A Bailarina

As provações do Lorde Sesshoumaru (Parte 1)


“Sem querer esnobar
Sei bem fazer um gran de car.
E pra um bom salto acontecer
Me abaixo num demi plie.”


Finalmente, parecia que tudo na vida do Sesshoumaru estava dando certo.
Os problemas na empresa foram solucionados da melhor maneira possível, seu carro estava funcionando maravilhosamente bem, nem encontrou com o cara de pau de seu irmão mais novo na sua cadeira, comendo seu croissant e sua geleia de damascos importada. Na verdade, não encontrou Inuyasha na sala de jantar, nem em lugar algum da casa, para sua infinita alegria.

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Abriu a janela, contemplando a paz e a serenidade daquele seu primeiro dia de folga em semanas.
Até o céu parecia estar mais azul e límpido, harmonizando com exatidão aquela sua manhã perfeita.

Enquanto saboreava seu café expresso fumegante, Sesshoumaru olhou para o relógio pela trigésima segunda vez desde que levantara naquele dia. Eram dez e trinta e sete, exatamente cinco minutos passados desde a última vez que checara as horas.

Sim, apesar da típica tranquilidade que se encontrava em seu semblante, Sesshoumaru estava ansioso. Era altivo demais para demostrar algo do tipo até para si mesmo, mas a verdade era que não conseguia pensar em algo além da professorinha de balé. Nos últimos três dias desde que se encontraram, se via a todo momento discando os números do celular de Rin, apenas para cancelar antes do primeiro toque. Como o homem prático que era, simplesmente achava incabível ligar sem ter nada de importante a ser dito. Porém naquele dia ele tinha.

Estaria livre pelos próximos três dias, só bastava pegar o celular e casualmente convidar a jovem para um café. Ou quem sabe assistirem juntos uma boa peça de teatro seguido de um jantar num restaurante italiano? Milhares de opções se intervalavam em sua mente pragmática, mas qualquer uma delas dependiam dessa ligação.

Sesshoumaru hesitara antes pegar o celular na mesa. Se perguntava se a professora estaria em aula naquele momento, ou então estivesse dormindo. Afinal era uma manhã de Sábado, e as pessoas costumam acordar mais tarde nos finais de semana, com exceção, é claro, dele mesmo que acordava pontualmente as seis e meia todos os dias do ano.


Quando o relógio indicou exatas dez e quarenta, ele apertou o botão chamar.
O telefone chamou lento demais, e ele foi contando mentalmente os toques.
Uma, duas , três... Apenas na oitava chamada que ele foi atendido.
Mas seu “Bom Dia” ficou preso na garganta ao ouvir uma voz sonolenta no outro lado da linha.

—Alô.

Uma voz...Masculina.

Tirou o celular do ouvido para olhar a tela.
O número estava certo, o nome da professora na parte superior da tela mostrava que não havia nenhum engano.
Então, pensava, porque raios um homem tinha atendido o celular da Rin?


—Alô?- a mesma voz repetiu.

Talvez, fosse um irmão ou mesmo um primo.
De fato, pouco conhecia sobre a jovem, muito menos sobre sua família.
A única parente que sabia que ela tinha era sua prima que também era professora de balé.
Sesshoumaru tentava buscar justificativas, mas aos poucos uma vozinha no fundo da sua cabeça rebatia: “Ela nunca disse que tinha irmão, também nunca tinha dito que não tinha namorado...”

—VAI RESPONDER LOGO, OU QUER QUE EU DESLIGUE NA SUA CARA?!- a pessoa do outro lado gritou sem paciência.

Uma voz estridente e irritante, sofrível aos ouvidos de Sesshoumaru.
Em choque, o jovem reconheceu no mesmo instante quem era a única pessoa capaz de lhe dar nos nervos.

—INUYASHA?!- exclamou estarrecido.

—SESSHOUMARU?!- ele respondeu subitamente mais acordado.

