Como no outro dia, acordamos com o Apolo nos lambendo. Que coisa divertida, ser acordado com baba de cachorro no rosto. Eu aconselho, é um ótimo rejuvenescedor. Perceba o sarcasmo...

- Eca, Apolo, vai fazer isso na Marina, não em mim! – reclamo tirando-o de cima de mim e colocando-o em cima dela, que resmunga e me dá um tapa daqueles que ardem pra caralho justo no meu ombro, onde está muito queimado.

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Passamos a manhã no quarto da Marina, nos escondendo do sol. O Apolo nos forçou a sair um pouco, senão ele sujaria a casa toda, então ficamos andando um pouco com ele, pela sombra.

E logo depois, voltamos a nos esconder do sol. Passamos mais duas camadas de hidratante e ficamos vendo televisão. Na verdade, foi praticamente uma sessão de tortura para mim, porque a Marina colocou filmes de comédia romântica, isso é uma merda de romance clichê e bobo.

Noticia boa: eu sobrevivi. Notícia ruim: a Marina acabou chorando no último filme porque o cara morreu. Adivinha que filme foi. Titanic.

- Marina, vamos na praia agora?

“Não, já tá tarde.”

- Ah, por favor, vai ser legal, a água vai melhorar as queimaduras e ninguém vai ver o Apolo entrando na água.

“Vai estar fria, melhor não.”

- A gente leva uma toalha caso você fique com muito frio. Então, topa?

“Você é persistente... Tá, eu vou, mas não me joga na água de novo.”

Controlo a vontade de rir do biquinho que ela fez e respondo.

- Sem problemas. Coloca um biquini e eu vou colocar uma roupa melhor.

Dez minutos depois, deixamos um bilhete aos seus pais avisando que chegaríamos mais tarde em casa, e então fomos à praia, com o Apolo conosco. Ele brinca com tudo o que vê. Areia para ele é algo mágico, e a água do mar é uma banheira gigante cheia de brinquedos.

Eu e a Marina ficamos nadando por alguns minutos, até ela ficar com frio e com nojo das algas marinhas.

Estendemos uma canga gigante da mãe da Marina na areia e nos deitamos ali. Deixamos o Apolo na coleira, mas ele nem se importa já que estamos tão perto da água que alguns passos e já dá para se molhar.

- Então, ainda preferia ficar em casa? – fico brincado com a areia e ela sorri.

“Aqui é legal, mas eu prefiro ficar em casa. Lá tem televisão.” Ela escreve na areia, o que torna tudo um pouco mais complicado de se ler, porque está escuro pra caramba.

- Implicante. – resmungo tacando areia nela.

Ela revida, e então começa uma guerra de areia, da qual o Apolo participa.

- Ei, crianças, é proibido ficar na praia a partir das onze. – um policial avisa, e eu finjo que saio da praia com a Marina e o Apolo, mas assim que ele sai de perto, nós voltamos para lá.

- Cara, eu estou te levando ao lado negro da força, princesa.

Ela revira os olhos e me taca na água.

- Agora a porra ficou séria. – pego ela no colo e jogo-a em meu ombro. Enquanto ela se debate, eu vou entrando cada vez mais na agua, e então eu me afundo, levando-a junto.

Sinto seus socos, seus chutes, seus tapas, mas não consigo parar de rir da cara de raiva dela. Já disse que ela é muito fofa com raiva?

- Eu já avisei, crianças. Se eu vê-los mais uma vez, a coisa vai ficar séria. Os dois, fora da praia. E levem o cachorro com vocês. – o policial mal comido resmunga e dessa vez nos acompanha até a nossa casa. Irritante.

O policial nem quis falar com os pais da Marina, mas nos ameaçou falando que nos prenderia da próxima vez.

Assim que entramos no quarto, ela vem com uma cara demoníaca para cima de mim.

“Você tá ferrado” ela gesticula.

- Você não machuca nem uma mosca, princesa. Não acho que estou tão ferrado assim.

Então ela me ataca, bem, pelo menos tento. Eu agarro seus pulsos e estico seus braços para cima o máximo possível. Fico cara-a-cara com ela, seu rosto a centímetros do meu. Seus lábios me seduzindo. Controlo a vontane inexplicável de beijá-la na boca e dou um beijo provocante em seu nariz. Ela fica vermelha de raiva.

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Fico meioa hora fungindo de seus ataques e ela se cansa.

- Há, eu sou mais resistente! – fico me gabando e fazendo poses igual a um fisioculturista até que ela me acerta com o travesseiro e começa oficialmente a guerra. Eu venço, e para provocar, dou outro beijo na ponta de seu nariz. Ela fica muito irritada com isso, toda vermelha, muito fofa.

Quando a madrugada chega, deicidimos finalmente tomar banho – sim, nós estamos meio porcos hoje. A boa notícia: tem um box e uma banheira no banheiro. A notícia ruim: ambos querem usar a banheira e queremos usar agora.

- Então a gente entra juntos. Claro, você de biquine e eu se cueca. Não faz essa cara de espanto, porque não há nada que já não tenhamos visto, e eu prometo que não vou abusar sexualmente de você.

