A Filha da Rainha Má

Capítulo 6 - O Preço da Verdade


Os moradores de Storybrooke estavam aflitos, não saber o que poderia acontecer e a possibilidade que qualquer um pudesse atravessar para dentro da cidade era amedrontador. A fada Azul habilmente sugeriu que selassem a cidade novamente para garantir uma vantagem sobre o quer que estivesse acontecendo na cidade. E assim, todos concordaram.

E naquela mesma manhã Emma ainda tentava localizar Rumplestiltskin. Ela havia o procurado em todos os lugares possíveis da cidade, telefonou incansavelmente, entretanto, ninguém atendia na loja ou no celular. Ela sentia que dessa vez ele estava planejando alguma coisa grandiosa ou realmente deveria estar em uma situação perigosa, quase riu por considerar a segunda opção, se alguém era responsável por aquela situação inusitada era ele, e não existia dúvidas.

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As coisas ficaram mais difícil depois da morte de Neal. Ela ainda refletia se deveria intervir por ele ser avô do seu filho. E começou novamente a pensar nas coincidências da sua vida, como o havia conhecido. E justamente ele.

O seu coração se apertou ao recordar de todo o amor que havia sentido por Neal e quão dolorosa havia sido a sua partida. Tão inesperada e abrupta. Ela estava feliz com Killian em sua vida, contudo, pensar no pai do seu filho a deixava deprimida. Era uma vida que não lhe foi permitida viver, apenas sonhar como tudo poderia ter sido.

E impiedosamente os seus sentimentos não significavam nada diante de ser a Salvadora, era uma força maior com a qual não poderia lutar. O destino tinha um péssimo senso de humor e ela tinha que aceitar aquela sina. Era o seu destino não importasse qual caminho escolhesse, sempre retornaria para a velha estrada de “A Salvadora”.

Não muito longe dali os sete anões acompanhando a Fada Azul se dirigiram para o convento, eles lançariam o feitiço para erguer a proteção sobre a cidade. Estava tudo encaminhado, os ingredientes estavam separados, e a Fada Azul começou o preparo que demoraria duas horas para ficar pronto. Ela pensava em como tudo poderia ter sido diferente se Regina tivesse escolhido um caminho melhor, se tivesse feito a escolha certa. Escolhido amor e perdão ao invés de se render ao ódio e a sede de vingança. A história poderia ter sido completamente diferente da qual estavam vivendo.

O que ninguém nunca cogitou ou se importou o suficiente para enxergar foram as inúmeras tentativas da Regina em se encaixar, pertencer a algum lugar, a alguém. As incontáveis batalhas internas que guerreou tentando extinguir a escuridão da sua vida e do seu coração. E como foi manipulada por Cora e Rumplestiltskin, utilizada para garantir que os desejos de ambos se realizassem mesmo que resultassem na pior das consequências. Uma rainha má. Uma vilã disposta a se vingar de todos que a feriram e a ignoraram quando mais precisou.

A Fada Azul misturava com cuidado e precisão os ingredientes em uma pequena caldeira. A mistura ganhava uma coloração purpura e poder começava a emanar daquele liquido espesso, ela adicionou a última especiaria fazendo a magia fervilhar energicamente.

Duas horas se passaram.

Na mão direita segurava com firmeza a sua varinha prestes a controlar aquele feitiço e lança-lo na cidade. Ela pediu forças a quem estivesse ouvindo e que os protegessem do que estava por vir. Em seguida, manipulou com maestria guiando a mágica que eclodia naquela pequena caldeira para os limites da cidade. Os feixes de energia luminosa dispararam com imensa velocidade em várias direções e formaram uma redoma nos limites da cidade de Storybrooke. A Fada Azul proferia as últimas palavras para concluir o feitiço e não percebeu o carro que passava pela fronteira da cidade no exato momento em que a barreira se firmava em tons de arco íris até se tornar invisível, assim como a cidade estava invisível e impenetrável. Estava selada novamente, e em conjunto com os perigos que haviam chegado à cidade.

