A Deusa Perdida

Boa sorte, Bangladesh


21. Boa Sorte, Bangladesh

Parte I: Point of View — Nico di Angelo

Ficar bêbado não é muito legal. Você acorda com uma dor de cabeça do Hades. Bem, não que eu soubesse o porquê de estar assim quando acordei. Não. Eu simplesmente olhei pra Rachel, que por sua vez olhava um papel (pista sobre o próximo local da Clave, depois descobri) e perguntei se aquilo era normal.

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— Claro que é, querido — ela riu pelo nariz — Nunca ouviu falar em ressaca?

Sim, ela só respondeu isso. Nem levantou os olhos do papel. Então eu me pergunto, por que eu ando com eles mesmo?

De qualquer forma, acabei descobrindo por minhas fontes (nem foi o Orchard) que um ser humano chamado Muke tinha armado isso. Embebedar um inocente. Então, lá fui eu, com toda minha calma de filho de Hades, perguntar pro indivíduo se era verdade, afinal isso é uma acusação muito séria. E digamos que alguém ficou com o olho roxo (risada maléfica).

Só que Annabeth, infelizmente, não viu isso como um acerto de contas e sim como o sujo batendo no mal lavado. Vá entender.

— Fala sério, Annabeth! Ele me deixou bêbado! — gritei. É, eu não estava lá muito feliz.

Eu estava jogado no sofá, levando o sermão, e podia escutar o Invi segurando o riso do bando da frente. Isso porque ela nos colocara de castigo (isso mesmo, castigo! Quantos anos eu tenho? Cinco?) antes que pudéssemos brigar de verdade.

— Não me importa quem começou, Nico. Aliás, isso não é meio infantil da sua parte? — ela suspirou — Eu sou o quê? A mãe de vocês?

Tanto eu quanto Muke (que estava tão perto que eu poderia socá-lo no outro olho, se Annabeth não fosse me matar depois) a encaramos, talvez pelo fato de nenhum dos dois nunca ter vivido com a mãe.

— Okay, me desculpe. Não tocar no assunto 'mãe' — ela levantou as palmas das mãos, num sinal de inocência — Mas falando sério, vocês não podem ficar no mesmo recinto que já quase fazem a Terceira Guerra Mundial! Não pode, isso!

Ou seja... Nós deveríamos deixar o punheteiro na estrada! Problema resolvido!

— ... por isso, eu cheguei a inteligente conclusão de que vocês deveriam dormir juntos.

?

Não, desculpa, eu escutei isso direito?

— Isso mesmo — Chase sorriu inocentemente — Vocês precisam aprender a conviver!

— Eu não acho que eu preciso aprender a conviver com o Playboy — grunhiu Muke.

— O sentimento é mútuo — respondi.

Annabeth suspirou.

— Tá vendo, é por isso que precisam.

— Que seja! — exclama Muke — Não podemos ao menos conviver de outra forma?

A filha de Atena dá de ombros, calmamente.

— Não podem não. Já que não vão parar de encher minha paciência brigando feito filhos de Ares, vão ter que dividir a cama.

— Annabeth — digo, da maneira mais séria que consigo — Isso é ridículo.

— Não é, não — ela responde como uma psicóloga — O jeito mais fácil de fazer duas pessoas esquecerem suas desavenças é fazer com que elas passem ainda mais tempo juntas!

Aperto a ponte do nariz, me perguntando se o Percy ficaria muito triste se, sei lá, por um mero acaso, a namorada dele caísse pela janela.

— Isso não faz sentido!

— Lógico que faz — ela sorri maléficamente — Ai de quem não conviver! — ela ignorou os protestos e saiu, deixando a ameaça no ar.

Olha, só aqui entre nós...... A Annabeth tem algum problema mental? Não é possível! Não é cria de Atena isso não, tá mais com cara de Dioniso!

Muke olhou irritado pra mim.

— Você conhece ela a mais tempo, faça algo a respeito disso!

