Doroth Desplat - o Sonho

A Noite - Parte 2


Entrei em minha simples casa: uma pequena sala com um sofá estampado completamente acabado, janelas com as cortinas claras abertas – mostrando a imensa lua que surgia por trás das nuvens – e no canto uma mesa simples de madeira em cima de um imenso tapete havia um castiçal aceso.

Subi as escadas e fui ver se Chanceler estava em seu quarto.

Meu irmão Chan (apelido que dei a ele) é um ano mais velho que eu: um menino alto, de cabelos castanhos bem escuros que caem acima de suas sobrancelhas, um sorriso tão... Alegre e... grande que me faz sentir... Feliz.

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- Chanceler? – perguntei abrindo a porta

- Sim?

- Papai já voltou do mato? – era modo de chamar o trabalho do meu pai. Ele trabalhava numa plantação de café distante da cidade.

- Ainda não, ele saiu do mato e se encontrou com mamãe para... Fazer uma prece pra você na igreja. – Chanceler estava aparentemente nervoso hoje.

- Ah... Entendo. Eu vou para o meu quarto... Boa noite. – Pelo jeito, eu sou uma aberração.

- Boa noite. – Meu irmão sempre foi muito carinhoso e gentil, acho que ele é o que eu mais amo em toda minha vida.

Entrei em meu quarto. O que eu poderia fazer pelo resto da noite? E quando sentisse um cansaço insuportável? Será que é mesmo necessário?

Abri as cortinas cor-de-rosa e fiquei olhando a lua.

- Bom... Não há nada que eu posso fazer, não é? – sussurrei para meu reflexo na janela. Talvez estivesse mesmo ficando louca.

Conforme os pensamentos voavam, meus olhos iam ficando pesados, os bocejos estavam constantes e as cores passaram a embaçar. Lagrimas caiam dos meus olhos e eu não entendia o porquê... Eles ardiam como se estivessem me pedindo para que os fechasse.

Lentamente fui me rendendo, não resistindo ao cansaço que me levava a outro lugar sem superstições, problemas ou pessoas me controlando: só o sossego me dominaria.

Deitei e fechei os olhos, consciente apenas da minha derrota.