Speechless

16. Quando tudo dá certo, algo sai errado


\\t\\t Jasper

A figura desajeitada e minúscula de Alice deu-nos as costas e caminhou até fora da cozinha. Tanya e eu apenas observávamos enquanto ela saía. Nem um de nós emitiu um único som até que Alice estivesse fora da casa.

Eu não via o rosto de Tanya agora, mas presumi que ela estava prestes a chorar. Me adiantei e abracei-a no segundo em que o corpo de Alice desapareceu de vista.

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Os soluços vieram. Em grande quantidade, diga-se de passagem. E em seguida, as lágrimas os acompanharam, também em grande quantidade. Não havia mais nada a fazer. Eu não podia ajudar Tanya com mais nada, além de oferecer meu abraço e consequentemente minha camisa para ela manchar com suas lágrimas.

- Oh, Jazz. Eu fui tão cruel! - ela disse - nem um cachorro merecia ser tratado do jeito que eu a tratei.

- Sh... Vai passar, Tanya. Vai ficar tudo bem. - Jazz, estava com tanto ódio! Ainda estou! Como posso me odiar por fazer mal a ela e odiá-la ao mesmo tempo?

- Você não pode, Tanya. Você não a odeia, está apenas com raiva dela.

- Como ela pôde fazer isso? - Tanya ainda chorava. - Ela destruiu a minha vida em menos de cinco horas. Acabou! Por causa dela! Como você ousa dizer que eu não a odeio?

- Porque você não odeia. É impossível odiar alguém como ela. Acredite em mim, eu ando tentando há alguns dias. -abracei mais Tanya contra meu peito. - Vai dar tudo certo, eu prometo.

Olhei em seus olhos azuis e eles olharam de volta para mim, com um brilho diferente dessa vez. Ela sorriu fracamente olhando diretamente dentro de meus olhos.

- Como você consegue? - ela perguntou, enxugando as lágrimas.

- Conseguir o que? - perguntei sem ter nenhuma idéia do que ela estava falando.

- Como consegue ser tão nobre? Como consegue ser tão... tão... bom?

- O que você quer dizer com isso? - perguntei.

- Jazz, aquela garota te maltratou durante metade da sua vida, ela fez você se sentir um lixo, ela destruiu a minha vida e mesmo assim, você não tem nenhum sentimento de ódio contra ela. Como você consegue ver beleza dentro de uma garota como aquela? - as lágrimas no rosto de Tanya aos poucos sumiam. Aquela pergunta era a mesma que eu me fazia há dias.

- Não é difícil, só olhe nos olhos dela. – respondi sinceramente.

Tanya sorriu, pela primeira vez em algumas horas. Senti-me mais feliz por isso. Eu sabia, obviamente, que Tanya não perdoaria Alice da noite para o dia, talvez nunca perdoasse completamente, mas ela não falara totalmente sério quando gritou com Alice.

- Não sei se conseguirei perdoá-la. – disse tristonha. – Ainda estou com muita raiva do que ela fez, mas simplesmente não consigo odiá-la. Você estava certo, Jasper. Por que você sempre está?

- Modéstia parte, venho me fazendo essa pergunta há anos. – brinquei.

- Convencido! – ela me deu um tapa fraco no rosto. Momentaneamente, o climatriste daquela sala havia ido embora. Eu sabia que talvez Tanya e Alice nunca mais seriam melhores amigas, mas nesse momento tudo o que importava era que não haveriam mais conflitos entre as duas.

Tanya continuaria sendo minha melhor amiga e Alice seria... bem... continuaria sendo Alice.

Alguns minutos depois da minha conversa com Tanya, seu celular tocou e eram seus avós pedindo que ela voltasse para casa.

Me despedi casualmente de Tanya e ela saiu atravessando o minúsculo jardim.

