This Is My Gang!

Capítulo 95


Capítulo 95 - Mistérios não tem hora para começar

Devo dizer que antes de sair do banheiro ainda ouvi mais alguns barulhos esquisitos vindo das cabines. Claro, não deveria ser nada demais. Talvez o vento. Ou o barulho nem fosse do banheiro e viesse de fora. Muitas possibilidades. Mas como eu disse, não sou um herói corajoso e resolvi dar no pé dali bem rápido. Além disso, o sinal iria tocar em poucos minutos, a aula iria começar logo e eu, como aluno aplicado que sou, já deveria estar na sala. É isso aí. Hora de aprender. Saí do banheiro e andei calmamente até o pátio. Local onde poderia estar apenas com pessoas esquisitas, mas livre de sons esquisitos. Não haveria nada que pudesse me assustar, a não ser uma coisa.

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- Danielzinho! Que saudades! - disse uma voz nada agradável me abraçando com todas as forças por trás.

- Aaaaaaah! - gritei sem pensar. O que você queria? O clima estava péssimo para levar sustos.

- Nossa, o que houve? Machucou em algum lugar? - a pessoa em questão era uma garota chamada Emília Loyole, cabelos loiros quase castanhos, óculos telescópicos, um ano mais nova do que eu e, sabe-se lá porque, tem uma estranha obsessão pela minha pessoa.

- Não, eu só tava distraído mesmo

- Ai, que bom! Então já posso te abraçar de novo! Não aguentava mais de saudade! - disse ela, apertando e abraçando de novo (dessa vez eu já tava quase gritando de dor mesmo).

- Deixa de exagero - falei, tentando me livrar da grudenta o quanto antes - Você fala como se eu tivesse ficado anos fora do colégio.

- Dois meses de férias é muito tempo. Tempo suficiente para esfriar nossa relação.

- Você ficou me mandando mensagens as férias inteiras. Tem como esquecer uma coisa assim?

- Mas você nunca respondia. Estava sozinha lá com a minha família no sul do país.

- Pelo menos você viajou.

- Mas agora podemos matar as saudades, heim? Que tal marcarmos alguma coisa para o sábado?

- Tenho arranjado alguns compromissos ultimamente - disse, procurando alguma possibilidade mínima de me afastar sem causar desconforto para ela - Deixa para a próxima.

- Que pena, eu queria...AH!

Aquele último grito não foi comum. Ela se lançou para a frente, caindo em meus braços. Dessa vez o abraço foi realmente acidental.

- O que foi?

- Passou alguma coisa correndo pela minha perna.

Alguma coisa correndo? Barulhos estranhos, coisa passando correndo. Aquilo não estava me cheirando nada bem. E posso dizer isso, pois já convivi com o Jorjão em dias que o almoço dele foi pesado.

- O que poderia ser? - perguntei.

- Não sei..mas você tá aqui pra me proteger, né, Dan? - ela realmente não queria sair da posição de abraço.

- Olha, você escolheu a última pessoa para ser herói, viu?

- Ei, Daniel! Por que demorou tanto e..ops! - é, era o Wilson chegando próximo ao local junto com os outros.

- Ops. Acho que não chegamos numa boa hora - disse Demi, mal podendo esconder um risinho no rosto.

- Deveríamos ser mais discretos - completou Karina.

- Ei, esperem! Não é nada disso! Ela se desequilibrou e acabou caindo assim...passou alguma coisa estranha correndo pelo chão.

- Coisa estranha? - questionou Wilson - Tipo o quê? Um fantasma?

- Fantasma...a maioria das pessoas falaria "rato" ou "gato" antes de pensar em fantasma! - comentei, tentando ser inutilmente racional (como sempre).

- Ah, vai saber. Temos até um estagiário fantasma, lembram? - continuou ele, negando todo o bom senso (como sempre).

- O estagiário fantasma nunca existiu! - corrigi

- Não podemos ter certeza.

- Rato? Você tinha dito rato - falou Emília (finalmente desgrudando de mim) - Será que tem ratos na escola?

- Bom, considerando que não devem dedetizar isso aqui há anos...não estranharia - falou Karina.

- Ai, que horror! - disse Demi - Só de pensar que tem um rato enorme andando por aí..

- Peraí, ninguém falou que é um rato, tampouco que era enorme - tentei acalmá-la, mas sabe como é, né? Jogue uma faísca que o incêndio começa.

