This Is My Gang!

Capítulo 173


Capítulo 173 - Operação Noturna

Eu tentei. Eu juro que tentei argumentar que entrar na escola durante a noite não era muito aconselhável, mas Wilson, é claro, não via as coisas desse modo. Afinal de contas, o Troll agia durante a noite e poderíamos pegá-lo em flagrante, ou pelo menos tirar alguma informação do vigia noturno. Por outro lado, não era a primeira vez que fazíamos isso e tínhamos a permissão dos pais de Wilson...eu sei, difícil de acreditar, mas o fato é que nós cinco estávamos dentro das paredes do Megatec, vasculhando cada centímetro daquele prédio em busca de pistas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Duvido que o Troll tenha deixado alguma pista - falei, totalmente cético - Nenhum adulto achou nada até agora, como vamos achar?

- Mas ninguém chamou a polícia até agora também - retrucou Wilson, enquanto olhava sabe-se lá o quê em um vaso de plantas - Por acaso tem algum investigador profissional na coordenação?

- Pelo que eu me lembre, ninguém - falei - Mas você sabe que também não somos investigadores profissionais, não é?

- Mas temos mais imaginação do que todo mundo da coordenação juntos - retrucou ele - Isso é uma arma importante na carreira de um detetive.

Se for pra dar minha opinião, Wilson tinha mais imaginação do que a cidade inteira juntos.

- Ainda acho incrível que o seu Tomé tenha nos deixado investigar - falou Demi, enquanto olhava em algumas janelas - Mesmo depois de tudo que o Wilson disse.

Ah, sim, é verdade. Não entramos no colégio sem alguns atritos iniciais. Wilson fez questão de tirar algumas satisfações com o vigia noturno de nosso colégio.

* Flashback de dez minutos atrás *

- Ham-ham - Wilson, acompanhado de nós quatro logo atrás dele, pigarreou próximo a guarita de seu Tomé, que lia tranquilamente a página de esportes de seu jornal.

- Opa. Como vai, Wilson? Algum problema? - sorriu o simpático vigia noturno, após coçar rapidamente seu largo bigode branco.

- Sem desculpas, seu Tomé! Eu faço as perguntas aqui! - exclamou ele, causando impressões fortes como sempre - O senhor sabe quem é o Troll, não sabe?

- Quem? - estranhou o pobre trabalhador.

- A pessoa que está por trás das pegadinhas das últimas semanas!

- Ah, isso de novo - suspirou seu Tomé - Escuta. Ninguém entrou nessa escola, eu te dou minha palavra.

- Mas como as câmeras apagaram as imagens?

- E eu vou saber? Não sou técnico!

- O senhor não tem nenhuma informação? Não é possível! O senhor trabalha todas as noites aqui..deve ter ouvido um barulho diferente, um movimento estranho...

- Não. Não ouvi - disse ele - Eu faço patrulhas pelo colégio a noite toda e não vi nada de anormal.

- Muito suspeito. O catchup na escada e as mensagens nas carteiras foram pegadinhas plantadas durante a noite, sem dúvidas. Como o senhor não viu nada de anormal? - Wilson insistia.

- A menos que... - Karina começou a falar de forma lenta e tranquila, provavelmente pensando e raciocinando muito enquanto as palavras saíam de sua boca - ...as pegadinhas sejam feitas exatamente sem que o vigia perceba.

- Eu faço três patrulhas por noite - disse seu Tomé - E nada escapa dos meus ouvidos. Se eu tô falando que não ouvi nada é porque não ouvi!

- Então o Troll deve agir de forma muito silenciosa - sugeriu Wilson.

- É difícil alguém conseguir passar pelo velho Tomé. Eu já teria capturado esse espertinho se ele realmente atacasse de noite. Ele deve fazer tudo de manhã, sem vocês perceberem.

- Essa hipótese procede? - perguntou Demi.

- Muito difícil - disse Karina - Alguém certamente notaria...a menos que ele tenha sido o primeiro a chegar no colégio e feito tudo tão rapidamente que ninguém percebesse, mas isso seria muito difícil. Sem contar que contraria o fato das câmeras mostrarem claramente imagens cortadas, de acordo com o relatório da coordenação.

- Eu só uso as câmeras como apoio, não consigo dar conta de ver todas essas imagens - disse ele, mostrando algumas telas com imagens da escola - Não sei a vantagem de ter tantas câmeras se eu sou o único que recebe essas imagens!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Mas as câmeras pegariam qualquer movimento - comentou Demi.

