A Casa Caiu

Assumo


Era difícil para Rony compreender o que se passava na cabeça de Hermione Jean Granger. Sempre que tentava algo, ela fugia, mas sabia que se não arriscasse, as coisas não dariam tão certo como ele esperava que dessem. Só deveria ter cuidado o suficiente para não ultrapassar os limites e fazer a garota ir embora de uma vez por todas.

Aqueles dias que antecediam o Natal estavam complicados. Tinha menos de dez dias e tudo o que Hermione fazia era lhe deixar cada vez mais cheio de incertezas. Tinha a sensação que nunca conseguiria convencê-la a ficar. Achava que, talvez, o melhor lugar para Hermione fosse realmente longe dele.

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Deitou em sua cama pensando, mais uma vez, em como desvendar os mistérios da mente dela. Desde a tarde na Toca ele tinha sentido que ela estava estranha, e isso era confuso demais para ele compreender.

Poucas horas antes ela estava sentada na cozinha, ao seu lado, defendendo a posse da casa. Pensou até que poderia aproveitar aquela situação para que eles se acertassem de vez, mas não deu certo. O fato da mãe tê-los chamado para a Toca complicou tudo. Amava a família, mas algumas vezes eles extrapolavam nos comentários.

E tudo ia aparentemente bem. Contar o caso do casal louco que tentou tomar a posse da casa deles estava divertido até o momento em que Percy falou “cunhadinha”. Ele observou Hermione corar ao mesmo tempo em que a sua fisionomia mudava. Ela não estava satisfeita com os comentários idiotas que o Jorge fazia.

Ele sentiu que ela estava incomodada, mesmo que sorrisse das palhaçadas, porém não achou difícil que a situação que a fez ficar tão calada fosse realmente o arrependimento. Pensou que, por um momento, ela pudesse assumir que se arrependia de ter ido embora, de ter deixado os planos que tinham serem transpostos por outros.

“Talvez estivéssemos casados agora, Mione. E quem sabe estaríamos muito bem.”

Pelo menos era isso o que ele realmente queria dizer minutos atrás, mas por medo de não saber como ela reagiria, preferiu omitir. Omitir como tantas vezes o fez, por medo de machucá-la ou de fazer com que ela se afastasse novamente.

Agora ela estava em seu quarto, provavelmente irritada porque ele sabia realmente o que ela pensava e o que desejava, e a única coisa que ele poderia fazer era ficar ali esperando para ver em quê tudo isso daria.

Enquanto isso, Hermione andava de um lado para o outro em seu quarto. Nem mesmo tinha coragem de ir tomar banho. As emoções em seu peito eram tão fortes que ela achou que, talvez, pudesse fazer o que não devia pelo simples fato de ter saído dali, de seu ambiente seguro.

Checou se a porta estava trancada. Sentou-se sobre a cama e ficou, mais uma vez, pensando sobre quando havia demonstrado suas intenções de ir embora depois do Natal.

Estava irritada com tudo, com seus pensamentos, mas, acima de tudo, estava irritada com Rony.

Respirou fundo e se levantou, passando as mãos sobre o cabelo, arrumando os fios soltos de qualquer jeito. Passou as mãos na blusa e, decidida, abriu a porta, respirando profundamente antes de sair de seu quarto.

Caminhou a passos rápidos e seguros pelo corredor, sem nem mesmo parar diante da porta, abrindo-a de qualquer jeito, deixando o ruivo um pouco assustado, mas ainda parado, deitado sobre a cama, observando a morena diante de si, em silêncio.

— Eu só vim dizer que… Que você não me conhece assim tão bem como pensa — a voz estava naquele famoso tom estrangulado que ela usava quando estava irritada ou nervosa — Que eu não estou pensando em fugir como você acredita. Nem estava esperando nenhum beijo seu.

Ela parou por breves instantes, olhou para ele ainda deitado sobre a cama, sem entender ao certo aquela atitude e, depois de empinar o nariz altivamente, virou de costas e saiu, batendo a porta com força.

Rony ficou com a boca levemente aberta, um tanto incrédulo com aquela situação.

