Revolution I

So what if i never hold you?


Respirou fundo. Sentia o cheiro dos remédios e sabia que não estava mais no colégio. Era um lugar branco, de cheiro estranho e sua cabeça rodava um pouco e ele sentia a droga de alguma coisa espetada em seu braço. Ele estava em um hospital. Gaspard sentou-se na maca e olhou em volta, ainda estava meio tonto, mas conseguia discernir as coisas. Sua mãe e sua irmã estavam no quarto. Estranhou ao ver sua mãe, afinal, ela estava em sua casa em Luxemburgo. Viu Rainy abrir os olhos lentamente e encarou a irmã mais nova piscante. A garota sacudiu um pouco a mãe e a mulher de mais ou menos 36 anos acabou acordando também.

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-- Mãe? O que está fazendo aqui? -- Gaspard perguntou assim que sua mãe, Violet, veio abraçá-lo toda preocupada

-- Como assim o que estou fazendo aqui? Na hora que fiquei sabendo que você tinha sido sedado por causa do acidente da Natasha peguei o primeiro voô para ver como você estava.

-- Isso quer dizer que estou dormindo há quanto tempo?

-- Mais ou menos seis horas -- Rainy explicou

-- E você Rainy? Não tinha que estar na escola ou com seu namorado?

-- Para de ser chato Gas! Você é acima de tudo meu irmão, apesar de ser um porre! Não vou deixar de ficar com você por causa do meu namorado, ele entende.

-- E como está filho? -- Violet perguntou preocupada, era a primeira vez na vida que Gaspard ia parar em um hospital -- Ainda sente alguma coisa?

-- Não. Só estou um pouco mole, mas é efeito do remédio. Mas e a Naty, como ela está?

-- Ainda não temos notícias. -- Rainy disse pesarosa -- Levaram ela para uma bateria de exames, disseram que teria de ir para cirurgia por causa de algumas costelas e depois não soubemos muita coisa, até mesmo porque dizem que tem que contar para a família. E o que conseguimos foi só porque mamãe disse que era melhor amiga dos pais dela.

-- Sim, mas eles já estão vindo para cá e poderemos saber um pouco mais. -- Violet disse tão pesarosa quanto a filha -- Mas você terá que depor Gaspard

-- Por quê? O que eu tenho a ver?

-- Testemunha audio-visual -- a mais nova disse -- Você foi uma das únicas pessoas que viu claramente o que aconteceu. Você, o William, o Brian e o Maxwell, foram os que melhor viram.

-- Brian? -- a mãe dos dois adolescentes perguntou confusa

-- Sim, Brian Hanner, estudou na mesma época que a senhora. Conhece-o?

-- Sim, conheço. Apenas não sabia que ele estava na escola.

-- Ele está. Billie Joe está tentando reconstruir a Sociedade dos Poetas e chamou Brian, Matthew e James. Lembra-se deles?

-- Sim, lembro-me.

-- O que sabe sobre a Sociedade mãe? -- Gaspard perguntou curioso, primeiro aquele curioso comentário de Natahsa quando o trio chegou à escola, depois sua mãe se assustava com a menção do nome de Brian... Alguma coisa estava errada ali -- Você tinha alguma ligação com essa Sociedade?

-- Olhe, eu não irei contar aqui. Quando você receber alta poderemos conversar melhor e contarei para vocês o que sei da Sociedade.

Antes que os dois adolescentes pudessem responder, um educado toque soou a porta e logo uma enfermeira abriu a porta, avisando que havia um mais visitante para o garoto, que ninguém nunca iria imaginar que fosse Synyster. O homem de mais ou menos 37 anos entrou e Violet quase sofreu um ataque cardíaco já que a última pessoa que esperava ver quando viesse visitar o filho no hospital, seria seu ex-namorado e pai de seus dois filhos. Mas esses momentos de família inteira reunida são tão lindos...

Brian cumprimentou Rainy, perguntou a Gaspard como estava e o mais novo disse que bem e por fim, apenas manifestou que fazia muito tempo que não via Violet e que esta estava extremamente mudada fisicamente. A mãe dos dois apenas respirou fundo e manifestou que precisava falar com Brian a sós fora do quarto.

-- Tudo bem, o que será que a mamãe tem que falar com o Brian? -- Rainy perguntou curiosa, sentando-se ao lado do irmão

-- Não sei. Mas sei que tem algo estranho no meio dessa história... -- Gaspard respondeu pensativo, tinha mesmo...

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-- Quem sabe? E ainda quero saber porque Brian estava na foto da Sociedade com a mamãe

-- Vamos perguntar pra ela depois, mesmo que já imagine que ela não vai contar tudo

-- Não custa tentar...

Do lado de fora os dois adultos tinham uma leve discussão que chegava a ser cômica porque ao invés de gritarem quando se irritavam, falavam mais baixo. Por questão de respeito ao local ser um hospital, quando pretendiam gritar, sussurravam. E aquele momento mais interessante da discussão foi quase completamente aos sussurros...

-- Como é que você vem aqui Brian?! -- Violet perguntava desnorteada gesticulando com a mão -- Você quer que eles descubram que você é o pai deles?

-- Pra ser bem sincero?

-- Por favor

-- Sim. Eu quero

-- Não disse que ia tentar se aproximar deles e depois daria dicas. GRADUALMENTE FALANDO?!

-- Violet, se acalme. Eles não vão descobrir, pelo menos não neste momento. E sem contar, eu estava do lado do garoto quando aconteceu e sugeri que o trouxessem para cá ao invés de deixá-lo na enfermaria da escola.

-- Brian eu já te disse, não posso achar isso normal e perfeitamente aceitável. Se passaram 18 anos. Você não presenciou quase nada da vida deles. Não posso fazer com que simplesmente eles aceitem isso. Ainda mais o Gaspard. O garoto tem risco de perder a melhor amiga, se o pai que os deixou por quase 19 anos da vida deles aparecer ele entra em ruínas. Não vai ser necessário apenas uma dose de calmante para mantê-lo calmo... -- Violet admitiu pesarosa, apesar de tudo, ela até que gostava da idéia de Brian estar lá e de seus filhos gostarem dele -- Olha, eu realmente gostaria que pudessemos contar aos dois e eles aceitariam numa boa e nós quatro começassemos a viver como uma família feliz. Mas não podemos. As coisas não são tão simples quanto idealizamos...

-- Você está certa. As coisas não são tão simples quanto parecem, mas tem coisas que se pudermos fazer para facilitar, iria facilitar tanto -- dizendo isso Brian envolveu a cintura da mulher a sua frente com os fortes braços tatuados e esta passou a delicada mão em seu rosto -- Me dê a chance de tentar de novo. De fazer acontecer novamente...

-- Syn, eu...

E enquanto Violet tentava manifestar-se, Synyster já havia puxado seu corpo em união com o dele e selado pacificamente seus lábios em um curto beijo que apesar da razão dizer que ela não deveria fazer isso porque ele é um canalha cafageste que a deixou depois de engravidá-la duas vezes. Mas agora ele parecia realmente decidido à refazer todos seus erros, apesar de sua razão dizer que ela não deveria aceitar beijá-lo, porque alguém veria, porque Gaspard se incomodaria de ver os dois e se isso acontecesse, eles teriam de contar o que realmente aconteceu. Que o pai dos dois não tinha desaparecido e nunca mais voltado, que o pai dos dois adolescentes estava ali, estava tentando reacertar as coisas.

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