Capítulo Dez
Rumo à Plataforma 9 ¾ .

Assim que o carro parou, a porta da frente se abriu e uma mulher saiu de dentro. Molly Weasley puxou o banco e só então abriu um enorme sorriso para Tori.

— Senhora Weasley! — a menina correu para ela e a abraçou.

— Olá, Tori. — Molly a apertou.

As duas se afastaram apenas quando outras pessoas começaram a sair do carro. No total de seis no banco de trás, um sétimo também surgiu do banco da frente logo depois. Ele era tão ruivo quanto todos os outros, alto e algumas sardas pelo rosto assim como algumas das crianças. A diferença estava nas rugas, que revelavam a idade superior.

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— Tori! — Fred foi para perto dela e também a abraçou, tirando-a do chão e a fazendo rir.

— Ai, seu doido! — falou assim que foi colocada no chão — Ainda estou brava que o senhor mentiu para mim junto com seu irmão! — deu um tapinha no braço dele.

— Desculpa. Mas pode falar: somos geniais, não somos? — gabou-se o menino.

Tori riu enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Esse é Arthur, meu marido. — Molly o apresentou, tomando a atenção para si outra vez.

— Muito prazer, senhor Weasley! — Tori deu alguns passos para perto do adulto e estendeu a mão.

Mas ele estava alheio observando alguma coisa na caixa de correio com total atenção.

— Pai! — a pequena Gina puxou um pedaço da blusa dele.

— Oh, oi, me desculpe. — voltou a realidade — Olá. Você é a famosa Tori então? Muito prazer! — pegou a mão da menina e sacudiu algumas vezes.

— Famosa? — Tori perguntou.

Todos os Weasley começaram a rir, menos Fred, que ficou de bico.

— Teve alguém que só falou de você desde a ida ao Beco Diagonal. Disse que não é fresca como outras meninas e ainda bate em folgados! — foi a vez de Jorge piorar o bico de seu gêmeo.

— Cale a boca! — Fred ficou mais emburrado ainda.

— Credo, sou famosa por algo negativo que fiz! — lamentou Tori.

— Acredite, vai muito além disso. Eu tive a oportunidade de conhecer seus pais e já tinha alguma noção de como você e Harry seriam. Ótimas pessoas também, espero! — Arthur tranquilizou a menina, que sorriu.

Em meio a empolgação de rever suas primeiras amizades do mundo bruxo, Tori havia se esquecido de Abigail. Quando se lembrou, viu a menina tão emburrada quanto Fred.

— Senhores, quero que conheçam uma pessoa... — foi para perto da menina e a puxou — Essa é Abigail, minha amiga daqui de Little Whinging! — sorriu.

— Ah, como ela é bonitinha! — Molly sorriu toda encantada.

— Não precisa me tratar no diminutivo. Tenho onze anos e quatro meses, não menos! — Abigail respondeu, revirando os olhos — Abigail McGregor, ao seu dispor! — assentiu com a cabeça.

— Que chata! — reclamou Fred.

— Fred! — a mãe repreendeu o filho.

— Sabe apenas meu nome. Não me julgue só por isso, moleque. Ou quer que eu diga que você é um mendigo por conta desses trapos que está usando? — rebateu a menina.

— Que bom que todo mundo se deu bem... Agora vou ir buscar meu malão, e a senhora vem comigo! — Tori puxou a menina.

Só a soltou quando estavam dentro de casa, onde cruzou os braços e esperou explicações.

— Pessoal esquisito. Tem certeza que não são sequestradores do tráfico humano? — comentou Abigail, encarando suas unhas.

— Achei que tinha mudado! — reclamou.

— E mudei, oras. Mas foi com você. Ladrões de amiga não fazem parte do pacote! — Abigail argumentou e também cruzou os braços.

Tori começou a rir de repente.

— Espera... Até outro dia me odiava, me achava uma assassina... Agora está com ciúmes dos meus novos amigos? A senhora não existe, Abigail! — riu tanto que segurou a barriga.

— Quer saber? Se vira com a mala, engraçadinha. Estou indo para casa! — acenou para ela e se virou para voltar para a porta.

— Se cuida... — ainda falou, enquanto encarava as costas da menina.

Não conseguia deixar de se preocupar depois do que Akin havia dito sobre magia avançada por ali. Sabia que a família estava protegida, mas sua preocupação agora era com quem não estava.