Descobrira então porque o seu desprezível irmão mais novo não estava em casa roubando sua comida.
Ele estava demasiadamente ocupado com a sua garota!
Sesshoumaru contou até trinta mentalmente para tentar recuperar a razão, em vão.
Pois a onda de raiva que o consumia, só o permitia imaginar as mais diversas formas de tortura para um dos seus poucos parentes vivos.

—Você tem dez segundos para me explicar o porquê de estar com o celular de Rin Higurashi.- ele sibilou com a voz ainda mais fria do que o normal.
E era bom Inuyasha ter uma boa explicação, mesmo. Do contrário, iria descobrir o verdadeiro motivo de Sesshoumaru ter duas katanas emolduradas na parede da sala de estar.

Escutou um som indefinido no fundo, como se cobrisse a parte do microfone do celular com a mão. Sesshoumaru continuava sua contagem em voz alta, se perguntando se Kaede que amava jardinagem, teria uma pá para lhe emprestar. Afinal, a arma ele já tinha, e um álibi era fácil de conseguir.

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— Alguém ai?- uma voz feminina tirou a atenção de Sesshoumaru, que decidia se simularia um suicídio ou morte acidental no banheiro.

Não era a voz da Rin.
O rapaz não sabia dizer se ficara aliviado ou ainda mais confuso com isso.

—Estou aqui.- respondeu simplesmente.

—Oi, eu sou Kagome Higurashi! –a garota se apresentou. Aparentemente era tão espirituosa quanto a prima.- Você deve ser o famoso Sesshoumaru Taisho, não é?

O rapaz nada disse, tentando economizar os ínfimos fios de paciência que lhe restavam.

— Então... Acho que você queria falar com a minha prima, não é? - A jovem pigarreou quebrando o silêncio constrangedor.- Rin não está aqui no momento, ela acabou esquecendo o celular comigo ontem. Amo de paixão aquela menina, mas por Deus! Ela só não esquece a cabeça por que está grudada no pescoço!


A garota riu como se fosse amiga do Sesshoumaru a séculos, e não como se acabasse de o conhecer pelo telefone. A familiaridade era tamanha que, o rapaz não se surpreenderia se ela o chamasse de “cunhadinho”.

—Onde ela está agora? – Perguntou rispidamente, tentando encurtar o assunto.

—Ela está no teatro Petitte Village.- a garota respondeu com a mesma naturalidade- Nossas turmas vão se apresentar lá esse ano, e como a classe dela vai ser a primeira, ela quis ir pessoalmente testar tudo hoje. Inclusive, se você for lá ver ela, poderia dar uma passadinha aqui na escola de balé? Não confio na minha priminha sem um celular. Sabe Deus em quantas encrencas essa garota consegue se meter!

Sesshoumaru sabia com propriedade que Kagome tinha razão, mas se absteve de concordar em voz alta. Agradeceu como de praxe, e sem se importar em fazer mais perguntas ou mesmo se despedir do irmão, desligou.

Em pouco mais de vinte minutos, Sessshoumaru estava entrando pelas portas de madeira do teatro Pettite Village, que contrastando com o nome era bem espaçoso e elegante. Não chegara nem a descer do carro quando passou pela escolinha de ballet, recebendo o aparelho das mãos de um Inuyasha mudo e apressado.

Em uma observação rápida, Sesshoumaru viu que o teatro deveria ter em torno de quinhentos assentos, todos acolchoados e cobertos por um tecido do mesmo tom de carmim das longas e grossas cortinas do palco. As paredes e assoalho em madeira clara e polida, davam um ar acolhedor, além de otimizar a acústica, concluiu ao ouvir suas passadas ecoando no ambiente.

Definitivamente, um lugar bonito e apropriado para uma apresentação de ballet.
Isto é, na opinião de alguém como ele, completamente leigo e à parte desse mundo artístico.
Rin estava parada no palco, suas mãos firmes na cintura olhando atentamente para detalhes que passariam despercebidos mesmo aos olhos observadores de Sesshoumaru.

