A Esposinha

Capítulo 16


ELE havia se retirado por uns dias.

Foi o que o rei lhe contara. Sigyn procurou por seu marido por todo o castelo, até que o próprio Odin a comunicara que ele havia partido cedo pela manhã para uma viajem de assunto diplomático. Mas para a jovem, não se tratava disso. Sigyn tinha certeza que ele estava furioso com ela – com um pouco de razão embora ela não estivesse disposta a admitir.

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— Achei estranho quando ele veio falar comigo, essa viajem era na outra semana, mas preferiu partir hoje pela manhã. Ele não lhe avisou? – o rei perguntou-lhe, enquanto a observava com seu único olho.

— Bem... ele não chegou a dizer porque... tivemos uma discussão feia – Sigyn deu um sorriso triste.

— Uma discussão? – Odin tinha uma interrogação no rosto – Mas, todos acharam que vocês estavam bem de novo...

— Não exatamente...

— Por acaso, meu filho fez alguma coisa desagradável a você, criança?

Sigyn levou alguns segundos para responder.

— Na verdade, foi tudo minha culpa majestade... acho que fui muito inflexível com ele.

— Como assim? O quer dizer, minha filha?

Sigyn mordeu os lábios comprimindo-os numa linha reta.

— Eu tenho ciúmes de seu filho. Muito...

Odin entendeu tudo, Frigga havia lhe contado a respeito do retorno de Lorelei a corte e o visível desconforto que Sigyn sentia diante da mulher. A jovem fitou o rei, um pouco envergonhada.

— Acho que ele me odeia agora...

— Isso não é verdade, minha criança.

A jovem deu um suspiro triste.

—Eu não sei pai de todos... eu realmente não sei. Amo o seu filho, mas tem tanta coisa. Temos jeitos diferentes, maneiras de pensar, a nossa diferença de idade e os meus ciúmes... às vezes penso que vou perde-lo e que logo ele irá se cansar de mim...

— Vou lhe dar um conselho minha jovem – Odin a olhou de maneira paternal – talvez o ponto chave seja uma conversa franca entre vocês dois. Aliás, achei que Loki já havia feito isso...

— Ele bem que tentou – a jovem sorriu amarelo – mas eu estraguei tudo.

— Então este velho rei lhe sugere que repense um pouco sobre esse seu ciúme. Você precisa ser mais segura de si.

— Acatarei os seus conselhos pai de todos – após uma breve pausa ela não resistiu e perguntou – Paro onde meu marido foi?

— Vanaheim. Loki foi tratar alguns assuntos com Lady Freya.

— Lady Freya?

Lady Freya, uma das mulheres mais belas de todos os nove reinos. Era irmã mais nova de Frigga e aparentava ser mais jovem do que era. Era uma mulher com curvas generosas e como uma fama de aventureira. Loki era seu sobrinho favorito e dois mantinham uma relação muito estreita. Mas é claro, Sigyn não sabia nada a respeito, afinal, havia muita coisa sobre Loki que ela não sabia. Seu marido não gostava muito compartilhar seus segredos íntimos.

— E por quanto tempo ele vai ficar fora?

— Uma semana, ou mais – o rei comentou.

O coração de Sigyn se angustiou algo sem íntimo gritava que precisava vê-lo, o seu lado de garota boba e romântica.

- Pai de todos?

— Sim?

— Será que ele ficaria aborrecido se eu lhe fizesse uma visita? Tem algumas coisas que eu gostaria de concertar...

Odin riu.

— Minha criança, tenha calma, tudo vai se arranjar...

— Eu queria muito... – ela lhe lançou um olhar muito significativo – queria muito resolver isso, eu mesma.

*

Vanaheim era o segundo reino depois de Asgard e seu principal aliado. Terra natal da rainha Frigga, seu povo era muito ligado a magia não sendo muito voltados para a guerra.

