Angie

Imortais NÃO morrem


- Ah, meus deuses! Tiago!- Aghata gritou, sacudindo os ombros do filho, que procurava desesperadamente por ar.

Amanda pulou a porta do carro e saiu correndo colina abaixo, em direção ao acampamento. Ela passou pelos chalés em forma de retângulo e chegou a um lugar que só poderia ser a enfermaria, tão claro, calmo e cheio de crianças de olhos dourados como os dela. Ela abriu as portas apressadamente, várias cabeças loiras se viraram para ela.

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- POR FAVOR, UM FILHO DE APOLO ME ACOMPANHE!

Um garoto mais alto e de aparência mais velha se pronunciou.

- O que aconteceu com ele?

- Nós batemos o carro... e ele está sem ar... foi muito rápido... no... volante. – Ela arfava, mal conseguindo falar com o cansaço, a adrenalina e o desespero nela.

- Me mostre o caminho. – ele disse sério.

Ela assentiu rapidamente e disparou porta afora, atravessando o acampamento e subindo na colina a todo vapor. Rapidez não era uma de suas qualidades, mas no momento seus pés pareciam alados por Hermes. O meio irmão nos calcanhares.

O garoto arfou quando viu o carro vermelho com a traseira detonada.

- Esse é... esse é o carro do meu pai? – ele olhou para a garota, parecendo finalmente enxergá-la. – Você é a filha dele, não é? Amanda. Filha de Aghata. É gêmea daquele Tiago?

Amanda assentiu.

- Sim, cujo está ali! Quase morrendo. – ela apontou para dentro do carro.

- Não seja tola, ele é imortal. – ele bufou.

A verdade a atingiu como um tiro. Ela não precisava se desesperar, mas algo ainda gritava, suplicava por ajuda para o irmão. Ela não conseguia imaginar um mundo sem ele.

- Onde ele está? Ele não está no carro!

- Está aqui. – disse uma voz sem corpo.

Eles cruzaram o carro e encontraram o corpo de Tiago no chão e Aghata debruçada sobre ele. O rosto do garoto estava roxo, mas seus olhos estavam fechados e calmos, como se ele estivesse apenas tirando um cochilo, e não inconsciente. A sua camisa preta estava manchada de dourado vivo. Icor.

A voz de Aghata estava calma, mas aguda.

- Desmaiou há pouco tempo. Ele parou de procurar por ar e puf, caiu. Mas isso foi bom, quando ele o fez eu fiquei muito mais tranqüila.

- Como assim?- Amanda perguntou, franzindo o nariz.

Quem respondeu foi o garoto agachado ao lado do corpo inerte de Tiago, checando seu pulso.

- Quando pessoas sem ar desmaiam, elas voltam a respirar, em alguns casos. Como ele ficou sem ar?

- Bateu o peito no volante. O golpe deve ter atingido o coração e desregulado os batimentos.

- Realmente, está irregular. – ele se impressionou, levantando a cabeça do peito do meio irmão. – Como você sabe de tudo isso?

- Meu marido é o deus da medicina. E minha avó era médica, ela me ensinava muita coisa sobre isso.

- Certo, nós precisamos levá-lo imediatamente para a enfermaria. – Ele foi passando os braços sob os joelhos e coluna do garoto inconsciente, mas Amanda foi mais rápida.

- Não se preocupe, hã...

- Matt.

- Certo, Matt. Nós duas o levamos.

- O que?! Não, não, eu levo. Eu sou o homem.

Aghata pigarreou, desconfortável.

- Sem ofensas, Matt, mas nós somos deusas. Temos muito mais força que você.

Matt recuou, sentindo o ego ferido. Aghata pegou os braços do filho e Amanda pegou as pernas, e juntas elas correram até a enfermaria.

Matt entrou primeiro no lugar, afastando os curiosos e pedindo um leito para ele. Uma garota baixinha, curvilínea e de cabelos negros disse, com uma voz meiga, no fundo da sala:

- Aqui! Tragam-no para cá!

Elas obedeceram, pousando o irmão nos lençóis.

