As Descobertas de Peg

Os anjos choram


A pior noite da minha vida.

A dor já parecia fazer parte de mim e eu já me acostumara com ela. Mas naquela noite eu tive um pesadelo que ultrapassara as barreiras de qualquer sofrimento que a dor poderia me propiciar.

"Eu não deveria ter ido embora

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Eu teria ficado se você tivesse falado

Nós poderíamos ter feito tudo ficar ok

Mas nós apenas

Jogamos a culpa para frente e para trás

Nós tratamos o amor como um esporte

O último golpe bateu tão baixo

Eu ainda estou no chão"

"Ian dormia profundamente ao meu lado...Parecia ter sonhos agitados... Repentinamente ele acordou e levantou-se da cama, me olhou confuso, coçando a cabeça como se algo estivesse errado. Me arrastei pela cama e consegui chegar até ele. A lua parecia querer se esconder e deixava as cavernas numa completa escuridão. Toquei de leve o seu rosto e percebi seus olhos prateados brilharem fixos nos meus... Os olhos de neve, safira e meia-noite que eu tanto gostava, foram ofuscados totalmente por esse brilho estranho. Suas mãos fortes me agarram com força em volta dos meus braços fracos, parecia querer esmagá-los. Estava me machucando e certamente aquele não era Ian. De repente não só a luz de seus olhos atraiam a minha atenção... Mas sim um faca grandee e brilhante q certeiramente atingiu num golpe só o volume que aparentava a minha gravidez eminente. Uma dor e gritos agudos saiam da minha garganta. Meu coração parecia querer sair pela boca e minha pele parecia se romper de dentro para fora do corpo. MEU FILHO!!! A alma estava matando meu bebê e consequentemente a mim... Essa era sua vingança por não ter lhe dado um outro corpo hospedeiro!"

Acordei soluçando de tanto chorar e o ar dos meus pulmões parecia rarefeito. Minha garganta estava seca. Depois de longos minutos consegui levantar e fui para o refeitório buscar uma garrafa d'água. Havia um pouco de pão e sopa restantes do jantar e eu não sentia nenhum pouco de fome...Mas há dias eu não me alimentava bem e Doc já vinha me cobrando, "Você precisa comer por dois senhorita Peg". Eu dei um meio sorriso ao lembrar de Doc, sempre preocupado! Fiz um esforço e comi uma tigela de sopa e pão.. Passos se aproximavam, devia ser Jeb.

"

Eu não poderia ter me preparado para esta queda

Destruída em pedaços curvada no chão

Amor sobrenatural conquista tudo

Lembra que costumávamos tocar o céu

E..."

- Peg? - Aquela voz...Aquela voz era a única que fazia meu corpo inteiro tremer. Não havia como negar, eu o reconheceria nem que tivesse que achá-lo em meio a uma multidão de homens. Continuei calada, em meio a escuridão na fútil tentativa dele ir embora. - Eu só...Só queria conversar. Me desculpe, eu não tive a intenção de...

- Não se explique! - Minha voz era rouca e baixa, por conta dos meus últimos dias de choros e soluços. Eu me sentia fraca. Não tinha condições de falar com ninguem, muito menos Ian.

- Eu fui um estúpido Peg! Eu estava cego, cego de ciúmes, cego de amor! - Percebi sua silhueta no vácuo e ele sentou-se ao meu lado. Sua respiração era pesada. - Olha, você e essa criança que você carrega, são as melhores coisas que ja me aconteceram na vida! Eu amo muito você meu amor... E vou fazer de tudo pra que vocês sejam felizes!

- Acabou? - Tentei ser ríspida, inutilmente.

- Peg... - Suas mãos seguraram meu rosto e pela primeira vez nossos olhos se encontraram, um arrepio percorreu minha espinha. - Por favor, me da uma chance pra faze-la feliz? Você é tudo o que eu tenho! - Suas mãos afagaram minha barriga. - Eu fui um idiota o tempo todo. Me perdoa meu amor? - Senti uma gota quente cair em minha barriga saliente. Ian estava chorando. Respirei fundo, tentando não demostrar minha fraqueza. Tirei suas mãos que alisavam ternamente minha barriga.

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"

Um raio não atinge

O mesmo lugar duas vezes

Quando você e eu dissemos adeus

Eu senti os anjos chorarem

Amor verdadeiro é um presente

Mas o deixamos ser levado

Na tempestade

Toda noite

Eu sinto os anjos chorarem".

- Ian... Esse bebê é meu! E agora não temos tempo para conversas... Há coisas mais importantes para tratarmos. Prometemos para a alma que habita o seu corpo que encontraríamos um corpo hospedeiro pra ela. E é isso o que eu vou fazer! - Ian começou a gagueijar sem parar.

- Mas...Mas Peg! Você esta se referindo a uma incursão?

- Exatamente. Não precisa ir se quiser, mas a opinião 'dele' seria importante!

- Mas você esta gravida Peg. Não pode simplismente colocar sua vida em risco e...