Lady Freya era a rainha daquele lugar de lindos campos verdejantes. A mesma ficou muito surpresa com a visita repentina de seu então sobrinho logo pela manhã.

— Casamento é uma dor de cabeça, isso sim – ela falou enquanto fazia um carinho na cabeça do então sobrinho adotivo – eu e sua mãe somos diferentes. Veja só, eu não casei e não tive uma penca de filhos como ela... aliás, acho que você deveria me visitar mais vezes. Anda muito sumido!

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— Só mesmo você para me paparicar, titia.

Ela deu uma leve tapa em seu braço.

— Já lhe disse que titia me deixa com cara de velha. Chame-me de Freya.

Loki se levantou encarando Freya.

— Você não é mais tão jovem assim... – Loki riu

— Como ousa!? Seu engraçadinho – ela tentou apertar as bochechas do rapaz, mas ele desviou com facilidade.

Enquanto os dois trocam risos um dos serviçais aparece fazendo uma ligeira referência.

— Majestade, há uma jovem procurando por Lord Loki.

— Jovem? - Freya encarou o servo com interesse – Ela se identificou?

— Ah, sim minha rainha. Ela disse que é a esposa dele, Lady Sigyn.

— Sigyn?! Pelas Norns, o que ela quer de mim agora? – Loki levantou num pulo, demostrando desconforto.

— Só indo até lá para descobrir – e Freya tornou a encarar o serviçal – diga a ela que o seu marido irá recebê-la logo, logo.

Loki suspirou exasperado.

— Como ela descobriu que eu estava aqui? Ah, claro, Heimdall! – o príncipe resmungou azedo.

*

Sigyn aguardava em uma sala, vestia uma capa verde e um vestido de montaria. Pediu para que Heimdall a mandasse para um pouco longe do castelo, logo ela e sua égua foram cavalgando pelo bosque próximo ao castelo. Agora ela se encontrava ali, esfregando as mãos, nervosa. Será que Loki ficaria aborrecido por ela estar ali sem avisá-lo? Por outro lado, ele não havia lhe dito nada sobre viajar no dia seguinte. Então estavam quites. O servo lhe disse que ele logo a receberia.

Sentiu-se mais ansiosa ainda. Verificou-se no espelho, estava descabelada, tinha o rosto corado pelo sol. De forma desajeitada tentou ajeitar o cabelo sem muito sucesso.

— O que faz aqui?

A voz dele estava um pouco áspera e a trouxe de volta a realidade, ela ia lhe sorrir, mas, a situação não parecia ajudar. Ele não parecia muito feliz em vê-la, seus olhos pareciam um céu encoberto por nuvens escuras.

Ela não sabia por onde começar estava ali de peito aberto, deixando o orgulho de lado, mas ao mesmo tempo, apavorada e achando a si mesma uma ridícula por estar prestando àquele tipo de papel.

- O que foi? O gato mordeu sua língua, esposa?

Lá estava ele, sendo ele mesmo, sem máscara. Insensível, exatamente o oposto dela. Ela caminhou lentamente até ele sem dizer nenhuma palavra, estava sem graça, se sentindo ainda culpada pelo que havia acontecido.

— Me desculpe... – ela falou baixinho.

— O que disse?

Ela o olhou mais diretamente.

— Me desculpe... por ontem...

Seus olhos rebrilham e choram e ela começa a tremer. Era a tola e frágil Sigyn, sua verdadeira aparência. Ela o abraçou pegando-o de surpresa. A principio, Loki não esboçou nenhum movimento, sentiu que ela afundava o rosto em seu peito. Não demorou muito para que a sua túnica verde ficasse úmida.

— Desculpe... – ela logo sentiu a mão fria dele lhe acariciar os cabelos.

A raiva inicial dele havia murchado, ela não estava ali para atazana-lo, ela estava despida por completo do ar orgulhoso que ela demonstrara nos outros dias... ela só o queria de volta.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.