- O senhor disse que são muitas imagens...mas o senhor presta atenção o tempo todo nelas? - perguntei.

- O-ora...é claro...eu já disse que sou um cara atento! - disse ele.

- Exceto nas horas de patrulha - lembrou Karina - O Troll pode ter agido nessa hora.

- Mas aí o seu Tomé pegaria ele - falou Jorjão.

- Não se ele fosse muito esperto - disse Demi.

- São muitas questões pra discutir, gente. Olha, seu Tomé - disse Wilson, voltando-se para o vigia - Minha mãe fez mais suco de acerola...poderia colaborar conosco para ganhar algumas garrafas bem cheias?

- Ah, aquele suco de acerola da sua mãe não dá pra dispensar - disse o vigia - Mas eu tô falando sério. Não vi nada de incomum por aqui.

- Veja - disse Wilson, mostrando um papel que nos autorizava a investigar o caso Troll - Somos investigadores oficiais desse caso e temos o aval da coordenação para entrar no colégio. Podemos procurar algumas pistas por aí?

- Fiquem à vontade. Mas eu mantenho a minha ignorância.

* Fim do flashback *

E não encontramos nada de anormal até agora. O Troll iria atacar naquela noite? Ele não atacava sempre. Eu realmente duvidava de aquela investigação noturna rendesse algum fruto, mas Wilson não se daria por convencido enquanto não vasculhasse tudo.

- Chomp * chomp - era o barulho de Jorjão devorando alguns cookies.

- Ei, não acabe com todos os cookies. A gente também quer fazer um lanchinho depois! - comentei.

- Quer dizer que a comida era pra todo mundo? - perguntou ele.

- Só trouxemos uma mochila - reclamei - Por que deixamos você carregar, heim? Não dá pra confiar!

- Teríamos excesso de volume se trouxéssemos mais mochilas - falou Demi - Além disso, não precisamos de muita coisa...algumas lanternas já nos ajudam bastante, não? Bu!

Ela falou isso iluminando o próprio rosto com uma lanterna. Por mais que ela se esforçasse, nunca seria assustadora. Era a Demi. Ela seria uma gracinha sempre.

- Tá legal - falou Wilson, batendo as palmas, como se tivesse tido alguma ideia boa - Então...que tal vermos as câmeras? Esse colégio tem cerca de 20 câmeras, de acordo com as últimas informações.

- Isso também estava no relatório da coordenação? - perguntei.

- Não. Acontece que eu sempre conto as câmeras do colégio de tempos em tempos. Preciso ter todo o mapa do colégio atualizado na minha cabeça. Sabe como é, né? Temos que conhecer bem o lugar que queremos dominar.

Aquilo era meio assustador...mas era de se esperar vindo do Wilson. De qualquer maneira, ele examinou cerca de 15 câmeras e não viu nada de anormal.

- Pelo menos exteriormente não há nada de anormal - falou ele - Mas...para onde vão essas imagens?

- A sala de segurança da guarita, onde o seu Tomé está - respondeu Jorjão.

- Sim. Mas ele disse claramente que não viu nada de anormal no colégio - falei.

- Só que ele não viu todas as imagens - disse Wilson - Aliás, nós também não vimos. Afinal, como funciona esse sistema de câmeras?

Se Wilson soubesse o funcionamento do sistema, talvez tivéssemos alguma pista de como o Troll agiu passando pela segurança. É. Podia ser uma boa ideia.

- Galera! - falou Wilson - De volta para a sala de segurança. Vamos ver essas imagens com nossos próprios olhos!

Nisso, escutamos um barulho vindo justamente das proximidades da entrada. Seu Tomé falou alguma coisa.

- Peguei, gente! - disse ele - Peguei o safado!

Todos corremos na direção do som. Será que ele pegou o Troll? Assim, tão facilmente? Então ele não era tão bom assim. Só que não. Ao chegarmos lá, só demos de cara com um Cássio vestindo uma blusa marrom e uma toquinha de lã. Ele deve ter assistido algum filme de invasão.

- Ei, me solte - reclamou ele.

- Cássio! Então era você mesmo? - falou Wilson.

- Cale-se! - exclamou nosso atrapalhado rival - Claro que não sou o Troll! Só queria investigar o colégio à noite em busca de pistas. Lembrem-se de que eu também estou atrás dele.

- Esse espertinho tava subindo o muro dos fundos da escola e acabou caindo no jardim, espalhando as folhas e ainda ligou o irrigador - reclamou seu Tomé.

