Crime Melódico

Epílogo


Quando nossos sonhos ganham tamanha força, eles são capazes de se camuflar em meio à realidade. E, quando menos se espera, não sabemos mais diferir se o que vivemos é apenas um sonho... Ou se é a realidade.

Só porque algo passa em sua mente não quer dizer que ela não seja real, não é mesmo?

Principalmente se ela for fruto do sentimento que mais preenche o seu ser naquele momento.

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Diferir sonho de realidade seria algo fácil...?

As imagens que passavam sobre seus olhos apagaram-se por completo. Todo aquele cenário se desfazendo, os amigos caídos ao chão, Len com Gakupo aos braços e o choro desesperado de Miku simplesmente desapareceram. Nem o sorriso - tão característico – de Mikuo pairava sobre o ar.

Kaito mal comunicava-se com seu corpo. Sentia-se extremamente cansado, sem forças para mover-se. Não sabia onde estava nem como estava. O silêncio e a calma que pairavam sobre seus olhos e ouvidos eram, de certa forma, aconchegantes. Talvez, estivesse morto.

Talvez, sonhando.

A fadiga lhe era mais forte, e seus olhos, aparentemente abertos, desobedeceram sua vontade de entender o que havia acontecido com ele, e se cerraram. Realmente, pensou que talvez fosse hora de descansar.

Enfim.

Havia acabado todo aquele pesadelo.

Havia?

“Me perdoe...”

“Vamos voltar juntos...”

“Você a ama?”

“Acabe logo com ele...”

“Kaito?”

“Eu te amo...”

E foi com esta última frase, com tal voz tão marcante, que Kaito voltou a si, abrindo lentamente os olhos. A claridade do local lhe perturbara, e o jovem vocaloid moveu uma das mãos, para barrar o caminho da luz. Quando as doces pupilas azuis se acostumaram com toda aquela claridade, Kaito abriu totalmente os olhos, e espantou-se com o que viu.

Estava deitado, aparentemente, em seu quarto. Olhou para seu lado esquerdo, em direção à janela, e pôde comprovar, por algumas fotos sobre um pequeno móvel, que estava, sim, de volta a VOCALOID’S. Sentiu o coração acelerar e não conseguia assimilar os fatos.

Levantou as mãos e ficou as observar, frente seu rosto. O tocou e percebeu que não havia ferimento ou dor alguma. Mergulhou em sua mente, tentando encontrar uma resposta. Deduziu o que seria o mais óbvio.

- Um sonho...? – Pronunciou para si.

Era o que aparentava.

Permaneceu ainda mais um pouco naquela posição, quando resolveu se virar para o outro lado. Foi quando a maior surpresa chegou a seus olhos.

Miku estava deitada ao seu lado, dormindo.

Kaito não acreditava no que via. Sua mente parou todos os questionamentos sobre aquele complexo sonho – sonho? – que ele havia tido. E agora, ele procurava uma resposta para isso. Fico absolutamente imóvel, para não acordar a jovem ao seu lado. E ficou a observá-la.

Depois de tudo que passaram...

Depois da confissão dela que ele não pôde ouvir...

Um sorriso surgiu em seu rosto.

Kaito a amava. E esse amor não poderia mais se esconder. Não sabia como ela havia parado ali, mas não poderia existir melhor sensação para seu coração atordoado naquele momento.

- Quer dizer que eu só consegui me declarar para você em sonho? – Murmurou, em tom baixo, rindo.

Nosso jovem protagonista ainda passou as mãos sobre os cabelos esverdeados de Miku, que preenchiam toda a cama do vocaloid. Porém, isso foi suficiente para que a garota abrisse os olhos.

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- Kaito-kun...? – Com a visão sonolenta, a jovem pronunciou as primeiras palavras depois de todo o ocorrido.

Kaito desceu a mão dos cabelos de Miku para seu rosto. Sorrindo, viu como a garota corou ao seu lado. Os dois ainda permaneceram olhando um para o outro, até que – vamos assim dizer – a ficha dos dois caiu. Kaito levantou de súbito da cama, quase a cair, enquanto Miku sentou-se sobre os lençóis, coradíssima.

