Elemental

Capítulo XVII - Tempestade


- O senhor Wagner está aqui na recepção e pede para falar com o senhor.

- Mande-o entrar Dona Berenice, depois pode ir por hoje é tudo.

Berenice acompanhou Wagner até o escritório do chefe depois foi embora, já estava em seu horário mesmo e aquele homem a assustava. Assim que ela entrou no elevador a conversa se iniciou.

- Onde está a elemental e Kedar?

Antes que Wagner pudesse responder Laura entrou no escritório, e foi sentar-se no sofá.

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- Diga Wagner onde está meu filho?

- Ambos estão na residência de Carlos juntamente com Isadora.

- O que Kedar tinha na cabeça de ir resgatar a irmã levando nossa melhor arma antes de eu fazer o acordo?

- Senhor, devo eu revelar que a situação está um pouco mais complicada.

- Fale logo.

- Meu senhor, Kedar e a elemental, são casados agora.

- O que?

Laura se levantou, vendo a expressão do marido estática.

- Isso mesmo Senhora e tem mais, Isadora vai se casar com um vampiro fiel a Carlos.

- Isso nunca.

Ulisses levantou-se demonstrando toda a fúria do mundo nos olhos.

- Algo mais Wagner.

- Carlos encontrou sua predestinada e está é tia da elemental.

- Isso não nos interessa, reúna a maior quantidade de homens possível vamos buscar Isadora.

- Senhor?

- Não ouviu? Saia Wagner e quero todos pronto daqui a uma hora.

- Sim senhor.

Wagner se retirou, sentindo-se culpado, mas estava apenas cumprindo ordens, iria fazer o que o chefe mandara e iria avisar Kedar.

- O que vai fazer Ulisses?

- Trazer Isadora para casa, mesmo que seja a força, ela não irá se casar com um vampiro.

- Não se esqueça de que ela é minha filha também e eu sou uma vampira.

- Como você é diferente.

- Diferente em que?

- Não vou discutir com você sobre isso agora, com nossos filhos nos traindo dessa forma.

- Traindo? Meu amor você nem sabe o que aconteceu.

- Essa elemental era o fim de nossos problemas e Kedar a rouba dessa forma.

- Roubar? Ela não é, nem era sua, Ulisses, veja o que está falando.

Mas Ulisses não via estava cego de ódio, sua arrogância o contaminava a acreditar que seus filhos o estavam traindo se unindo a Carlos, e isso deveria ter uma punição, os filhos queriam derrota-lo, mas ele iria mostrar quem era o mais forte com ou sem puro elemental. Laura decidiu acompanhar o marido, talvez conseguisse evitar um banho de sangue estava disposta a tudo para proteger seus filhos do ódio cego que o marido estava, só preferia que não tivesse que confronta-lo.

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Após conversarem Isadora e Kedar se acertaram decidiram ficar uma ao lado do outro e fora do conflito com faziam antes, Emílio por sua vez afirmou que seguiria Isadora para onde ela fosse, mas que se manteria leal a Carlos. Enquanto isso Ariel terminava a narrativa para a madrinha, sem muitos detalhes.

- E essa é história madrinha.

- Por que não me contou antes menina?

- Deve entender que não foi fácil para mim e quando eu pensava em tocar no assunto, desistia por não saber como explicar.

- Ariel, eu teria entendido, veja.

Solange puxou um latinha de metal da mesa colocou uns papéis dentro e os fez pegar fogo, a chama ficou mais forte do que havia planejado, ela estava quase perdendo o controle quando Ariel assumiu fazendo a chama se apagar.

- Madrinha, você é uma elemental do fogo, agora entendo as palavras de Felipe.

- O que Felipe tem a ver com isso?

- Eu manipulo os elementos, por que eles tinham ligação com cada um, de alguma forma ao morrerem seus elementos foram transferidos para mim e bem, suas essências elementais fazem parte de mim agora. Como eu havia dito sonhei com Térsio me revelando que podia controlar a terra, e neste sonho todos os outros se fizeram presentes em essência elemental, Felipe por sua vez pediu que lhe dissesse algo que no momento não entendi.

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- O que ele disse?

- Para lhe dizer que você é a melhor, suponho que se referisse ao elemento fogo que ambos têm ligação.

- Ele possuia o fogo, bem que eu suspeitei, e quanto a seu pai, qual era o elemento de Efraim?

- Energia, ele me disse que já desconfiava quando eram crianças, mas nunca teve confirmação.