*

A manhã surgiu preguiçosamente trazendo um sol calmo e ameno tornando o frio agradável. Elizabeth havia deixado a vida que tinha certeza não ser a sua para trás e caminhava em direção ao bosque, contava com a luz do dia como aliada se as coisas saíssem do controle e começassem a dar errado. Não que fosse fazer muita diferença, mas imaginar estar na escuridão com aquele homem que emanava trevas a mortificava.

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O seu corpo formigava de nervosismo pensando em como há minutos atrás estava parada no marco da porta segurando a maçaneta e olhando pela última vez para o seu quarto. Ela desejou que de fato nunca mais voltasse para aquele lugar quando fechou a porta. E sentia no seu coração que caminhava em direção a sua antiga vida e novo futuro.

A lembrança de como saiu correndo da última vez que esteve ali percorreu a sua mente quando passou pela entrada do bosque, ela caminhou sem parar, porque parar poderia criar oportunidades para as dúvidas que reprimiu surgirem novamente. E mais alguns passos estava lá, no meio do bosque, e olhava em todas as direções, atenta a qualquer barulho posto que não queria ser surpreendida.

Tudo o que ela via era a neve caindo lentamente, as arvores esverdeadas e os baixos barulhos dos pequenos animais que ali residiam. Elizabeth se perguntava se havia feito a escolha errada ao sentir um aperto no peito, e unicamente teve tempo para perceber o calor de um corpo atrás de si quando um pano lhe cobriu a face.

E desmaiou.

Ela acordou horas depois em um carro com o homem misterioso ao seu lado dirigindo ligeiramente, não sabia onde estava e tudo que a cercava eram arvores em vastidão. E não soube o que dizer ou pensar, estava paralisada. E como se sentia ingênua e estupida.

— Eu não vou fazer nada com você, eu gostaria de ter feito as coisas diferentes, mas estamos sem tempo! – Rumplestiltskin explicou a olhando de brevemente.

Elizabeth não disse nada, ela calculava como iria alcançar o canivete que havia colocado no bolso da frente de sua mochila, “se eu for rápida o bastante tenho uma chance”, pensou.

— Eu preciso que tome isso! – Ele jogou um frasco de vidro em sua direção. Ela não se movimentou, a mão caminhava sorrateiramente para a mochila. - Eu entendo que esteja confusa, mas você quer descobrir quem realmente você é!

“Ele está mentindo, ele está tentando ganhar tempo, mas se...”, a sua mão parou. Ela entendeu que para descobrir o que ele sabia, e se realmente ele sabia de algo teria que enfrentar aquela situação até a sua última consequência. Até o fim. A sua mão voltou a se movimentar, mas dessa vez segurou o frasco.

— Eu estou satisfeito que desistiu de me esfaquear. Agora, beba, querida! - Ele liberou um pequeno risinho horripilante que a causou um nó no peito, a sensação de ser sufocada estava ganhado espaço.

E pela primeira vez desde que acordou no carro falou, e as palavras saíram com determinação, e não havia resquício de medo, mas uma extraordinária vontade de viver.

— Eu quero provas! O que você sabe?

— Não está reconhecendo este lugar, querida?

Ela olhava, no entanto não fazia a menor ideia de onde estava. E olhou novamente atenta a cada forma da paisagem e se xingou mentalmente por não ter reconhecido o lugar. Era o mesmo lugar onde foi encontrada vagando confusa e desnorteada. O espanto foi tão grande que o choque estampava as suas feições. “Vejo que reconheceu onde estamos”, a voz masculina ao seu lado continuou a falar, mas em seus ouvidos não passavam de meros zumbidos. Ela se concentrou e as palavras pareciam estar sendo sussurradas em seus ouvidos, distantes e ao mesmo tempo dentro da sua cabeça. “Você quer encontrar o seu lugar no mundo, se sente perdida como se não pertencesse aquele lugar, como se faltasse algo”, ele descrevia perfeitamente o que ela sentia, o que ela passava todos os dias, a sensação de vazio a que seguia onde quer que fosse. “Você não pertence aquele lugar Elizabeth, você é mais capaz do que possa imaginar. Tome, e descubra quem você é!”