Não havia mais o que fazer. Eu não podia mais interferir nos assuntos de Tanya quanto à Alice. Bastava deixar que elas se virassem sozinhas, mas mesmo assim, quis saber se Alice estava bem, pois ela não parecia estar lidando bem com a situação quando tinha saído da casa.

Fui até o jardim da minha casa, a fim de enxergar algum sinal da existência de Alice na casa de seus tios. Eu precisava saber se ela estava bem.

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Pela minha sorte, Alice ainda não tinha entrado na casa e estava na calçada jogando fora algumas caixas. Seu olhar era triste. Senti vontade de ir até ela e abraçá-la, mas tive medo que ela não gostasse, porque ainda não tinha notado a minha presença.

Apenas observei enquanto ela caía no chão, as lágrimas rolavam por seu rosto. Ela estava realmente triste. Senti pena dela. Toda aquela briga com Tanya aparentemente havia significado muito para ela.

Lembrei-me de Alice antes do acidente. Ela não chorava, nunca chorava. Agora, era o que ela mais fazia. Não a culpava, obviamente.

Foi então que ela levantou o olhar e me viu. Não sorriu. Apenas colocou uma expressão embaraçada no rosto e em seguida, entrou na casa dos tios novamente, sem me encarar.

Segui seu exemplo e voltei para casa.

- Jazz? – minha mãe falou assim que passei pela porta. – Ouvi a briga... Alice está bem?

- Gostaria muito de dizer que está. – fui um pouco rude.

- Oh, coitadinha. – minha mãe se comoveu.

Escolhi não ouvir os lamentos dela e subi as escadas até meu quarto. Liguei o Ipod e coloquei a música no último volume. Aquilo me ajudava a não pensar.

Nem vi o tempo passar, mas quando olhei meu relógio de cabeceira, fazia uma hora que eu estava ali, no quarto.

Lembrei-me que tinha que ir ao Forks Supermarket, provavelmente para ser demitido, mas mesmo que não fosse, eu tinha que cumprir o resto do meu turno que fora interrompido por Alice mais cedo.

Coloquei o uniforme dentro de uma mochila, coloquei-a nas costas e saí caminhando pelas ruas sem nenhuma pressa.

Há alguns metros de distância do supermercado, vi uma figura feminina andando desengonçada pela calçada com sacolas na mão. Era Alice.

- Alice! – chamei seu nome, correndo em direção a ela.

Porém, quando estava mais ou menos cinco metros de distância, algo branco atingiu a barriga de Alice e ela quase caiu. A única coisa que impediu que seu corpo tocasse o chão foram meus braços. Constatei que o objeto branco que atingira Alice era um ovo, que quebrou-se e o conteúdo melequento grudou nas roupas dela.

Envolvi cuidadosamente o corpo frágil de Alice com meus braços. Eu tinha medo de quebrá-la em mil pedacinhos com um simples toque. Os ovos, obviamente continuaram a acertá-la e consequentemente me

acertaram também. Rosalie e Emmett riam à distância, como se aquilo fosse o melhor programa de comédia que podia ser oferecido. Pus Alice de pé e afrouxei a prisão de meus braços ao redor dela.

- Vamos sair daqui. - sussurrei em seu ouvido. Não esperei por nenhuma resposta vinda da parte dela, apenastirei o casaco do meu ombro e passei para o ombro dela. Impedindo que os ovos arremessados chegasse à sua pele.

- Pelo amor de deus, Jasper! O que você está fazendo? - gritou Rosalie. - Não me diga que vocês são amiguinhos! Ignorei Rosalie. Eu não tinha palavras para descrever o nojo que sentia por minha irmã naquele momento.

Alice tinha dificuldades de andar, imaginei que fosse pelo choque. Segurei sua mão e prendi-a nos meus ombros, fazendo o esforço principal da caminhada.

Deixando Emmett e Rosalie rindo, nós saímos da ruela, buscando algum lugar para ir.