- O que aconteceu com ele? – ela passou a mão nos cabelos loiros dele.

- Falta de ar. – Matt respondeu, colocando um pano úmido na testa dele.

- Coitadinho! – ela disse, acariciando de novo os cabelos dele.

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Aghata e Amanda trocaram um olhar, com sorrisinhos idênticos no rosto. Tiago abriu lentamente os olhos, à procura da dona daquela voz doce, e deu de cara com grandes olhos verdes o observando.

- Parece que eu ganhei um anjo de presente de boas vindas. – murmurou, com os olhos ainda pesados.

A garota sorriu discretamente para ele, com as bochechas em chamas.

- Não, você ganhou um belo de um hematoma. – Discordou Amanda impaciente, desabotoando a camisa de Tiago e apontando para uma mancha vermelha e roxa abaixo das costelas dele.

- Bateu bem no diafragma. – Aghata observou. – Eu estava errada.

A garota ficou impressionada com o seu físico, mas se concentrou em limpar o sangue dourado que escorria de seu peito.

- Foi um machucado feio, não? Espero que sare logo.

Aghata e Amanda perceberam pelo modo como eles se olhavam nos olhos e que Tiago pegou a mão frágil dela que ele não ia querer ser cuidado por mais ninguém além dela.

- Mãe... er, agora que ele está bem você pode me levar para Quíron.

- Quíron? – ela franziu o cenho. Amanda arregalou os olhos e apontou com eles para o leito, onde Tiago ainda observava a morena com cara de bobo. – Ah, sim. Vamos.

Elas se viraram, mas Matt ainda estava parado perto dos dois.

- Er, Matt, acho que você tem outras coisas para fazer, não? – Amanda perguntou, tentando não soar grossa.

- Não, na verdade...

- Matt. Eu aposto que tem sim.

- Mas eu não tenho...

Amanda agarrou seu pulso e o puxou para longe deles. Aghata e Amanda saíram do lugar e Matt ficou cuidando de outros pacientes.

A garota voltou sua atenção para Tiago.

- Qual o seu nome? – ele perguntou, baixinho.

- Você precisa descansar. – ela respondeu, contendo um sorrisinho.

- Ah, fazendo jogos. Você é de Afrodite?

- Não sei.

- Você é muito misteriosa, sabia?

- Acho que já me falaram isso antes. – ela estava se divertindo. – E você? Qual é o seu nome?

- Não sei.

- Não vai me contar? Então eu acho que posso perguntar para a sua irmã. – ela se levantou da cama, mas Tiago agarrou seu pulso e a fez sentar novamente ao seu lado.

- Você pode saber por mim mesmo, - sussurrou. – se disser o seu.

- Não acho que eu possa.

- Por quê? O que te impede de me dizer seu nome?

- Meu pai, na verdade. Ele sempre me disse que não devo dizer meu nome a estranhos.

- Eu pareço estranho? Ou um pedófilo?

Ela o analisou. Olhou para os seus cabelos despenteados, seus olhos elétricos meio escondidos pelas pálpebras pesadas, os ombros largos, o abdômen duro.

- Não, na verdade você parece bem indefeso. – mentiu, o adjetivo que ela procurava era gato.

- Então acho que pode me dizer seu nome.

- Mas eu continuo não te conhecendo.

- Mas...

- Durma. – ela interrompeu, apoiando a mão em sua testa. – Você precisa descansar. Eu volto depois.

- Promete que volta?

Ela não pode conter o sorriso dessa vez.

- Meu pai me ensinou a não prometer nada a estranhos.

- Você é bem obediente hein.

- Não quanto a isso. – ela se inclinou e plantou um beijo na bochecha de Tiago. – Eu prometo.

Tiago inalou o cheiro doce de seu cabelo e de sua pele, sentindo os lábios cheios contra a pele. Lembrou-se de guardar bem aquele odor, uma lembrança boa. Ele observou ela andar quase tão graciosamente quanto à mãe para fora do lugar, anotando cada curva de seu corpo em sua mente. Suspirou quando ela sumiu de vista, fechando os olhos e se entregando a Morfeu.