- Etto, M-Miku! M-Me perdoe... – Kaito mal acreditava no que havia feito.

- N-Não, Kaito-kun... A c-culpa é minha! Gomenasai! – Miku abaixava o rosto, ainda sentada na cama, tentando se desculpar.

Mesmo depois de tudo que havia acontecido...

... Ainda permaneciam os mesmos?

- Na verdade, eu não entendo mesmo como você veio parar aqui! – Kaito riu, tentando quebrar aquele clima tão constrangedor.

Miku corou ainda mais.

- É que... Ontem, depois que você se despediu e veio para seu quarto, eu ainda fiquei acordada algum tempo, pensando no que poderíamos fazer para gravarmos Magnet bem.

Quando Miku pronunciou estas palavras, tudo revelou-se diante de Kaito.

Tudo que havia ocorrido... Era fruto de sua mente.

Apenas uma noite havia se passado.

Um sonho...

Um pesadelo...

Surgido de seus sentimentos mais profundos...

Seria mesmo?

- Sim... – Kaito ainda estava descrente.

- As horas passaram e quando eu olhei no relógio, já era tarde da noite. Cheguei no corredor e percebi que todos estavam com as portas fechadas, menos você. – Miku continuou. – Então, resolvi olhar—

- Você estava me espiando? – Kaito interrompeu a garota, rindo, fazendo-a ficar ainda mais sem jeito.

- N-Não! É que...! Eu estava escutando a sua voz, então, resolvi ver o que você estava fazendo. Mas quando eu abri a sua porta, você já estava dormindo... Ou tentando. – Miku narrava os fatos, ainda corada.

- Tentando?

- Você estava inquieto em sua cama. Quando cheguei mais perto, eu vi que você estava chorando. Achei que estava tendo um pesadelo, mas preferi não te acordar.

Pesadelo...

- Mas isso não explica como você foi parar na minha cama! – Kaito ainda sorria.

- Etto, acho que fiquei te observando por muito tempo, e acabei adormecendo também... Gomenasai... – Miku disse, desconsolada.

Então, foi isso.

Um pesadelo, apenas.

Alívio?

Afinal, a única vez que Kaito havia desacorrentado seu coração... Foi em um sonho?

- Entendi. – Kaito saiu de sua mente. – Mas tudo isso não muda o fato de você ter espiado o meu quarto à noite! – Sorriu, alegre e com certo tom de brincadeira e maliciosidade.

- Pare com isso! – Miku corou ainda mais, e lançou o travesseiro de Kaito no vocaloid à sua frente.

Kaito agarrou o travesseiro, e gargalhou.

- Eu só estou brincando. – Concluiu, com um lindo sorriso sobre os lábios.

- Hunf! – Miku virou o rosto, corada, e sorrindo, igualmente.

Os dois vocaloids ainda permaneceram ali, a se olhar e a trocar sorrisos. O coração de Kaito estava aliviado de tudo aquilo ter sido apenas um pesadelo. Mas o nosso jovem protagonista não sabia se teria a coragem para revelar, agora realmente, seus sentimentos por Miku.

Talvez, todos aqueles acontecimentos tivessem lhe dado força...

(...)

Algum tempo se passou desde que Miku se retirou do quarto de Kaito. O jovem de cabelos azuis permaneceu deitado em sua cama, relembrando tudo que lhe havia ocorrido. Porém, uma dúvida ainda lhe era maior.

- Afinal, de onde surgiu esse tal de Mikuo? – Perguntou-se mentalmente.

Talvez, Mikuo fosse a barreira entre os sentimentos de Kaito e Miku que sua mente havia criado...

O caminho que Kaito fazia em suas memórias foi interrompido com o bater da porta de seu quarto:

- Kaito-kun! Kaito-kun! – Era Rin, a lhe chamar, tão nostalgicamente. – Luka está nos chamando para descermos! Parece que alguém novo irá entrar para a equipe! Não se atrase e levante logo!

