A Esposa do Século

Capítulo 28


Capítulo 28

Eu me lembro da minhas lágrimas
Elas preenchem o seu lugar novamente
Eu tento te apagar, mas eu não posso apagar você
Você se tornou o meu tudo

Ailee - Good Bye My love

Naquela noite, eu não consegui ir ao meu apartamento e fui bater na porta de Caroline, que morava com a mãe. Mesmo sendo quase de madrugada, ela me recebeu.

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Quando a porta foi aberta, senti meu corpo fraco ir ao chão, mas antes que eu caísse, Caroline me segurou, sentando-se no chão junto comigo. Eu achei que já houvesse chorado tudo, mas quando ela me abraçou sem dizer nada, eu tornei a chorar, sentindo que meu coração sairia junto com as lágrimas.

Ela me ajudou a subir as escadas até seu quarto e me fez deitar em sua cama de casal. Gentilmente, Caroline tirou meus sapatos e me cobriu.

– Você está queimando em febre, Elena – Ela disse um pouco chocada após colocar a mão em minha testa.

Meu coração já sabia
Esse sentimento de solidão que está prestes a explodir

– Care... – Minha voz era fraca enquanto as lágrimas escorriam, fazendo meus olhos arderem – Caroline...

– Por que você aceitou isso, Elena? Olhe seu estado agora! – Ela foi até o banheiro e voltou com um pano molhado, o colocando em minha testa – Acabou? Finalmente acabou?

– Eu amo ele – Sussurrei, sem forças para falar alto – Eu o amo tanto que sinto que posso morrer!

Eu tento esconder
Mas eu não posso esconder, você se tornou meu coração

– Não fale uma coisa dessa – Caroline me repreendeu – Tome um banho que eu vou buscar um remédio para você.

Antes que ela obtivesse minha aprovação, Caroline saiu do quarto, e eu sabia que eu não tinha escolha se não obedece-la. Sentindo meu corpo pesado, eu fui até o banheiro. Tirei as roupas lentamente, sentindo dor em cada pequeno movimento, e entrei debaixo do chuveiro, colocando meu cabelo dentro da touca para não molha-los.

Você, eu não posso ter você, eu não posso te tocar
Mas eu estou bem
Essa dor é sem fim, as lágrimas caiem novamente
Mas se você está feliz, se você pode sorrir, então eu

Apenas saí quando Caroline bateu na porta, perguntando se eu havia morrido dentro do banho. Peguei uma toalha limpa e me sequei, saindo enrolada nela.

– Use isso – Ela me entregou uma lingerie e pijamas de inverno, por mais que fosse verão, apesar de eu não sentir o calor que parecia fazer.

Me vesti lentamente e tomei o remédio que Caroline me deu em seguida, retornando a cama.

– Eu tenho uma irmã gêmea, sabe – Murmurei, sentindo-me zonza e prestes a dormir.

– Durma, quando você acordar nós conversaremos – Ela disse enquanto acariciava meu cabelo.

– Uma mãe também – Sussurrei, fechando os olhos – Minha família é dona de uma empresa de advocacia.

E antes que eu falasse mais, adormeci sentindo o carinho bom de suas mãos em meus cabelos. Eu não sabia que horas eram quando acordei, mas o sol forte vinha da janela. Tirei o cobertor de cima de mim, sentindo-me completamente soada, fazia muito calor, sinal de que a febre havia passado.

Vou sentir saudades, mas eu vou te esquecer
Eu vou derramar mais lágrimas do que hoje

Ouvi a porta se abrindo e Caroline entrou, me olhando tristemente.

– Quer conversar? – Ela me perguntou sentando-se em minha frente. A resposta foram as lágrimas que escorreram, por mais que eu não chorasse desesperada como antes.

– Eles são minha família – Murmurei – Você estava certa, como sempre. Miranda e Grayson são os grandes vilões da história – Ri apenas para não chorar.

– Elena...

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– Sabe qual é o pior? – Indaguei, limpando com violência as lágrimas do meu rosto – Isobel e todo mundo não faz ideia que eu existo. Para eles é apenas Katherine.

– Sinto muito, Elena – Caroline também chorava e tentou me abraçar, mas eu neguei, me levantando da cama.

– Eles... – Gritei de raiva – Miranda e Grayson... Eles me roubaram! Roubaram uma criança por inveja, vingança de algo completamente sem sentido, mentiram até o último dia de suas vidas. EU ESPERO QUE ELES QUIEMEM NO INFERNO!

– Elena! – Caroline gritou meu nome, me abraçando a força ao se levantar e caminhar até mim.

Eu me debati para desfazer o abraço, mas ela não deixou, me forçando a ficar ali, só então eu percebi o quanto precisava disso e a abracei de volta.

– Por que, Care? – Perguntei com a voz baixa e fina. Eu estava ficando rouca depois de tanto chorar e gritar.

– Eu não sei, amiga, não sei – Ela suspirou.

Eu retornei a cama e me sentei, encarando a parede na minha frente enquanto Caroline acariciava minhas costas. Mas eu não sentia seu toque, não sentia nada a não ser aquele vazio em meu peito, como se meu coração não estivesse ali.

Damon não morreu! Eu sei que é isso que qualquer um me diria, mas para mim ele era inalcançável. Ele e todo mundo daquela família!

Como destino, eu nunca vou ter alguém como você
Só você, só você
Por mais que as minhas lágrimas caiam, eu espero que sejas feliz

Eu não soube dizer quando Caroline saiu do quarto, mas voltou carregando uma bandeja com comida. Fiz uma careta, recusando.