Pensei em deixar Alice na casa de seus tios, mas a idéia não me pareceu favorável quando lembrei-me do estado de sua “cama” na noite passada e de quando ela me pediu para não levá-la para lá. Então decidi por levá-la à minha casa, rezando para que Rosalie fosse para algum outro lugar com Emmett e não nos seguisse até lá.

A caminhada pareceu durar horas a fio. Nem ao menos olhei para Alice, temendo vê-la chorar, se isso acontecesse, eu não fazia idéia de como consolá-la.

Agradeci mentalmente quando atravessamos o jardim da minha casa, eu não sabia quanto tempo ainda conseguiria evitar olhar para Alice.

Abri a porta da sala cuidadosamente, minha mãe não estava à vista. Agradeci por isso também.

Deitei Alice no sofá ainda com muito cuidado, ela imediatamente dobrou as pernas e eu me sentei no espaço que restou, sem me incomodar em me afastar dela. Ela sorriu levemente para mim, mas ainda exibia um olhar sofrido.

- O que foi? Você está bem? – perguntei.

Ela fez que sim com a cabeça e eu suspirei, aliviado. Não tinha quebrado nenhum osso de Alice Brandon.

Seus olhos pretos correram pela sala, aparentemente procurando alguma coisa. Perguntei-me o que seria.

Depois de alguns segundos, ela sorriu e se levantou vagarosamente do sofá e foi até uma mesinha no centro. Milésimos depois, ela voltou com uma caneta e um papel. Sentou ao meu lado com as pernas cruzadas e começou a escrever.

“Sinto muito pelo que fiz à sua amiga. Ela não vai gostar de saber que você me ajudou”.

- Tanya não é assim. Ela não vai ficar brava comigo por ter impedido você de cair. – me apressei em dizer. – E sinto muito pelo que Rosalie fez.

Ela olhou para sua blusa, cheia de ovos, depois olhou para o meu rosto e aparentemente achou alguma coisa engraçada lá, porque começou a rir silenciosamente.

Fiz cara de interrogação, obviamente e ela também pareceu perceber. Em seguida esticou seu braço e tocou meu rosto com os dedos finos e frágeis.

Eu não sabia explicar a razão, mas uma parte de mim pareceu gostar do contato, infelizmente durou pouco porque em seguida, ela tirou os dedos do meu rosto e na ponta deles havia algo parecido com clara de ovo.

Eu me perguntava o porquê daquela garota estar tão feliz. Ela tinha acabado de levar um banho de ovos, mas sorria e não havia a menor impressão de que ela se importava com o fato de que metade das suas roupas estava melada.

Alice pareceu lembrar-se do meu pedido de desculpas anterior e escreveu no papel:

“Não tem problema. Você não tem culpa que sua irmã é uma víbora”

- Por que está tão feliz? – não resisti à tentação de perguntar. – Não vejo você tão feliz há muito tempo e você acabou de levar uma enxurrada de ovos.

“Fiquei feliz no momento em que percebi que eram os seus braços me segurando e não os de alguém que provavelmente sentiria nojo de estar na situação que eu estou com você agora” Alice apontou para sua calça e blusa meladas com ovos que tocavam minha perna e minha camiseta, tornando tudo uma meleca de clara de ovo.

Eu estava prestes a responder algo, mas o som do estômago de Alice roncando me fez parar.

- Você está com fome. – observei.

Seu rosto corou e ela assentiu timidamente. Eu já ia me levantar do sofá para pegar comida quando me lembrei que Alice só comia barras de cereais.

- Você pode comer alguma coisa além de barras de cereais? – perguntei.

Ela fez que sim com a cabeça e eu suspirei aliviado. Imediatamente, levantei-me do sofá e segui até a cozinha. Alice fez o mesmo, andando vagarosamente.

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Abri a geladeira, esperando encontrar alguma coisa lá, ovos foram as coisas mais interessantes que achei.