De repente, as engrenagens no meu cérebro começaram a funcionar melhor. Ah, essa sim era uma ótima ideia.

— Você sabe que existe uma coisa chamada tranca, não sabe? — falei, distraidamente. Enquanto ele raciocinava, o que demorou bastante, andei calmamente até o quarto e o tranquei do lado de fora.

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— Perdeu, Playboy — gritei. Ahh, como é boa a sensação de ser o mais esperto!

Isso não é justo! — Muke se jogou conta a porta, mas acho que dificilmente ele conseguiria derrubá-la — Abra essa porta, agora!

— Não, obrigado — sentei-me no chão e me recostei na porta, com as mãos entrelaçadas atrás da nuca — Estou bem assim.

Agora, também, não haveria deus que me fizesse abrir aquilo. Bem feito pra Annabeth, ficar arranjando essas idéias! Agora ela ficava de fora. Percy, Ochard, Hannah e Rachel, bem, infelizmente sofreriam também. Mas o que posso fazer. Não sou filho de Afrodite. Não nasci pra ser uma pessoa legal.

Escutei um rangido, e logo pensei que Raio de Sol havia quebrado a porta. Mas eu estava recostado nela, então isso não faria sentido nenhum. Faria?

Vi que a que fora aberta foi a da suite. Achei estranho, afinal deduzi com minha mente brilhante que todo mundo estaria lá fora. Mas em menos de cinco segundos percebi que estava ferrado, porque vi que o espelho do banheiro estava completamente embassado, e só tinha uma pessoa que conseguiria fazer tanto vapor com um só banho.

Santo Hades.

~~

Parte II: Point of View — Hannah

Antes de qualquer coisa, gostaria de informar vocês sobre algo. Algo muito, muito importante.

Sabiam que um adolescente de ressaca pode chegar a dormir por dois dias e meio direto? Pois é colega, eu também duvidava até o momento de esperar pacientemente (ou não) o Nico acordar. Depois de quarenta e poucas horas de espera eu pensei seriamente em ligar pra Hades e avisar que o filho dele tinha batido as botas. Mas no terceiro dia acabei descobrindo que ele estava acordado, e de um jeito não muito legal.

— Droga — murmurei, quando percebi que tinha tomado banho mas esquecido as roupas no quarto. Eu nunca deixo pra trocar de roupa fora do banheiro. Você sabe, orfanatos fazem isso com as pessoas.

Suspirando, acabei saindo só de toalha mesmo. Só esperava que Muke não estivesse por perto, porque não estava com nenhuma paciência para bancar a Mônica em 'Como Atravessar a Sala'. Vocês sabem, aquele episódio da Turma da Mônica em que ela tem que tentar passar pela sala de estar (ah sério) de toalha, tentando não ser vista pelo Cebolinha, Cascão e Ronaldinho.

Saí, e para nossa alegria vi que o quarto estava vazio. Yey, nada de Muke aparecendo para puxar a toalha e sair correndo! Mas não vem ao caso se isso já aconteceu ou não. (ele fez isso com uma outra garota do orfanato, uma vez. Não preciso dizer que levou um chute bem dado num local bastante estratégico).

Ah, não, espera.

— Ai meu Deus — quase despenquei pra trás.

Nico estava sentado recostado na porta, e achei que o queixo dele ia cair naquele momento, sério. Senti minhas bochechas pegando fogo, porque quando eu vi ele me encarando, dei um pulo tão grande que quase derrubei a toalha no chão.

AKSJFHASKFJHJKG~ÇKJSFAJSFK

Ele ficou calado, olhando pra mim com os olhos arregalados e cara de tacho. Era uma situação mais que constrangedora.

— Pare de olhar pra mim, caramba! — esbravejei, enrubescendo.

Ele balançou a cabeça, como se estivesse saindo de um transe, e desviou o olhar. O rosto dele deixou de ser branco-defunto e ficou vermelho, como o meu.

— Não estava olhando pra você.