– Elena! – Ela chiou, me olhando brava – Você tem que comer se não quiser que eu vá até esse tal de Damon Salvatore e conte tudo para ele.

– Não, você não pode fazer isso, Care!

– Então coma.

Sem vontade alguma eu comi, era uma sopa que estaria ótima se eu ao menos conseguisse sentir o gosto. A comida descia rasgando minha garganta. Provavelmente comer nesse momento era um dos meus maiores sacrifícios.

– Minha mãe está perguntando porque você está assim – Caroline disse, olhando-me preocupada.

– Diz que é uma gripe qualquer – Respondi. A mãe da Caroline me conhecia desde pequena, muitas vezes ela me viu doente.

– Você sabe que ela te conhece muito bem e nunca acreditaria nisso.

– Não pode falar a verdade – Suspirei – É melhor deixar o passado no passado.

– Elena! Você está caindo aos pedaços... Será que dá pra pensar em você? Seja egoísta uma vez na vida.

Enquanto Caroline jogava aquilo na minha cara, veio as palavras de Elijah na minha cabeça no dia do casamento.

Nunca desista da sua felicidade. Quando você voltar para sua vida normal, viva por você, e não pelos outros, seja egoísta e pense apenas em você. Foi o que ele disse! Mas na prática não era fácil. Minha desculpa era não querer ver as pessoas que eu amo machucados, porque se a verdade vier à tona, não será apenas eu ou Damon que sofrerá... Isobel, Jeremy... Todos que me são queridos. É tão errado assim pensar primeiro neles?

Você vai pensar em mim pelo menos uma vez
Isso é tudo que eu preciso

– Não se preocupe, vou embora hoje daqui. Na verdade, nem sei porque vim aqui – Eu disse, deixando o prato de sopa pela metade.

– Você veio porque precisa de mim – Caroline respondeu, sentando-se na minha frente na cama e pegando minhas mãos nas suas – Elena, me parte o coração vê-la assim.

– Você já teve seu amor arrancado de você? – Indaguei com um sorriso dolorido. Ela negou – Então você não entenderia! De tudo que descobri, estar longe dele é o mais difícil, mas eu vou superar, vai chegar uma hora que eu vou apenas sentir saudades, mas o esquecerei. Provavelmente eu derramarei mais lágrimas do que hoje, mas eu ficarei bem.

– Você tem certeza disso ou apenas espera? – Perguntou, colocando uma mecha do meu cabelo para trás.

– Eu espero pelo dia que isso acontecerá.

Caroline sorriu, colocando a mão sobre minha testa e a outra sobre a dela própria para medir minha temperatura.

– Sua febre passou. Fique pelo menos hoje aqui, amanhã você vai – Caroline se levantou e estava prestes a sair do quarto quando eu a chamei – O que?

– Eu vou embora – Abracei meus joelhos, não querendo encara-la.

– Amanhã, Elena, você não está completamente boa ainda.

– Não... – Balancei a cabeça e ergui o olhar para ela – Eu vou embora desse país, Care.

Até o dia em que nos encontremos novamente
Vou esperar

Ela me olhou chocada, soltando a maçaneta da porta que antes estava prestes a abrir.

– O que você está dizendo, Elena? Sua vida é aqui!

– Minha vida era aqui, a vida que eu quero aqui está muito distante de mim – Eu sorri, sentindo meu coração encolher a cada palavra – Então eu vou construir uma vida fora daqui. Vai ser melhor para mim!

Caroline me olhava em um misto de surpresa e chateação. Ela não queria que eu fosse, e eu a entendia, mas ela também tinha que me entender. Damon se foi, Isobel se foi! Tudo que eu acreditava se foi, do que adiantava ficar aqui e a cada passo pela cidade relembrar o passado?

Sem dizer nada, e mordendo os lábios por isso, ela saiu do quarto. Suspirei, deitando na cama ao sentir meu corpo fraco.

Acho que a expressão “só o pó” caia muito bem para a minha situação naquele momento. Eu me sentia patética, apesar de tudo. Sempre fui o tipo de garota que achava que o ponto mais baixo que uma mulher poderia chegar era chorar por um homem, mas agora eu percebo que eu era apenas alguém que nunca havia amado.

Eu não ouvi Caroline, não queria ficar ali para ver seu olhar decepcionado. Vesti as roupas de Katherine, que com certeza não era meu estilo, e saí da casa.

Os pais da Caroline eram divorciados. Sua escolha sempre foi morar com a mãe, uma policial. Desde pequena, eu a achava um pouco assustadora, principalmente quando usava a farda e a arma na cintura, apesar de sempre ter sido amável comigo, como se eu fosse sua filha. No momento em que eu saí, a casa estava vazia.

Dentro do carro de Katherine eu soltei um longo suspiro, pensando sobre o que eu faria com ele, já que não era meu. Deveria mandar uma mensagem? Peguei o celular e o desbloqueei, o que eu vi me chocou, fez meu coração apertar, mas me arrancou um sorriso genuíno. Era minha foto com Damon, eu estava de olhos fechados e sorrindo, enquanto ele me abraçava e possuía um enorme sorriso. Apertei o celular contra o peito, permitindo-me lembrar dos nos nossos momentos juntos, por mais que isso fosse torturar eu mesma.

O nosso adeus, é só um adeus momentâneo
Adeus, meu amor

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