Uchiha Sasuke

Era Ascendente: Sete de outubro de 1523, Quarta-feira

Ainda não sei bem o motivo de não ter falado absolutamente nada para Naruto sobre Sakura. Quando vi ele em frente a sala do melhor professor de literatura em todo o país, simplesmente senti o meu corpo querer tremer – claro que eu, Uchiha Sasuke, não tremeria! – e logo fui atrás do Uzumaki, sem Sakura por perto, para ver o que diabos ele estava fazendo aqui. Infelizmente não era algo como “ah, eu só queria conversar com o professor Asuma”; Naruto estava tendo aulas de literatura pela manhã, a pedido de Kushina. Não posso tirar a razão de sua mãe, ele sabe quando ser um asno em questão de interpretação na maioria das vezes.

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O Uzumaki questionou a minha ida até a sala do renomado professor e travei ao dizer a resposta. Como ele lidaria ao saber que eu estava ajudando Haruno Sakura? Creio que ele não iria ficar com raiva, certamente, mas com toda a certeza o loiro faria algum tipo de brincadeirinha desnecessária em relação ao fato de eu estar ajudando alguém e realmente não quero ouvir nada disso. Bem, isso e também o fato de que não quero que ele a conheça...

O meu pai fora claro ao dizer que Naruto não poderia ter nenhum contato com as participantes, certo? Sim.

— Mudança de planos. — falo para Sakura ao notar seu olhar interrogativo logo quando chego da conversa de Naruto. — Você vai aprender comigo.

Seus olhos esmeraldas arregalam-se imadiatamente e os lábios avermelhados ficam entreabertos, sinal claro de que está surpresa com a minha resposta. Sempre fui bom em ler comportamentos alheios, mas agora os pensamentos da rosada não me parecem nada do que vêm a minha mente.

— Oh. — ela diz, e a sua voz sai levemente incrédula. — Aconteceu alguma coisa com o professor?

Como dizer que nada acontecera e a mudança fora apenas por um capricho meu, para que Naruto não a conheça?

— Não realmente. Está apenas ocupado. — tento deixar a minha voz firme para que o assunto acabe por aí.

— Entendi... — ela murmura parecendo pensativa. — Quem era aquele rapaz?

A sua pergunta pega-me de surpresa. Certamente eu não poderia sair falando que Naruto era o meu – argh, é difícil admitir até mentalmente – melhor amigo, já que ele supostamente não pode ter nenhum contato com ela.

— Por que a pergunta? — indago um pouco cauteloso.

— Pareciam bastante íntimos. — as bochechas de Sakua ficam severamente rosadas.

— Humpf, aquele idiota jamais seria considerado algo assim. — as palavras saem de minha boca antes que eu consiga contê-las.

Acho que a vontade de “insultar” Naruto é tão grande que não consigo segurar a minha língua. Bom, isso é ruim, afinal, sou o próximo soberano do país. Tenho que manter a calma em todos os momentos.

♦♦♦

O tempo ensinando o básico sobre as letras do alfabeto para Sakura passou relativamente rápido, já que por sorte, ela é uma pessoa que aprende bem rápido, além de também ser focada e interessada no assunto. Decido terminar a aula mais cedo quando lembro-me sobre as atitudes suspeitas de Rin e Kakashi – algo certamente está acontecendo agora – e quando digo a Haruno que acabaríamos por aqui ela me encara com os olhos verdes faiscando.

— Não eram três horas? — sua voz sai tímida e um pouco chateada, talvez.

— Quero ter certeza de algo. — justifico e ela parece entender exatamente onde eu gostaria de chegar com isso.

Não demoramos a sair da sala de estudo. Sakura me segue em silêncio enquanto segura as minhas anotações apenas das letras do alfabeto – já que de nada adiantaria escrever alguma frase, por enquanto – com uma curiosidade quase que palpável. Procuro algo fora do lugar, mas não acho nada de suspeito. Quando decido que desistiria de descobrir o que diabos Kakashi poderia estar tramando escuto um suspiro alto e feminino.

— Sasuke-kun, ouviu isso? — Sakura olha para mim com o cenho franzido.

— Hn. Esquerda? — indico para a porta mais próxima ao som que ouvimos segundos atrás.

— Acho que sim...

Andamos até a porta com calma e observo os corredores antes de tentar girar a maçaneta. Assim que certifico que o local está sem testemunhas levo a minha mão até a porta e giro a maçaneta com cuidado. A porta não abre, no entanto. Merda.

