A Arma Escarlate - O Muiraquitã.

Capítulo Final - Nem tudo que reluz é ouro.


—--Narração Virgílio.----

—Nós precisamos conversar. - disse a ela.

Fomos em silencio ate a Korkovado, revirando o pacote com a pulseira que comprei pra ela em meu bolso.
Voltei a segurar sua mão. Fiquei ali pensando, em como seria a reação da antiga Korkovado ao me ver assim, de mãos dadas com ela por livre e espontânea vontade. Então ri de canto lembrando em como ela iria fazer questão de mostrar pra todo mundo que ela finalmente conseguiu o que queria.
Quando dei por mim estávamos em frente a sala de alquimia. Procurei a passagem e passei por ela ajudando Nádia a me seguir.
Nos sentamos ali aos pés do cristo. Fiquei em silêncio e orei. Quando terminei olhei para Nádia e ela estava me observando.
—Me desculpa por tudo. - comecei. - Eu sei que não namoramos. Apesar d’ocê se parecer com ela, ocê não é a Nádia a qual estou acostumado. Então assim. Enquanto tudo não voltar ao normal. Eu prefiro que fique com isso.
Retirei do bolso a pulseira e prendi ao pulso dela.
—Virgílio! Nossa! Obrigada.
Ela me respondeu com um sorriso grato. E então me disse:

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—Me desculpa por ter surtado. Mas você me causa algo estranho.... Não sei te explicar...
—Tudo bem, sei exatamente como está se sentindo... - respondi a ela quando ouvimos uma gritaria vindo da passagem. Rapidamente me levantei. Voltamos pela passagem correndo. Nádia estava muitos passos atrás de mim, quando me assustei em sobressalto. Eu vi um rosto, semelhante ao de Salvador, meu sangue esfriou. Provavelmente empalideci por Nádia perguntou:
—Está tudo bem?
—Não! Acho que acabei de encontrar Salvador. - sussurrei.
—Aonde? - me perguntou ela assustada com seus olhos verdes arregalados.
—O perdi de vista. - bufei frustrado.
A gritaria não havia parado quando descemos ao final da escadaria Nádia gritou horrorizada enquanto abria espaço aos solavancos gritando o nome de Erik.
Se jogando ao lado do corpo dele ensanguentado e com um corte que seguia do ombro a cintura em um rasgo transversal em seu tórax.
—Meu amor? Erik? Por favor.
Ela então media sua pulsação, tentando estancar o sangue gritava:
—Chamem a Kampai! Ele ainda está vivo. KAMPAAAI.
Vendo o desespero de Nádia, enquanto muitos corriam atrás de ajuda, lembrei de quando a vi pela última vez de verdade, ela estava estatelada dura como pedra quando fui arremessado por aquele portal, meus olhos começaram a lacrimejar e eu me ajoelhei ao lado dela tentando ajuda-la com Erik. Minha cabeça estava a milhão, comecei então a cogitar que o caso não seria Salvador ter voltado ao passado para destruir minha família. Talvez aqui seja somente um universo paralelo, e ele esteja apenas brincando comigo como um rato na roda.