- A vida é minha Ian, o bebê é meu e eu faço o que quiser com ele! - Gritei ofensivamente. Levantei irritada e tentei sair dali o mais rápido possivel. Ainda ouvi sua voz baixa e com um tom de desapontamento dizendo "Não me trate assim Peg"...

"

E ai baby, nosso amor não pode ser ressucitado?

Traga-o de volta e vamos fazer o certo

Estou no limite, apenas tentando sobreviver

Enquanto os anjos choram"

As lágrimas grosseiramente invadiam meu rosto... Dormi pouco e acordei bem cedo, convoquei uma reunião com Jeb. Arrumamos algumas mochilas, enlatados, garrafas d'água e finalmente eu, Sunny, Kyle, Ian, Jared e Jamie (fiquei totalmente alterada quando aceitaram Jamie para ir a incursão) fomos andando pelo deserto a caminho do caminhão que ainda nos restou, uma vez que o Jipe que tínhamos ficou perdido pela estrada depois da ultima 'incursão' fracassada, aliás, a incursão que deu origem a todos os problemas da minhas vida, incluindo a 'aculturação' de Ian. Andamos durante todo o dia. Ian parecia um idiota perguntando-me a todo momento se eu precisava de algo, ou se ele poderia me carregar caso eu estivesse cansada... Mas eu não baixei a guarda. Até que uma dor aguda atingiu o meu baixo ventre. Parei instintivamente, me abaixei e respirei fundo.

- Peg? - Ian se aproximou mais ainda de mim. - Você esta bem?

- Sim... Estou! - Um gemido baixo de dor escapou dos meus lábios.

- Não, não esta. Pare de se torturar e me deixe ajudá-la. Antes que eu pudesse responder senti o mundo girar em volta de mim, uma vertigem, enjôo e mais uma pontada de dor na minha barriga. Ian me segurou com facilidade no colo e de repente não enxerguei mais nada.

"

Eu pensei que ficaríamos para sempre e sempre

Você era a serenidade

Você levou embora os dias ruins

Nem sempre a tratei bem

Mas estava tudo bem

Eu faço algo estúpido

E você ainda fica comigo"

Quando acordei estavamos na cabine do caminhão, eu Kyle que dirigia e Ian que me envolvia em seus braços fraternamente.Me destanciei dele.

- O que....Aconteceu?

- Você sentiu dores da barriga Peg e sua pressão deve ter caído, você desmaiou e eu te trouxe até o caminhão. Me desculpe por carregá-la. - Ele baixou a cabeça.

- Tudo bem... Onde estamos?

- Estamos novamente em Tucson Peg, logo, logo chegaremos ao nosso primeiro destino. - Kyle me respondeu com um grande sorriso. - Fiquei de fazer umas compras e comprar as roupinhas, fraudas e tudo o que o meu filho e de Mel precisassem... Sunny e eu descemos do caminhão.

- Tenha cuidado Peg! - Ian segurou meu braço e me arrepiei por completo.

- Vou tomar cuidado! - Compramos tanta coisa que mal podíamos carregar até o estacionamento. Depois compramos roupas para todos, comida e algumas porcarias que os homens adoram... Pude ver enquanto estavamos no caixa, uma menininha brincando de boneca no parquinho em frente com seus pais. A mãe desenbalava o sorvete e a entregou com um sorriso gigante no rosto, a menininha abraçou-a e lambeu o sorvete, sujando inacreditavelmente o queixo e as bochechas gordinhas. A pai riu e limpou. Uma lágrima amarga escorreu sobre o meu rosto até o canto da boca.

"

Mas você só pode ficar um tempo

Fazendo o que você diz amar errado

Antes que demais seja suficiente

Você olha para cima

Encontrar o seu amor desaparecido

E

Nós éramos tão bons juntos

Por que é que não conseguimos abrandar

Esta tempestade e apenas fazer melhor

Por que dissemos adeus"

Repentinamente me deu uma louca vontade de sorvete de creme com chocolate e o salgadinho "Cheetos" que Jamie e Ian amavam. A única alternativa foi pedir para Ian que prontamente atendeu minha odem... Me deliciei comendo sozinha, passava o Cheetos no sorvete e comia. Huuuuuuuuuum! Era uma ótima mistura. Ian pediu para experimentar:

- Huuuuuum, até que é bom! - Ian riu e eu tambem... Era dificil ficar ao seu lado e não achar graça de suas caretas.

- Eca, que nojo! Se Sunny engravidar, acho que não comeria Cheetos com sorvete de creme e chocolate por nada nesse mundo! Nem que fosse para acompanhá-la...

- Eu ouvi! - Disse Sunny dentro do baú junto com Jared e Jamie. Todos riram...