- Por isso as frases que você escolheu para o túmulo?

- Inconscientemente sim.

- Que família.

- Quando descobriu que podia manipular o fogo?

- Eu descobri quando era menina, sem querer queimei a árvore de natal, seus avós ficaram muito bravos comigo, eu disse que queria colar uma vela para iluminar o caminho do papai noel. E pelo visto terei que reaprender a controlar, com essa transformação.

- Que transformação?

- Ao que parece ao sou uma vampira agora e vou ficar aqui com Carlos.

- Mas ele te sequestrou.

- E Kedar não fez o mesmo com você?

Ariel viu a chama da certeza no olhar da madrinha e com isso era inútil discutir, balançou a cabeça e segurou as mãos dela.

- Certo se essa é sua vontade te dou todo meu apoio.

- Obrigada, minha filha.

As duas se abraçaram, logo ouviram um rosnado alto e feroz, saíram do quartos dando de cara com Kedar e Isadora.

- Não temos muito tempo meu pai está aqui, Wagner o informou.

Um grito ecoou pela casa e Isadora sentiu o coração acelerar ao identificar a voz.

- Emilio...

Correu em disparada ao local seguida pelos outros.

No salão principal Ulisses na forma de lobo estava prestes a estraçalhar o braço de Emílio que defendeu o chefe do primeiro ataque, Isadora se lançou contra o pai o jogando na parede.

Meio atordoado com o golpe Ulisse tentou ver quem o atacar ao perceber que havia sido sua filha o ódio cresceu dentro dele o deixando mais forte e sem controle das suas ações, uma verdadeira besta irracional, isso o fez começar uma briga com a filha, que tentava desviar sem desferir nenhum golpe.

Laura arrastou Carlos para outro canto da sala onde começaram um briga de espadas ela não queria lutar, mas precisava impedir o irmão de atacar o marido.

- Esse dia iria chegar, mais cedo ou mais tarde, irmã.

- Carlos, não quero machucar-te, mas não permitirei que mate meu marido.

- Vocês invadirão, meu território é meu o direito de defensa.

- És o responsável por nossa vinda, não deveria ter nos separado de Isadora.

- Seu marido é que tem a culpa, nunca deveria tê-la afastado de sua família.

- Carlos, já lhe informei antes, eu amo a Ulisses.

- Sei que ele é teu predestinado, mas...

As espadas voavam e se chocavam a todo o momento, enquanto em outros pontos da sala mais lutas aconteciam, uma verdadeira guerra por todos os lados, nada parecia que os faria recuar, nada.

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Vendo que Isadora era mais rápida os instintos de Ulisses se voltaram para atacar Emílio ainda caído e mais uma vez foi impedido por ela que acabou tendo as costas rasgadas pelas garras do pai isso a fez gritar de dor e cair sobre o corpo semiconsciente do predestinado.

Do outro lado da sala Ariel e Kedar também transformado em lobo tentava proteger Solange por ser uma vampira recém-transformada, não tinha controle sobre seus poderes e quase fez o local todo ser consumido pelo fogo, ela estava tentando acabar com a briga, mas o gesto só fez piorar a situação e muitos lobos se voltaram para atacá-la, tantos os lobos quanto eles, congelaram ao ouvir o grito de Isadora.

Carlos lutando com Laura, foi desarmado e preparando para receber mais um ataque a viu desviar no meio do gesto e sair correndo ao sentir o cheiro do sangue de Isadora seguido pelo grito.

Tudo acontecia muito rápido, mas naquele momento o tempo parou e visualizou em câmera lenta o todo. Laura olhou todos os movimentos da sala Kedar e Ariel se defendendo, Carlos virou e seguia a irmã com o olhar. Ela viu a filha caindo sobre o corpo de um vampiro e o ódio no olhar do marido e teve certeza ele só pararia quando Isadora e o vampiro que ela defendia estivessem mortos e isso ela não podia permitir, seus movimentos foram mais rápidos do que o pensamento, meio centésimo de segundo se passou quando o cheiro do sangue da filha a alcançou e ela disparou em sua defesa.

Todos ali presentes podiam enxergar as coisas, mas independente da velocidade aquele meio segundo durou mais que uma eternidade, Ulisses se lançava a mais um ataque furioso contra a filha, Laura correndo se colocando no caminho do ataque recebem uma mordida fatal em seu pescoço, caindo imediatamente no chão tendo convulsões, o sangue se espalhou pelo tapete.