- Alguém novo, é? – Kaito sorriu. – Tudo bem, Rin. Irei descer logo. – Respondeu.

Como qualquer outro dia, Kaito levantou-se, colocou suas vestimentas habituais, pegou seu microfone, encarou-o e colocou em um dos bolsos. Respirou fundo e se retirou de seu quarto.

Enquanto caminhava pelos corredores, lembrava-se da noite em que todo aquele pesadelo havia começado. Questionava-se qual era a capacidade da mente de alguém para criar tais inusitadas situações. Parou de pensar novamente assim que esbarrou em Gakupo.

- Bom dia, Kaito... – Gakupo estava visivelmente cansado.

Kaito parou e encarou o samurai.

- O que foi? Estou tão mal assim? – Gakupo perguntou.

- Não, não é nada. – Sorriu. – O que você tem, cara? Parece meio abatido... – Kaito perguntou, enquanto os dois seguiam para o hall principal, para acolher o novo integrante.

- Ah, eu não dormi muito bem... Na verdade, eu tive um sonho muito estranho...

Kaito parou de caminhar quando Gakupo disse isto.

Seria possível...?

- O que foi, Kaito? Vamos logo! – Gakupo o chamou.

- Tudo bem... – Kaito voltou a acompanhá-lo. – Mas melhore essa sua cara, senão, Luka vai brigar com você.

- Eu sei... – O samurai disse, desolado.

- Kaito, seu safado! – Meiko gritava, enquanto acertava um chute em nosso vocaloid.

- Meiko! – Levantou-se, bravo. – O que pensa que está fazendo!?!?

- Você acha que eu não vi quando a Miku saiu do seu quarto hoje de manhã?! – Meiko disse, maliciosa como sempre.

- É verdade? Que história é essa, hein, Kaito? – Gakupo acompanhou a maliciosidade de Meiko, fazendo com que Kaito corasse instantaneamente.

- Não é o que vocês estão pensando, malditos! – Kaito estava vermelho o suficiente para provocar os risos dos outros dois vocaloids. – Foi só um mal entendido!

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- Mal entendido? E eu nasci ontem, meu querido! – Meiko provocava.

- Cara, e eu achando que você mal tinha coragem de se declarar. E agora, já chegou neste ponto!? – Gakupo seguia a ideia de Meiko.

- Calem a boca vocês dois! – Kaito bateu nos dois vocaloids, enquanto tentava esconder o quão corado estava.

Os três vocaloids seguiam para o hall principal, onde os outros lhes esperavam.

- Só falta nós três? Luka irá nos matar! – Gakupo estava preocupado.

- Me disseram que é outro homem. Será que é bonito? – Os olhos de Meiko brilhavam.

- Depois eu que sou safado... – Kaito murmurou alto o suficiente para ser atingido pelo olhar mortal de Meiko.

Porém, antes que os dois vocaloids pudessem iniciar outra discussão, chegaram ao local desejado, onde todos estavam. Todos.

Incluindo o novo membro.

- Nossa, ele é muito lindo!- Meiko exclamou, indiscretamente.

Quando Kaito voltou sua visão para examinar o novo “candidato a namorado” de Meiko, suas pupilas contraíram-se com a imagem que chegou aos seus olhos.

- Sem chance... – Falou para si.

Seria mesmo possível...?

Rodeado pelos gêmeos Kagamine, conversando com Luka e ao lado de Miku, estava um jovem alto, de olhos esverdeados, da mesma cor de seus cabelos, sorrindo – aparentemente – sem jeito.

- Miku! Ele é tão parecido com você! – Rin falava.

- O mais estranho é que ele tem o mesmo sobrenome que ela. – Luka olhava nos papeis.

- Você o conhece? – Len perguntava a Miku.

- Bom... – A garota falava sem jeito. – Na verdade eu não o conheço.

- Eu sei que é muita coincidência a nossa, não é mesmo? – O jovem falava, sorrindo. – Mas a Miku-chan não é nada de mim... – Se virou para ela e tocou seu rosto. – Não ainda...

