A Casa De Hades

Capítulo 3 - Hazel


Hazel

– Isso mesmo Frank. – confirmou Hazel.

Todos se mexeram desconfortáveis.

– Não gosto da palavra “sacrifício”. Me lembra o encontro com Nêmesis que pediu um sacrifício não muito bom. – disse Leo.

Hazel sabia do que ele estava falando. Os dois encontraram a deusa em Great Salt Lake, onde ela deu um biscoito da sorte pra Leo e disse que precisaria de um sacrifício, que foi Percy e Annabeth.

– Mas ele terá que ser feito. “Sem ele, a vitória será difícil”. – lembrou Piper.

– Pelo menos será a Batalha Final, Na Casa de Hades. – disse Jason.

– Acho que tem algo errado. Não era pra ser óbvia a interpretação dos versos de uma profecia. Pode ter alguma coisa escondida nesse verso. – opinou Nico.

Hazel olhou para seus amigos e todos pareciam estar escondendo uma informação. Com um susto, ela se lembrou do segundo verso.

– “Pelo inimigo do pai, um morrerá”. – ela lembrou.

A temperatura do local parecia ter caído 20 graus. O jantar não parecia tão apetitoso quanto antes.

– Pode ser qualquer um de vocês. – disse o Treinador Hedge.

– Exceto Piper, Nico, Hazel, Annabeth e Percy. – completou Frank.

– O que deixa eu, Frank e Jason. – concluiu Leo.

– Se eu fosse vocês evitaria a participação na luta quando encontrarmos os Gigantes. – sugeriu Nico.

– Ainda temos o problema da Atena Parthenos. A profecia dizia que ela seria a ruína dos Gigantes. – lembrou Piper.

– E a chave da paz entre romanos e gregos. Mas a única que sabe sobre ela é a Annabeth, que está... Fora. – completou Leo.

– Quanto tempo nós levaremos pra chegar a Épiro Leo? – quis saber Jason.

– Mais ou menos uma semana, contando imprevistos. – ele respondeu.

Hazel se sentiu melhor. O prazo deles para deter Gaia era até 1º de Agosto, tempo suficiente.

– E quanto aos acampamentos? – ela perguntou.

Piper pegou a faca e a examinou. Os outros carregaram as cadeiras para mais perto dela e ficaram esperando. A lâmina brilhou e mostrou os romanos na região do Brooklyn, Reyna liderando um grupo maior para o lado contrário ao do acampamento Meio Sangue.

– Reyna está ajudando os gregos. – disse Jason, feliz.

Piper o fulminou com um olhar.

As imagens na adaga continuavam. Os gregos se preparando para uma batalha, ciclopes ajudando os heróis, semideuses veteranos treinando os novatos. Octavian berrando com Reyna e enforcando uma panda de pelúcia, enquanto os romanos montavam uma base no Brooklyn.

De repente, a imagem mudou. A faca mostrou uma abertura enorme no chão, que permitia a passagem ao mesmo tempo de 10 trirremes iguais ao Argo II. Dentro, havia um enorme templo do estilo grego, o maior que Hazel já tinha visto. Em frente ao templo tinha três criaturas escondidas nas sombras e conversando. O maior deles estava visível, mas Hazel não o conhecia. Jason arquejou.

– Aquele é Porfírion, o rei dos Gigantes.

Hazel se arrepiou quando o viu. Sem dúvida, ele era um Gigante. Tinha aproximadamente 20 metros, as pernas cor de feijão, os cabelos verdes trançados com armas de heróis derrotados e dos tipos mais variados. Usava uma tanga no estilo grego e vestia armadura grega completa de batalha. Sua lança estava deixada em um canto.

– Como está a viagem dos heróis? – ele perguntou.

– Os grifos fizeram um ótimo trabalho de distração. – respondeu o da direita.

Hazel achou que estava ficando maluca, porque já tinha escutado uma voz que soava exatamente o oposto dessa. Ela olhou pra Frank e percebeu que ele estava pensando a mesma coisa.

– E os seus servos já estão preparados? – Porfírion perguntou ao da esquerda.

– Estão somente aguardando as ordens.

Leo parecia estar sentindo a mesma coisa que ela e Frank. Hazel quase mandou Piper interromper a visão quando Porfírion perguntou:

– E quanto ao nosso espião?

Hazel gelou. A temperatura agora parecia estar trinta graus abaixo de zero.

“Um espião”, ela pensou. “Quem será?”

– Nenhuma notícia dele até agora senhor. –respondeu o da direita.

– Tem certeza de que pode confiar nesse semideus Porfírion? – perguntou o da esquerda.

– Claro que sim. Foi escolhido pela própria Gaia. Já nos passou informações muito úteis sobre os outros.

– E se ele nos trair?

– Ele não vai ousar fazer isso, não enquanto tivermos a alma da mãe dele.

Hazel vasculhou em sua mente a mãe de todos os garotos do navio. Todas elas estavam mortas. Esperanza Valdez, Maria di Angelo, Sra. Grace e Emily Zhang. Poderia ser qualquer um deles.

“Não, nenhum deles é um espião”. Ela pensou.

Katoptris ficou escura. Os outros voltaram aos seus lugares. Todos ficaram em silêncio por um bom tempo.

– Acho que é demais pra um dia. – disse o treinador Hedge, por fim.

– A reunião está suspensa. – anunciou Hazel.

Os semideuses se dispersaram. O treinador foi pra sua cabine assistir Jack Chan, Leo voltou para os controles, Nico se sentou próximo a proa, Frank foi para o banheiro e Jason para o quarto dele. Piper e Hazel ficaram sozinhas.

– Pode ser qualquer um deles. – começou Piper.

– E se a visão for falsa? – rebateu Hazel.

– Katoptris sempre mostra cenas reais.

– E se essa for falsa? E se os Gigantes estiverem mentindo?

– Pode ser, eu não tenho certeza. Não consigo desconfiar de nenhum deles.

– Nem eu.

– Mas pode ser verdade. Quem seria?

– Nenhum tem motivo. Todos lutaram contra os Gigantes e os derrotaram.

Piper desviou os olhos. Hazel demorou pra entender, mas assim que compreendeu, sua mente foi tomada pelo ódio.

– Não, não foi o Nico. Ele é um bom garoto. – ela gritou.

– É mesmo? Hazel eu não tenho vontade de discutir com você, mas ele pode sim ter culpa. Ele sabia da existência dos dois acampamentos. Já foi capturado pelos Gigantes. Quem sabe eles não o influenciaram? – devolveu Piper.

Hazel se sentiu sem chão. Saiu correndo do refeitório e entrou na sua cabine, batendo com força a porta atrás de si, desabando na cama e chorando de raiva e tristeza.