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Suspirando fundo para relaxar outra vez, Tori puxou seu malão em direção a porta. Mas parou na metade do caminho e olhou para o andar de cima por algum tempo.

Algumas horas mais cedo, antes de Harry ir para a escola, ela havia se despedido dele. Tudo havia se resolvido no dia anterior e, por incrível que pareça, não houveram lágrimas de tristeza pela separação. Os irmãos pareceram enfim se conformar.

Deu um "até logo" para o tio e primo quando ambos estavam de saída. Obviamente não obteve resposta, mas fez sua parte.

Apenas uma pessoa não havia visto naquele dia. Alegou que estava com crise de enxaqueca e não desceu para o café da manhã como costumava.

Largando seu malão perto da porta, Tori subiu os degraus rapidamente e seguiu para o quarto que havia invadido para procurar a carta que a fez estar ali, de saída. A porta estava semi-aberta e sua tia estava coberta até a cabeça, imóvel. Pareceu que adivinhou que ela iria aparecer e se escondeu para a evitar.

— Tia? — a chamou.

Alguns segundos e nenhuma resposta.

— Tia Petúnia, já estou indo. — cutucou a mulher, que puxou parte do edredom para revelar um rosto sonolento e irritado.

— O que me importa? Me atrapalhou o sono para isso? Francamente, Victória! — reclamou e voltou a se cobrir.

— Tia, sei que a senhora não consegue dormir até tarde. Estava aqui fazendo hora para não falar comigo. Mas se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até Maomé! — soltou um risinho diante do ditado e tentou puxar o edredom.

— Sai! — Petúnia a empurrou — Vá logo para aquele inferno. Se possível, tente ser devorada por alguma besta e me poupe despesas! — rosnou e se virou para o lado oposto.

Chateada, mas conformada, Tori suspirou pesadamente e seguiu para a porta do quarto outra vez.

— Anote isso: Vai acabar como a sua mãe, morta por aquele mundo de aberrações. Deveria seguir meus conselhos e desistir de ir, caso goste de viver. Faça o que ela não fez e tenha juízo de ficar exatamente onde está! — ainda falou, mesmo com a voz abafada pelo tecido.

— Não vou ficar, tia. Mais alguma coisa para falar? — rebateu Tori.

A mulher não disse mais nada.

Então Tori enfim saiu do quarto e desceu as escadas. O malão estava exatamente onde havia deixado. Ela o pegou e foi em direção a saída, mas não sem antes dar uma última olhada em sua casa e sorrir.

Do lado de fora, ainda encontrou Abigail, que parecia discutir com Fred e apontar para o carro do senhor Weasley e para o seu. Tori se aproximou rapidamente, temendo que a menina estivesse colocando sua condição financeira muito melhor à frente outra vez.

— O que está acontecendo? — perguntou, encarando os dois amigos.

Teimosia está acontecendo! — os dois falaram juntos.

— Eu estou dizendo que seria bem mais confortável meu motorista te levar até a estação de trem. O carro que você vai já está cheio, mas esse menino não entende isso! — bateu as mãos na perna, irritada.

— Você que não entende que ninguém aqui está pedindo sua ajuda! — rebateu Fred.

— Agradeço, Abie, mas vou com eles. — puxou o malão para perto do carro.

— Quero ver como você vai enfiar esse trambolho dentro daquele carrinho! — protestou Abigail.

— Espere e verá! — Fred tomou o malão e o puxou até o porta-malas do carro — Me ajude aqui, Carlinhos. — pediu ao irmão.

Assim como Abigail, Tori também ficou intrigada em como seu malão caberia ali. Ficou observando enquanto os dois irmãos o erguiam e guardavam sem dificuldade alguma.

— Prontinho! — Fred voltou para perto das meninas batendo uma palma na outra como se estivesse limpando.

— Mas... — os olhos azulados de Abigail ficaram ainda mais destacadas quando ela os arregalou.

O menino riu da cara dela.

— Todos para dentro do carro agora, ou vamos nos atrasar! — Molly mandou, abrindo a porta — Até mais, Abigail! — ainda se despediu, mesmo se com um sorriso meio forçado.

Um a um, os Weasley foram entrando no carro até faltar apenas Tori. A menina se aproximou, um pouco receosa, mas acabou entrando também. Para sua completa surpresa, o carro era espaçoso o suficiente para cada um se sentar sem precisar se apertar.

— Magia. — Gina sussurrou para ela, respondendo a expressão de dúvida.

