Quando chegou o meio-dia, algumas poucas horas mais tarde, o rei decretou horário de almoço. Havia várias caixas de som espalhadas pelos cantos dos corredores da cidade-mansão, que faziam a voz do rei ecoar por todo o lugar.

Meus súditos, é hora do almoço.

Essa hora era a mais agitada do dia. Crianças, adultos e jovens enchiam os corredores, carregando marmitas, pratos dos mais diversos tamanhos, comidas das mais diversas qualidades. Quando se passava pelos umbrais se podia ver famílias inteiras na mesa, almoçando e conversando. A movimentação era tanta que o ar ficava abafado dentro da cidade, e algumas pessoas até saíam de casa para comer nos jardins que rodeavam a mansão.

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Bernardo, o rei, convidou os dois meio monstros para almoçarem com ele, no sótão. Eles, claro, aceitaram, e puderam observar a bela sala de jantar que ele possuía. Não era muito larga nem alta, mas era longa, com uma enorme mesa em que de podiam ficar 30 pessoas (isso se ninguém inventasse de colocar uma cadeira no espaço entre outras duas), janelas quadradas com molduras cheias de arabescos, e vasos com plantas decorativas.

Enquanto empregados traziam seus almoços em belos pratos de porcelanato, Amaldiçoado pensava em como aquele lugar era diferente da sua casa. Diferente até da casa mais rica que já tinha visitado, uma vez avulsa, quando não tinha a maldição. Tudo era muito mais elegante, muito mais bonito.

Na primeira garfada, pensou que gostaria de ficar ali pro resto da sua vida. Mastigou a comida. O gosto era tão diferente do mato que comeu durante o caminho até ali. Tudo era tão bom...

Amaldiçoado começou a chorar de felicidade.

O cozinheiro, que sempre ficava do lado do rei enquanto ele comia, interpretou o sinal como uma nota dez ao seu trabalho. Não conseguiu conter o sorriso de satisfação.