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— Trancada? — pergunta e eu assinto, irritado. — Bem, eu sei como resolver isso. — dá um sorriso maroto para mim, logo depois de responder, e retira uma presilha que estava em sua franja rosada.

Arqueio uma das minhas sobrancelhas, levemente surpreso pela ação de Sakura e observo atentamente o que ela iria aprontar. Enfia a presilha dentro da fechadura e gira por alguns minutos antes de conseguir destrancar.

— Como você...? — olho para Sakura assustado com o que ela havia conseguido fazer apenas com um grampo de cabelo e ela dá um sorriso sapeca em minha direção.

— Eu gostava de ver os livros da biblioteca a noite. — então ela destrancava a biblioteca apenas para ver os livros?

Bem, na teoria, eu deveria chamar sua atenção por fazer algo que tecnicamente não é permitido no país, mas isso não vem ao caso agora. Ela abre a porta com cuidado, para que não faça nenhum tipo de som, assim como havia tentado fazer minutos atrás.

Gostaria de não ter visto essa cena, principalmente tratando-se logo de Hatake Kakashi, o guarda mais íntimo da família Uchiha e aquele que havia treinado-me luta corporal ainda quando criança. Kakashi está de costas, enquanto faz um movimento de vai e vem na garota – suspeito ser Rin – que está em uma posição muito... Estranha.

Rin e Kakashi estão transando em uma sala de estudo.

Sinto o meu rosto queimar como nunca. Antes que eu possa falar qualquer coisa, Sakura dá um grito bastante agudo, seu rosto começa a ficar roxo de vergonha e depois pálido como nunca. Penso em perguntar o que está acontecendo com ela, mas a garota simplemente desfalece. Consigo, no entanto, segurá-la para que não caia e machuque a cabeça. Imediatamente Kakashi solta Rin, assustado com o susto da Haruno e olha para trás com os olhos arregalados.

Mas por que ele tinha olhado para trás?! Argh, eu realmente não queria vê-lo de frente agora. Franzo o cenho irritado e desvio o olhar dele e de Rin, que agora tenta desesperadamente colocar as suas roupas.

— Vocês tem exatamente dois minutos para colocar roupa. — até eu assusto com a falsa calmaria que minha voz soa.

Kakashi não fica vermelho, muito pelo contrário. Seu rosto – agora desprovido da máscara – aparenta uma palidez inacreditável, enquanto tampa sua parte íntima com sua camisa amarrotada.

— Não é o que você está pensando. — oh, a frase mais dita por hipócritas!

Limito-me a dar um sorriso de escárnio para o guarda e saio do quarto com Sakura ainda desacordada em meus braços. Observo atentamente ao rosto dela, que está bastante baixo. Talvez sua pressão tivesse abaixado?

— Guardas! — aumento o meu tom de voz para que um dos empregados do castelo apareça para ajudar-me com a situação de Sakura.

Iruka logo aparece com o rosto avermelhado – provavelmente deve ter acobertado os dois fornicadores – e assim que chega em minha frente faz uma reverência.

— Alteza, aconteceu alguma coisa? — ele indaga olhando assustado para o rosto da garota em meus braços.

— Hn. — resmungo pensativo, para quem eu a levaria? — Leve-a para o primeiro curandeiro que achar e assim entregá-la volte aqui. — ordeno ao rapaz.

— Entendido, Alteza. — entrego Sakura ele com cuidado e segundos após a sua ida a porta onde Kakashi e Rin estavam fazendo indecências se abre, revelando os dois com uma expressão mórbida.

Fico levemente satisfeito com o desespero mental que o casal aparentava ter. Não o suficiente para que eu recupere o bom humor, todavia. Cruzo os braços e espero a explicação dos dois.

— Vossa Alteza, foi um deslize... — Rin começa a dizer e vejo o olhar irritado de Kakashi em sua direção, claramente ele não concordava com o seu ponto de vista. — Não vai se repetir.

— É claro que não vai. — afirmo e ela fita os meus olhos, esperançosa. — Porque você irá agora até o quarto onde suas coisas estão para arrumá-las e ir embora daqui.

Rin arregala os olhos marejados e fecha os punhos com força, negando com um balançar de cabeça. Escuto um baixo suspiro vindo de Kakashi, mas ele não diz nada.

— M-mas Altez — antes que ela termine sua frase, interrompo.

— Basta. — rosno para a menina, irritado com todo o drama. — Vá! — dou o meu melhor olhar de desprezo para Rin e ela vai em direção ao seu quarto, chorando baixo.