Ah, claro que não. Eu que sonhei.

Playboy? Você está aí? Abra essa portaagora! — escutei Muke gritar, e logo após ele ele se jogou contra a porta.

Caramba, vindo desses dois eu nem vou tentar entender. Suspirei.

— Olha, eu não sei que porcaria está acontecendo aqui, mas eu quero minhas roupas.

As batidas cessaram.

....

Ai meu Deus. O que eu fiz. O Muke pensou merda. Ele parou de bater porque teve muitos pensamentos não-Ártemis.

Falei alguns palavões que não precisam ser contados aqui, peguei a primeira roupa que achei na minha bolsa e fui me trocar no banheiro. Ao voltar, tentei abrir a porta, mas me impediram.

— Por que não? — pisquei.

— Pergunte a Annabeth — Nico resmungou, irritado. Parece que, ao contrário de mim, ele superou rápido o acontecimento 'não estava te encarando'.

— Como eu vou perguntar, se não posso abrir a porta? — cruzei os braços sobre o peito. Ele me olhou com uma cara de ‘essa garota é uma negação’ — Ah por favor, quer dizer que vou ficar o resto da minha vida trancada?

— Se for possível.. — ele deu de ombros.

Enterrei o rosto nas mãos, respirando fundo. Conte até dez, Hannah. Conte até dez e se acalme, porque o Nico é uma pessoa bem legal que não merece ser xingada nem batida. Então, mantenha a calma que eu sei que você tem, Hannah.

— PELO AMOR DO SANTO ZEUS — berrei — Eu estou com fome e necessito urgentemente assaltar a geladeira, e você acabou de me ver de toalha. E muitíssimo justo que você me deixe sair!

Nico se levanta e estreita os olhos pra mim.

— Annabeth acabou de ter a brilhante idéia de que eu e o seu colega sexualmente duvidoso devemos passar a dividir a cama — ai meu Deus, eu amo a Annie — Eu nunca mais abrirei essa porta, ao menos não até que alguém atire o Muke, e a Annabeth também, pela janela.

Bati meu punho na porta, firmando uma mão ao lado de seu pescoço, enquanto colocava a outra na minha cintura. Cheguei tão perto do garoto que podia sentir sua respiração quente contra meu rosto.

— Não me faça te dar uns tapas, di Angelo.

Ele encarou meu rosto por alguns instantes, com raiva, até que respirou fundo e fez cara de desinteresse.

— Que seja. Mas eu não durmo com o Raio de Sol.

Sorri, vitoriosa, quando ele deu um passo para o lado e saiu da frente da porta. Por favor né gente, não sou de ferro. Trancada? Pra sempre? Se tivesse comida eu nem ligava, mas sem? AHAHAHAH não.

Assim que abri as portas da liberdade, vi que Muke estava plantado no corredor, de braços cruzados sobre o peito. Um de seus olhos estava levemente roxo, algo que fui inteligente o bastante para não perguntar sobre.

— Se fudeu, Playboy — falou, sorrindo debochadamente.

Devo comentar que o olhar que o Nico lançou pra ele era tão maligno que mesmo não sendo pra mim eu tive vontade de sair correndo pra debaixo da cama que nem um cachorrinho.

— Arranje onde dormir Raio de Sol, ou eu viajo nas sombras com você até Bangladesh e te deixo lá.

— Ah tá, sei.

Nico riu, mas não um riso fofo e legal, um riso escárnio.

— Espere e verá.

E então, ele saiu. Simplesmente. Muke revirou os olhos, mas percebi que por dentro ele estava meio desconfiado de que poderia mesmo acontecer. É Bangladesh, cara.

— Dá pra acreditar nisso? — perguntou, rindo.

— Sendo sincera — respondi — Dá sim.

O filho de Apolo olhou pra mim com cara de bunda, e dei de ombros. A verdade, é que desejo boa sorte pra vocês, bangladeshianos. Com o Muke lá, vão precisar.

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