Ele resolveu se sentar silenciosamente na plateia, com um sorriso divertido nos lábios.
Mais uma vez a garota não percebera sua presença, no entanto Sesshoumaru não questionou sua sina se aproveitando de sua distração para observa-la melhor.
Estava se tornando difícil negar a inexplicável atração que sentia por aquela garota de estrutura delicada e sorriso fácil. Apesar de ser um homem experiente em muitos aspectos, aquele era um sentimento completamente novo.

Gostava do jeito que ela caminhava pelo palco, sonhadora. Seu sorriso brotava nos lábios, e mesmo estando a alguns metros de distância era possível ver seus olhos castanhos brilhando.
Ela provavelmente imaginava seus alunos todos vestidos em seus tutus e collants dançando e se divertindo na apresentação final. Era visível o quanto ela amava o que fazia.

Com um suspiro de satisfação, ela se virou voltar para a coxia .Sesshoumaru por um momento, pensou que ela se preparava para sair, porém ela apenas ficou alguns segundos atrás da cortina e uma música suave tomou conta do ambiente.
Enquanto tentava descobrir se era uma composição de Tchaikowski ou Mozard, Rin reapareceu no palco com passadas longas e ritmadas.

Ela tinha se livrado da calça jeans que usava, revelando que a delicada blusa de mangas de renda era na verdade um collant de ballet. As luzes da plateia estavam desligadas, e Sesshoumaru agradeceu mentalmente pela chance de apreciar a jovem sem ser descoberto.

Rin completamente alheia a presença de Sesshoumaru, sorria como uma criança aprontando uma travessura. Ela cruzou as pernas e esticou as mãos por cima da cabeça formando um arco.
Seus pequenos pés em ponta sustentavam todo o peso de seu corpo, como se fosse uma pluma. Aliás, como Sesshoumaru pode reparar durante os próximos minutos Rin dançava como se estivesse sobre nuvens macias.

Era leve e alegre. Entre seus rodopios e saltos, a garota se transformava numa estrela.
Uma fada que fugia de algum conto infantil e se materializava diante dos olhos incrédulos de Sesshoumaru. Uma princesa encantada, um pássaro de asas invisíveis. Todas as comparações e adjetivos pareciam não fazer justiça aquele belo espetáculo. Sesshoumaru permanecia sentado, incapaz de piscar, acompanhando com deleite cada movimento da jovem.

Um calor agradável brotava o peito do rapaz. Como a chama de uma vela, ou uma lareira acesa numa noite particularmente fria. O fogo que aquecia e confortava ao invés de queimar e destruir. Nunca sentira nada parecido antes em todos os anos de vida. Uma estranha vontade crescia a cada instante, um desejo que sobrepujava todas suas ambições.

Queria cuidar dela. Proteger seu frágil corpo de todos os males do mundo.
Queria estar com ela, mas não apenas por um instante escondido em um teatro como fazia naquele momento.
Queria ver aquele sorriso doce enquanto dança eternizado em seu rosto.
E além de tudo isso, desejava secretamente que um dia ele mesmo fosse a razão por parte dessa alegria.

Sesshoumaru era prático o bastante para perceber quando era hora de entregar os pontos.
Estava se apaixonando pela professorinha de ballet.

Sem nem desconfiar das novas descobertas de Sesshoumaru, Rin fez um último giro em seu próprio eixo e esticou as duas mãos para cima, parando como em sua posição inicial.
Uma sala de palmas fez a garota dar um pequeno salto para trás assustada. Ela apertou os olhos para conseguir enxergar além do forte holofote. Sua expressão de surpresa deu lugar a um sorriso radiante quando ela conseguiu reconhecer o vulto que se aproximava a passos despreocupados do palco. Era como um conjunto de perolas alvas, que para seu orgulho brilhavam para ele.

—Senhor Sesshoumaru!- Ela exclamou animada dando uma pequena corrida para encontra-lo na beira do palco.- A quanto tempo está ai?