Finalmente chegamos ao hotel. Pedimos dois quartos, Ian, Jared e Jamie dormiram em um, enquanto Sunny e eu dormimos em outro! Quando acordei já era bem tarde. Na verdade a gravidez já me trazia alguns quilos, as roupas ja não serviam, meu sono era eminente e minah fome então, nem se fala... As dores no meu baixo ventre ainda incomodava bastante, devia ser normal, até porque a criança precisa de espaço dentro de mim para se desenvolver. Sunny saiu do chuveiro... Bati na porta do quarto vizinho, mas não havia ninguem...

- Sunny, cadê eles?

- Disseram que voltariam logo, 'só iam achar um corpo hospedeiro inativo para a alma do corpo de Ian!'..

- Ah! Só isso? - Nós rimos em sincronia.

Tomei um longo e relaxante banho, mas minha barriga inda doía...Talvez fosse o esforço que eu andava fazendo... Tive um forte enjôo, saí do chuveiro e vomitei na pia do banheiro...

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- Droga! - Gemi baixinho... Devia ser o Cheetos com o sorvete da noite anterior. Limpei tudo, escovei os dentes e voltei para cama, encolida feito uma bola. O sono logo chegou e me fe dormir, esquecendo de todos os problemas... Quando acordei ja era noite...Todos já havia voltado e achado o corpo hospedeiro... Ian me observava dormir. Me espreguicei.

- Como foi?

- Achamos um corpo de um jovem de aparentemente 15 anos. Ele vive sozinho, não tem ninguem...Trabalha num bar a pouco tempo, não sentirão falta...

- Huum... Que boa notícia! - O silêncio era constrangedor.

- E você como se sente? - Ele acariciou minha barriga rapidamente, talvez com medo da minha rejeição.

- Enjoada! - Sorri fracamente. Jamie entrou no quarto e anunciou:

- Pessoal, acho que já é hora de partir! O momento é perfeito pra pegar a estrada, já esta bem escuro, as estradas estão vazias. - Ele parecia querer ter mais idade do que aparentava... Eu ri de seu jeito superior.

Finalmente partimos... O corpo do jovem parecia estar em sono constante depois do remédio que Jared lhe deu. Todos estavam dentro do baú, junto com os alimentos, roupas e tudo o que compramos na incursão. A viajem foi tranquila e passamos dispercebidos. Chegamos ao deserto e Ian me ofereceu água, momentos depois eu apaguei e não vi mais nada.

"

Baby, estou sentindo sua falta

Não permita que o amor perca

Nós temos que passar por isso

Estou tentando alcançar você"

Já era dia quando acordei nos braços de Ian... Já estavamos chegando nas cavernas.

- Ian? Me largue! Você..Você me deu remédio pra dormir? - Eu estava extremamente brava.

- Desculpe, mas você esta grávida e já passou mal quando estavámos indo, além do mais, esse filho que você carrega também é meu e eu tenho todo direito de cuidar dele! - Tentei reponder e argumentar, mas acabei ficando quieta e sai respirando fundo para não lhe acertar um soco no meio da cara. A dor continuava a dominar meu ventre. E acabei concordando em pensamento com Ian, quando ele me dopou, eu poderia ter desmaiado novamente no deserto escaldante.

Chegamos e eu fui direto comer. Pra variar. Mel conversa comigo sobre as novidades e eu contava a ela sobre a incursão... Acabou que ficou tarde e eu nem reparei.

- Peg? - Jeb me chamou alto.

- Sim Jeb?

- A transfusão da alma do corpo hospeideiro de Ian começará agora.

- Agora? - Um aperto em meio peito parecia me impedir de respirar... Levantei e fui até a ala hospitalar onde Ian já estava dopado e deitado na mesa de operação. Me aproximei de seu rosto e sussurrei baixinho em seu ouvido.

- Você vai ficar bem amor, eu tenho certeza! Eu estou aqui! - Lágrimas escorreram do meu rosto. Eu estava com muito medo. Quase Kyle perdeu Jodi...E eu tinha medo de perdê-lo também. Ele devia pensar que eu o odiava. Uma dor mais forte atingiu minha barriga...Não consegui ficar durante a cirurgia toda... O enjôo me fazia querer vomitar a toda hora...

"

Um raio não atinge

O mesmo lugar duas vezes

Quando você e eu dissemos adeus

Eu senti os anjos chorarem

Amor verdadeiro é um presente

Mas o deixamos escorregar

Na tempestade

Toda noite

Eu sinto os anjos chorarem"

Fui para sala de banhos, procurando respirar um ar mais puro e molhar meu corpo...Tirei a roupa ao entrar em contato com a água, minhas costas doíam e o meu baixo ventre também, tanta dor assim não podia ser normal. Abri os olhoos e vi sangue em meu dedos...

- Óh meu Deus! - Tentei gritar mais não tinha forças para isso... Eu estava sangrando e concerteza estava perdendo o meu filho... Não era normal, eu sabia! Eu nunca poderia ser mãe, eu sou uma alma! Eu fracassei, eu perdi o nosso filho Ian!

O nosso bebêzinho!

"

Oh baby, os anjos choram"...
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Musica: Angels Cry - Mariah Carey e Ne-yo.