
–Mais interessante do que eu imaginava que seria. —Brincou.
–Por que? —Daniel a encarou por sob os cílios. —Conheceu o amor da sua vida? —Zombou e ela o encarou de canto, com um sorriso calmo.
–Claro que não meu amor. —A voz era doce de modo melodioso. —Você já está a muito tempo na minha vida. —Deu-lhe uma piscadela e ele gargalhou, assim como os demais rapazes.
–Com quem você aprendeu esse tipo de cantada, em? —Douglas brincou entre risos.
–Com vocês, é claro. —Bufou, voltando ao tom normal. —Quem mais poderei ser tão cínico?
–Mas e aí, o que aconteceu de tão surpreendente nessas férias? —Murilo questionou e o sorriso de Belinda, por um grande esforço e força de vontade, não vacilou.
–Fiquei de castigo metade dele, pra falar a verdade. —Riu.
–Por que? —Tayner a encarou, o sorriso do rapaz desaparecera imediatamente.
–Nada demais. —Sorriu e o encarou. —Só que teve um jantar em casa e eu acabei causando... Tumulto. —Comentou como se fosse verdade. —Lucius disse algo como "Eu desisti de você, garota. Vá para seu quarto e fique lá até que eu mude de ideia." —Deu de ombros e manteve o sorriso.
–Mas só foi isso? —O loiro a encarava, lembrando da vez que presenciara uma briga dela e de Lucius.
–Sim. Só isso. —Assegurou. —Sai algumas vezes com o Draco e com a Ciça.
–E por que parece que você não dorme a dias? —Daniel interrogou, não queria que a briga por causa de Draco iniciasse e pelo desgosto na expressão de Marcos, sabia que poderia acontecer facilmente.
–Eu acabei pegando uma gripe horrível e passei a noite toda com febre. —Deu de ombros com tranquilidade estudada.
–Você tá com uma cara péssima. —Marcos falou, observando meticulosamente a amiga, que sorriu de canto e acariciou o gato entre as orelhas, tão tranquila que ninguém jamais desconfiaria de como a mente estava inquieta e desesperada.
–Bem, tente adoecer e não dormir nada, aí conversaremos, Coren. —Retrucou e ele sorriu, engolindo a mentira.
Belinda se sentiu acalmar após Marcos comprar a mentira, se ela passara por ele e Tayner, ninguém conseguiria desvendar suas mentiras.
Os jovens conversavam tranquilamente e Belinda tentava se manter focada na conversa, não demonstrando sua confusão, preocupação e medo pelo que descobrira. Só se mantinha atenta a sua volta, como se tudo estivesse normal.
O Expresso Hogwarts finalmente parou e assim que Belinda saiu do trem e pisou na Plataforma, vendo Hagrid ali perto recebendo os primeiranistas, sorriu e relaxou de verdade, esquecendo os problemas, pelo menos aquela noite, porque finalmente estava regressando a Hogwarts, estava em casa mais uma vez.
–Vamos Lestrange. —Pucci jogou o braço pelos ombros da menina e ela se obrigou a manter a postura, sem revelar a dor que percorreu seu corpo.
–Vamos.
Belinda subiu na carruagem e avistou Draco ali perto, ele a encarou e uma rápida conversa passou entre eles, sendo concluída com um sorriso dela e Draco relaxou também, Belinda, apesar de tudo, estava bem e ambos estavam em Hogwarts, podiam tirar pelo menos aquela noite para deixar os problemas longe.

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