- Mãe... gritou Isadora.

Um segundo inteiro havia se passado e Ulisses percebeu quem havia recebido o golpe, naquele momento sentiu seu erro e o desespero se fundirem em uma forma de dor impossível de descrever tamanha a intensidade, voltou a forma humana e correu a tentar corrigir seu erro percebendo como todos ali, ser tarde de mais.

Kedar, Ariel, Carlos, Solange, se aproximaram da cena tentando de algum modo ajudar, a quantidade de sangue no chão indicava o fim, não havia nada que pudesse ser feito, Kedar segurou a respiração em choque.

A briga parou todos ficaram paralisados tanto vampiros quanto lobisomens sentiram a dor daquele acontecimento, Laura era uma vampira muito respeitada e a esposa do chefe da matilha não havia como se mexer depois daquela cena.

Tantas coisas Laura queria dizer, sua mente estava limpa ela sabia o que estava acontecendo, mas seu corpo não permitia que ela pronuncia-se uma palavra que fosse, ela sonho tanto em conhecer os predestinados dos filhos agora só pode vê-los uma vez, mas tinha a certeza que eles ficariam bem. O corpo parou de tremer e com as últimas forças, olhou para o marido e sussurrou.

- Deixe-os... Amorrrr.

Ulisses gritou em desespero, a dor que lhe cobria o corpo e a mente era mais cruel que qualquer ser vivo poderia suportar, mais forte do que a anteriormente sentido, a mistura de remorso, ódio de si mesmo, tristeza, amargura, solidão, vários tipos das piores dores físicas de uma vez se misturavam ao que naquele momento consumia o corpo do poderoso chefe dos lobisomens. O salão foi invadido pelo sentimento de vazio, de perda para todos os presentes, as fêmeas se desmanchavam em lágrimas silenciosas, enquanto os machos tentando controlar a dor.

Segundos se passaram como horas, ele pegou a espada caída no chão ao lado de sua companheira, levantou-se com visível dificuldade e caminhou em direção a Carlos.

- Agora é a hora de sua vingança, acabe logo com isso.

Ulisses estava com a guarda baixa estendendo a Carlos a espada de sua irmã e ordenando que o matasse, era tudo que ansiava durante toda sua existência, mas apesar de ter ameaçado acabar com Laura diversas vezes, ela era sua irmã e ele a amava, justamente agora ele entendia a reação dela em proteger Ulisses de seu mestre a tantos anos, ela se foi e por alguma razão naquele momento em que a dor o consumia, não era a morte do cunhado que ele desejava, sim era vingança, mas a morte não seria punição adequada, olhou para Solange e imaginou perdê-la, a dor corroeu seu peito fora tanta quanto a dor de ter perdido sua irmã, que Ulisses sofresse o que aconteceu a sua irmã já era mais do que ele poderia suportar.

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- Não, quero que apodreças no inferno aqui na terra. Todos nós perdemos muito hoje, que tu sofras muito pelo teu e somente teu erro, vai te embora.

Ulisses caiu de joelhos e sem reação a não ser as lágrimas e Carlos jogou a espada no chão, caminhou em direção a Solange, mas antes parou em frente ao corpo da irmã.

- Vai em paz minha irmã, que nossos pais te recebam de braços abertos, seu sonho se cumpriu, a guerra acabou.

Colocou-se ao lado de Solange e levantou a cabeça para seus servos.

- Voltem a seus aposentos, hoje nada mais acontecerá.

Segurou a mão de Solange, se foi escada a cima com sua razão de existir, em pouco tempo o hall de entrada da mansão estava somente com os lobos, ainda olhando o chefe no chão. Ulisses, estava paralisado de dor e ao perceber que não poderia se juntar a esposa pelas mãos de Carlos decidiu acabar por conta própria com a vida, pegou a espada e a virou para o coração, quando ia enterra-lá em seu peito a mão de Kedar o impediu.

- Não pai.

Ulisses estava tão desesperado e com tanta dor que mal reagiu, ficou estático. Todos os lobos soltaram um longo e demorado uivo pela perda. Quando o silencio voltou a reinar Kedar ergueu a cabeça se voltando aos lobos.

- Não ouviram o que Carlos disse a guerra acabou, retirem-se, até segunda ordem.

Os lobos se dispersaram porta a fora, Ariel se aproximou de Kedar.

- Faz me um favor, minha amada.

Ariel consentiu com a cabeça.