- Na verdade, eu caí, perdi meus óculos e na confusão acabei ativando o irrigador sem querer - argumentou Cássio.

De fato, ele estava meio molhado.

- Bom, ao menos isso serviu para uma coisa - falou Wilson - Agora temos certeza de que Cássio não é o Troll.

- Como pode estar tão certo disso? - perguntei.

- O Troll não cometeria essas gafes tão amadoras - disse Wilson, para o olhar furioso de Cássio.

- Ora, seu! É claro que não sou o Troll, mas ser um detetive também não é coisa fácil, ouviu?

- Sabemos disso muito bem - comentou Wilson - Mas estamos no caminho. Já que está aqui, Cássio, talvez possa nos ajudar a analisar as imagens das câmeras.

- Ajudar vocês? Nunca - reclamou ele - Mas...também estou interessado nos dados das câmeras para as minhas próprias investigações. Tá legal. Eu acompanho vocês.

E logo estávamos todos na sala de segurança, onde seu Tomé abre o computador com todos os dados de vídeo.

- O colégio manda os dados para a central do Megatec todo mês. Mas por causa dessas pegadinhas pediram para manter as imagens por mais tempo. Vocês estão com sorte.

- Certo...pode abrir os vídeos desse dia, seu Tomé? - perguntou Wilson, mostrando a data da véspera do primeiro ataque do Troll.

- Ah, o pessoal da coordenação já pediu esse vídeo umas três vezes. Eles não passaram pra vocês? - perguntou o vigia.

- Bom, iríamos pedir logo, mas já que estamos aqui - falou Wilson, enquanto Cássio já começou a ver as imagens.

- Não dá pra acelerar isso aí, não? - perguntou ele.

- Dá, dá. Calma. O amiguinho de vocês é bem estressado, não?

Quando se trata de competir conosco, sim. De todo modo, Wilson e Cássio eram os únicos com cérebros poderosos o bastante para olhar todos aqueles vídeos das 20 câmeras aparecendo todos ao mesmo tempo na tela e perceber padrões. E foi justamente isso que conseguiram.

- Então...as imagens são cortadas em certos pontos, não é? - reparou Wilson.

- Sim. As câmeras não mostram nada em certos intervalos e voltam a funcionar em outros - reparou Cássio - Mais especificamente, entre às 22 horas e às 22 horas e 10 minutos.

- Vinte minutos, heim? - comentou Wilson, com a mão no queixo de forma pensativa - Dá tempo de fazer muita coisa em dez minutos.

- Nesse horário o senhor estava de patrulha? - perguntou Karina.

- S-Sim - gaguejou ele - Eu costumo fazer minha patrulha nesse horário.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Então podia haver alguma relação.

- Abra o vídeo desse outro dia, seu Tomé - falou Wilson.

- T-Tá - seu Tomé gaguejou e mostrou o vídeo da véspera de outra ação do Troll.

- De novo, mas agora a partir das 22 horas e 2 minutos - falou Cássio.

- E foi na hora da minha patrulha, de novo! - reclamou seu Tomé - Nesse dia eu saí um pouquinho mais tarde.

Agora até um burro como eu conseguia ver que tinha algo a mais ali.

- Não resta dúvidas - falou Wilson - O Troll sabe quando o senhor sai do posto.

- Mas se o seu Tomé vai patrulhar, então ele pegaria o Troll, não? - perguntou Demi.

- Não se o Troll agir com muito cuidado. Ao contrário do Cássio na hora que foi pego - falou Wilson.

- Me erra, vai - reclamou nosso rival. Mas como o Troll sabia que o seu Tomé faria a patrulha naquele horário?

- O senhor contou para mais alguém sobre o seu padrão de patrulha, seu Tomé? - perguntou Wilson.

- Não. Não falo disso pra ninguém. Nunca ninguém perguntou - falou ele.

- Então...ele deve saber de algum jeito, observando o seu comportamento...mas como? - Wilson se perguntava. Nisso, Karina também observava a sala e um certo aspecto chamou sua atenção. Ela me cutucou e pediu que eu olhasse para a mesa, mais especificamente para uma das canetas do porta-treco em cima da mesa.

- O que é isso? - perguntei, pegando a caneta maior.

- Isso? Ué? É minha caneta. O que tem demais? - falou seu Tomé.

- Reparou na lente minúscula em cima dela? - perguntou Karina, apontando para a parte de cima da caneta, onde uma lente, muito difícil de perceber, mostrava uma câmera escondida.

- Uma...câmera escondida. O senhor nunca reparou nisso? - perguntou Wilson.