Sesshoumaru riu -ou melhor retorceu ligeiramente os lábios para cima- ao se deparar com a cena inusitada: Rin que estava de pé em cima do palco, tendo de se inclinar para falar com ele.
A garota pareceu também se incomodar em não ser a baixinha da vez e se sentou sob as pernas dobradas. Agora eles estavam praticamente no mesmo nível, separados por poucos centímetros de distância. Sesshoumaru se surpreendeu com a súbita invasão de seu espaço pessoal, mas não se mexeu. Ousadia ou inocência, de todo modo sua atitude despreocupada lhe agradava.

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Rin era autêntica. Sincera em palavras e gestos. Com os braços cruzados no peito ela insistiu:

—O senhor ainda não respondeu minha pergunta... A quanto tempo?

O leve levantar de lábios voltou a aparecer no rosto do rapaz.

—O suficiente.- disse apenas.

A garota não parecia envergonhada ou com raiva por ter sido observada dançando escondida. Deixou passar a resposta curta de Sesshoumaru, e perguntou como ele tinha encontrado ela ali. O rapaz descreveu resumidamente o que aconteceu pela manhã, excluindo propositalmente a confusão com o Inuyasha e lhe entregou o pequeno celular de modelo ultrapassado.

—Achei que tinha perdido ele na rua de novo!- a garota riu da própria distração- Mas acredito que o senhor não tenha vindo até aqui só para me trazer isso, certo?

-Tem razão. Na verdade, a minha ideia original seria sequestrá-la por hoje.-Rin ergueu uma sobrancelha confusa.- No entanto, vejo que está ocupada e...

—Não nesta manhã!- a garota se apressou para responder, seu rosto assumindo um tom róseo ao perceber que falara animada demais.- Digo, só tenho uma turma a partir das três e meia e por caso estou livre até lá... Mas só por acaso... E também não tenho nada para fazer amanhã...

Ela se embolava com as palavras, numa tentativa falha e engraçada de mostrar indiferença.
A verdade estava estampada em seu rosto, e mesmo que ela tentasse disfarçar brincando com uma mecha que se soltou de seu coque, ela gostava de ficar perto de Sesshoumaru. E assim como ele, estava ansiosa por um encontro mais sério do que os constantes esbarrões pelo caminho. Sesshoumaru se perguntava se seu interesse também transparecia com tanta facilidade. Como o homem orgulhoso que era, mudou de assunto numa manobra rápida para não perder sua posse indiferente.

-A senhorita dança muito bem... Nunca pensou em ser uma bailarina profissional?

Rin corou com o elogio, e se mexeu desconfortável onde estava. Ainda enrolando nervosamente seu cabelo entre os dedos, a garota ficou alguns instantes pensativa antes de responder.

—Já cheguei a pensar nisso... Quando eu era bem pequena e tinha acabado de subir na minha primeira sapatilha de ponta.- Ela riu nostálgica, como se lembrasse de algum momento engraçado.- Me via como “prima ballerina” da companhia nacional, viajando o mundo com a mala cheia de tutus, collants e meias. Não era bem um sonho, era mais como um pensamento bobo de criança mesmo. Ficava mais ou menos na mesma categoria de astronauta, cientista maluca e princesa-fada-brilhante. E o senhor? Já quis ser alguma coisa diferente, ou já nasceu com terno e pastinha debaixo do braço?

A garota riu e para a surpresa de ambos, Sesshoumaru também o fez.

—É tão difícil assim me ver como uma pessoa normal? - o rapaz comentou como se estivesse profundamente ofendido.

Mas Rin não se abateu e respondeu no seu típico tom de menina travessa.

—Sinceramente, sim. O senhor é todo sério e caladão o tempo todo... Mas acho que bem lá no fundinho, bem mais bem escondido mesmo, embaixo de uma camada de adamantium e kriptonita... O senhor é um fofo.

O rapaz levantou uma sobrancelha.

—Fofo?

—É, fofo. Fofo tipo algodão doce recém feito, tipo primeiro dia de neve, marshmallow, nuvem de verão, cupcake, ursinho de pelúcia, filhote de cachorrinho... Um grande e felpudo filhote de cachorrinho!

— E como a senhorita chegou nesta... curiosa conclusão? - Ele cruzou os braços num esforço para não rir.