- Cuida de Isadora e de seu vampiro, levarei meu pai para casa e retornarei para buscá-la.

- Não, me encontre na fazenda pela manhã.

- Por que?

- Faça o que estou pedindo, sim.

- Como desejares.

Kedar cobriu o pai com um tapete e o retirou do local levando-o de volta a casa que residia com a mãe. Nada pode fazer ao colocar o pai na cama e sair do quarto, o estado de Ulisse foi igual durante todo o percurso. Instruiu os serviçais de não incomodarem, a menos que ele solicitasse, explicando resumidamente o ocorrido, depois se dirigiu a sua casa onde poderia expelir sua dor antes de sua amada chegar.

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Ariel, levou Isadora e Emílio de volta ao quarto, ambos deitados na cama. Ordenou a um dos vampiros que trouxesse sangue para eles, enquanto estancava os ferimentos da cunhada.

- Ariel.

- Sim, Isadora?

- Obrigada, e espero ter ganhado uma irmã.

Isadora mal conseguia falar, não somente pela dor dos ferimentos, mas também pela dor da perda.

- Não se preocupe, estarei com você para o que precisar.

Um serviçal trouxe uma grande quantidade de sangue que Isadora ingeriu em poucos segundos.

- Traga o dobro.

- Sim senhora.

O vampiro saiu e Ariel se encaminhou para a outra ponta da cama onde Emílio quase inconsciente estava.

- Seremos da mesma família meu caro, pelo momento deve se recuperar e cuidar da jóia ao seu lado.

Utilizando o fogo, Ariel estancou todos os ferimentos de ambos, lhes induzindo a ingestão de muito sangue, ambos apresentaram rápida melhora. Emílio, já consciente e melhor se levantou.

- Deite-se, ainda não está recuperado.

- Estou quase, obrigado elemental, deixe que agora eu cuidarei de minha amada, sei que o seu necessita de ti.

- Cuide bem dela, e se cuide.

- Pode deixar.

- Isadora, lhe deixarei em boas mãos, vou retornar a junto de Kedar, ele precisa de mim.

- Obrigada, minha irmã.

Ariel beijou a testa da cunhada e se retirou, ao saiu do quarto encontrou a madrinha.

- Carlos, me disse que se não queimar-mos o corpo ele apodrecerá com muita rapidez.

- Volte para o lado dele tia, eu cuido disso, afinal era minha sogra.

- Você está bem?

- Ficarei melhor quando estiver ao lado de Kedar, mas sim vá.

- Te amo, minha filha.

- Também te amo madrinha.

Solange abraçou Ariel, lhe deu um beijo no rosto e se foi. Ariel voltou ao salão principal, o corpo de Laura já começava apresentar sinais da decomposição acelerada.

- Ouvi falar muito bem de ti, minha sogra, espero atender suas expectativas quanto a Kedar. Descanse em paz.

O corpo começou a queimar se consumindo com rapidez, quando as cinzas se dispersaram com o vento, ela se foi para encontrar seu amado.

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Ariel chegou a fazenda onde tudo começou, visualizou o lobo a cavar com desespero e rapidez, se aproximou devagar.

- Kedar...

Ele parecia não ouvir, continuava a cavar freneticamente, Kedar como humano era mais alto que ela, mas na forma de lobo se tornava muito maior, assustador para qualquer um.

- Kedar...

Não obteve resposta, se aproximou mais tocando nas costas. O lobo virou com tudo, rosnando prestes a atacar, seus olhares se encontraram, ele acalmou-se e sentou na frente dela soltando um longo e triste uivo. Ariel se aproximou mais acariciando o pescoço dele que se voltou e colocou a cabeça no ombro dela permitindo que o abraçasse.

- Vai passar, meu amor, sei que dói, estou aqui para sempre.

Kedar foi voltando a forma humana ainda abraçado com Ariel, a segurou com força em seus braços, enquanto as lágrimas corriam. Após um tempo na mesma posição trocaram alguns beijos e se dirigiram para a casa onde Ariel preparou um banho quente para ele.

- Venha, a água ajuda.

Ele entrou no banheiro, ela foi saindo quando lhe segurou pela mão.

- Fica preciso de você.

- Não vou a lugar nenhum meu amor.

Ele começou a despi-la em seus olhos somente a tristeza e dor predominavam, mais uma vez ambos se amaram naquela banheiro, dessa vez com desespero e tristeza, dividindo o sofrimento de um, acrescentando a força do outro.