Pensou em levantar e ir falar com ela, mas antes que conseguisse transformar o pensamento em ações, viu a porta ser aberta e Hermione passar por ela novamente.

— Você acha que é o garanhão da Terra? Pensa que morro de amores por você só porque resolvi ficar aqui até o Natal? — perguntou, e ela mesma respondeu — Não… Não, não, Ronald Bilius Weasley. Você não é a última bolacha do pacote. Você… Você não é o homem dos sonhos das mulheres. Até pode ser bonito e muito sensual, mas não é assim e… E eu faço da minha vida o que eu bem entender. Eu não preciso de seus beijos para ser feliz e…

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Ela ia continuar, mas ver Rony se levantar da cama e ir em sua direção fez com que ela parasse e respirasse fundo, como se fosse uma presa esperando que o predador a devorasse. E ele se aproximou dela em silêncio, caracterizando ainda mais a sua condição indefesa.

Rony parou alguns centímetros diante dela. Os olhos estavam em um tom turquesa ameaçador. Ela conseguia observar a respiração tranquila dele através do seu peito desnudo. O aroma cítrico inundando suas narinas, sua mente, e esquentando seu peito.

— Não precisa dos meus beijos pra ser feliz, Mione? — perguntou ameaçadoramente. Olhava para ela esperando a sua reposta.

— N… Não — respondeu sem muita convicção — Claro que não.

— Ótimo — ele continuou sem sair de perto dela — É meio estranho que você saia do seu quarto e invada o meu pra me dizer esse tipo de coisa. Não é muito característico seu.

— Eu… Eu só queria… Queria deixar claro que…

— Sim. Você deixou claríssimo que não precisa dos meus beijos. Mas eu preciso te dizer uma coisinha, se você permitir.

— Cla… Claro que sim — ela temia com o que viria.

— Eu não acho que sou o garanhão da Terra… Deixei passar essa ideia a você ou a alguém em algum momento? — ele parou um pouco, mas como ela não respondeu, ele continuou — Espero que não, afinal, nunca nem mesmo me achei bonito, mas não posso negar que senti meu ego inflar um pouco quando disse que sou bonito e sensual. É um pouco conflitante com seus conceitos de que sou terrível, mas tudo bem.

“Eu também nunca quis ser a última bolacha do pacote, Mione. Nunca desejei ser isso pra você nem pra ninguém. Ao contrário do que essa frase quer dizer, a última bolacha do pacote sempre vem quebrada, e eu não quero isso pra mim.

"Também nunca pretendi ser o homem dos sonhos de nenhuma mulher, não das mulheres em geral. Me contento em ser o homem dos sonhos de uma única mulher, Hermione Jean Granger, se é que você a conhece.

“E, sinceramente, eu bem sei que você faz da sua vida o que quiser. Você é adulta e responsável por todos os seus atos e eu nunca, na minha vida pensaria em decidir algo por você.

"Aprendi, Mione, quando vi a mulher que amo ir embora por não suportar o meu ciúme e a minha mania de controle, que esse tipo de sentimento não me levaria a nada. Por culpa da minha infantilidade e dos meus complexos, eu aprendi da pior forma e não quero que isso se repita.”

Hermione olhava para Rony atentamente. Ouvia cada palavra como se fosse a mais suave e importante melodia já composta.

Era inacreditável que ele conseguisse falar tudo aquilo de forma tão natural e tranquila enquanto o seu coração doía dentro do peito e ela se perguntava como ele conseguia ficar tão sereno diante daquela situação.

— E não se preocupe, Hermione, eu entendi que não posso te beijar quando eu bem entender. Não farei mais isso, a não ser que você queira.

Com essas palavras ele concluiu seu monólogo. Ficou olhando para Hermione por breves instantes e sorriu antes de lhe dar espaço, indo alguns passos para trás.

Ela estava atônita. Não tinha o que dizer. Não sabia como agir. De tantas palavras proferidas por Rony, a última frase fora a que mais lhe afetou:

E não se preocupe, Hermione, eu entendi que não posso te beijar quando eu bem entender. Não farei mais isso, a não ser que você queira.