Quando todos entraram, Arthur ligou o carrou. Tori observou Abigail pela janela, onde parecia tão solitária que deu pena. Mas passou a vida inteira solitária e sobreviveu, então Abigail também conseguiria.

Então o carro se moveu, um pouco desengonçado. Tori se perguntou se o homem sabia mesmo dirigir, mas preferiu confiar.

— Segurem firme! — Molly avisou, olhando para o banco de trás.

Mesmo não entendendo o motivo de ter de segurar firme, Tori obedeceu. Foi no momento exato que um forte solavanco aconteceu e o carro saiu do chão.

— Santo Deus! — ela gemeu — M-mas e os trouxas? — gaguejou, assustada.

— Magia. — Gina respondeu outra vez.

Tori sorriu, agradecida. Mas por dentro estava chateada por uma criança mais nova do que ela saber muito mais coisas sobre o mundo mágico. Quando chegasse em Hogwarts, tentaria arrumar algum tempo para fazer todas as pesquisas possíveis para não mais ser desinformada.

◾ ◾ ◾

Quando o carro parou em frente a enorme estação King's Cross, todos desembarcaram e Tori ficou observando uma placa que dizia que aquela vaga era exclusiva para desembarque de táxis. Mas quando abriu a boca para avisar, foi alarmada por Molly.

— Faltam menos de trinta minutos. Peguem as coisas, rápido! — falou e ajudou a pegar algumas coisas para adiantar.

Tori obedeceu e pegou seu malão, sendo ajudada por Carlinhos que também puxava seu próprio malão.

— Tori, cadê seu bicho? — o garoto perguntou, enquanto passavam por pessoas.

— Que bicho? — ela estranhou.

Eles pararam para colocar os malões em carrinhos e facilitar o transporte.

— Na lista de Hogwarts eles pedem um animal. — respondeu, começando a empurrar o carrinho.

— Senhor Snape não me disse nada... Ah, claro, foi castigo por eu ter feito ele perder tanto tempo! — uniu as sobrancelhas, chateada — Acha que vou ter problemas? — suspirou.

— Acho que não. A culpa nem foi sua! — Carlinhos a tranquilizou.

— Mais rápido, crianças. — Molly chamou atenção dos dois.

Então Carlinhos acelerou e Tori fez o mesmo, se esforçando para não se perder no meio de tanta gente. Ela ainda riu dos gêmeos, que resolveram usar o carrinho como uma espécie de patinete, e receberam bronca da mãe.

Todos pararam apenas quando chegaram na plataforma nove e dez. Tori retirou seu bilhete meio amassado do bolso e se assustou ao ler "Plataforma 9 ¾".

— Meu bilhete... — tentou explicar, mas foi interrompida.

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— Percy e Carlinhos, podem ir! — a adulta falou para os dois meninos mais velhos.

Eles obedeceram e empurraram seus carrinhos em direção a divisória das duas plataformas. Tori fechou os olhos pensando que os dois iriam bater e se ferir, mas ao abrir os olhos outra vez reparou que eles haviam desaparecido.

— Tori, sua vez. Fred e Jorge vão em seguida! — se virou para a menina.

— Eu prefiro ir por último! — pediu Tori, sem conseguir esconder que estava um pouco assustada.

— Se prefere assim... — Jorge falou e correu em direção a divisória, seguido por Fred, e ambos sumiram.

Tori ficou boquiaberta. Aquela era uma reação comum desde quando descobriu sobre magia.

Arthur e Rony foram logo em seguida, sobrando apenas ela, Molly e Gina.

— Não tenha medo, querida. Vá correndo, que será mais fácil! — Molly a tranquilizou.

— Tudo bem. — concordou e respirou fundo.

No momento seguinte, ela saiu correndo direto para a barreira. Fechou os olhos quando estava chegando perto e os abriu apenas quando sentiu o ar tornar-se diferente.

Olhou à frente e viu um enorme trem, já repleto de alunos dentro. Alguns debruçados sobre as janelas acenando para os familiares, outros ao lado de fora conversando com conhecidos, outros guardando o malão no compartimento.

— Ei, ruivinha. — uma voz feminina a chamou.

— É comigo? — se virou e reparou em uma mulher, que escondia o cabelo em um lenço preso à cabeça e usava óculos escuros.

— Seu cabelo é ruivo? — perguntou.

— Sim. — Tori respondeu, tocando o cabelo.