Ela voltou a mexer no cabelo, denunciando seu nervosismo. Mas Rin não desviava os olhos de Sesshoumaru em nenhum instante.

—Desde o começo, eu acho. O jeito que Aiko e Akemi abraçaram o senhor. Ou quando me deixou guia-lo no metro. Quando tivemos aquele problema com a louca o vagão, ou mesmo agora vindo até aqui só para me entregar o meu celular... O senhor é um verdadeiro lorde, em postura e caráter, desses que a gente só encontra em livros. Mas isso nem é o mais importante... Fingir bondade e gentiliza, infelizmente é muito fácil. Mas o senhor tem um coração verdadeiramente sensível e bondoso que me deixa cada vez mais encantada... -Rin parou de falar subitamente, seu rosto tão rubro quanto um tomate maduro quando percebia que mais uma vez que falara demais.

O rapaz sentiu o calor em ondas agradáveis em seu peito mais uma vez. Ouvira uma quase confissão, mas como diz o velho ditado “ Para bom entendedor, meia palavra basta. ”
E sem esperar nem meio instante, Sesshoumaru delicadamente levantou o rosto da garota ainda envergonhada pelo queixo. Ela arregalou os olhos surpresa, mas não se afastou nenhum milímetro. Sua íris era de um castanho profundo e o rapaz se viu envolto em um oceano de chocolate derretido. Um sorriso torto se formou nos lábios de Sesshoumaru, ao ver refletido o mesmo desejo nos olhos da jovem. Se aproximou lentamente, a milímetros de seus lábios macios e róseos...

—SSSENHOR SSSESSSHOUMARU!

Rin deu um pulo para trás assustada. A voz estridente ainda ecoava nos ouvidos de Sesshoumaru.

Por que? Por que os céus estavam fazendo aquilo com ele? Era alguma espécie de teste?
Poxa, justo ele, que tentava ser um cara legal, comprava biscoito das escoteiras e até já ajudou uma velhinha a atravessar a rua uma vez.
Então por que raios tudo estava dando errado?!

—Sssenhor SSSesssshoumaru, que bom que eu encontrei o sssenhor...- a voz continuou totalmente alheio a onda de raiva assassina que emanava do jovem empresário.

—A empresa pegou fogo?- Sesshoumaru perguntou com sua voz tão fria que faria pinguins morrem de hipotermia.

—Não, ssnhenhor.- o homem respondeu ainda encarando as costas do chefe.

—O país entrou em guerra?

—Acho que não, sssenhor.

—O mundo está sendo destruído por uma chuva de meteoros?

—Não sssenhor. O céu está até bem bonito lá fora e ...

—ENTÃO POR QUE RAIOS VOCÊ BROTOU DAS TREVAS, JAKEN?!

Sesshoumaru se virou quase espumando de raiva e o homem chamado Jaken, que já era bem baixinho se encolheu como um sapinho perto de um cachorro bravo. Nas suas mãos tremulas um smartphone moderno preto.

— O-o-o-o sssenhor essssqueceu no trabalho.- Gaguejando mais do que o normal ele quase jogou o aparelho em cima do empresário.

Sesshoumaru girou o aparelho nas mãos algumas vezes. Segurava o celular com tanta força que parecia que iria quebrá-lo em pedacinhos, ou joga-lo na cara do Jaken. Provavelmente, faria os dois se um delicado par de mãos não segurasse seu braço por trás.

Olhou para o rosto sorridente de Rin e sentiu sua raiva dissolvendo-se como uma bola de sorvete no sol. Devolveu o smartphone para um Jaken confuso, tanto pelo fato de ainda estar vivo, quanto pelo fato de uma “jovenzinha” ter acalmado seu chefe com tanta facilidade.

-Eu uso esse smartphone apenas no trabalho, Jaken. Deixe ele no escritório, de propósito, pois não queria ser incomodado nesses meus três dias de folga, entendeu?

Jaken balançou a cabeça murmurando um milhão de desculpas.
Quando se vira para ir embora, se perguntando quantos anos de vida lhe restavam depois desse evento traumático ouviu Sesshoumaru lhe chamar novamente.