— Er… Tudo bem — ela respondeu sem graça — Obrigada.

Ela ainda ficou um instante imóvel, olhando para o ruivo, mas virou-se e saiu. Caminhou com passos lentos até o seu quarto e ficou ali, sentada sobre sua cama, digerindo todas as coisas que havia ouvido.

Será que ele realmente mudou? Por que não vai mais me beijar? Droga! Mil vezes droga! Hermione Granger e seu bocão incontrolável. Como você pode ser tão estúpida?

Resolveu tomar banho. Já havia dito tudo o que queria, e ouvido bem mais do que esperava.

Passou alguns longos minutos debaixo da água, sentindo as gotas escorrerem sobre seu corpo, levando com elas algumas poucas e delicadas gotas de lágrima.

Mas por que estou chorando, droga!?

Passou as mãos com firmeza sobre os olhos em um gesto para enxugá-los. Lavou os cabelos imaginando que aquele shampoo removeria seus pensamentos, mas não deu certo. A única coisa que martelava em sua cabeça eram as últimas palavras de Rony:

E não se preocupe, Hermione, eu entendi que não posso te beijar quando eu bem entender. Não farei mais isso, a não ser que você queira.

— Mas eu quero, droga! — falou debaixo do chuveiro, engolindo um pouco de água — É o que eu quero, seu ruivo imbecil.

Um tempo depois ela estava sobre sua cama, deitada de barriga para cima. Já havia passado tanto tempo daquela discussão que ela pensou que o relógio havia parado. Ela não conseguia dormir e agradecia aos céus por ser final de semana.

Decidiu tomar um copo de leite quente na vã ilusão de que a ajudaria dormir. Desceu as escadas, mas antes olhou em direção ao quarto do ruivo. A porta estava fechada, como ela havia deixado horas atrás.

Respirou fundo enquanto bebia cada gole daquele leite. A mente ainda remoía as palavras de Rony e ao voltar para o quarto, não resistiu e foi até o dele.

Pensou em bater, mas já devia ser muito tarde. Além do mais, o que quereria no quarto dele de madrugada?

Ainda levantou a mão e a levou até a porta por duas vezes antes de desistir. Virou as costas e se direcionou até o seu, mas antes que desse o terceiro ou quarto passo, parou.

— Hermione… — a voz rouca e aveludada de sempre — Está tudo bem?

— Sim… — ela falou quando se virou para ele — Só fui tomar um leite quente. E você, tudo bem?

— Sim… Só estou sem sono. Tive a mesma ideia que você.

— Tudo bem… — ela sorriu sem graça — Boa noite, Rony.

Ela sentou sobre a cama e ficou ali, com a cabeça apoiada em suas mãos, pensando em algo que pudesse fazer.

Não sabia ao certo quanto tempo passou, mas ouviu o barulho da porta de Rony fechar.

Pressionou a mãos contra a cabeça, tentando se livrar dos pensamentos, mas não conseguiu.

— Já chega!

Hermione saiu em disparada até o quarto de Rony. O rapaz novamente se assustou quando a garota abriu sua porta com ferocidade e ficou ali, parada diante dela. Percebeu que sua respiração era rápida, entrecortada.

— Eu quero… — Hermione disse sem muitas explicações. Rony olhou para ela, tenso.

— O que você quer, Hermione? — a voz dele era como um sussurro, mas a morena sentiu a tensão em cada palavra.

— Eu quero que você me beije, Rony. Eu quero.

O ruivo se levantou agilmente em sua direção, parando ao se ver diante dela. Olhou-a nos olhos e, com carrinho e delicadeza, beijou seu pescoço.

Hermione sentiu o corpo esquentar repentinamente, as pernas amoleciam enquanto seus olhos se fechavam de prazer e emoção.

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Os beijos que Rony lhe deu naquela noite foram os melhores que ela já sentiu. Cada toque, cada sensação era única, como sempre fora ao lado do ruivo. Ela se permitiu, naquela madrugada, sentir tudo o que seu coração e corpo ansiavam.

Por fim, ela dormiu bem, e a única certeza que tinha é que não foi graças ao leite que tomou tempos atrás.