Rin, Luka e a própria Miku coraram com a leve ousadia do novo membro.

- Ih, Kaito, se você não abrir os olhos, esse cara vai roubar sua namorada. – Gakupo cochichou com o amigo.

Porém, Kaito ainda estava atônito com o que via.

- Meu nome é Hatsune Mikuo. Muito prazer. - Sorria, se apresentando aos outros.

- Sou a Meiko, o prazer é meu. – Meiko surgiu do nada, praticamente se oferecendo ao novo jovem.

- Meiko! Tenha modos! – Luka a reprimia, enquanto os outros riam e também se apresentavam à Mikuo.

- Vamos lá, Kaito. Vamos nos apresentar àquele clone da Miku. Porque fala se não... Ele se parece tanto com ela! – Gakupo já caminhava em direção ao resto do grupo.

Kaito ainda olhava, descrente. O que mais seu coração queria crer é que tudo, realmente, não havia passado de um mero pesadelo. Porém, Hatsune Mikuo... Novamente, o nome que lhe assombrou por tanto... Tempo?

Uma vez que todos já haviam se apresentado, Luka pediu para que todos apresentassem as instalações para Mikuo. Os outros vocaloids seguiam adiante, enquanto Mikuo os seguia. Porém, o jovem, que outrora fora o antagonista de toda essa história, percebeu que Kaito ainda estava lá. Parou de caminhar e virou-se com um sorriso no rosto.

- E você? Não vai se apresentar? – Dirigiu-se a Kaito.

“Somente um sonho...” – Pensou consigo.

- Desculpe-me. Eu esperei a bagunça terminar. – Kaito sorriu, aproximando-se do jovem.

- Ah, tudo bem. Meu nome é Hatsune Mikuo. Muito prazer. – Estendeu-lhe a mão, sorrindo, inocente.

- Sou Kaito. Seja bem vindo. – E Kaito apertou a mão do jovem de cabelos verdes.

Porém, aquele sorriso inocente tomou outra feição.

- Você viveu em minha realidade, Kaito. E me venceu. Será que agora que trocamos nossas posições, as coisas mudarão? Será que agora que eu estou em sua realidade, os papeis vão se inverter? Você aceita uma revanche, minha doce marionete? – Mikuo profanava tais palavras com aquele sorriso que todos já conhecemos.

Neste momento, todas as imagens de todo aquele pesadelo passaram sobre os olhos de Kaito. Tudo, até o momento em que ele reabriu os olhos.

A visão de nosso protagonista retomou o foco e voltou-se para Mikuo.

- Kaito-san? Tudo bem com você? – Novamente, a feição inocente tomou o rosto de Mikuo, enquanto as mãos dos dois vocaloids ainda estavam unidas. – O que foi? Você ficou em silêncio de repente...

O que havia sido aquilo? Mais um truque de sua mente?

- Não, não foi nada... – Kaito soltou a mão da mão de Mikuo. – Só pensei em algo, nada mais.

- Bom, então... Você poderia me levar onde estão os outros? Acho que já estou perdido! – Mikuo sorriu.

- Tudo bem. Venha, siga-me. – Kaito passou a frente de Mikuo, direcionou sua visão para trás, brevemente. Talvez, a desconfiança estava lá para deixá-lo confuso novamente. E caminhou adiante.

Porém, sendo sonho ou realidade, Kaito não perderia. Pois toda esta história fez com que seu coração tomasse a coragem necessária para não perder mais tempo.

O amor é uma guerra, não é mesmo?

Mas dessa vez, quem sorriu por último foi Mikuo, que caminhou atrás do nosso jovem protagonista.

Em direção a um futuro que seremos incapazes de imaginar.

Afinal, sonho ou realidade, quem pode distingui-los?

Onde nossos sentimentos são capazes de nos levar?

Meras... Coincidências?

Ou obra do destino?

Quando descobrirmos o que sentimos, e resolvermos revelar isto, já pode ser tarde...

Pois saiba que nada do que acontece é esquecido, mesmo que você não se lembre...

Crime melódico: FIM~~

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.