— Então por que a pergunta? — a mulher foi grossa — Hum, quer dizer... Oi, eu sou do Profeta Diário e estou aqui para entrevistar alguns novos alunos. — continuou, um pouco mais simpática.

— Profeta Diário? O que é isso? — uma expressão de dúvida veio para o rosto da menina outra vez.

— Oh, sim, esqueci que a filha dos Potter foi criada por trouxas... Enfim, é o jornal mais famoso do mundo! — empolgou-se, exagerada — Tudo bem, não é do mundo, mas é o melhor... — se corrigiu.

— E eu tenho direito de recusar? — Tori perguntou, enquanto olhava em direção ao expresso, temendo perde-lo a qualquer momento.

— Não seria muito gentil. — a mulher tocou o peito e suspirou tristonha.

— Tem razão. Então, tudo bem. Não fará mal algum mesmo... — concordou Tori, trocando o peso de perna.

— Está certo. Victória, usarei uma pena de repetição para que conversemos à vontade, ok? — a jornalista avisou.

— Uma o quê? — outra dúvida.

— Observe enquanto conversamos. — ela tirou da bolsa um bloco de notas e uma pena verde berrante — Enfim, quais são suas expectativas para Hogwarts? Acha que terá alguma dificuldade por ter sido criada longe da magia? Qual casa sugere que entrará? Alguma profissão futura sonhada? Ideias se prefere se casar com um puro sangue, alguém como você, um nascido trouxa ou trouxa completamente? Hum? — perguntou enquanto a pena começava a rabiscar uma folha do bloco.

— Espera... acho que me perdi. Expectativas do que mesmo? — Tori coçou a cabeça, enquanto espiava o bloco de anotações.

"Victória Evans, onze anos. Possivelmente por ser a primeira filha, veio como rascunho. Todos os talentos e inteligência ficaram para o irmão, o famoso Harry Potter, a obra de arte finalizada."

Fechou a cara ao terminar de ler, mas logo suavizou e respirou fundo, tentando se lembrar da primeira pergunta.

— Estou esperando. — a mulher observou um relógio de bolso.

— Ok... Tudo bem. Hum, tenho todas as expectativas possíveis para Hogwarts, porque vai ser tão bom ficar em um lugar que sei que meus pais estiveram. Acho que vou me sentir mais próxima deles. Enquanto às dificuldades, eu vou tentar superar assim como sempre fiz. — respondeu Tori, um pouco insegura.

A pena continuou a rabiscar.

— E a casa? Qual você sente mais afinidade? Espera, você sabe sobre as casas, não é? — encarou a menina por cima dos óculos.

— Sim, eu sei. Não me importo com a casa que vou cair, desde que não seja a casa que aquele... Enfim, espero que o resultado seja bom para mim! Hum, qual a outra pergunta mesmo? — tentou se lembrar, sem sucesso.

— Tori, depressa. Você vai perder o Expresso! — Molly apareceu — Espera... Eu te conheço! — encarou a jornalista.

O flash de uma câmera que não se sabe de onde surgiu quase cegou Tori, que piscou algumas vezes, atordoada.

— Agradeço por seu tempo, Victória. Até mais! — saiu correndo como se fosse alguma criminosa em fuga.

— Ei, mas foi o suficiente? — Tori perguntou, enquanto coçava os olhos — Ah, espero ter ajudado... — deu de ombros quando reparou que a mulher havia sumido.

— Céus, o que foi que disse para essa futriqueira? — a adulta a encarou, ansiosa.

— Futriqueira? — encolheu os ombros.

— Aquela era Rita Skeeter, jornalista do Profeta Diário. Ela costuma distorcer as matérias. Torça para que ela pegue leve com você! — disse, tocando o braço da menina e a guiando em direção a porta do expresso — Agora vá, meu bem. Bom ano em Hogwarts! — a soltou.

— Tchau, senhora Weasley. Obrigada por tudo! — acenou para a mulher e entrou.

Dentro do expresso, ela se assustou com a quantidade de cabines pelo extenso corredor. Não ver nem sinal de algum conhecido a fez desanimar, pois teria uma trabalheira para encontrá-los, se é que conseguiria.

Mas decidiu tentar, mesmo que demorasse a viagem inteira.

Começou espiando a primeira cabine.

◾ ◾ ◾

Quem quer uma guloseima? — uma voz ecoou pelo corredor.

Tori ainda estava a procura de seus conhecidos, cerca de vinte minutos após a partida do trem. Estava cansada e já havia devorado boa parte dos cookies de Marie.