Apanhei uma frigideira em um dos armários e liguei o fogão, fritando os ovos.

- Não me responsabilizo se não estiver comestível. – avisei. – Não sou muito talentoso com comida.

Alice riu e eu estendi um prato com um ovo frito, que ela apanhou e começou a comer.

Pela cara dela, até que o ovo não estava tão ruim assim.

Não falamos nada enquanto ela comia. Alice apenas me lançava alguns sorrisos amistosos de gratidão. E depois que ela terminou, coloquei o prato junto da pilha de louça suja.

Fomos para a sala, nós dois, mas mal tínhamos sentado no sofá quando ouvimos o barulho da chave virando e logo a porta abriu. Minha mãe apareceu e logo sorriu ao ver Alice no sofá.

- Alice! Que prazer! – ela cumprimentou.

Alice retribuiu o sorriso animadamente.

- Por que vocês estão cheios de ovos? – minha mãe perguntou curiosa.

Alice pegou a caneta para escrever no bloquinho, mas eu logo interrompi:

- Vamos Alice, preciso levar você para casa.

Ela me lançou um olhar tristonho, mas se despediu de minha mãe e nós dois saímos de casa.

- Me desculpe por isso. – falei. – Minha mãe me constrange às vezes.

Ela apenas sorriu e continuou andando apressadamente.

Porém, seu corpo frágil e seu caminhar desengonçado a traíram novamente e Alice tropeçou, caindo diretamente em meus braços.

Minhas mãos pararam bem em suas costas, através da blusa, eu podia sentir a marca da cicatriz.

Alice fez uma cara de dor, provavelmente, ela tinha caído com força nos meus braços e minhas mãos haviam machucado a cicatriz da coluna.

- Está tudo bem? – perguntei, seu corpo ainda apoiado sob minhas mãos.

Ela balançou positivamente a cabeça, mas não me convenceu muito. Acariciei o local das cicatrizes, com uma falsa esperança de que fosse aliviar a dor do impacto.

Seu rosto, ainda apoiado em meu peito ficou imediatamente corado e eu logo me toquei do que estava fazendo. Soltei-a constrangido.

Segundos depois, nós já estávamos na frente da casa com a pintura desbotada que pertencia aos tios dela.

Deixei Alice na porta de entrada, me despedindo com um aceno, ainda um pouco constrangido pelo episódio da cicatriz.

Alice sorriu abertamente para mim e sem seguida, entrou na casa.

Voltei pelo mesmo caminho em direção à minha casa.

- Você sabe que eu gosto dela, não sabe? – minha mãe falou assim que entrei em casa novamente.

- Sim. – respondi.

Nem dei tempo para minha mãe falar mais nada e subi as escadas, indo dormir.

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***

Acordei na manhã seguinte com o grito agudo de alguém em meu quarto.

- DÁ PARA VOCÊ ME EXPLICAR QUE HISTÓRIA É ESSA? – Rosalie era a autora do grito e estava parada na soleira da minha porta com um olhar de ódio.

- Bom dia para você também. – falei antes de mais nada, sem dar importância ao grito.

- NÃO ME VENHA COM GRACINHAS! QUE HISTÓRIA É ESSA DE VOCÊ E ALICE BRANDON SEREM AMIGUINHOS? – ela voltou a gritar. – ACHEI QUE TIVESSE PEDIDO A VOCÊ PARA NÃO ANDAR COM AQUELA GAROTA.

- Você pediu, mas eu não dei atenção. – respondi.

- VOCÊ NÃO ME ESCUTA! ALICE BRANDON TEM QUE FICAR BEM LONGE DE QUALQUER MEMBRO DA NOSSA FAMÍLIA, ENTENDEU? OU É ISSO OU EU VOU PERDER TODOS OS MEUS PONTOS DE POPULARIDADE! VOCÊ NÃO PODE SUJAR MINHA REPUTAÇÃO ASSIM!

