Talismã

Capítulo 9 - O começo do inferno


Eu estava no aeroporto sentada com Erick, me despedindo dele, que iria embora neste dia. Os pais dele nos deram um tempo sozinhos, pra conversarmos antes dele partir.

- Por que será que é tão difícil dizer adeus? –ele disse com os olhos vagos.

- Não sei. Só sei que sentirei sua falta. Tudo que tivemos juntos foi muito verdadeiro, e é bom que você vá com essa lembrança boa de nós dois. –eu disse e ele tentou sorrir.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Sim. Agora o destino que faça sua parte. Se tivermos que ficar juntos, ficaremos, senão, boa sorte com tudo o que você passará. –nos abraçamos. Senti minha garganta apertar, mas não conseguia chorar. Senti-me mal por deixá-lo ir sendo enganado, não sabendo o que eu realmente era, sendo que eu gostava dele e ele de mim.

- Erick, eu preciso te confidenciar algo...

- Senhores passageiros do voo 1636, favor dirijam-se ao portão de embarque.

- Uh, é melhor irmos. –eu disse.

- O que você ia dizer, A?

- Deixa pra lá, não é nada importante não.

- Tem certeza?
- Sim.

Dei um último beijo nele e o vi se distanciar.

- Me mande um postal! – eu gritei.

- Quantos você quiser. –ele gritou de volta.

Eu sorri e fui embora. Dei partida no carro, e quando olhei para o lado, Carl estava lá. Quase morri de susto.

- Seu idiota! Quase me matou de tanto susto! –eu disse com raiva.

- Calma. Vim aqui apenas te consolar.

- Sei, sei. Quem te permitiu?

- Nessas horas é bom poder se tornar uma sombra às vezes.

Eu revirei os olhos.

- Vamos beber? –ele disse. Eu o olhei séria. – Você sabe que melhora a dor do coração perdido. – eu continue fitando-o. – Tá, parei. Mas o convite ainda está de pé.

- Só porque você é muito insistente. E porque eu ainda preciso de umas informações.

Dei partida no carro e fui a toda velocidade até o Lê Bistrô, mesmo lugar que nos encontramos pela primeira vez.

- Eu quero um chá gelado - eu disse pra garçonete.

- Eu quero um conhaque. –ele disse.

Ela anotou e saiu.

- Vou beber por você. –ele disse.

- Sabia que você é muito irritante? –eu disse.

- O mesmo pra você.

A garçonete entregou nossos pedidos e se foi, rebolando. Esqueci de dizer: Era a mesma da última vez que viemos.

- Ela não chega aos seus pés. Mas coitada. Terminou com o antigo namorado há pouco. Ele a traiu.

- Como você sabe disso tudo? – perguntei meio estarrecida.

- Ser sombra é legal, mas entediante. Tinha que arrumar algo pra fazer.

- Você quer dizer espionar a vida dos outros.

- Que se dane. –ele deu de ombros.

Ficamos conversando por mais algum tempo. Carl era irritante às vezes, mas muito divertido. E bonito, tenho que confessar. O problema era ele ser filho de um demônio, querer me levar pras trevas. Mas eu não me importo. Ele não conseguirá.

Fui embora e Carl me acompanhou. Assim que cheguei lá, ele se foi. Estava subindo a escadaria quando quase tropeço em alguma coisa. O problema é que essa “coisa” era um cadáver. Um jovem homem, pra ser exata: Seus olhos acinzentados esbugalhados e a boca aberta. Sua expressão era de puro terror. Da cintura pra baixo estava envolto em um pano preto. No seu abdome, tinha uma mensagem: Já é hora. Meu choque foi enorme quando notei que aquele cadáver era meu melhor amigo, Jake. Um nó se formou em minha garganta e eu gritei o mais alto que pude.

_______________________________

Pov’s de Carl

- Droga, mestre. Por que fez isso? –disse eu furioso.

- Ah, não me venha com receios, Carl. Era necessário.

- Necessário para quê? Pra tornar ela ainda mais nossa inimiga?

- Não é o seu papel torná-la nossa aliada?

- E é assim que você me ajuda? Matando seu melhor amigo?

- Ela teve foi sorte de não ter sido o namoradinho.

Nesse instante meu pai entra na sala.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- O que está acontecendo?

- É seu filho, John. Não quer aceitar minhas decisões.

- O que você fez Larry?

- Ele matou o melhor amigo da Amber. Como se isso ajudasse ela a ficar do nosso lado. –eu disse revoltado.

- Você fez isso, Larry?

- Sim. Considerei necessário.

Os dois começaram um bate-boca, mas eu estava nervoso demais para aquilo.

- CHEGA! CHEGA! Eu cansei desse inferno. Eu cansei dessa vida. De obedecer a ordens de uma pessoa que não mede as conseqüências de seus atos, de um pai que não dá a mínima pra nenhum dos meus sentimentos e só conversa comigo por eu ser o herdeiro ao trono. Chega, eu desisto. Abro mão de tudo.

- Você NÃO pode fazer isso, Carl. – os dois disseram em uníssono.

- Quem disse que não? Adeus.

Disse e saí dali. Direto para a superfície, que é onde eu me abrigaria agora. Sem hesitar, pulei a janela do quarto de Amber, que estava lá, sozinha, gritando desesperada.

- Hey, Amber.

- Saia daqui imediatamente. –ela disse sussurrando com sua voz baixa.

- Eu fiquei sabendo sobre Jake, Amber. Mas não fui eu quem fez aquilo.

- Quem foi então?

- Foi o mestre.

- Quem?

Sentei-me e contei-lhe toda a história. Ela conseguiu se acalmar um pouco.

- Eu estou do seu lado, Amber. Você precisa confiar em mim.

- Eu não tenho outra opção, não é mesmo? –disse ela forçando um sorriso.

- Acho que não.

- O que ele quis dizer com “Está chegando a hora.”?

- A guerra vai começar.

- Temos tempo?

- Cerca de um ano, mais ou menos.

- Isso não é muito tempo?

- Não, Amber. Não pras proporções dessa guerra.

Ouvimos três batidas na porta. Estava prestes a sair, mas Amber disse pra eu ficar.

- Pode entrar.

Os pais dela entraram, e me encararam.

- Mãe, pai, quero que conheçam Carl, meu novo aliado.

Ela contou-lhes tudo, e eu confesso que fiquei um pouco envergonhado. Quando ela finalmente terminou, Valéria olhou pra Paul, e depois de volta pra Amber e disse:

- Querida, é hora de ver seu pai verdadeiro.

- Tudo bem.

- Vamos embarcar pra Sibéria. –disse Paul.

- Você vem, Carl?

- Não. Ficarei aqui protegendo os outros.

Ela abriu um sorriso. Os pais dela saíram pra arrumar tudo pra viagem, que ocorreria no dia seguinte.

Ela me abraçou e disse: - Fico feliz por ter alguém do meu lado.

Não pude evitar sorrir.

Nossos rostos estavam bem perto nesse momento, e eu queria beijá-la, mas o celular dela tocou nos tirando de nossos devaneios.

Saí pela janela novamente, apenas acenando. Eu tinha muito trabalho pela frente.