— Olá, senhora. — cumprimentou a velhota que empurrava pelo corredor um carrinho cheio de doces de formatos estranhos.

— Olá, menina. Quer alguma coisa? — sorriu, simpática.

— Trouxe de casa... Mas obrigada. — ergueu seu saquinho — A senhora não viu por aí dois garotos de onze anos, ruivos e idênticos? — perguntou, esperançosa.

— Dois garotos ruivos... Dois garotos ruivos e idênticos... — a mulher pareceu tentar se lembrar — Oh, sim. Sim, eles estão cerca de sete cabines a partir daqui. — apontou para trás.

— Muito obrigada, senhora! — agradeceu Tori, toda empolgada — Com licença! — saiu em direção ao local indicado.

Contou todas as portas até chegar no número sete e deu algumas batidinhas, antes de abrir e encontrar quem procurava.

— Até que enfim achei os senhores! — arfou de cansaço — Não sabem a doida que me apareceu antes que eu entrasse aqui no trem. Quis uma entrevista e quase não me deixa entender as perguntas. Aí eu respondi algumas e a senhora Molly apareceu, fazendo a mulher sair correndo. Descobri que ela é uma mentirosa do Profeta Diário e vai me caluniar na matéria, olha só que ótima maneira de começar o ano! — tagarelou enquanto puxava a porta.

Os três meninos ali presentes a encararam em silêncio por um tempo.

— Olá, quem é o senhor? — sorriu para um garoto negro e cabelos rastafári ali presente.

— Eu que te pergunto. — respondeu, com uma sobrancelha erguida.

Ela é irmã do Harry Potter. — Fred respondeu pela menina.

— Eu sou Tori Evans, na verdade. — se apresentou diferente, pois se lembrou das anotações da pena de Rita Skeeter — Eu sou eu. — deu de ombros.

— Hum, sou Lino Jordan. Muito prazer. — o menino estendeu a mão.

Tori retribuiu e eles deram um aperto leve.

— Muito prazer, senhor. — sorriu e se sentou ao lado do menino — E então, o que estão fazendo? — perguntou.

— Você me fez perder uma partida de Snaps Explosivos, mas tudo bem. — Fred avisou.

— Na verdade você perdeu por ser ruim. Não coloque a culpa na chegada repentina da Tori! — debochou Jorge.

— Revanche? — desafiou o irmão.

— Só se for agora! — concordou.

— Me ensinem a jogar? — pediu e os três meninos a encararam outra vez.

— Não vai chorar quando perder, não é? — Lino perguntou, inseguro — Meninas costumam ser um pouco choronas, tenho um pouco de medo delas... — explicou.

— Ela é chorona, mas é diferente. É uma chorona que bate em folgados! — Fred a defendeu.

— Eu não sou chorona! — reclamou Tori — Não querem me ensinar com medo de perderem para uma menina... — debochou.

— Lino, explique para ela enquanto Fred e eu jogamos. Tente prestar atenção nas duas coisas, Tori. — Jorge pediu e se preparou para começar a jogar.

— Certo. — concordou Lino.

A explicação começou alguns segundos depois que os meninos começaram a partida.

◾ ◾ ◾

A viagem seguiu tranquila, com os quatro se divertindo com partidas de Snaps Explosivos. Tori era péssima, mas insistia em tentar. Esse era seu objetivo em Hogwarts: tentar até conseguir.

— Chora, bebê! — comemorou quando venceu pela primeira vez de Fred.

— Nossa, ela está melhorando! — o menino não soube mentir direito, então os outros caíram na risada.

— Você a deixou vencer. Não vale! — Lino riu.

— Acho que está apaixonando, Fred! — debochou Jorge.

Tori e Fred se encararam por alguns segundos, depois simultaneamente fizeram uma careta de nojo e começaram a rir.

— Pessoal, vistam os uniformes. Chegaremos em Hogwarts em breve! — Carlinhos surgiu de repente na porta, portando uma postura séria diferente de antes.

Ele fechou a porta e se afastou para uma próxima cabine.

— Ele é Monitor-chefe. — Fred explicou para Tori — Até parece que eu ia querer perder meu conforto por causa de um título! — deitou todo folgado e colocou um pé na poltrona onde Tori e Lino estavam sentados.

— Quem seria louco de te deixar no controle? — debochou Jorge.

Todos riram juntos.

◾ ◾ ◾ ◾ ◾ ◾