- Já discutimos isso. Não vou me afastar de Alice só porque você quer. Além do mais, você já não está infernizando a vida dela o suficiente? Aquelas manchas de ovos vão ficar presas na roupa dela para sempre. Sua atitude foi nojenta.

- COMO OUSA FALAR DA MINHA ATITUDE? E COMO OUSA TRAZER ALICE PARA CÁ? NUNCA VOU TE PERDOAR POR ISSO, JASPER HALE! GUARDE MINHAS PALAVRAS!- ameaçou.

- Rosalie, eu não estou nem aí para a sua reputação. – falei francamente, tentando manter a calma. – Alice vai continuar a ser minha amiga e você vai aceitar isso por bem ou por mal. Ela vai continuar vindo aqui e é bom você se acostumar com isso.

- NÃO SE ATREVA, JASPER! NÃO QUERO ALICE BRANDON RONDANDO ESSA CASA! – berrou.

- Já entendi isso, Rosalie, mas não vou ceder aos seus desejos dessa vez. – fui o mais mal-educado possível.

- VAI SIM! VOCÊ NÃO VAI ANDAR COM AQUELA MUDA!

- Você me dá nojo às vezes, sabia? – ralhei.

- ISSO VAI TER CONSEQÜENCIAS! – ela saiu do meu quarto batendo a porta com toda a força.

Eu não ia fazer o que ela quisesse. Não dessa vez. Alice continuaria sendo minha amiga.

Eu realmente duvidava que Rosalie fosse agir contra mim ou Alice. É claro que faria mais alguma idiotice, como por exemplo, jogar ovos em nós.

Se eu desse atenção às ameaças de minha irmã, aí sim ela ficaria satisfeita. Por ora, ignorar era o melhor jeito.

O resto da tarde, passei no Forks Supermarket, cumprindo as horas extras que eu tinha certeza que teria que cumprir para não perder o emprego.

\\t\\t\\t\\t\\t\\t\\t\\t\\t ***

Acordei no dia seguinte com o barulho ensurdecedor do despertador ao meu lado. Era mais uma segunda-feira e eu teria que ir à escola.

Levantei-me relutante e coloquei minha mais nova típica roupa de ir à escola. A camiseta branca e a calça jeans.

Nem ao menos tomei café da manhã. Rosalie ainda não tinha descido, pude observar.

Saí de casa e não demorou mais de quinze minutos para eu estar na Forks High School.

O sinal da primeira aula estava prestes a tocar, então me apressei e entrei logo na sala de aula. Logo que sentei na terceira carteira da terceira fileira, Ângela foi se sentar ao meu lado. Cumprimentei-a com um leve aceno de cabeça.

Olhei ao redor da sala, à procura da figura de Alice. Não a encontrei. Ela naturalmente, faltara na aula mais uma vez. Me perguntei a razão dessa vez.

Não podia ter nada errado com ela. No sábado à noite, eu a tinha deixado na casa dos tios e ela estava com um sorriso extremamente feliz. Ela estava ótima. Por que faltar na escola, então?

A aula ridícula de inglês começou. Eu nutria as esperanças de que a qualquer momento, ouviríamos uma batida na porta e Alice adentraria com seu sorriso feliz.

Nada disso aconteceu.O sinal da primeira aula tocou. Eu e Ângela rumamos para a aula de espanhol. Encontramos Mike no corredor e ele foi conosco.

Alice também não estava na aula de espanhol, constatei quando entrei na sala.

Dei um suspiro de raiva e sentei na terceira carteira da terceira fileira.

A professora se atrasou para a aula, que foi tão insuportável quanto a primeira. Ângela e Mike perceberam o meu humor nada animado, mas não disseram nada. O resto da aula passou sem nenhuma batida na porta e a essas alturas do campeonato, eu já me perguntava desesperado o que havia acontecido com Alice Brandon.