—--- Narração Nádia----

Já era tarde da noite quando a situação de Erik estava estável. Eu fui me limpar, já aliviada por saber que mesmo perdendo muito sangue meu namorado estava bem. Fui em direção ao laboratório. E encontrei lá Virgílio vestindo camisa do uniforme e calça do uniforme sua manga estava dobrada, sua camisa por fora da calça seu cabelo despenteado e ele fuçava freneticamente em meu portal.
—O que você está fazendo? - perguntei.
—Preciso achar um jeito de voltar. Os únicos que podem me ajudar não estão aqui. - ele me respondeu enquanto lia o caderno e prendia um fio em outro, ele continuava fuçando quando eu fui ajudar.
Eu já havia vivido muitas coisas. Muitas coisas estranhas, mas com certeza ele era a mais estranha de todas as coisas que ja vivenciei. Quando um brilho lilás misturado com azul apareceu em nossas costas. Quando ouvi uma voz.
Viramos juntos e havia um portal pequeno circular apareceu.
Me aproximei quando o buraco no ar começou a falar:
—Oieeee, tem alguém ai? Quem fala é Nádia do mundo dos Virgílios tem algum por aí?
Logo vi o rapaz ao meu lado correr para encontrar a dona da voz.
—Garota irritante! É assim que você surge? Pirou? E se você aparecesse em algum lugar perigoso e causasse um problema maior ainda pra você? - ele brigou.
—Err... hehe... - me aproximando lentamente vi ela ali cocando a cabeça.
— Ela já fez isso. - riu um Viny de fundo.
—Ai minha deusa! - foi a única coisa que eu consegui falar ao me ver loira e saltitante por aquele portal.
—Ai minha deusa! - ela exclamou me imitando.
—SEU CABELO! - dissemos juntas.
—Como você fez essa mecha? EU AMEI! - A Nádia loira exclamou.
—Você amou? E esse corte? Que lindo! - ri indo ao encontro do portal. - serio que você ainda usa óculos?
—É melhor que as dores de cabeça. - ela me respondeu empolgada.
—Serio que vocês estão preocupadas com a aparência ao invés de descobrirem como concertar tudo? - Virgílio reclamou irritado.
—Awn, meu amorzinho, meu uga uga sexy tá com saudades de mim? - a Nádia loira disse, pude ouvir algumas risadas de fundo e Virgílio revirando os olhos vermelho dizendo.
—Eu não sou seu amorzinho garota estranha. - ele reclamou, enquanto ela ria.
—Não foi o que você me disse. - ri junto. - até meia hora atrás estava enlouquecendo longe da namorada dele que se parecia comigo.
Ele chutou meu calcanhar e eu ri. Quando ela arregalou os olhos brilhando e disse quase chorando:
—Verdade????
—Por que ao invés de ficarem falando asneira não pensamos em como consertar tudo, e encontrar um meio de deter Salvador? - reclamou Virgílio.
—Você encontrou ele? - perguntou a Nádia loira preocupada.
—Ele atacou meu namorado. - respondi.
—Você namora? Tem outro Virgílio ai? - ela me perguntou interessada.
—Não, meu namorado se chama Erik.
—Eu namoraria o Erik? - ela então se assustou.
—Você conhece algum Erik? - Virgílio exclamou irritado, aparentemente com ciúme.
—Olha eu sei que a conversa está ótima mas duas Nádia e um Virgílio nunca vão entrar em acordo. - se intrometeu Capí.
Ele tomou o lugar de Nádia em frente ao portal e começou a explicar o que tínhamos que fazer no portal para ele poder abastecer de energia, enquanto Nádia se intrometia dando ordens para Virgílio que tentava seguir todas as recomendações de cara fechada.
—Tenta usar o muiraquitã como fonte de energia.
Ele então parou bruscamente e constatou:
—Aqui não tem muiraquitã.
—Merda! - ela praguejou. - tem certeza?
Ela então arrancou do pescoço um cordão com uma pedra azul e mostrou em minha direção:
—Eu já vi uma dessas. - respondi me lembrando de algo.
—Aonde? - Virgílio me perguntou segurando os braços
—Na árvore. - respondi pra mim mesma em sussurro. - fique aqui.
Corri em direção a porta, quase a derrubei com a força do meu corpo nela batendo.
Meu desespero era tanto que eu devo ter caído umas 3 vezes descendo as escadas, e não notei o sumiço inesperado dos outros alunos pelas escadas. Foi então que uma luz refletiu nos meus olhos e eu tropecei dessa vez sem conseguir me segurar e cai em cima de alguém.
—Me desculpe eu não o vi. Eu... - quando abri os olhos eu estava de cara com uma superfície dourada brilhante feito ouro. Enquanto levantava o rosto percorri os olhos em seus enormes braços tatuados. Quando ergui meus olhos vi alguém que me fez gritar, meu coração saltar e ficar sem palavras.
—V-v-você! - tentei me levantar, tropeçando e escorregando quando ele se levantou em um movimento rápido, se cabelo preto caindo sobre os olhos levemente puxados. Virgílio exibiu um sorriso debochado e me ajudando a ficar em pé.
—Perdão, nos conhecemos?
—Virgílio?
—Sou Franco, Guarda de Midas, segunda linha.
—Ai minha deusinha. - murmurei quase chorando. Senti minha alma toda se derretendo a imagem daquele homem.
—Onde estava indo com tanta pressa? Soube de algo sobre o segundo ataque que ocorreu hoje a tarde? - ele me olhou rispidamente.
—S-segundo a-ataque? Quem? - me assustei.
—Um rapaz em uma cadeira especial.
—Lucas? - quase gritei.
—O conhece?
—Sim, é meu amigo. - murmurei quase desistindo de ir ate a arvore e indo ver meu amigo. - Como ele está?
—Se recuperando. - o olhar percorreu meu corpo me praguejei por não vestir algo menos desleixado que havaianas, shortinhos e camiseta com desenho do pacman, rapidamente fechei o jaleco branco tentando me proteger daquele olhar. Que estranhamente riu ao ver minha reação.
—Onde você estava indo então?
—Encontrar um amigo. - ele arqueou a sobrancelha e eu então senti necessidade de explicar. - Só amigo, amigo mesmo. Eu não...
—Franco?! -ouvi uma voz autoritária logo atrás dele.
Ele rapidamente tomou uma postura seria e rígida e virou para o outro homem:
—Sim, Justus.
O homem começou a conversar com a copia bombada e sexy de Virgílio e eu logo tratei de me esgueirar dali indo ate a casa de Capí. Fausto não estava em casa e por conta disso os pixies e mais alguns amigos meus estavam lá.
—Temos que descobrir quem ta fazendo essas coisas. - disse Sabrina para todos.
—Concordo, primeiro Erik, depois o Lucas, claramente alguém quer atingir nosso grupo. - constatou Jack.
—Não vão fazer nada precipitado, a guarda de midas está aqui pessoalmente, eles vão conseguir resolver isso. - disse Capí.
—Tem certeza que ninguém viu nada? - perguntou Well diretamente aos pixies.
Capí estava com a preocupação estampada em seu rosto. Ele não estava conseguindo lidar com o que estava acontecendo.
Acenei para ele que levantou o rosto de prontidão.
—Nádia onde você estava? - perguntou Guilherme vindo até mim.
Ignorei ele e falei:
—Capí me leve até a arvore? É urgente.
—Você sabe de algo. - concluiu Jack, aquele era esperto.
—Sim. Capí?
—Vamos todos. - disse Viny tomando a dianteira.
Todos começaram a andar a frente. Quando eu disse:
—Mas...
—Não adianta Nádia, você sempre tenta agir sozinha, nós vamos juntos. - interrompeu Yui.
—Tá bem, mas...
—Nada de mas, vamos sim... - concordou Guilherme.
—Tudo bem, mas vocês estão indo para direção errada.
Capí que estava parado ao meu lado, riu.