— Realmente não é bem o que está pensando. — Kakashi volta a dizer assim que a menina some de vista e apenas o encaro entediado. — Rin e eu nascemos no mesmo distrito; nossos pais são grandes amigos. — ele explica sem olhar nos meus olhos. — Mesmo com uma diferença de idade, sempre fomos bastante... Íntimos.

E com isso era o suficiente. Íntimos havia dito tudo o que eu precisava saber.

Amigos de infância...

Nunca tive isso, além de Naruto, é claro, o que basicamente não conta, levando em consideração que ele é praticamente um bicho de estimação hiperativo. Tsc, ele ficaria deveras irritado com esse comentário.

— ... e então somos apaixonados desde aquele dia. — ele termina a explicação e apenas pego o final, sem realmente ouvir sua história de amor com Rin.

Amor.

Algum dia eu teria esse sentimento? Bobagem.

— Você poderia ter irformado-me que eram amantes, assim ela não seria escolhida ou simplesmente voltaria para o próprio distrito no mesmo dia.

— Ela não queria ir embora... — ele tenta justificar, mas o corto.

— Você é leal a quem, afinal?

Ele não me responde. Dou um suspiro, imaginando a insatisfação de meu pai ao descobrir o que eu faria nesse momento. Mas é necessário.

— Kakashi — inicio deixando a minha voz bem firme. — Vou ter que te afastar do seu cargo de guarda chefe.

.

.

.

Uchiha Sasuke

Era Ascendente: Oito de outubro de 1523, Quinta-feira

Não vi mais Sakura desde o momento em que havia desmaiado. Pensei em vê-la no assim que terminei a burocracia de afastar Kakashi do seu cargo, mas parecia que a garota já havia adormecido. Pelo menos era o que o curandeiro Kabuto informou.

Rin havia ido embora assim que amanhecera. Ninguém parecia saber o motivo real da sua ida – embora eu tivesse as minhas dúvidas sobre Hinata, que olhava a garota com desdém – já que Kakashi havia pedido para que não manchasse a reputação da garota e assim o fiz.

— Ein, ein, Teme! — a voz irritante de Naruto continua a prosear comigo, embora eu não o desse a devida atenção, como sempre.

— O que você quer, Usuratonkachi¹*?

— Você não estava me ouvindo! — ele aponta o dedo em minha direção acusadoramente e dou de ombros em sinal de descaso. — Eu queria saber o que diabos Vossa Alteza — ele diz com uma grande ironia. — estava querendo com o professor Asuma!

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— Estava indo perguntar a metafísica da obra filosófica que ele havia recomendado a ler. — minto na cara dura para que ele pare de importunar.

Naruto arregala os olhos e franze o cenho enquanto coloca o seu dedo indicador em cima de seu queixo, pensando no que responder.

— É... Eu não entendi nada.

— Tsc. — dou um muxoxo não muito surpreso com a sua resposta.

— Enfim... — ele continua a falar. — Eu fiquei muito surpreso sobre o afastamento do Kakashi. O que diabos aconteceu?!

E conto tudo a ele. Bem, quase tudo. Apenas retiro a existência de Sakura da história, para que ele não pergunte nada sobre o motivo de eu estar com ela no momento.

♦♦♦

— Você está bem? — indago a garota que andava pelo jardim como se nada tivesse acontecido no dia anterior.

Sakura observa as folhas das árvores balançarem com a brisa gostosa da tarde de quinta-feira, completamente distraída.

— Estou ótima, Sasuke-kun. — ela dá um sorriso gentil. — Foi apenas uma queda de pressão.

— Hn.

— Vamos voltar com as aulas que dia? — sua voz sai ansiosa e seus olhos fixam-se nos meus, deixando-me desconfortável e um pouco...

Não, eu jamais ficaria envergonhado!

— Assim que eu escolher uma nova sala. — respondo a sua pergunta. — Por preucaução, decidi mudar o lugar.

Ela assente, compreensiva, enquanto desvia o olhar, ficando levemente corada. Provavelmente estava se lembrando do que havia acontecido no dia anterior. Pervertida.

— Entendo. — ela diz, pensativa. — Você é um professor muito paciente, Sasuke-kun. Eu jamais imaginaria isso.

O quê?!

Ninguém nunca havia me chamado de paciente. Isso é muito estranho. Franzo o cenho levemente intrigado com o seu comentário e penso nas vezes que tentei ensinar física ao Naruto. Gritei com ele exatamente trinta e sete vezes em duas horas.

— Tsc, você apenas é uma boa ouvinte. — desvio o olhar encabulado com o seu sorriso inocente.

— Ou você é apenas mais gentil do que aparenta, Sasuke-kun.