O controle havia sido enorme para conter as lagrimas que insistiam em querer rolar pelo seu rosto, entre as mãos segurava aquele frasco como se fosse a resposta da sua vida, e verdadeiramente era.

Elizabeth não sabia se aquilo era algum truque ou uma realidade considerada impossível, mas percebeu que não precisava mais lutar contra aquele sentimento, independentemente de qualquer que fosse o destino que a esperava ele a receberia com os braços abertos e convidativos.

O seu coração gritou como uma explosão em seu peito e ela soube o que fazer. E com uma delicadeza apressada ela abriu aquele frasco e virou o conteúdo em sua boca em apenas um gole. O gosto do liquido era amargo e forte. O feitiço desceu como uma avalanche por sua garganta causando uma imensa sensação dormência, e antes que tivesse tempo para duvidas uma explosão ganhou o seu ser.

As lembranças, os sentimentos, a sua vida passava diante dos seus olhos como um filme acelerado em velocidade máxima. O preço de saber a verdade que tanto procurou a machucou mais uma vez.

A dor, o sofrimento, a solidão e a perda envolveram o seu coração a relembrando da sua vida amargurada, o vazio que existia e que a preenchia. Ela abriu os seus olhos com lagrimas, e naquele momento não se importou porque lembrava quem era.

*

Eles estavam a poucos metros da cidade e Rumplestiltskin apertava o pedal do acelerador com força sabendo que corriam contra o tempo. O carro tremia devido a velocidade, o limite da cidade era avistado com a placa “Bem-vindo a Storybrooke” ainda minúscula pela distância.

Uma vez selada a fronteira da cidade estariam presos do lado de fora, e isso com certeza não fazia parte dos planos do Senhor das Trevas. O sorriso surgiu largo em seus lábios quando o carro cruzou a entrada da cidade exatamente no instante em que o feitiço de bloqueio caia sobre a cidade.

O carro parou.

Elizabeth respirava pela primeira vez em muito tempo sentindo aquela sensação, a magia estava correndo por suas veias, os seus poderes giravam como pequenos redemoinhos querendo ganhar proporções devastadoras. Ela desceu do carro e olhou para o céu agradecendo em silencio por finalmente estar ali. Mas sabia que haveria um peço a ser pago, Rumplestiltskin jamais a traria por pura bondade. E antes que focasse exclusivamente toda a sua atenção para se encontrar com a sua mãe precisaria ajustar as contas com o responsável por destruir o seu final feliz anos atrás.

— Bem vinda a Storybrooke, querida. - Rumplestiltskin disse elevando o braço na extensão da cidade.

— Porque você me trouxe de volta? – Elizabeth se limitou a dizer para o Senhor das Trevas.

— Eu vejo que continua sendo tão direta como antes. – Ele sorriu.

— Não a mesma! Agora, eu sou capaz de destruir você!

— É com esse poder que eu estou contando! – Ele disse enquanto os seus olhos brilhavam em euforia.

— O que você quer? - Ela tinha a certeza que de alguma forma doentia fazia parte do mais novo plano de Rumplestiltskin e em nada a agradava tal situação.

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— Eu preciso de algo.

— E o que faz você pensar que eu vou ajudar você! Você arruinou minha vida!

— E agora, eu vou ajudá-la a ter o que você sempre quis.

— Como?

— Recuperando as lembranças da sua mãe.

Ela se surpreendeu com a resposta. Os seus olhos brilharam com a possibilidade de recuperar as memórias da sua mãe e o seu coração se aqueceu com o sentimento de esperança.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.