Capítulo 20 - Hazel

Hazel

Hazel caiu do cavalo. Arion estava escoiceando Mimas quando o gigante a acertou. Hazel foi lançada do cavalo e aterrissou numa poça d’água. A espada de cavalaria estava no seu lado. Quando ela levantou, parecia bem, exceto alguns ferimentos pelos braços, mas sem nada torcido ou quebrado.

- Piper, Annabeth. – ela gritou. – Preciso de ajuda.

A filha de Afrodite ajudou Hazel a se levantar. Annabeth estava montada num pégaso, golpeando Mimas, enquanto Tânatos segurava uma foice e golpeava as pernas do Gigante.

- A-aquele é o Tâ-Tânatos? – ela gaguejou.

- Sim, é ele. – respondeu Piper.

- O que ele está fazendo?

- Nos ajudando. Pelorus já caiu, só falta dois.

Hazel avaliou o lugar. Parecia uma piscina secando no lugar onde eles estavam. Porfírion lutava com Giges e seu exército, mas o gigante tinha dificuldade. Vários hematomas cobriam a pele verde-musgo dele, mas ele se curava rapidamente. Além do centimano, cerca de cento e vinte monstros ainda estavam de pé. Lá fora, o Argo II bombardeava os monstros, lançando vários para longe. A coruja gigante e as harpias tinham vencido as águias negras. As harpias se juntaram a Giges e a coruja se juntou ao Argo II. Os meninos ainda estudavam as Portas da Morte.

- Precisamos acabar com isso. – disse Hazel.

- Sim, mas como? – Piper questionou.

- Nossa melhor chance é Mimas. O exército dos monstros da Annabeth podem segurar Porfírion mais um pouco. Não podemos sair sem abandonar Mimas, ele se juntaria provavelmente a Porfírion e iriamos todos morrer.

- Então vamos logo.

As duas avançaram contra o gigante. Arion golpeava ferozmente as pernas reptilianas de Mimas, enquanto Annabeth e Tânatos lutavam contra o machado dele. A filha de Atena tinha um arranhão no braço esquerdo, mas parecia bem.

- Ele não cairá assim tão fácil. – avisou Piper.

Um momento depois, Tânatos despencou do céu, caindo de costas no chão e rolando até uma poça. Icor escorria da cabeça do deus e a foice estava caída na terra.

- Continuem, eu vou me curar. Só preciso de tempo. – disse ele.

Hazel olhou para o céu. O sol já tinha descido no horizonte e o céu tinha um tom azul escuro. O tempo deles estava se esgotando, logo eles não teriam mais chances. Com um súbito arrepio, Hazel entendeu o porquê dos Gigantes não agirem com força total. O tempo estava a favor deles, desde que entraram ali.

- Annabeth, as Portas! – ela gritou.

- Temos um gigante pra cuidar. – gritou de volta.

- Você não entende. Depois da meia-noite, elas não poderão ser fechadas!

Algo no olhar de Annabeth dizia que os problemas eram mesmo gigantescos. Pelo tempo, eles estavam a seis horas da meia-noite.

Hazel avançou contra Mimas, que estava com um sorriso no rosto.

- Vejo que percebeu nossos planos. Mas agora é tarde demais. Nós vamos destruir todos vocês e Gaia levantará.

A batalha continuou a mesma coisa por um bom tempo. Já era de noite quando Hazel voltou a olhar para o céu. A lua brilhava no céu negro, mas o chão era um pandemônio. Pequenos incêndios aqui e ali. Os quatro garotos estavam batalhando com um javali gigante. O exército de monstros aliados tinha se reduzido a noventa seres. Hazel tinha dezenas de arranhões pelo corpo, assim como as outras meninas. Mimas estava com suas partes metálicas enferrujadas, se movendo cada vez mais lentamente. Os pégasos e até Arion estavam exaustos, assim como todos eles. A batalha teria que se decidir nesse momento, caso contrário, não teriam mais chances.