O sinal do intervalo bateu e rumei para o refeitório com Ângela e Mike, pegamos a comida e nos dirigimos à mesa sete. Todos em nossa mesa começaram a conversar, exceto eu.

Pelo canto dos olhos, observei a mesa cinco. Rosalie estava sentada lá, acompanhada de Isabella Swan. Pude reparar que nenhuma delas sorria e muito menos conversava. Rosalie olhava atentamente para uma colher, provavelmente admirando seu próprio reflexo e Isabella descascava uma maçã com as unhas pintadas de preto, ainda em seu período de luto. Emmett não estava à vista. Eu nunca tinha visto a mesa cinco tão desanimada ou solitária. Normalmente, ou melhor, antes do acidente, sentavam-se seis pessoas nela e sempre ouvia-se risos vindos deles. Antes de tudo, o resto da escola olhava para a mesa cinco com inveja no olhar. Agora, alguns olhavam com satisfação e outros com pena.

- JASPER! – Mike me chamou.

Olhei para ele.

- Pelo amor de deus, cara. É a milésima vez que eu chamo você. Na próxima eu te compro um aparelho de audição. – ele brincou, Ângela e Tyler riram, mas Eric nem ao menos prestava atenção.

- Jazz, você sabe por que Alice Brandon não veio hoje? – Eric perguntou surpreendentemente. Todos me olharam, esperando pela minha resposta, porém, eu não a possuía, Não fazia a menor idéia do porque Alice não havia vindo à escola.

- Não faço a menor idéia. – respondi um pouco rudemente.

Os outros na mesa pareceram se decepcionar com a minha resposta, mas resolveram não perguntar nada.

Passamos alguns segundos em silêncio, todos provavelmente tinham a mesma coisa na cabeça: “O que aconteceu com Alice?”. Eu não me incomodaria de ficar mais alguns minutos em silêncio, mas uma figura corpulenta e musculosa aproximou-se de nossa mesa. Olhei na direção da pessoa e vi que era Emmett e ele tinha um olhar sofrido. Perguntei-me o que ele fazia ali.

- Jasper – ele chamou, era a primeira vez que ele se dirigia a mim pelo nome – Preciso falar com você um minuto, é sobre Alice Brandon.

O último nome soou quase como uma súplica na voz dele.

- O que aconteceu? – perguntei imediatamente, me levantando.

Ele me puxou pelos ombros até fora do refeitório e falou:

- Alice está no hospital. – Emmett falou rapidamente, como se quisesse se livrar de alguma coisa. – Rosalie fez alguma coisa com ela ontem à noite. Desculpe-me, eu não fiz nada para impedir, não imaginei que chegaria a este ponto.

- O que aconteceu? – repeti, ficando desesperado.

- Ela foi até a casa dos tios de Alice ontem à noite.- suspirou. – Estava nervosa, com medo de que vocês dois juntos acabassem com a reputação dela. Rosalie me pediu para ir com ela, mas eu me recusei a machucar fisicamente Alice e ela se descontrolou mais ainda. Alice foi encontrada hoje de manhã em estado grave. Levaram-na para o hospital.

Entrei em choque. Eu havia ignorado o comentário de Rosalie em nossa última briga. Ela não estava brincando quando disse que haveria conseqüências. Meus joelhos fraquejaram e eu caí deslizando as costas pela parede. Não sabia o que dizer. Emmett percebeu meu desespero e se adiantou em falar.

- Desculpa por não ter impedido ela... Não tem desculpa para o que a Rosalie fez dessa vez. Desculpa mesmo. – ele disse, novamente.

Nem me preocupei mais com o que ele tinha a dizer. Não ajudaria Alice saber que o cara estava arrependido. Me levantei do chão e saí correndo em direção ao portão da escola.

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O desespero corria em minhas veias e tudo que eu queria era chegar logo ao hospital.

Por que tudo de ruim tinha que acontecer com aquela garota?