- Nunca. Eu não reparo na tampa das canetas! - falou ele.

- É uma câmera minúscula, que deve gerar uma qualidade de imagem horrível - falou Cássio - Deve ter sido produzida por encomenda. Mas é suficiente para saber o que acontece aqui dentro.

- Agora as coisas se encaixam. Primeiro, ele estudou o padrão de patrulha do seu Tomé. Depois, hackeou as câmeras para que parassem de funcionar no intervalo médio de uma patrulha. Por último, agiu de forma cautelosa, sem ser notado para preparar as pegadinhas. Difícil de acreditar que alguém faria isso.

- Muito difícil. Com que tipo de pessoa estamos lidando? - perguntou Demi.

- Não seria o Estagiário Fantasma? - perguntou seu Tomé, lembrando-se do fatídico episódio do ano passado. Mas quantas vezes eu vou ter que dizer? O Estagiário Fantasma não existe!

- Não. É tecnológico demais para ser sobrenatural - falou Cássio - E eu não acredito em coisas sobrenaturais.

- O que foi, Wilson? - perguntei, ao ver Wilson pensando alto em alguma coisa.

- Seu Tomé! - exclamou ele - Desde quando o senhor tem essa caneta?

- Eu não lembro - falou o vigia - É uma caneta comum. Devo tê-la há anos.

- O senhor emprestou essa caneta para alguém há pouco tempo? Tente se lembrar! - Wilson insistia. Seu Tomé tentava puxar algo pela memória.

- Não, não emprestei. Só eu uso essa caneta mesmo - disse ele.

- Então...não há dúvidas - Wilson parecia estar triunfante - O senhor é o Troll!

- Hã? - seu Tomé ficou perplexo.

- Sim. Apenas o senhor controla tudo isso aqui. E inventou toda essa história para nos confundir, não é? Se fazendo de vítima o tempo todo...se só o senhor usou essa caneta e ela tem uma câmera escondida, só o senhor tem chances de ser o Troll. Descobrimos, galera! - Wilson falava isso sem um pingo de vergonha. Por sorte, tínhamos alguém mais rigoroso nas conclusões em nosso meio.

- Não, ainda não podemos provar - falou Karina.

- Claro que não! Eu não sou Troll nenhum! - reclamou seu Tomé.

- Seu Tomé só trabalha à noite - disse Karina - Nada impede que alguém tenha implantado a caneta aí durante o dia. Mas já podemos ter certeza de algumas coisas. Primeiro: o Troll agiu quando seu Tomé não estava olhando as câmeras. Segundo: deve ser uma pessoa e não um ser sobrenatural para necessitar tomar esses cuidados.

O segundo ponto já era mais do que previsto, no entanto, ainda não tínhamos muita coisa mesmo. Na pior das hipóteses, sabíamos que o Troll agia durante a noite.

- Tá legal...vamos liberar o senhor dessa vez - falou Wilson - Mas fique esperto...nós voltaremos!

Ele não precisava usar esse olhar metido a mal só pra impressionar. De qualquer forma, nossa investigação noturna não nos levou muito longe, como eu já esperava, mas Wilson tinha mais esperanças.

- Cássio, além de você e eu, quem mais tem conhecimentos de hackeamento na nossa escola? - perguntou ele.

- Desconheço - falou ele - Mas mesmo que soubesse, não te daria uma informação tão valiosa. Adeus, otários.

Ele se despediu, indo para o outro lado.

- Não é perigoso andar sozinho assim à noite? - perguntou Demi.

- Nada. O carro da mãe dele já está ali - falou Wilson.

Alguém nessa história tem pais responsáveis?

- De qualquer forma, sabemos que se o Troll não é um ser sobrenatural, então ele tem habilidades de hackear câmeras - falou Wilson - Ele pode ser um grande hacker, ou ter um trabalhando pra ele. Nada impede que o Troll seja mais de uma pessoa.

- A única impressão que tenho é que não descobrimos nada - comentei.

- Não seja pessimista, meu caro Daniel - falou Wilson - Os quebra-cabeças vão se formando aos poucos. Agora, chega de trabalho. Bora jogar video-game lá em casa até de madrugada?

Não que eu não quisesse me divertir na casa de Wilson (falei para a minha mãe que eu iria dormir lá mesmo), mas o caso Troll ainda tinha muita coisa a ser revelada...e isso estava começando a me deixar preocupado. Droga. Agora até eu estou empolgado com a investigação...espero que isso não estrague minha reputação de rabugento da turma...