- Temos que atacar juntos! – gritou Piper.

Hazel se concentrou na armadura de bronze do gigante, empurrou o ar e Mimas caiu. Annabeth e Piper acertaram o pescoço de Mimas com suas adagas. Tânatos e Hazel golpearam a testa do Gigante com a espada e a foice. Arion pisoteou o nariz do Gigante e ele desapareceu. Onde estava Mimas, apenas a poeira de monstro e o machado de guerra restavam.

- Isso não acabou! – rugiu Porfírion. - Eu vou voltar e acabar com todos vocês.

O gigante foi absorvido pela terra, deixando um buraco de terra fofa e úmida. O Argo II voltou pra cratera. Perseu, Céos e Hedge desceram, cumprimentando os aliados do Tártaro. Os meninos se aproximaram e todos comemoraram.

- A vitória foi das meninas e Tânatos. Sem eles, nunca teríamos vencido. – disse Percy.

- Mas ainda não acabou. Precisamos fechar as Portas antes da meia-noite. – lembrou Piper.

- O tempo esta passando. Já passamos das dez horas da noite. – relatou Céos.

Todos correram para as portas.

- Elas têm que ser fechadas simultaneamente não é? – perguntou Leo.

- Sim. – respondeu Tânatos. – E dois dos sete da profecia precisam ficar lá dentro.

A temperatura caiu drasticamente. Todos eles pareciam desconfortáveis. Hazel não suportaria ver qualquer um dos seus amigos lá dentro. Percy e Annabeth não mereciam aquilo de novo. Ela olhou para Frank e compreendeu o que tinha que fazer. Ele balançou a cabeça em sinal de positivo, como se lesse os pensamentos dela.

- Eu e o Frank vamos entrar. – disse ela.

Lágrimas brotaram dos olhos de Nico.

- Não posso deixar você ir. Não posso perder você.

Hazel já tinha decidido. Doía muito nela deixar Nico, mas ela precisava fazer isso. Durante todo esse tempo, não sabia o porquê de ter voltado, mas assim que tocou as portas frias, sabia qual era a sua verdadeira missão.

- Eu tenho que entrar. Eu já morri uma vez e voltei injustamente. Agora terei que reparar esse erro. Vocês têm suas vidas pela frente. – Hazel respondeu.

- Eu vou morrer de qualquer jeito mesmo, vou me sacrificar por uma boa causa. E também não posso ficar longe da Hazel, não vou abandona-la.

Hazel teve que sorrir. Pegou nas mãos dele e o abraçou. Se despediu dos amigos, daqueles que apoiaram eles e entrou. Os monstros também se juntaram a eles, todos os noventa. Céos, Siges, Arion e Perseu também entraram.

- Não vai também não? – perguntou Annabeth ao deus da morte.

- Não posso atravessar as Portas. – ele se aproximou delas e foi lançado pra trás.

- Então nos ajude a fechar o lado mortal. – pediu Leo.

- Isso eu posso fazer.

Eles empurraram as Portas. Frank virou um mamute e se chocou contra a da direita, com Hazel, Arion, Céos, Siges e Perseu. Giges e as criaturas dele empurravam a da esquerda. Piper, Annabeth, Treinador Hedge e Tânatos empurravam a da direita do lado mortal, enquanto Nico, Percy e Leo na esquerda. O Argo II levantou voo e ficou pairando a cinquenta metros do chão. As Portas se arrastaram pelo chão. A do lado mortal ficou a dois metros de distancia do ponto principal, esperando o lado do Tártaro.

- Força, vamos – incentivou o sátiro.

Hazel olhou uma última vez para o céu e chorou, empurrando as Portas. Quando os dois lados se tocaram ao mesmo tempo, uma força gigante os lançou pra longe. Muitos monstros evaporaram ali mesmo. Hazel voou pra longe, bateu a cabeça em uma pedra e desmaiou.