Por causa da piadinha, levo outro tapa no braço. Isso arde.

Ela topa, e fica só de biquine, eu de cueca. Enchemos a banheira com água morna e entramos. A banheira não é pequena para uma pessoa, mas é minúscula para duas, de modo que eu e a Marina tivemos que ficar cada um numa ponta, com as pernas esticadas de um modo não muito confortável. Eu estico as minhas para a direita, e sinto a cintura da Marina em meus dedos. Ela estica suas pernas para a esquerda e me faz cócegas.

- Golpe baixo, princesa.

Como sempre, ela revira os olhos.

O Apolo pula na banheira cinco minutos depois, e então ficamos uma hora naquela banheira, brincando. No final do “banho”, a Marina estava sentada na minha frente, entre as minhas pernas, apoiando a cabeça em meu peito e meus braços estavam a abraçando por trás. SEM MALÍCIA, ok, um pouco da minha parte, mas não aconteceu nada demais.

Colocamos um pijama – até eu, porque está realmente muito frio – e secamos o Apolo. Deitamos na cama, eu e a Marina abraçados e o Apolo ao lado dela.

Pela primeira vez na minha vida, eu me lembro do meu sonho quando acordo. Lembrro perfeitamente que a Marina estava lá, junto com o Apolo, eu e um bebê. Eu estava mais velho, uns trinta e poucos. A Marina deveria ter uns vinte e poucos, o Apolo estava gigante, e o bebê, no colo da Marina. Era uma menina de cabelos ruivos e olhos castanhos amendoados.

- O que vocês estão fazendo? – o pai da Marina entra no quarto e nos vê abraçados e logo pensa besteia.

- A noite estava fria, então dormimos assim para nos esquentarmos, senhor.

- Sem sexo?

A Marina cora, eu coro, até o pai dela cora.

- Sem sexo. – confirmo, o que deixa o velho um pouco mais relaxado.

- Ótimo, agora se arrumem, hoje é véspera de Natal e precisamos de ajudantes na cozinha e para arrumar a árvore de Natal.

Eu ajudo na cozinha, fazendo rabanadas, cozinhando o peru, fazendo arroz com passas, arrumando o prato com frutas natalinas... Sua mãe fica na cozinha comigo, e eu acho que ela está começando a se acostumar comigo, não acho que ela me odeia tanto assim.

A Marina ajuda na decoração, e tudo fica perfeito. Ela deixou a árvore linda, com uma grande e brilhante estrela no topo. Seu pai a ajudou a colocar luzes pelo exterior da casa e ficou maravilhoso.

Agora, alguém me explica por que diabos eles estão arrumando a casa na véspera do Natal?

Lá para as seus horas, fomos todos tomar banho. Deixo a Marina tomar primeiro, mas foi um grande erro. Ela está naquele banheiro a duas horas.

- Marina, acelera por favor, o jantar vai começar em duas horas, e eu não quero me atrasar, sendo que o jantar é no andar de baixo!

Uma hora depois, ela sai do banho, e está linda. Seu cabelo encaracolado, seus lábios estão levemente rosados e parece que ela tem porpurina em seu corpo. Acho que tem realmente porpurina em seu corpo. Ela tá brilhando! E está vestindo um vestido vermelho até o meio da coxa. É um vestido de alça fina, todo larguinho, mas com um cinto fino prateado e com porpurina – oi? – marcando sua cintura fina. Por fim, um salto alto vermelho, delicado e não muito alto, mas o suficiente para ela crescer uns três centímetrosa. E eu pareço um gay definindo sua aparencia.

- Você tá linda, princesa.

Ela cora pra caramba, e sorri.

Tomo meu banho e menos de uma hora e coloca e melhor roupa que tenho. Uma calça jeans desbotada e uma blusa branca com uma gaivota preta – aquele desenho em “v” que significa gaivota - na parte de trás. E um tênis.

Dei também um banho no Apolo. Ele está cheirando à laranja agora.

Fomos para a sala e tivemos um ótimo jantar. Seus pais me aturaram e foram gentis com a Marina.

Devoramos a comida rapidamente, todos adoraram meus dotes culinários. Seus pais estão começando a gostar de mim, e gostaram mais ainda quando viram a Marina sorrindo.

O tempo vai passando, eles tentam conversar, mas a conversa fica monótona, então fico brincando com o Apolo e a Marina enquanto seus pais conversam entre si.

Finalmente chega o momento.

23:50. Seus pais entrelaçam seus dedos.

23:51. Eu seguro a mão da Marina.

23:52. O Apolo coloca as patinhas na mesa e seu rabinho mexe sem parar.

23:53. Os pais da Marina mandam o Apolo sair de cima da mesa.

23:54. Eu seguro o Apolo no colo com uma mão.

23:55. Os pais da Marina ficam em um meio abraço.

23:56. A Marina sorri para mim.

23:57. Eu sorrio para a Marina.

23:58. O Apolo lambe o meu rosto.

23:59. O Apolo lambe o rosto da Marina.

24:00.

- Feliz Natal, princesa. – sussurro em seu ouvido enquanto seus pais se beijam.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.