“Oh,o garoto!Me esqueci dele!” Pensei eu com certo desdenho ao ver o bilhete jogado em cima da minha cama.

Ele estava empapado e fedia.Peguei-o com certo nojo.

“Eu pego em corpos o dia inteiro.Por que teria nojo desta pequena porcaria?”

O abri,as letras estavam borradas difíceis de ler...Fiz certo esforço para entender as letras escorridas pelo papel.

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-Rua Climt,nº304.Orphanato Ophispring.Elliot Stanford.

Depositei o bilhete ao lado daquele retrato que me trazia tantas lembranças e tantas dores...

-Eu estaria perdido se cumprisse todos os ‘últimos pedidos’ que foram conferidos a mim,não é Caroline?

...

Perdão!Você não sabe quem foi Caroline.

Ela foi o começo desta profissão.

Ela foi minha noiva.

Caroline,minha amada noiva.

Sim.Houve uma época em que eu era feliz...Corpos,sangue e corações não faziam parte da minha vida.

Sim,eu já demonstrava certa paixão por desvendar mortes...Mas meu coração pertencia a Caroline.

Lembro-me de seus cabelos castanhos que sempre teimavam em cair em rosto,gostava do jeito que ela os balançava para tirá-los do rosto.

Lembro-me de suas pequenas mão que sempre procuravam as minhas em noites frias.

Lembro-me da ansiedade que tinha para casar,e do medo que tinha de me perder depois da cerimônia.

-Ora,como posso abandonar moça tão bela e com coração tão puro?

Ela sempre sorria aliviada depois disso.

Ah,seu sorriso!

Havia dias que eu só me levantava da cama para poder vê-los novamente.

A cerimônia de casamento foi pequena.Eu e Caroline não nos sentíamos muito bem em meio de muitas pessoas, e ainda mais num dia como aquele.

Lembro-me da entrada da noiva,ela não demonstrava nervosismo sob o véu da grinalda.Ela entrou na igreja toda de branco,assim como em seus sonhos mais infantis, as flores e o vestido branco que realçavam ainda mais sua pureza.

Depois do tão desejado beijo que selava nossa união,fomos para a festa de comemoração.

Havia muita gente e bebida,eu e Caroline não gostávamos disso.

Ficamos do lado de fora até o final.Estávamos imaginando como seria realizar nosso sonho:o de sair daquela pequena cidade.

Cada um tinha seus motivos:eu,porque gostava de desvendar mortes;e

ela,porque não queria virar trabalho em minhas mãos.