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—--

Capí tomou a dianteira, enquanto eu o acompanhava em passos largos controlando minha respiração, digamos que ter uma crise asmática na situação em que estávamos não era a melhor coisa a acontecer.
Todo grupo estava logo atrás de mim com suas varinhas em punho, com medo de mais alguém ser atacado.

Quando estava próxima a arvore de brilho azul Capí me deu espaço para seguir sozinha, sabendo que preferia manter segredo sobre a mesma.

Escalei algumas raízes pelo caminho até alcançar a arvore que não estava mais seca, ela estava melhor. Como se ela tivesse encontrado a vitalidade perdida a tempos.

Fui até um buraco em sua raíz que pulsava de um azul anil, fui tateando dentro do buraco até que encontrei uma pequena pedra ali, envolta em pequenas e finas raízes. Sorri, reconhecendo a semelhança com o colar da outra Nádia.

Enfiei no bolso quando ouvi um farfalhar de folhas do lado oposto ao qual meus amigos estavam.

Desci rápido, peguei o braço de Sabrina e Gustavo, os mais novos enquanto fugia dali, logo perceberam minha fuga todos seguiram meu passo, com as varinhas em mãos, ainda mais alertas.

Quando estávamos perto das folhagens uma faca passou a centímetros da minha cabeça. Virei o rosto junto com todos que atavam a moita sem saber ao certo de qual lido havia vindo o ataque.

Eu disparei em direção a faca e a peguei, todos corriam para a árvore, menos os pixies que ficaram para tentar defender todos, não demorou á Guarda de Midas aparecer por alí, por algum motivo, Franco, o Índio, veio em minha direção.

—Acalme-se. – ele então tomou a faca de minha mão. –Onde conseguiu isso?

Eu não conseguia falar sem ar, ele então me puxou em direção a enfermaria:

—Você está sangrando deve estar em choque, me dê a faca.

Eu entreguei, ele me soltou para encaixar o punhal no cinto, no exato momento sai correndo em direção ao oitavo andar, e ele logo veio atrás de mim.

Ouvi uma gritaria, mas não me virei para ver, Franco ainda corria atrás de mim mas eu ia derrubando tudo que eu via no caminho para ele não me alcançar.

Quando entrei em meu laboratório Índio estava inconsciente no chão e um jovem bonito com um terno azul marinho sorria para mim:

—O que? Quem é você?

—Ocê é mar educada em todas dimensões mesm’. – o homem proferiu um forte sotaque mineiro.

—Rápido Nádia! Você encontrou a pedra? – gritava a Nádia loira desesperada, ainda pelo portal dela que faiscava.

Quando com toda violência do mundo vi a Guarda de Midas invadindo meu laboratório.

Justus estava com uma versão deteriorada de meu tio Salvador, preso em um feitiço de imobilização flutuando logo atrás dele. Franco olhou para Virgílio caído assustado sem entender.

Virgílio estava recobrando a consciência, quando olhou para Justus e Franco, sua boca escancarou-se, e então tentou balbuciar algo sem sentido. Eu discretamente peguei a pedra de meu bolso, e fui até o portal.

O homem então parou de observar a Guarda e Salvador na porta parados e segurou meu pulso:

—Me entregue a pedra.

Olhei para os lados e tudo tinha parado, todos estavam imobilizados, menos pequeno buraco no ar onde pude ver a outra eu correndo de um lado para o outro, só estava ela ali.

—Não! – gritei. – O que está acontecendo? Está tudo parado no tempo. Eu- eu...

—Não seja burra garota, abra essa mão... – a loira então tomou uma golada em uma garrafa com um liquido violeta. – ou matarei os dois. – disse ele apontando a varinha discretamente para Virgílio e Franco.

Eu não fui capaz de falar mais nada quando uma luz azul ofuscou todo o ambiente, e a garota loira apareceu na sala virando um vidro com um líquido transparente naquele homem.

—Espero que não tenha alergia a Acido Sulfúrico. – riu a loira ao ver o homem se debatendo e urrando de dor, eu logo corri para longe dele para não me atingir.

Isso fez o tempo começar a correr, mas antes de qualquer coisa ela arrancou o punhal do homem do cinto de Franco e rapidamente cravou a adaga na garganta de Salvador. Sem um pingo de discernimento da realidade.

Eu sem pensar duas vezes encaixei correndo a pedra azul na máquina interdimensional que começou a funcionar sem som algum.

Todos ali ficaram sem saber o que fazer ou o que estava acontecendo.

Ela puxou um Virgílio em choque do chão e que a seguiu cambaleando meio engatinhando. E ela disse:

—Olha a reunião de sósias tá boa, queria muito ficar pra paquerar o bonitão ali, mas eu tô atrasada, vocês sabem, paulistas, sempre correndo e sempre atrasados.

Atravessou o portal, fazendo tudo explodir. E eu cair. Tudo então escureceu, eu desmaiei.