—Sim, meu mestre?- respondeu ainda rezando mentalmente por sua alma.

—Obrigado por se preocupar.

Jaken abriu a boca em choque. Não acreditava em seus ouvidos. Nem mesmo o próprio Sesshoumaru acreditaria se estivesse em seu lugar. Se virou para ajudar Rin a descer do palco. Suas mão seguraram firmemente sua cintura delgada por um breve e prazeroso instante antes de seus pés tocarem o chão. Quando se virou para frente, Jaken ainda estava congelado no mesmo lugar.

—Pode ir para casa Jaken.- Ele respondeu tranquilo.- Descanse por hoje, está bem?

O homem concordou com o rosto ainda meio verde de medo e saiu do teatro tropeçando nos próprios pés.

Antes mesmo das portas se fecharem, Sesshoumaru se virou para a garota ao seu lado. Um dos seus braços ainda estava em suas costas e com um sorriso travesso nos lábios a garota subiu em ponta nas suas sapatilhas.

—Onde estávamos? –Ela perguntou enlaçando as mãos no pescoço do rapaz.

O rapaz com cuidado tirou uma mecha do seu rosto alvo colocando atrás de sua orelha, demorando no percurso para acariciar as maças do seu rosto, sua têmpora descendo para a linha do queixo. Tão linda... Sesshoumaru aproximou novamente, os lábios entreabertos a respiração de ambos suspensa...

“AY AYA AYA AY AYA”

—Mas que...? – Sesshoumaru exclamou confuso.

“AYI AYIA”

“WHERE’S MY SAMURAI?”

Rin se encolheu ao ouvir a música alta e conhecida.

—É o meu celular- Ela respondeu culpada.

Sesshoumaru suspirou e soltou a garota que correu para pegar o aparelho tão afobada que o deixou cair três vezes antes de conseguir atender. O rapaz não prestou muita atenção nas respostas rápidas de Rin, se concentrando memoriar o jeito que ela segurava o celular, apoiando-o entre a bochecha e o pescoço para conseguir mexer os braços livremente. Rin era o tipo de pessoa que fala com as mãos e com o rosto. Extremo oposto dele mesmo, que se movia e falava o mínimo possível.

Sesshoumaru observou todo o tipo de emoção passar no semblante expressivo de Rin, até ela desligar com um muxoxo desanimado. Adiantando para Sesshoumaru a má noticia.

—Minha aula já vai começar... E eu estou atrasada.

—Eu levo você.

Rin suspirou mais uma vez, e balançou a cabeça negando.

—Kanna está aqui perto e se ofereceu para me dar uma carona... E me aconselhar sobre evitar “sair com responsáveis de alunos”.

—Mas isso é ridículo! As gêmeas nem são minhas parentes e mesmo se fosse não é da conta de ninguém!

—Eu sei.- Rin suspirou.- Não é justo. Mas Kanna é minha amiga, e sabe que se alguma historinha mesmo não sendo verdadeira chegar nos ouvidos do dono da escola, estou na rua na hora.

Sesshoumaru a ajudou a subir no palco e ela foi até a coxia se vestir e pegar a bolsa.
Mal a garota voltou usando seu par de calça jeans clara, e sua grande bolsa-mensageiro rosa, uma buzina de carro foi ouvida pela porta entreaberta. Era a carona de Rin.

Ela murmurou um pedido de desculpas e saiu correndo em direção a saída.
Sesshoumaru deu uma última olhada no palco, decidido a esperar alguns minutos antes de sair, com o intuito de não prejudicar a Rin ao serem vistos juntos.

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Então, sentiu alguma coisa tocar o seu ombro de leve.
Sesshoumaru se virou para olhar e foi surpreendido por um par de lábios macios nos seus.
Antes que pudesse reagir ou mesmo retribuir o beijo, Rin sairia em disparada em direção da porta. Deixando Sesshoumaru sozinho com som de sua risada ecoando como sinos no teatro vazio.