- Aaaaaaaaaah! - dessa vez o grito veio do banheiro das meninas. Elas também devem ter escutado algum barulho estranho, mas sabe como são as mulheres, não é? Não conseguem se controlar e fazem escândalo por qualquer coisinha diferente. Tá, tá certo que se fosse mesmo um rato seria uma coisinha bem diferente.

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- Meninas, o que houve? - perguntou Demi, para as garotas que saíram correndo do banheiro.

- Tem um bicho no banheiro! - falou uma delas.

- Que tipo de bicho? Um fantasma? - perguntou Wilson.

- Hã?

- O que vocês acham que era? - falei, tentando melhorar a pergunta sem noção do meu amigo.

- Sei lá, nem deu pra ver o que era direito, mas pelo jeito que era rápido deve ser algum rato.

- Rato?! Aaaaah! Que horror! - Demi começou a gritar. Foi o suficiente para outra garota que estava passando começar a gritar (e jogar seu bolinho para o alto em pânico).

- Aaaaaaaah! Um rato!

- Daqui a pouco tá todo mundo gritando - falei.

- Pelo menos ela deixou um bolinho - comemorou Jorjão, aproveitando para filar o lanchinho que a menina deixou para trás.

- Calma, gente, ainda nem sabemos se é mesmo um rato - disse Wilson.

- Não vi direito, mas era tão ligeiro que devia ser mesmo um rato - relatou uma das garotas assustadas. Nisso, a tia da limpeza passava pelo corredor, arregalando os olhos ao ouvir a palavra rato.

- Rato? Você disse rato, menina?

- S-Sim. Não sei bem se era um, mas parecia muito com um.

- Osh. Nunca na história dessa escola teve rato aqui. A gente sempre deixa tudo bem limpinho. E não vai ser agora, depois de quinze anos trabalhando aqui, que um rato vai botar nossa reputação no chinelo!

- E-Ele ainda deve estar no banheiro - falou uma das garotas.

- Vamo acabar logo com essa história! - disse a corajosa tia Sonia, empunhando sua vassoura e pronta para colocar qualquer roedor para fora. O problema é que tudo estava quieto, quieto demais.

- Será que ela está bem? - perguntei.

- Não sei - falou Demi - Acho que ela ainda não acho o rato.

- A gente ainda não sabe se é um rato e...

Eu mal termino de falar minhas palavras e eis que surge um animal no mínimo inusitado na nossa frente. Aquilo era um..

- Um esquilo! - gritou Wilson - Caraca! Isso é ainda mais inesperado que um fantasma ou um duende!

- Um duende? Sério que você estava pensando nisso? - perguntei, mas a gente mal conseguiu visualizar o bichinho e ele logo saiu correndo de novo.

- Que fofo - disse Demi. Ei, não era ela que estava com medo do rato até agora pouco? Bem, acho que se ratos não transmitissem doenças e não andassem pelo esgoto também poderiam ser considerados fofos.

- Era um esquilo. Sem dúvida, um esquilo - disse Karina.

- E desde quando tem esquilos nessa região? - perguntei.

- Bem, tem uma área florestal no bosque no centro da cidade. Ele pode ter se perdido e chegado na escola - ponderou a garota.

- Parece racional, mas ainda assim improvável - comentei. Um esquilo andando pela escola era algo bem esquisito.

- Vocês viram o que passou por aqui? Viram? - perguntou a tia da limpeza.

- Era um esquilo - respondeu Wilson - Então ele que estava andando pelo banheiro das meninas.

- Um esquilo? Não é rato, não? - perguntou tia Sonia.

- Pela cauda, certamente era um esquilo - falou Karina - Sendo um animal silvestre, precisamos encontrá-lo e levá-lo às autoridades responsáveis.

- Eu vou avisar a diretora Silvia - disse tia Sonia - Isso não pode ficar assim!

- Procurar o esquilo pelo colégio...é um trabalho bem diferente - comentei.

- É isso! - gritou Wilson - Você é mesmo ótimo em dar ideias, Daniel!

- QUÊ?! Eu não falei nada, não! - tratei logo de remediar a situação, mas nem preciso dizer que foi inútil.

- Vamos falar com a diretora Silvia e nos oferecer a ajudar a encontrar o esquilo! Isso vai ser o máximo!

No primeiro dia de aula? Sério mesmo? O destino começou a me avacalhar cedo...